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INTRODUÇÃO
EVOLUÇÃO DA AGRICULTURA
relativamente pequena em relação à área ocupada, quando uma região não estivesse
oferecendo o suficiente, era possível migrar para outra.
Depois da pré-história, a agricultura apresentou muitas evoluções no campo
dos tratos culturais, desenvolvimento de linhagens adaptadas a diferentes regiões,
irrigação, surgimento de novos produtos alimentícios etc. Estes acontecimentos
permitiram mudanças substanciais no modo de vida do homem, que passou
paulatinamente da vida nômade para vida séssil. Contudo, foi no Século XX que
ocorreram os maiores avanços na indústria e na ciência, o que teve forte impacto na
agricultura. Entre os principais avanços realizados nesse século, estão a mecanização
agrícola pelo uso de tratores e máquinas de beneficiamento, a purificação de
elementos químicos que possibilitou o estudo de nutrientes essenciais para o
desenvolvimento das plantas e aprofundamento do conhecimento em nutrição vegetal
e o melhoramento genético que desenvolveu cultivares altamente produtivos e
adaptados a diferentes condições edafoclimáticas.
A Teoria de Malthus, idéia largamente difundida no começo do Século XX,
defendia que a população mundial crescia exponencialmente e a produção agrícola
linearmente, o que em pouco tempo ocasionaria grande crise mundial por falta de
alimento para a população. As previsões desta teoria não se concretizaram porque os
avanços tecnológicos possibilitaram o aumento da produção agrícola, embora com alto
custo ambiental. Esta fase de intensa tecnificação ficou conhecida como Revolução
Verde e será detalhada a seguir.
REVOLUÇÃO VERDE
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Desenvolvimento da Agricultura Orgânica no Nordeste
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Desenvolvimento da Agricultura Orgânica no Nordeste
AGRICULTURA ORGÂNICA
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Desenvolvimento da Agricultura Orgânica no Nordeste
Equilíbrio ambiental
A maioria dos consumidores brasileiros procura produtos orgânicos tendo
como principal preocupação a sua saúde. Por isso, o fato de produtos orgânicos serem
produzidos respeitando a biodiversidade, espécies nativas, fontes de água e o
equilíbrio ambiental ainda tem pouca influência sobre a decisão de compra. Já em
sociedades preocupadas com a causa ambiental, esta característica do produto
(ambientalmente correta) é muito importante. Para o produtor, esta característica tem
grande importância, pois além de significar qualidade ambiental para o local em que
ele próprio vive, esta é uma importante contribuição para a sustentabilidade da
atividade. No Brasil, a preocupação ambiental vem crescendo rapidamente, forçando
as empresas e agricultores a adotar práticas ambientalmente corretas.
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Desenvolvimento da Agricultura Orgânica no Nordeste
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Desenvolvimento da Agricultura Orgânica no Nordeste
Qualidade
O uso dos insumos da “Revolução Verde” permitiu que fossem oferecidos aos
consumidores, produtos com aparência impecável: tamanho, cor, ausência de marcas,
picadas de insetos etc, levando o consumidor a acostumar-se com produtos neste
padrão de qualidade. Com a agricultura orgânica, também é possível obterem-se
produtos com o mesmo padrão de qualidade e até mesmo superior em aparência,
porém, isto exige mais trabalho do produtor, pois ele não utilizará inseticidas,
fungicidas ou conservantes. Quanto ao sabor, existem freqüentes relatos de que os
produtos orgânicos estão em vantagem em relação aos tradicionais o que acontece
devido à produção mais natural e menor indução para altas produtividades.
Dentro da agricultura orgânica, os produtores precisam ter bem claro que os
consumidores (a maioria) não estão dispostos a adquirir produtos de aparência inferior,
mesmo sabendo que eles não possuem agrotóxicos, principalmente se eles estiverem
pagando preço superior ao produto similar proveniente do sistema de produção
tradicional. Além da aparência, a conservação do produto é importante, sendo que
muitos produtores orgânicos garantem que o tempo de prateleira de seus produtos é
maior que os convencionais devido ao equilíbrio nutricional da planta e do solo onde
foram cultivados.
MODALIDADES E CONCEITOS
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Desenvolvimento da Agricultura Orgânica no Nordeste
no Nordeste. Muitas outras informações podem ser obtidas em sites sobre o assunto
como o Planeta Orgânico (www.planetaorganico.com.br) , www.megagro.com.br ou
www.unitednaturex.com.br/.
