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INTRODUÇÃO AO

MERCADO DE CAPITAIS
BRASILEIRO

Objetivo: Proporcionar o contato inicial


do futuro investidor em renda variável e
do profissional apto a desempenhar
funções que dependam de uma sólida
formação financeira com o Mercado de
Capitais bra sileiro.
SÃO PAULO, 08 DE AGOSTO DE 2007

INTERFLOAT HZ CCTVM LTDA

ÍNDICE

Capítulo 1: Visão Geral

a) Sistema Financeiro Nacional

b) Mercados Monetários

c) Mercado de Bolsa e Mercado de Balcão

d) CVM – Comissão de Valores Mobiliários

e) Bolsas de Valores

f) Desmutualização das Bolsas

g) Sociedades Corretoras

h) CBLC – Central Brasileira de Liquidação e Custódia

i) Membro de Compensação (MC)

j) Operador Especial

Capítulo 2: BOVESPA

a) Histórico

b) Mercado primário e secundário

c) Distribuição primária e secundária

d) Ações Ordinárias e Preferenciais

e) Eventos Societários
f) Processo de Liquidação das operações (Ações e Opções de Ações)

g) Mercado de Opções

h) Mercado à Termo

i) Empréstimo de Ações (BTC)

Capítulo 3: BM&F
a) Histórico

b) Derivativos

c) Principais Derivativos

d) Principais Agentes Econômicos que Operam Derivativos

e) Derivativos Financeiros (Índice Bovespa Futuro, Dólar Futuro e DI Futuro)

f) Derivativos Agrícolas

g) Míni Índice Bovespa Futuro e Míni Dólar Futuro

h) Garantias, Pré-margem e Ajuste Diário

i) Custos Operacionais

Capítulo 4: Riscos Associados ao Mercado de Capitais

a) Risco Sistemático

b) Risco Não Sistemático

c) Risco de Mercado

d) Risco de Crédito

e) Risco de Liquidez

f) Risco Operacional

g) Risco Legal

Capítulo 5: Noções de Análise de Investimentos em Renda Variável

a) Análise Fundamentalista

b) Análise Técnica (Grafista)


Capítulo 6: Sistemas Operacionais e Tipos de Ordens
a) Sistema Operacional

- Negociação a Viva-Voz
- Negociação Eletrônica
- Home Broker
- After Market
- WebTrading

