DIGITALIZAÇÃO DE CURVAS CARACTERÍSTICAS DE
RENDIMENTO DE MOTORES ELÉTRICOS
- PARA ADEQUAÇÃO DO USO DE FORÇA MOTRIZ
Teixeira, C.A.1, Oliveira Filho, D.2,
a
Mestrando em Eng . Agrícola Energia na Agricultura, Universidade Federal de Viçosa (UFV), Cep 36.571-000,
Viçosa- MG. 1, Viçosa ms33619@correio.cpd.ufv.br2 Prof. Depto. de Enga Agrícola UFV, PhD
delly@mail.ufv.br; 3Doutorando em Enga Agrícola – UFV-MG wls@alunos.ufv.br
RESUMO
A digitalização de curvas características de
motores elétricos é necessária para formação de um
banco de dados para automação do processo de
estudo técnico e econômico da adequação de força
motriz. A digitalização das curvas pode ser feita pelo
armazenamento das figuras das curvas ou das
equações que correlacionam o índice de
carregamento com o rendimento de motores. A
manipulação de equações, com alto índice de
correlação, permite com maior facilidade a
automação do processo de análise do que o
manuseio de banco de dados de figuras. Utilizou-se
o aplicativo SACRID da UFV para digitalizar curvas
de rendimento de motores elétricos trifásicos de 0,5
a 500 c.v.. De posse das coordenadas das curvas
digitalizadas, gerou-se equações de regressão. A fim
de se otimizar a regressão encontrada foi simulada a
rotação dos eixos cartesianos que otimizasse o
coeficiente de correlação. Utilizou-se como modelo
de regressão um polinômio de 6º grau. Com a
rotação de eixos, a distribuição das coordenadas no
plano cartesiano é tal que, para os motores estudados
os coeficientes de regressão, R2 foram sempre
maiores que 0,98.
Palavras chave: digitalização, automação,
racionalização de energia
ABSTRACT
Santos, W. L.3
The electric motors characteristics curves
digitalisation is necessary for building a database
for process automation and for technical and
economic studies of electrical energy use for motive
force. The curves digitalisation it is possible by the
curves in figure or equations format storage. The
equations manipulation allows the automation of the
analysis process rather than the handle of
illustrations database. The SACRID software
developed by UFV was used for characteristics
curve digitalisation of three phases electric motors
from 0,5 to 500 cv. With the curves data co-
ordinates was generated regression equations. In
order to improve the correlation was simulated the
cartesian axes rotation that optimise the correlation
coefficient. It was used a 6th degree polynomial as
regression model. With the axes rotation it was
possible to get regression coefficients R2 always
larger than 0,98.
Key words: digitalisation, automation, energy
rationalisation, DSM.
INTRODUÇÃO
O planejamento energético tradicional
procura expandir os recursos de oferta de energia
elétrica com o propósito de atender principalmente
aos seguintes critérios: (i) crescimento de demanda
futura com segurança e (ii) minimização dos custos
da expansão. Estes critérios do planejamento
tradicional aliado aos baixos custos da energia que
vigoraram até a década de 70 levaram a uma
estratégia quase que universal de rápida expansão da
capacidade geradora e sem uma preocupação
explícita com o crescimento da demanda e com
pouca ênfase na eficiência do uso energético. Com a
crise do petróleo outros modelos de planejamento
energético tiveram que ser elaborados para
considerar os altos custos da energia. O
Planejamento Integrado de Recursos (PIR) é um
modelo que engloba o planejamento desde os
recursos energéticos até o uso final da energia. O
PIR combina opções de tecnologias de oferta de
eletricidade e de melhorias de eficiência energética
para prover serviços de energia elétrica a menores
custos, incluindo a contabilização de custos sociais e
ambientais. O PIR inclui então opções de
Gerenciamento do Lado da Demanda (GLD) e do
Gerenciamento do Lado do Suprimento (GLS),
(JANNUZZI e SWISHER, 1997).
O Gerenciamento do Lado do Suprimento
visa racionalizar o uso de energia elétrica pelo lado
do suprimento de energia englobando medidas tais
como: construção e ampliação de novas unidades
geradoras, subestações e linhas de transmissão. O
Gerenciamento do Lado do Demanda (GLD) é uma
forma de atuar diretamente na curva de carga de uma
determinada concessionária de energia elétrica.
Entre elas citam-se: (i) uso de equipamentos mais
eficientes; (ii) diminuição da demanda de pico; e
(iii) controle direto de cargas.
PINHEIRO, (1986) estudou quatorze
opções de Gerenciamento do Lado da Demando
(GLD) de energia elétrica, realizada pela
ELETROBRÁS que inclui a melhoria de eficiência
de refrigeradores e ar condicionado, a substituição