Biodinâmica
A agricultura biodinâmica surgiu de um ciclo de oito palestras feitas em 1924
pelo filósofo Rudolf Steiner (1861-1925) em uma fazenda de Koberwitz, na Silésia, hoje
Polônia2. Surgiu como corrente alternativa, porém com uma visão bastante diferente,
especialmente pelo fato de seu inspirador ser um filósofo e não um especialista em
agronomia. Steiner foi o criador do movimento denominado Antroposofia, ou “ciência
espiritual”. Caracteriza-se por dois elementos que lhe emprestam características
diferentes das outras correntes:
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Extraído do texto Fundamentos Essenciais da Ecologia e da Agricultura Ecológica, escrita pelo
Engenheiro Agrônomo José Arimatéia Campos.
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Extraído do texto Fundamentos Essenciais da Ecologia e da Agricultura Ecológica, escrita pelo
Engenheiro Agrônomo José Arimatéia Campos.
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Desenvolvimento da Agricultura Orgânica no Nordeste
a) uma visão espiritual da agricultura, assim como uma atenção muito grande à
influência dos astros sobre as plantas e animais. Segundo Steiner, as forças dos
corpos celestes próximos (Lua, Vênus, Mercúrio) agem no calendário da Terra e
dirigem a reprodução. Entretanto, os outros planetas (Marte, Júpiter, Saturno)
transmitem suas forças por intermédio da sílica e agem sobre o crescimento e nutrição.
b) Steiner propôs o que ele chamou de “preparados biodinâmicos” num total de
nove, com objetivo de vitalizar as plantas e estimular seu crescimento. Estes
preparados são conhecidos por números variando de 500 a 508. O preparado 500 é
feito a partir de esterco, o 501 da sílica e os outros sete a partir de espécies vegetais
determinadas (miofolio, camomila, urtiga, carvalho, dente-de-leão etc).
Em seus fundamentos, a atenção deve ser dada ao solo ao invés da planta,
pois se o solo for sadio, a planta nele cultivada será sadia. Considera -se indispensável
a participação animal no ciclo de vida da propriedade agrícola para realizar a ciclagem
de nutrientes e produção de matéria orgânica. A propriedade agrícola deve ser vista
como um organismo onde cada elemento tem sua importância. Aceita-se a utilização
de alguns adubos químicos desde que associados a outras técnicas como
compostagem ou coquetel verde. Deve ser evitado o plantio contínuo de grandes áreas
com uma única espécie vegetal (monocultura). Embora concebido na Europa, a
“agricultura biodinâmica” foi adaptada a condições tropicais para que fosse utilizada em
países como o Brasil.
A certificadora e entidade difusora do método no Brasil é o IBD - Instituto
Biodinâmico (www.abd.com.br) que tem sede na cidade de Botucatu, SP. A entidade
fornece os selos “Biodinâmico” e “Demeter” e é uma das poucas alternativas de
certificação disponíveis no Brasil e aceitas no mercado externo (Europa, Estados
Unidos e Japão). Cerca de 230 projetos abrangendo aproximadamente 60 mil hectares
estão certificados por este instituto no Brasil.
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Desenvolvimento da Agricultura Orgânica no Nordeste
Natural
A Agricultura Natural é um método de agricultura desenvolvida pelo filósofo
teísta japonês Mokiti Okada e tem íntima ligação com a Igreja Messiânica. Ela vem
sendo experimentada desde 1935 e foi lançada em 1950, chegando ao Brasil em 1979.
Baseia-se na idéia de que a natureza, no seu estado natural, é a verdade e, portanto,
deve ser respeitada. A filosofia okadiana defende a tese de que o espírito é inerente
não somente aos seres humanos, mas aos animais, aos vegetais, enfim, a todos os
organismos vivos.
“O princípio básico da Agricultura Natural é fazer o solo, organismo
vivo, emanar toda sua força vital, toda sua capacidade produtiva. Assim, ela
é fundamental para a melhoria do nível espiritual do ser humano, o que
resulta na melhoria do seu nível material. O homem somente será
verdadeiramente sadio se sua alimentação for constituída de produtos
provenientes de um solo sadio. (Manual de Certificação da Agricultura
Natural – Fundação Mokiti Okada)”
Dentro deste modelo foram desenvolvidos produtos específicos como o bokashi
e o EM. O bokashi é preparado a partir de palhas, farelos vegetais, algas, cinzas e
outros produtos fermentados por microorganismos. O EM (efficient microrganisms) são
microorganismos selecionados que possuem qualidade regenerativas para o solo e
para as plantas. Auxiliam na decomposição da matéria orgânica, combate a pragas,
crescimento vegetal etc.