b) Tipos de Ordens

Capítulo 1: Visão Geral

a) Sistema Financeiro Nacional

O sistema financeiro nacional é o conjunto de instituições e instrumentos


financeiros que possibilita a transferência de recursos dos agentes superavitários para os
tomadores finais, e cria condições para que os títulos e valores mobiliários tenham
liquidez no mercado.
O sistema financeiro nacional é constituído por um subsistema normativo e por
outro operativo. O subsistema normativo regula e controla o subsistema operativo. Sua
estrutura apresenta como órgão maior o Conselho Monetário Nacional (CMN), que
possui funções normativas. Diretamente ligados ao CMN, estão o Banco Central do
Brasil (BCB), como órgão executor, e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que
responde pela regulamentação do mercado. Temos ainda a Superintendência de Seguros
Privados (SUSEP) e a Secretária de Previdência Complementar (SPC).
Já o subsistema operativo é constituído pelas instituições financeiras púbicas e
privadas, que atuam no mercado financeiro.
O conjunto de instituições pertencentes ao sistema é denominado mercado
financeiro. De acordo com as características, o Mercado Financeiro pode ser
segmentado em quatro mercados específicos: Cambial, Monetário, de Crédito e de
Capitais.
No mercado de capitais se efetua a distribuição de valores mobiliários com o
propósito de viabilizar o financiamento e a capitalização das empresas.
As companhias abertas necessitam de recursos financeiros para realizar
investimentos produtivos, tais como: construção de novas plantas industriais, inovação
tecnológica, expansão da capacidade, aquisição de outras empresas ou mesmo o
alongamento do prazo de suas dívidas. Os investidores, por outro lado, possuem
recursos financeiros excedentes, que precisam ser aplicados de maneira rentável para
que possam valorizar-se ao longo do tempo, contribuindo para o aumento de capital do
investidor.
Existem companhias de diferentes portes, com necessidades financeiras
variadas. Ao mesmo tempo, investidores podem aplicar com o objetivo de obterem
retorno financeiro no curto, médio ou longo prazo, e com diferentes níveis de risco.
Para compatibilizar os diversos interesses entre companhias e investidores, estes
recorrem aos intermediários financeiros, que cumprem a função de reunir investidores e
companhias, propiciando a alocação eficiente dos recursos financeiros na economia. O
papel dos intermediários financeiros é harmonizar as necessidades dos investidores com
as das companhias abertas. Por exemplo, uma companhia que necessita captar recursos
para investimentos, se desejar fazê-lo através do mercado de capitais, deve procurar os
intermediários financeiros, que irão distribuir seus títulos para serem oferecidos a
diversos investidores, possibilitando mobilizar o montante de recursos requerido pela
companhia.
Esse processo ocorre da seguinte forma: primeiro, um intermediário financeiro
irá orientar a companhia sobre a melhor alternativa de financiamento, isto é, alternativas
para que a companhia possa se financiar mediante recursos financeiros de terceiros.
Caso a companhia decida pelo mercado de capitais, via emissão de ações, vários
procedimentos jurídicos e administrativos para a abertura do capital serão necessários.
O primeiro passo para isso é o registro de companhia aberta junto à CVM. O
intermediário financeiro irá pedir o registro em nome da companhia apresentando uma
série de documentos que são especificados pela CVM, entre eles os principais atos
societários, as últimas demonstrações financeiras, parecer de auditor independente, entre
outros.
Uma vez obtido o registro de companhia aberta junto à CVM, a empresa pode,
por exemplo, emitir títulos representativos de seu capital, as ações, ou representativos
de empréstimos tomados via mercado de capitais, como debêntures e notas comerciais
("commercial papers").
Outros intermediários financeiros, por sua vez, irão oferecer aos investidores, os
valores mobiliários emitidos pela companhia aberta. Em geral, os intermediários
financeiros se associam, em consórcios, num esforço para vender todos os títulos ou
valores mobiliários emitidos pela companhia. A colocação inicial desses títulos ou
valores mobiliários se dá no chamado mercado primário, onde as ações e/ou debêntures,
por exemplo, são vendidas pela primeira vez e os recursos financeiros obtidos são
direcionados para a respectiva companhia.
Finalizada essa primeira etapa, os investidores que adquiriram esses títulos e
valores mobiliários podem revendê-los no chamado mercado secundário, onde ocorre a
sua negociação entre os investidores.
Os investidores podem negociar diretamente entre si para comprar e vender
ações e outros títulos e valores mobiliários. Contudo, na maioria dos casos, essa não é a
forma mais eficiente porque implica em altos custos de transação: como encontrar outro
investidor interessado numa determinada ação? Como saber qual é o preço justo da ação
num determinado momento? Como garantir que outro investidor irá pagar pelas ações
ou entregar aquelas que foram negociadas?
Para facilitar a negociação desses títulos no mercado secundário, foram criadas
instituições que têm por objetivo administrar sistemas centralizados, regulados e
seguros para a negociação desses títulos. A função básica dessas instituições é
proporcionar liquidez e/ou maior facilidade de se negociar um título, convertendo-o em
dinheiro os valores de emissão de companhias abertas, ou seja, possibilitar ao investidor
que adquiriu esses títulos vendê-los de forma eficiente e segura. São exemplos destas
instituições as bolsas de valores e as entidades administradoras de mercado de balcão
organizado, ambiente de negociação administrado por instituições auto-reguladoras,
autorizadas e supervisionadas pela CVM, que mantêm sistema de negociação
(eletrônicos ou não) e regras adequadas à realização de operações de compra e venda de
títulos e valores mobiliários, bem como à divulgação das mesmas.
A atuação nas bolsas de valores e nos mercados de balcão, organizado e não
organizado, é restrita aos integrantes do sistema de distribuição de valores mobiliários,
dentre estes as instituições financeiras e sociedades corretoras e distribuidoras
devidamente autorizadas a funcionar pela CVM e pelo Banco Central do Brasil, que
atuam em nome de seus clientes, os investidores, comprando e vendendo ações,
debêntures e outros títulos e valores mobiliários emitidos pelas companhias abertas.
b) Mercados Monetários:

Como mencionado, o Sistema Financeiro Brasileiro é segmentado em quatro


grandes "mercados", que são:

 Mercado monetário: é o mercado onde se concentram as operações para


controle da oferta de moeda e das taxas de juros de curto prazo com vistas a garantir a
liquidez da economia. O Banco Central do Brasil atua neste mercado praticando a
chamada Política Monetária.

 Mercado de crédito: atuam neste mercado diversas instituições


financeiras e não financeiras prestando serviços de intermediação de recursos de curto e
médio prazo para agentes deficitários que necessitam de recursos para consumo ou
capital de giro. O Banco Central do Brasil é o principal órgão responsável pelo controle,
normatização e fiscalização deste mercado.

