Em 9 de setembro de 1965 através da lei Lei n.º 4.769 ficou instituída a
profissão de Administrador, cujo segundo artigo, define as suas atribuições e o terceiro a sua exigência legal: Art. 2º A atividade profissional de Administrador será exercida, como profissão liberal ou não, mediante: a) pareceres, relatórios, planos, projetos, arbitragens, laudos, assessoria em geral, chefia intermediária, direção superior; b) pesquisas, estudos, análise, interpretação, planejamento, implantação, coordenação e controle dos trabalhos nos campos da Administração, como administração e seleção de pessoal, organização e métodos, orçamentos, administração de material, administração financeira, administração mercadológica, administração de produção, relações industriais, bem como outros campos em que esses se desdobrem ou aos quais sejam conexos. Art. 3º O exercício da profissão de Administrador é privativo: a) dos bacharéis em Administração Pública ou de Empresas, diplomados no Brasil, em cursos regulares de ensino superior, oficial, oficializado ou reconhecido, cujo currículo seja fixado pelo Conselho Federal de Educação, nos termos da Lei n.º 4.024, de 20 de dezembro de 1961; Passados 44 anos fica uma série de questionamentos: qual a finalidade da Administração? Porque a exigência legal e técnica de um profissional com curso superior? O empresário ou empreendedor não pode ele mesmo conduzir as empresas? Porque estudar Administração se podemos aprender na prática? A Administração como disciplina sistemática surge no início do século 19 com o advento da revolução industrial. Na medida em que as pequenas manufaturas artesanais desapareciam para dar lugar a processos mecanizados, rompimento de barreiras alfandegárias e extensão do comercio ao plano mundial, vai surgindo uma complexidade crescente nas relações de trabalho e produção. A Administração é produto do progresso humano, da necessidade de respostas científicas a problemas cada vez mais difíceis que a realidade globalizada vai impondo para os dirigentes das organizações. É surpreendente que no século XXI com mais cem anos de conhecimentos acumulados na área de estudos das organizações, um corpo de idéias recolhidas a partir da reflexão de inúmeros casos de sucesso ou fracasso, ainda existem pessoas que possam afirmar que pode se administrar por “instinto”. Porque não dizemos que é possível construir pontes, edifícios e hidro elétricas a partir do conhecimento práticos, de palpites que vão se ajustando na medida que realizam a obra. Porque não admitimos tratar doenças a partir de conhecimentos práticos que vamos recebendo de amigos? Tratando-se da Engenharia, Medicina, Direito e tantas outras ciências é inquestionável a sua necessidade técnica, a responsabilidade e sua relevância social. Já a Administração... Bem a gente mesmo faz... Sem ciência nem técnica... Acreditamos que até é “dispensável” a presença do Administrador. Cabe resgatar a consciência que ao administramos uma empresa estamos colocando em jogo o sustento e, portanto a vida de pessoas, suas esperanças de sucesso e felicidade. Não podemos aceitar a idéia que é prescindível a existência de um profissional qualificado para pensar e ajudar a conduzir ao desenvolvimento as organizações - gerando riquezas e progresso social. Alguns poderão estar pensando que se trata de aumentar despesas... Afinal as empresas alem de suportar a colossal carga de impostos em seus ombros teriam de pagar o trabalho de um Administrador de nível superior, aumentando ainda mais seus custos fixos. Claro que o ideal seria a possibilidade de ter permanentemente a disposição na própria organização este profissional, qualificado a planejar, controlar, organizar e dirigir processos, com conhecimento em setores tão diversos como finanças e gestão de pessoas, métodos e mercados. Em resposta a essa questão existe a opção da consultoria em gestão, muitas vezes desconhecida ou cercada do mito que somente grandes empresas podem custear esses profissionais de alto nível. Não é verdade, pois o investimento sempre será proporcional a sua capacidade de pagamento. Nenhum consultor irá apreçar um serviço que irá destruir o capital de giro da empresa e onerar os custos a níveis impagáveis. Nenhum médico ou remédio é caro, o que custa muito caro é a falta dele... Mesmo aqueles que têm uma formação na área de gestão, que fizeram uma faculdade de Administração, deveriam refletir se é isento e responsável se auto diagnosticarem e prescreverem a si mesmos soluções, para suas organizações, uma vez que estão dentro do processo e são muitas vezes parte do problema. Assim como não é correto um médico, um psicólogo, um advogado trabalhar em seus próprios problemas e dificuldades, igualmente se aplica ao Administrador. É incrível que em áreas como os esportes seja absolutamente natural a idéia de ter um técnico, um treinador, etc.. Em resumo um profissional que irá contribuir com o sucesso do time ou atleta, com sua experiência, visão externa e crítica, formação e conhecimentos, enquanto que nas empresas isso é muitas vezes visto com estranhamento e preconceito. Empresários e Gestores vamos refletir sobre estas questões e valorizar as soluções científicas, profissionais e aprender que o primeiro passo para aprendermos algo, e superar nossas limitações, é admitir que não se saiba tudo e que é possível aprender. Humildade e Persistência ainda são as melhores mestras da humanidade.
HIRÃ SOARES JUSTO
ADMINISTRADOR e CONSULTOR DE EMPRESAS Especialista em Gestão PUC/RS MBA em Maketing UCS/RS CRA:18296 Fone: (51) 9977.8434