A Fundação Mokiti Okada (www.mokitiokada.org.br) foi a fundadora do
movimento de Agricultura Natural no Brasil, sendo a principal difusora do método, além
de prestar o serviço de certificação para comercialização do produto.
Agroflorestal / Florestal
Baseia-se no princípio de que o ecossistema natural das plantas é a floresta,
procurando conduzir a atividade produtiva em ambientes similares a florestas, pois a
biodiversidade, ciclagem de nutrientes e equilíbrio ambiental são facilitados pela
cobertura florestal. Os sistemas agroflorestais que unem o componente agrícola ao
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Desenvolvimento da Agricultura Orgânica no Nordeste
Sócio-ambiental
O viés sócio-ambiental une as preocupações de conservação do ambiente com
respeito à s condições de vida dos produtores e da humanidade como um todo,
evitando o uso de produtos tóxicos e respeitando a saúde do trabalhador que iria
aplicar o produto na lavoura, assim como a saúde do cidadão e sua família que
consumirá aquele produto.
A atividade agrícola tornou-se um empreendimento onde custos, risco e
investimentos assemelham-se a qualquer outra atividade industrial ou comercial. Esta
visão empresarial trouxe impactos negativos à atividade, em outras palavras, tornou o
trabalhador rural mais pressionado quanto a remuneração e esforço exigido. A
agricultura sócio-ambiental preocupa-se que os direitos dos trabalhadores estejam
sendo respeitados, como ausência de trabalho infantil, trabalho escravo, respeito ao
descanso, lazer e educação etc.
Na verdade, esta não é uma certificação estritamente agrícola, mas uma
certificação sócio-ambiental para que o consumidor tenha conhecimento do processo
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Desenvolvimento da Agricultura Orgânica no Nordeste
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Desenvolvimento da Agricultura Orgânica no Nordeste
Ecológica / Biológica
A agricultura ecológica e biológica, são praticamente, nomes que tornaram-se
conhecidos, mas tem as mesmas bases das outras modalidades já apresentadas. No
site IFOAM, o termo inglês “organic agriculture” é traduzido para português como
“agricultura biológica”.
Entretanto, sem perda de generalidades, podemos considerá-las similares à
agricultura orgânica tradicional, pois não há como diferenciar este modo de cultivo de
outras modalidades. Adota os mesmos ideais: respeito ao meio ambiente e ao homem,
diversidade biológica, sustentabilidade etc.
Permacultura
A Permacultura é uma modalidade de agricultura orgânica idealizada há cerca
de 20 anos (década de 70) por Bill Millison, um ex-professor universitário australiano. A
palavra deriva do Inglês de “Permanent Agriculture” e baseia-se em criar sistemas
agrícolas permanentes em oposição aos sistemas agrícolas tradicionais em que as
culturas são conduzidas em curtas temporadas, à s vezes de poucos meses e com alta
dependência de insumos.
A Permacultura aproxima-se dos conceitos de agricultura florestal e
agroflorestal, pois preconiza o desenvolvimento de florestas produtivas, utilizando os
recursos florestais como força motriz para o equilíbrio ecológico e para o vigor das
plantas. Assim como as demais modalidades de agricultura orgânica, ela defende a
suspensão total do uso de agrotóxicos e produtos químicos modernos, preocupa-se
com o bem-estar do ser humano, da preservação dos recursos naturais e da
sobrevivência do planeta.
A experiência mais conhecida de permacultura no Brasil é o Instituto de
Permacultura da Bahia (www.geocities.com/ipbbr/) que desenvolve a técnica desde
1992, quando houve o lançamento do movimento no Brasil, através de um curso
realizado em Porto Alegre/RS. Também podem ser obtidas informações no Instituto de
Permacultura Austro-brasileira (www.agrorede.ufsc.br/biblioteca/permacultura-jorge/).
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Desenvolvimento da Agricultura Orgânica no Nordeste
Autoconsumo
Grande parte dos pequenos agricultores nordestinos realiza uma agricultura
livre de agrotóxicos e adubos químicos, mas caracteristicamente de subsistência.
Certamente, esta agricultura classifica-se como orgânica, porém não é voltada para o
mercado. O pequeno excedente de produção geralmente é comercializado de forma
fragmentada em mercado local.