de lâmpadas incandescentes por lâmpadas
fluorescentes comuns e ou compactas,
incandescentes do tipo econômico, vapor de
mercúrio, vapor de sódio, substituição de motores
elétricos tipo standard por modelos de alto
rendimento, entre outras. A adequação de força
motriz foi à opção de menor custo a ser
implementada, 7 % de um centavo de Real por kWh
economizado.
Os principais usos finais da energia elétrica
são: aquecimento, iluminação e força motriz.
Segundo LOW, (1993) força motriz é responsável
por cerca de 75% do uso final de energia elétrica
utilizada no setor industrial canadense.
Estudo de LATORRE et al., (1991) sobre o
uso de força motriz na indústria do Brasil em cerca
de 50.000 motores, concluiu que cerca de 50% dos
motores estavam operando com índice de
carregamento abaixo de 80%. Ou seja, o percentual
de energia mecânica demandada pela carga era em
50% dos casos, inferior ao recomendado. Ressalta-se
aqui que índices de carregamento entre 80 a 100%
são recomendados na maioria dos casos. Além do
mais cerca de 24,1% do total de motores analisados
a nível nacional estavam operando com no máximo
60% de carregamento. O estudo revelou ainda que,
alguns estados possuem índices de carregamento
bem piores do que a média nacional, chegando a
32,1% dos motores operando com índices de
carregamento de até 60%. Este fato caracteriza um
grande potencial de racionalização de energia
elétrica no setor industrial. Sendo que esta
racionalização do uso de força motriz poderá ser
feita tanto pelo uso mais difundido de motores de
alta eficiência quanto pelo dimensionamento correto
de motores elétricos.
A racionalização do uso de força motriz
tem sido relegada em muitos casos a um segundo
plano, por razões desconhecidas. Destaca-se aqui o
fato de não se ter disponíveis metodologias que
sistematizem o uso de tração elétrica e ainda a não
integração de softwares de dados de curvas
características de motores elétricos de planilhas de
cálculo e de programas de digitalização de curvas . E
ainda no caso do dimensionamento de motores
elétricos para usos específicos, como o acionamento
de bombas e ventiladores é necessário que os
softwares de adequação do uso de força motriz
sejam integrados como os programas de
dimensionamento de uso de tração.
OBJETIVO
Simular o efeito da digitalização das curvas
de rendimento para uma maior integração do
processo de adequação de força motriz.
Propor metodologia para adequação de
força motriz para substituição de motores elétricos
do tipo padrão por motores de alto rendimento, com
base no índice de carregamento.
METODOLOGIA
DIGITALIZAÇÃO DAS CURVAS DE
RENDIMENTO
Utilizou-se para verificação da digitalização
de curvas de rendimento de motores elétricos:
(i) Catálogo Eletrônico de motores elétricos
WEG, (WEG, 2000);
(ii) Programa Computacional SACRID,
(SANTOS E RAMOS, 1997);
(iii) Programa Computacional da Microsoft
EXCEL
O Catálogo Eletrônico WEG, fornece as
curvas características dos motores elétricos
(rendimento, fator de potência, escorregamento e
corrente elétrica) para motores de 2 a 8 pólos; de 0,5
a 500 c.v.; tipo standard, alto rendimento entre
outros; 220, 380 ou 440 V. Fornece ainda dados
adicionais de cada motor selecionado, tais como: (i)
dimensões; (ii) preços e (iii) acessórios .
O programa SACRID desenvolvido na
UFV é utilizado para digitalizar curvas em geral.
Este programa permite que se obtenha as
coordenadas em plano cartesiano de curvas em
geral. A tomada de dados poderá ser feita apenas
com os pontos da curva que foram obtidos ou formas
de interpolação de dados (spline ou polilinear). Os
dados gerados pelo SACRID foram exportados para
planilha eletrônica onde foram feitos os ajustes das
equações de rendimento versus índice de
carregamento dos motores elétricos em estudo. Para
cada das equações geradas foram determinados os
coeficientes de correlação, R2. Inicialmente
selecionou-se um motor de indução tipo rotor curto
circuitado de 7,5 c.v., com 4 pólos, modelo
standard, 220 volts no catálogo eletrônico do
fabricante (WEG, 2000). No módulo de dados de
desempenho do motor selecionado obteve-se a curva
características de rendimento do mesmo, (vide
Figura 1) armazenou-se a imagem e a transferiu para
o programa SACRID.
Figura 1. Curvas características de desempenho de
motor elétrico.
Depois abriu-se a imagem do motor
selecionado no programa SACRID e definiu-se os
pontos de controle para a digitalização que pode
variar de quatro a oito pontos de controle. Dos
quatro pontos de controles selecionados, o 1o foi a