Veremos logo a seguir no tópico Cadeia Produtiva, que dois grandes entraves
ao desenvolvimento da agricultura orgânica são a certificação e distribuição. Embora
genuinamente orgânica, fazer com que essa produção seja certificada e distribuída
para os grandes centros consumidores é possível, porém constitui-se um grande
desafio.
Há quem defenda energicamente que a agricultura orgânica não deveria ser
entregue à s forças de mercado, mas uma modalidade de agricultura voltada para o
produtor rural produzir seu próprio alimento de forma sadia e a baixo custo. Esta visão
tem muito sentido, mas não tem atração econômica para que se difunda e atinja
significativa parcela dos agricultores.
Para agricultores de subsistência, a agricultura orgânica é uma forma de
garantir sua saúde e evitar despesas desnecessária com produtos fitossanitários e
adubos químicos, desejando que esta característica possa se tornar uma oportunidade
de aumentar sua receita através do mercado de produtos orgânicos. Para agricultores
empresariais, é preciso que a agricultura orgânica seja abordada com visão de
mercado, contabilizando custos e receitas e planejando corretamente seu negócio
rural.
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Desenvolvimento da Agricultura Orgânica no Nordeste
Grande parte da pesquisa científica agrícola mundial dos últimos anos voltou-
se prioritariamente para técnicas ligadas à Revolução Verde como ensaios de
adubação e calagem, desenvolvimento de cultivares altamente produtivas,
desenvolvimento e teste de herbicidas, fungicidas e inseticidas, técnicas de manejo e
mecanização agrícola.
Por esta razão, há uma grande carência de técnicas alternativas aplicáveis à
agricultura orgânica, pois grande parte do conhecimento foi direcionada para
agricultura tradicional. Embora, cada modalidade de agricultura orgânica apresentada
acima (biodinâmica, natural etc) tenha um conjunto de técnicas desenvolvidas, a
tecnologia ainda é considerada insuficiente para desenvolver a agricultura orgânica de
forma segura. Por outro lado, significativa parcela do que se produziu de conhecimento
dentro da agronomia é aplicável também à agricultura orgânica, como fisiologia
vegetal, nutrição de plantas, conservação de solos, fertilidade, matéria orgânica etc.
Contudo, não podemos nos prender firmemente à exigência de que qualquer
nova técnica tenha que passar por rígidos padrões de avaliação científica, mas ao
menos precisamos avaliar as técnicas disponíveis. As falhas mais comuns encontradas
nas técnicas orgânicas são inviabilidade econômica (não traz retorno satisfatório),
dificuldade de obtenção os produtos necessários e baixa eficiência.
A maior carência de técnicas está no controle de pragas e doenças. Existem
inúmeros produtos naturais indicados para este fim como fumo, sabão, óleo mineral,
extrato de nim, urtiga, ácido pirolenhoso, ácido húmico, manipueira, caldas com sais
minerais e muitos outros. Porém, a eficácia destes produtos é questionável e sua
obtenção nem sempre é possível. Uma alternativa para as pragas é o controle
biológico onde os insetos indesejados são predados por outros insetos, aranhas ou
eliminados pela ação de microorganismos patogênicos. O controle biológico depende
de pesquisa científica para ser desenvolvido e sua utilização em campo, à s vezes é
complicada. Outra alternativa para pragas e doenças é o melhoramento genético (não
tem relação com organismos transgênicos) que pode desenvolver cultivares resistentes
a várias doenças e pragas. O melhoramento genético necessita de apoio científico
para realização e pode levar muitos anos para se chegar a um resultado, porém,
depois de concluído é de aplicação muito simples e acessível a qualquer produtor rural.
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Desenvolvimento da Agricultura Orgânica no Nordeste
Insumos orgânicos
Quando a agricultura orgânica começou seu ciclo de rápida expansão no
Brasil, um dos seus fundamentos era libertar os produtores da dependência dos
vendedores de insumos industrializados: sementes geneticamente melhoradas,
herbicidas, adubos, fungicidas, inseticidas e implementos agrícolas. Porém, o que se
tem observado é que grande parte dos produtores orgânicos estão deixando de
comprar tais insumos e passando a comprar insumos orgânicos: esterco, composto,
vermicomposto, extratos de plantas medicinais, soluções nutritivas, substratos e até
produtos altamente industrializados com máscara de orgânicos.
Acreditamos que não é correto defender a idéia de que os produtores precisam
se fechar em suas propriedades sem comprar qualquer insumos externo, porque isso
tolheria grandes oportunidades de negócios no campo e também não contribuiria para
a eficiência das empresas rurais. Contudo, é importante saber que a compra desses
insumos contribui para o aumento dos custos da produção orgânica.
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Desenvolvimento da Agricultura Orgânica no Nordeste
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Desenvolvimento da Agricultura Orgânica no Nordeste
Produção
A produção de alimentos orgânicos está crescendo em ritmo inferior ao
desejável, embora o preço seja relativamente atraente. Os principais entraves para o
crescimento da atividade não estão ligados diretamente à produção, mas a outros elos
da cadeia produtiva, ou seja, apesar das limitações quanto a assistência técnica,
tecnologia apropriada e mesmo adequação de custos, não é a dificuldade de produzir
quem está limitando o crescimento da atividade, mas sim dificuldades de distribuição,
comercialização e, por vezes, a certificação.
Uma das exigências dos responsáveis pela comercialização e pelo
consumidor, principalmente para produtos perecíveis, é a regularidade de oferta. Por
exemplo, uma rede de supermercados que vende repolho orgânico exige que toda
semana seja fornecida certa quantidade do produto, independente da época do ano,
condições climáticas ou ocorrência de pragas e doenças. Entretanto, é freqüente não
haver essa regularidade, atribuindo-se a causa a planejamento inadequado, produção
atomizada (dispersa) e pequena quantidade de produtores, pois quando há muitos
produtores, a falta de um pode ser coberta por outro.
Os custos de produção devem ser bem gerenciados. Pode se achar que a
suspensão do uso de insumos industrializados representa uma grande economia,
porém isto implica na utilização de insumos alternativos ou no uso mais intensivo de
mão-de-obra o que torna a aumentar o custo de produção. Em certos casos, é possível
que o prêmio extra pago pelo consumidor seja suficiente apenas para cobrir os gastos
excedentes da atividade.
Outro grande entrave para o crescimento da atividade é o processo de
conversão de agricultura tradicional para orgânica porque os agrotóxicos que haviam
sido utilizados na propriedade permanecem como resíduos no solo e nas plantas. Por
isso, para que haja produção orgânica, exige-se um programa de conversão que pode
durar até dois anos. Durante este período, a produção ainda não pode ser vendida
como orgânica, mas tem custo de produção superior à agricultura tradicional, o que
desestimula muitos produtores que não estão capitalizados o suficiente para atravessar
esta fase.
A imprensa está tendo importante papel na divulgação do movimento de
agricultura orgânica. Porém, ocorre excessiva exposição onde apenas se enfatizam
tópicos sensacionalistas como “preço do tomate orgânico é 100% maior”, “soja
orgânica garante lucro”, “mercado de orgânicos movimenta R$ 300 milhões e cresce
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Desenvolvimento da Agricultura Orgânica no Nordeste
40% ao ano” etc. Estas manchetes criam uma imagem de que agricultura orgânica é
uma mina de ouro, atraindo muitos aventureiros que não têm experiência em
agricultura e atrapalham o bom desenvolvimento da atividade.
Certificação
A certificação é uma forma de assegurar ao consumidor que o produto que ele
está comprando foi produzido dentro de um processo orgânico onde não se utilizaram
agrotóxicos, respeitando o ambiente e o homem, etc. Caso os consumidores
confiassem totalmente nas informações escritas no rótulo dos produtos, a certificação
seria dispensável, porém, isso não ocorre. O mercado brasileiro ainda não está muito
exigente quanto a certificação, principalmente para produtos locais ou onde o próprio
produtor pode acompanhar e realizar diretamente a venda. Etretanto, a certificação é
indispensável quando se deseja vender para o mercado externo.
O custo de certificação é muito alto e tem significativa participação no preço do
produto. Isto acontece porque é necessário que a instituição certificadora não tenha
envolvimento com a empresa, seja idônea e tecnicamente capacitada para realização
da atividade de inspeção.