origem (0, 0) sendo que no eixo horizontal o índice
de carregamento varia de 0 a 130% e no eixo
vertical o rendimento variando de 0 a 100% ; o 2o
ponto (0, 100), o 3o ponto (130, 100), e o 4 o ponto
(130, 0), vide Figura 02.
2 3
1 4
Figura 02. Escolha dos pontos de controle da
digitalização do programa SACRID.
Com os intervalos de limitação já definidos, foi feito
a aquisição das coordenadas da curvas ser
digitalizada. Antes de se inicializar a digitalização
da curva de rendimento do motor selecionado é
necessário que se escolha a forma de aquisição dos
dados que pode ser por splines-cúbicas, polilinear
ou só os pontos da digitalização. No presente
trabalho a aquisição das coordenadas foram feitas a
partir de intervalos de curvas de derivação de 3o grau
ou splines-cúbicas (Figura 3).
Na digitalização de curvas características de
rendimento o número de pontos a serem adquiridos é
função da potência do motor. Até 12,5 c.v.,
geralmente as equações geradas pela digitalização
das curvas características dos motores tem
coeficientes de correlação relativamente elevados.
Acima de 12,5 c.v. em geral os motores elétricos
possuem curvas características em formato
logarítmico com a parte inicial da curva bem
acentuada. Neste motores, para baixos índices de
carregamento, IC, uma pequena variação em IC,
acarretará uma grande variação no rendimento, mas
quando IC é elevado, o rendimento varia
relativamente pouco para variações de IC (vide
Figura 05). Para estas potências é recomendável que
se utilize de artifícios matemáticos, com por
exemplo a rotação da curva a ser digitalizada, afim
de se obter equações com elevados coeficientes de
correlação.
Figura 3. Método de interpolação da curva a ser
digitalizada.
Antes da posse das coordenadas da curva a
ser digitalizada, deve-se escolher o modo de
interpolação dos pontos adquiridos na digitalização.
O programa utilizado permite que se interpole até
500 pontos entre os pontos adquiridos. A forma de
interpolação utilizada foi de spline-cúbicas sob a
curva a ser digitalizada. As coordenados da curva
digitalizada no SACRID, (1997) foram exportadas
para o programa EXCEL.
Utilizou-se o módulo gráfico da planilha
eletrônica de cálculo EXCEL e gerou-se um gráfico
de índice de carregamento versus índice de
rendimento (vide Figura 04). Com o gráfico fez-se a
adição das curvas de tendência e observou-se que
um polinômio de 6o grau era o que melhor
representava a curva de rendimento digitalizada.
Para cada das simulações foram calculados os
coeficientes de correlação entre os dados
digitalizados e simulados.
A análise do coeficiente de correlação da
curva digitalizada seguiu o seguinte procedimento:
Se R2 > 0,98 a equação do polinômio ajustado pode
ser utilizado num banco de dados para outros
estudos de motores elétricos.
Se R2 < 0,98 a equação do polinômio
ajustado deverá ser corrigida antes de fazer parte de
um banco de dados.
Uma das formas adotadas para se corrigir
um baixo coeficiente de correlação de curvas que
possuem um formato com “joelho” acentuado é
fazer a rotação dos eixos cartesianos. Como se está
utilizando de polinômios de sexta ordem para
correlacionar os dados adquiridos os coeficientes
iniciais da equação a6 x + a5 x + a4 x + a3 x + a2 x + a1x + a0
6 5
possuem um maior peso na determinação do
coeficiente de correlação do que os de menor ordem,
quando a curva digitalizada ainda não foi
rotacionada. Neste caso o R2 poderá ser menor do
que quando a curva sofre a rotação, porque os
coeficientes terão pesos mais uniformes. Assim a
rotação da curva permite que se obtenha coeficientes
de correlação maiores, do que quando se faz a
correlação com os dados originais.
70
60
50
Rendimento (%)
X' = abscissa rotacionada.
X = abscissa original
α = ângulo de rotação
Y' = ordenada rotacionada.
Y = ordenada original
Ao se verificar que o valor de R2 do
polinômio ajustado de 6o grau é menor que 0,98
4 3 2 como forma de melhorá-lo rotaciona-se a curva
digitalizada e se calculou de novo o R2. Neste
trabalho as curvas foram rotacionadas para α
variando de 0 até 30o. Para cada variação de α, o
ângulo de rotação, verificava-se o novo
comportamento da curva digitalizada logo após a
devida correção.
O procedimento para a melhoria do
coeficiente de correlação foi:
(i) A obtenção das coordenadas das curvas
características digitalizadas obtidas diretamente da
digitalização do catálogo eletrônico da WEG
Componentes Elétricos;
(ii) Para cada ângulo de rotação (0, 1, 2, 3, 4, 5,
6, 7, 8, 9, 10, 15, 20, 25 e 30 o) foram obtidas as
coordenadas, X' e Y' ;