Resumidamente, o processo de certificação é o seguinte: celebra-se um
contrato entre as partes, a entidade realiza tanto inspeções programadas como
eventuais, se necessário realizam-se testes laboratoriais e, se a propriedade atender
aos padrões, emite-se um certificado e autoriza-se que o rótulo do produto exiba um
selo da entidade, que garantirá ao consumidor que o processo de produção obedeceu
determinados padrões. Contudo, para que este selo seja aceito nos mercados externos
(Europa, Estados Unidos e Japão) é preciso que a entidade certificadora esteja
devidamente registrada junto à Federação Internacional dos Movimentos de Agricultura
Orgânica - IFOAM (International Federation of Organic Agriculture Moviments –
www.ifoam.org). O preço para registrar-se junto à IFOAM é muito alto, o que limita a
abertura de certificadoras nacionais. Para o mercado nacional, existem algumas
poucas entidades certificadoras que podem oferecer o serviço por preço bem mais
acessível que as certificadoras internacionais. Atualmente, o Ministério da Agricultura e
do Abastecimento (www.agricultura.org.br) está regulamentando a formação e
obrigações das entidades certificadoras, bem como sua fiscalização.
A agroindústria de produtos orgânicos precisa adquirir produtos orgânicos
certificados e passar por um programa de certificação próprio, onde serão avaliados os
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Desenvolvimento da Agricultura Orgânica no Nordeste
Distribuição / comercialização
Esta etapa da cadeia produtiva pode parecer simples, mas tem sido o maior
entrave em várias experiências de produção orgânica. O produto precisa estar
disponível na hora em que o consumidor tem tempo de ir comprá-lo e que o ponto de
distribuição seja facilmente acessível.
Neste tópico, as associações de produtores e cooperativas podem ser de
fundamental importância. Pequenos produtores isolados podem até conseguir produzir
satisfatoriamente, mas comercializar é bem mais difícil. Existem várias experiências de
associações de produtores no Brasil que criaram uma feira própria e conseguiram
conquistar sua freguesia e viabilizar a comercialização. Este modelo pode ser copiado
para muitas localidades, mas não seria solução para todos os casos, pois depende de
alto nível de organização. Em casos pontuais, pode haver a venda direta para o
consumidor, o que também resolve apenas casos pontuais, pois nem todo produtor
rural tem habilidade para comercializar ou tempo disponível para isso.
Grandes produtores também já estão despertando interesse em produção
orgânica. Já existem grandes áreas contínuas conduzidas dentro dos princípios da
agricultura orgânica. Para grandes produtores, os maiores desafios podem ser
facilmente superados: custos de certificação são diluídos, a comercialização independe
de cooperativas e a assistência técnica pode ser viabilizada pela contratação de um
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Desenvolvimento da Agricultura Orgânica no Nordeste
técnico. Neste caso, a limitação pode passar a ser falta de técnicas apropriadas,
dificuldade no monitoramento de grandes áreas ou disponibilidade e gerenciamento da
mão-de-obra.
Em projetos de produção orgânica, antes de planejar a produção, é preciso
verificar os canais de comercialização, traçar planos, entrar em acordo com feirantes,
supermercados etc. Novamente, pode entrar em vigor a figura do “atravessador” que
se dispõe a recolher a produção, transportá-la e realizar a distribuição e
comercialização junto aos centros consumidores.
Mercado
Como se pode notar através dos meios de comunicação, o mercado para
produtos orgânicos tem potencial enorme de crescimento tanto no Brasil como em
outros países. Isto acontece porque as pessoas estão tomando conhecimento que os
alimentos estão contaminados com resíduos de agrotóxicos e outros produtos danosos
à saúde e conseqüentemente estão desejando consumir alimentos livres deste perigo.
Para isso, os consumidores se dispõe a pagar mais caro por este diferencial de
qualidade. Porém, o quanto cada um está disposto a pagar a mais é variável. Algumas
pessoas podem pagar até o dobro do preço do produto normal, enquanto outras
aceitam o limite máximo de 10%. Se for obedecida a Lei da Oferta e da Procura, dentro
do enfoque estritamente econômico, o diferencial de preço dos produtos orgânicos
tenderá a zero quando a oferta aproximar-se da demanda.
Dentro da cadeia produtiva, são os consumidores que estão pressionando o
desenvolvimento da atividade, pois a demanda insatisfeita ainda é muito grande.
A imprensa enfatiza o mercado consumidor europeu, americano e japonês que
já está mais avançado e com maior demanda. Porém, o mercado brasileiro não deve
ser subestimado pois mesmo este ainda não está sendo explorado. Atender o mercado
externo é bem mais complicado que aproveitar o mercado interno, devido à maior
exigência de certificação e a experiência com negócios entre países, câmbios, taxas,
documentação e logística.
CONCLUSÕES
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