40 (iii) De posse do par ordenado (X', Y') para

todos os ângulos de rotação, gerou-se curvas de
30
regressão. A curva escolhida foi a que tinha um
20 menor erro relativo máximo, dos dados de
rendimento calculado em relação aos gerados pela
10
digitalização;
0 (iv) Em seguida, fez-se a correção das
0 50 100 150 coordenadas pela rotação de volta dos dados.
-10
Carregamento (%)
As equações de retorno ao par de eixos
Figura 04. Curva digitalizada de Rendimento x
cartesianos iniciais são:
Índice de Carregamento - Motor de 7,5 c.v.
X = X 'cos α − Y ' sen α (3)
Y = Y 'cos α + X 'sen α (4)
100
90 Observou-se, após a rotação das curvas
80
características de rendimento dos motores estudados,
70
Rendimento (%)

60
que foi sempre possível se obter coeficientes de
50
correlação superiores a 0,98. Portanto a
40 determinação dos coeficientes de equações
30 polinomiais de curvas características de rendimento
20 de motores permite a implementação de
10
metodologias de adequação de força motriz.
0
0 20 40 60 80 100 120 140
Carregamento (%) METODOLOGIA PARA DEQUAÇÃO
Figura 05. Comportamento de uma curva de DE FORÇA MOTRIZ
rendimento para um motor de 7,5 c.v.
Para a adequação de força motriz é
importante que se faça a avaliação do índice de
A rotação dos eixos (x e y) é dada pelas seguintes carregamento e do rendimento do motor na condição
equações: de carga atual. A avaliação do rendimento atual do
motor elétrico pode ser determinado de três formas
X ' = X cos α + Y sen α (1) via medição de: corrente elétrica do estator, fator de
Y ' = Y cos α − X sen α (2) potência ou escorregamento. Sendo que a
em que determinação do rendimento via medição da
corrente elétrica é a mais utilizada por ser a mais pode-se fazer a análise econômica dos motores em
simples. De posse da corrente elétrica do motor estudo e concluir qual deles é mais viável
trabalhando a plena carga e seus dados de placa, economicamente num dado horizonte de
determina-se o índice de carregamento (IC), via planejamento. Portanto a diferença de custo dos
curva característica de corrente. Com o IC, motores deve ser compensada pela maior eficiência
determina-se o rendimento via a curva característica do uso de motores de alto rendimento.
de rendimento, (WEG, 2000). A determinação do b) Motor standard (ST) (em uso) versus
rendimento de motores elétricos deve levar em motor de alto rendimento adequado a condição
consideração o desbalanceamento de tensões, haja de carga (AR) (novo).
vista a grande influência do mesmo no rendimento A análise a ser feita nesta troca baseia-se
dos motores elétricos, (PROCEL 1998). em parâmetros técnicos e econômicos de se efetuar a
As principais opções para adequação do troca de um motor standard em funcionamento por
uso de força motriz são substituições de motores um motor de alto rendimento novo adequado a nova
elétricos tipo standard em funcionamento, a saber: condição de carregamento e potência.
(a) Motor standard (ST) (em uso) versus
motor de mesma potência de alto EXEMPLO 2.
rendimento (AR) (novo); Dados: Valores
(b) Motor standard (ST) (em uso) versus motor Potência do motor ST em
75 c.v.
de alto rendimento adequado a condição de funcionamento
carga (AR) (novo); Índice de carregamento, IC do motor
80 %
(c) Motor standard (ST) (em uso) versus motor ST em funcionamento
Rendimento do motor ST em
standard adequado a condição de carga (ST) (em 91,50 %
funcionamento
uso); Resultados:
(d) Aumento do número de horas de Potência do motor AR a ser escolhido 75*0,80 = 60 c.v.
funcionamento anual. Como 60 c.v. é valor comercial de
O Figura 6 apresenta o fluxograma potência de motores, não é necessário
simplificado da metodologia 60 c.v.
aproximar para o valor mais próximo
Para cada situação são analisados os dados de potência acima da selecionada
de entrada da análise econômica, tais como: número IC do motor de AR a ser escolhido 60 / 60 = 100 %
de horas anual de funcionamento, vida útil, taxa de Rendimento do motor de AR em 93,48 %
juros, taxa de inflação no horizonte de planejamento, funcionamento
preço do kWh e kW e período do ano para efeito de
calculo de tarifas, etc.
a) Motor standard (ST) (em uso) versus EXEMPLO 3.
motor de mesma potência de alto rendimento Dados: Valores
(AR) (novo) Potência do motor ST em funcionamento 100 c.v.
IC do motor ST em funcionamento 42 %
A análise a ser feita baseia-se em
Rendimento do motor ST em
parâmetros técnicos e econômicos para se efetuar a 87,54 %
funcionamento
troca de um motor standard em funcionamento por Resultados:
um motor de alto rendimento novo, ambos de Potência do motor AR a ser escolhido 100*0,42 =
mesma potência e índice de carregamento. 42 c.v.
Como 42 c.v. não é valor comercial de
EXEMPLO 1. potência de motores, deve-se aproximar
(50 c.v.).
Dados: Valores para o valor mais próximo de potência
Potência do motor ST em funcionamento 75 c.v. acima da selecionada
Índice de carregamento, IC do motor ST em IC do motor de AR a ser escolhido 42 / 50 =
80 %
funcionamento 84 %
Resultados: Rendimento do motor de AR em 92,82 %
Potência do motor AR a ser escolhido 75 c.v. funcionamento
Como 75 c.v. é valor comercial de potência
de motores, não é necessário aproximar c) Motor standard (ST) (em uso) versus
para o valor mais próximo de potência 75 c.v. motor standard adequado a condição de
acima da selecionada valor mais próximo carga (ST) (em uso);
de potência acima da selecionada
IC do motor de AR a ser escolhido 80 %
EXEMPLO 4.
Rendimento do motor de AR em
93,48 % Dados: Valores
funcionamento
Potência do motor ST em
75 c.v.
funcionamento
Índice de carregamento, IC
Com os dados de entrada fornecidos e com 80 %
do motor ST em funcionamento
índices econômicos dos dois motores (ST e AR), Rendimento do motor ST em 91,50 %
funcionamento
Resultados:
Potência do motor ST a ser escolhido 75*0,80 = 60 c.v.
Como 60 c.v. é valor comercial 60 c.v.
IC do motor de STD a ser escolhido = 60 / 60 100 %

Rendimento do motor STD em 91,17 %

funcionamento
 Início

1. Escolha do motor que se quer estudar

2. Escolha do método de avaliação do índice de carregamento

3.1 Via corrente do estator 3.2 Via rotação do 3.3 Via medição da potência mecânica no
motor

4. Determinar a potência mecânica demandada no eixo do motor

5. Calcular o índice de carregamento do motor

6. Escolha da potência adequada do motor

elétrico

7. Determinar o rendimento do motor na 8. Determinar o rendimento de motor standard (opção B) e de

condição atual, (opção A) alto rendimento adequado (opção C) a solicitação da carga

9. Determinar os dados de entrada para análise econômica tais como: Preço dos motores
STD e AR, horizonte de planejamento, Taxa de juros e Tarifa de energia elétrica.

10. Calcular os gastos com a demanda elétrica.

11. Calcular os gastos com o consumo de energia.

elétrica

12. Realizar análise econômica comparando as opções A, B e C.

13. É possível
aumentar o no de
horas de
trabalho?

13. Calcular a potência elétrica do motor Fim

Figura 6 Fluxograma para adequação de força motriz.

 EXEMPLO 5 entre o motor standard em funcionamento, com:
Dados: Resultados motor de alto rendimento de mesma potência e
Potência do motor ST em 100 c.v. condição de carga; motor de alto rendimento
IC do motor ST em funcionamento 42 % adequado á condição de carga e motor standard
Rendimento do motor ST em adequado a condição de carga. Com isto, pode-se
87,54 %
funcionamento realizar a tomada de decisão, pela substituição ou
Resultados: não dos motores elétricos, standard adequado a
Potência do motor ST a ser escolhido 100*0,42 =
condição de carga, motor de alto rendimento
42 c.v.
Como 42 c.v. não é valor comercial de adequado a condição de carga, e ou quando se
potência de motores, deve-se aproximar modifica o número de horas de funcionamento do
50 c.v. motor elétrico.
para o valor mais próximo de potência
acima da selecionada. Ao se fazer à análise econômica da
IC do motor standard a ser escolhido 42 / 50 = racionalização do uso de força motriz utilizou-se
84 % parâmetros econômicos como Taxa Interna de
Rendimento do motor standard em 91,50 % Retorno (TIR), Valor Presente Líquido (VPL),
funcionamento Relação Benefício-Custo (RBC) e Taxa de Retorno
do Capital (TRC).

A análise a ser feita nesta troca baseia-se RESULTADOS E DISCUSSÃO

em parâmetros técnicos e econômicos de se efetuar a
troca de um motor standard em funcionamento por O Quadro 1 apresenta o erro percentual máximo sem
um outro motor standard em funcionamento e com rotação e ângulo de rotação ótimo para a
adequado a nova condição de carga e potência. Esta digitalização de curvas de rendimento de motores.
situação pode ocorrer quando há um remanejamento
interno na indústria que torna disponível alguns QUADRO 1. Erro percentual máximo sem e com
motores standard, que podem vir a ser adequados em rotação e ângulo de rotação ótimo para a
outros locais na empresa. digitalização de curvas de rendimento de motores
elétricos.
d) Aumento do número de horas de
funcionamento anual Motores - Erro máximo Erro Ângulo
Potência sem rotação máximo com
O aumento do número de horas de (c.v.) (%) rotação (%) (graus)
funcionamento anual pode vir a ser economicamente 0,5 4,76 4,03 7
viável quando os custos com demanda são muito 7,5 8,57 2,83 7
significativos, como é o caso do sistema tarifário
500 4,20 1,46 25
horo-sazonal.
Há que se ponderar também, que em muitas
situações é demandado cargas variáveis. Nestes Na análise do Quadro 1 pode-se observar
casos, a economia com o uso de força motriz poderá que:
ser feita não somente pela adequação da potência (i) Os erros percentuais máximos sem rotação
dos motores e do número de horas de funcionamento sempre foram superiores aos erros percentuais
anual, mas também pelo uso de equipamentos que máximos com rotação das curvas digitalizadas
controlam a velocidade dos motores. O controle de indicando a importância de se procurar métodos
velocidade poderá ser feito por meio de inversores matemáticos para melhoria dos coeficientes de
de freqüência, uso de jogos de polias e correias, uso correlação entre os dados digitalizados e as equações
de motores com número de pólos variável, entre que representam tais dados;
outros. O uso de inversores de freqüência além de (ii) A diminuição do erro percentual máximo
fator para racionalização do uso de força motriz tem devido a rotação dos dados foi de 0,73%; 5,74% e
outras aplicações, tais como, partida em rampa, 2,74 pontos percentuais, indicando um diminuição
controle do fator de potência, entre outros. substancial dos erros devido ao artifício da rotação
Além das possibilidades citadas para dos dados;
adequação do uso de força motriz não se pode (iii) Os erros percentuais máximos com rotação
esquecer a otimização do processo, que em muitos diminuem com o aumento da potência dos motores
casos é factível e viável economicamente. A estudados;
otimização do processo, no entanto exige o (iv) Os ângulos ótimos de rotação aumentaram
conhecimento de campo de aplicação específico. para motores com potência a cima de 7,5 c.v..
Assim de posse dos índices de A analise do Quadro 2 será feita para cada das linhas
carregamento e rendimento dos dois motores (ST e (Vide Quadro 2):
AR), pode-se fazer a análise econômica dos motores
em estudo. Pode-se ainda estabelecer comparações
O Quadro 2 apresenta dados técnicos econômicos de opções para adequação do uso de força motriz.

Quadro 2. Dados técnicos econômicos de opções para adequação do uso de força motriz

Dados de entrada

Motores
Descrição
1 Unidade 5
Motor 1 2 3 4
AR adq.
ST ST adq. AR AR adq.
Max.
2 Potência c.v. 50 40 50 40 20
Índice de carregamento
3 % 70 87,5 70 87,5 100

4 Rendimento % 91,17 91,00 92,49 92,82 92,49

5 Preço do Motor R$ 1.675,11 1.585,52 2.143,36 1.981,81 880,59
6 Horas de funcionamento h/ano 1.500 1.500 1.500 1.500 3000
7 Juros %/ano 8 8 8 8 8
Valor de sucata % do
8 20 20 20 20 20
novo
9 Custo unitário da energia R$/kWh 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
Custo unitário da
10 R$/kW 3 3 3 3 3
demanda
Aumento da Energia
11 acima da inflação %/ano 2 2 2 2 2

12 Manutenção % 1 1 1 1 1
Horizonte de
13 anos 10 10 10 10 10
planejamento

Resultados

Consumo anual kWh/

14 42.382,36 42.461,54 41.777,49 41.628,96 47.745,70
ano
15 Custo da energia R$/ano 4.238,24 4.246,15 4.177,75 4.162,90 4.774,57
Manutenção R$/ano
16 16,75 15,86 21,43 19,82 8,81
Custo da demanda R$/ano
17 1.017,18 1.019,08 1.002,66 999,10 1.002,66

(i) As opções para adequação do uso de força
motriz estudadas foram: (1) motor standard ST;
(2) motor standard adequado a situação de
carga ST adq.; (3) motor de alto rendimento de
mesma potência da opção 1 AR; (4) motor de
alto rendimento adequado a situação de carga
prevista na opção 1;
(ii) A potência do motor standard em
funcionamento (1) é a potência de referência
para todos os cálculos com as outras situações,
para a situação do motor (2) a potência já está
adequada a situação de carga em relação ao
motor (1), para a situação do motor (3) é a
mesma potência do motor (1), para a situação
do motor (4) a potência está adequada a
condição de carga em relação ao motor (1),
para a situação do motor (5) a potência está
adequada a condição de carga e a maximizado
ao número de horas de funcionamento do
motor elétrico em relação ao motor (1);
(iii) Índice de carregamento do motor (1) em
funcionamento, IC (1); Índice de carregamento
do motor (2) adequado a condição de carga em
relação ao motor (1) em funcionamento, IC (2);
Índice de carregamento do motor de alto
rendimento (3) de mesmo carregamento ao
motor (1) em funcionamento, IC (3); Índice de
carregamento do motor de alto rendimento
adequado a condição de carga (4), em relação
ao motor (1) em funcionamento, IC (4); Índice
de carregamento do motor de alto rendimento
adequado a condição de carga e de número de
horas maximizado (5), em relação ao motor
(1), IC (5);
(iv) O rendimento de cada situação é função da
potência e de seu índice de carregamento e são
obtidos no catálogo eletrônico dos fabricantes
de motores elétricos;
(v) Preços obtidos no catálogo eletrônico dos horas de funcionamento anual maximizada
fabricantes de motores elétricos; A substituição de motores standards por motores de
alto rendimento em muitos casos é dificultada
devido a grande diferença de preços e pequena
Quadro 3 Análise econômica das várias opções de variação de rendimento para motores.
troca dos motores elétricos
Quadro 4 Relação entre preço e rendimento para
Análise ST - ST
ST - AR adeq.
ST - AR o
alguns motores elétricos standard e de alto
ST - AR N de horas rendimento de 1,0; 7,5; 50,0 e 100,0.
Econômica adeq. adeq.
max.
TIR (%) 2 10 29 68
∆
VPL (R$) 22,94 55,46 364,16 (3.014,28) Preço
Motor AR Motor ST
Pot. AR =>
R. B/C(R$) 0,26 (0,12) (1,19) (3,79)
(c.v.) ST
Não 7anos e 3 anos e Rend. Valor Rend. Valor
TRC Não retornável (%)
retornável 2 meses 3 meses
(%) (R$) (%) .(R$)
1,0 82,60 153,97 78,00 112,26 36,80
7,5 90,00 468,41 88,50 346,38 35,23
Na primeira situação compara-se o motor
50 93,00 2231,82 91,70 1756,5 27,06
standard (ST) com o motor standard adequado a
condição de carga (ST adeq.) tem-se os resultados 100 94,50 4890,41 92,50 3369,0 45,16
dos valores de Taxa Interna de Valor (TIR) de 2%,
logo o investimento é não vantajoso; Valor Presente Em relação ao Quadro 4 pode-se afirmar
Líquido (VPL) de R$ 22,94; Relação Benefício- que:
Custo (RBC) de R$0,26 e Tempo de Retorno de (i) O motor de 1 c.v. de alto rendimento custa
Capital (TRC) não retornável no horizonte de 36,80 % mais do que o motor de mesma
planejamento. potência standard para um acréscimo de
Na segunda situação compara-se o motor 5,9% de rendimento;
standard (ST) com o motor de alto rendimento a (ii) O motor de 7,5 c.v. de alto rendimento
mesma condição de carga e potência (AR) tem-se os custa 35,23 % mais do que o motor de
resultados dos valores de Taxa Interna de Valor mesma potência standard para um
(TIR) de 10%, logo o investimento é vantajoso; acréscimo de 1,69% de rendimento;
Valor Presente Líquido (VPL) de R$ 55,46; Relação (iii) O motor de 1 c.v. de alto rendimento custa
Benefício-Custo (RBC) de -R$ 0,12, logo tem-se 27,06 % mais do que o motor de mesma
mais custo do que benefício e Tempo de Retorno de potência standard para um acréscimo de
Capital (TRC) de 7 anos e 2 meses. 1,42% de rendimento;
Na terceira situação compara-se o motor (iv) O motor de 1 c.v. de alto rendimento custa
standard (ST) com o motor de alto rendimento 45,16 % mais do que o motor de mesma
adequado a condição de carga (AR adeq) tem-se os potência standard para um acréscimo de
resultados dos valores de Taxa Interna de Valor 2,16% de rendimento.
(TIR) de 29%, logo o investimento é vantajoso; Observa-se que na maioria absoluta dos
Valor Presente Líquido (VPL) de R$ 364,16; casos o incremento de rendimento é ínfimo se
Relação Benefício-Custo (RBC) de -R$1,19, logo comparado a variação de preço para cada situação
tem-se mais custo do que benefício e Tempo de descrita.
Retorno de Capital (TRC) de 3 anos e 3 meses.
Na quarta situação compara-se o motor standard CONCLUSÃO
(ST) com o motor de alto rendimento adequado a
condição de carga e com maximização do número de Com a metodologia de rotação de curvas
horas (AR adeq e núm. horas max.) tem-se os digitalizadas pode-se obter altos coeficientes de
resultados dos valores de Taxa Interna de Valor correlação, os quais possibilitaram a digitalização de
(TIR) de 68%, logo o investimento é vantajoso; curvas características de motores elétricos para a
Valor Presente Líquido (VPL) de -R$ 3014,28; formação de banco de dados. A metodologia para
Relação Benefício-Custo (RBC) de R$-3,79, logo adequação de força motriz pela substituição de
tem-se mais custo do que benefício e Tempo de motores elétricos do tipo padrão por motores de alto
Retorno de Capital (TRC) não retornável no rendimento, com base no índice de carregamento e
horizonte de planejamento. corrente elétrica, dá subsídios à tomada de decisão,
Como pode-se ver com os dados da análise pela troca ou não dos motores elétricos em
econômica pelo Taxa Interna de Retorno (TIR) a funcionamento. Esta metodologia pode subsidiar
opção mais vantajosa seria a troca do motor standard programas de gerenciamento do lado da demanda
atual por um motor de alto rendimento de 20cv, com para a racionalização do uso de força motriz.

AGRADECIMENTOS
Os autores são especialmente gratos ao
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico, a Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Ensino Superior e a Universidade Federal
de Viçosa pelo apoio para o desenvolvimento deste
trabalho.
REFERÊNCIAS.
[1] JANUZZI, G.; SWISHER, J.; Planejamento
Integrado dos Recursos Energéticos: Meio
Ambiente, Conservação de Energia e Fontes
Renováveis , 1992.
[2] PINHEIRO, S.F.; Conservação de energia
elétrica: Recurso Energético Planificado, Anais
do I Congresso Brasileiro de Planejamento
Energético, Rio de Janeiro, 1986, v.l. 3, p. 95-108.
[3] LOW, S.; Industrial Sector End-Use Forecast
(1992)
[4] LATORRE, C. DE F.; NOBRE, E. C.;
BURGOA, J.A.; Diagnóstico do potencial de
conservação de energia na indústria, I seminário
Internacional de Distribuição de Energia elétrica,
Belo Horizonte, 1990 v.l. 3.
[4] SÁ, J. S.; COGO, J. R.; ARANGO, H.;
Avaliação do rendimento de motores de indução
trifásicos via medição de tensão e corrente no
estator, I seminário Internacional de Distribuição de
Energia elétrica, Belo Horizonte, 1990, v.l. 3.
[5] WEG S.A. Catálogo Eletrônico 2000; Jaraguá
do Sul (http://www.weg.com.br)
[6] Santos, W. L; Ramos, M.M.; SACRID –
Software para Aquisição de Coordenadas,
Universidade Federal de Viçosa ( UFV), 1997.
[7] PROGRAMA DE COMBATE AO
DESPERDÍCIO AO COMBATE DE ENERGIA
ELÉTRICA – PROCEL. MOTOR DE ALTO
RENDIMENTO. GUIA TÉCNICO. PROCEL.
Motor de alto rendimento. Guia técnico. Rio de
Janeiro: 1998, v.1. 18p.