 Mercado de capitais: tem como objetivo canalizar recursos de médio e


longo prazo para agentes deficitários, através das operações de compra e de venda de
títulos e valores mobiliários, efetuadas entre empresas, investidores e intermediários. A
Comissão de Valores Mobiliários é o principal órgão responsável pelo controle,
normatização e fiscalização deste mercado.

 Mercado de câmbio: é onde são negociadas as trocas de moedas


estrangeiras por reais. O Banco Central do Brasil é o responsável pela administração,
fiscalização e controle das operações de câmbio e da taxa de câmbio atuando através de
sua Política Cambial.

c) Mercado de Bolsa e Mercado de Balcão:

A negociação de títulos e valores mobiliários movimenta bilhões de dólares por


dia. Parcela significativa desses negócios é realizada em bolsas de valores. No entanto,
o mercado de balcão também se faz presente neste processo.

 Mercado de bolsa: as negociações são abertas e realizadas por sistema


de leilão, ou seja, a venda acontece para quem oferece melhor lance. A arrematação
e/ou a negociação é feita por pregão, modalidade de leilão, em que se negociam,
verbalmente ou por meios eletrônicos, preços e quantidades dos ativos negociados de
viva-voz ou com auxílio de sistema informatizado.

 Mercado de balcão: a negociação ocorre diretamente entre a instituição


financeira e outra instituição financeira ou não financeira. Os valores são negociados
apenas entre as partes envolvidas.

c) CVM – Comissão de Valores Mobiliários

Criada em dezembro de 1976, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) é uma


autarquia vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, que age sob a orientação do
Conselho Monetário Nacional. Criada com o objetivo de fiscalizar, regulamentar e
desenvolver o mercado de valores mobiliários não-emitidos pelo sistema financeiro e
pelo Tesouro Nacional, a CVM se apresenta como o órgão máximo em matéria de
valores mobiliários, possuindo amplos poderes no controle do que acontece nos
mercados primário e secundário de ações, debêntures e outros títulos.
Dentre outras atribuições, a CVM busca assegurar o funcionamento eficiente e
regular os mercados de bolsa e balcão, estimulando a aplicação de poupança no
mercado acionário, assim como a educação dos investidores e agentes participantes.
Proteger os títulos de valores mobiliários e os participantes de mercado contra emissões
irregulares e outros tipos de ato ilegal que manipulem preços também se mostra como
objetivos da CVM, que é a instituição responsável pelo registro das companhias abertas
e distribuições de valores mobiliários.
Além disso, a CVM procura promover a concorrência entre os participantes de
mercado e reduzir os custos e a burocracia do sistema de registros. A CVM visa ainda
assegurar o acesso igualitário às informações relativas aos títulos negociados e as
empresas que os tenham emitido.

e) Bolsas de Valores

As Bolsas de Valores constituem-se em associações civis, sem fins lucrativos ou


podem se constituir em uma sociedade anônima. Seu patrimônio é representado por
títulos que pertencem às sociedades corretoras membros. As Bolsas de Valores possuem
autonomia financeira, patrimonial e administrativa, mas, no Brasil, estão sujeitas à
supervisão da CVM e obedecem às diretrizes e políticas emanadas pelo CMN.

A Bolsa de Valores Mobiliários (Bovespa) e a Bolsa de Mercadorias e Futuros


(BMF&F) têm como principais objetivos e atividades:

 Manter local, sistema adequado e todos os meios


necessários à pronta e eficiente realização das operações de compra e
venda de títulos e/ou valores mobiliários, proporcionando sempre
continuidade de preços e liquidez, além de rapidez, amplitude e detalhes
na divulgação das operações realizadas.

 Criar mecanismos regulamentares e operacionais que


possibilitem o atendimento, pelas sociedades corretoras membros, de
quaisquer ordens de compra e de venda dos investidores, assim como
efetuar registro das operações, preservando sempre elevados padrões
éticos de negociação.
 Uma das responsabilidades básicas de uma bolsa é
assegurar que os negócios sejam realizados de forma competitiva, livres
de manipulação, onde todos os participantes sejam tratados de forma
justa e equânime.

Nos mercados de capitais eficientes, as bolsas de valores têm papel fundamental


no desenvolvimento econômico, beneficiando todos os indivíduos da sociedade e não
somente aqueles que detêm ações de companhias abertas.
Isso porque, além de induzir a uma alocação mais racional dos recursos da
economia e proporcionar oportunidade para uma grande variedade de pessoas adquirir
ações de companhias bem administradas, induz a melhores práticas de governança
corporativa e possibilita ambiente para as empresas levantarem capital para expansão,
em um movimento positivo para a economia como um todo.

g) Desmutualização das Bolsas:

Nas últimas décadas, bolsas de todo o mundo vêem passando por uma mudança
importante em sua estrutura organizativa, abandonando a tradicional forma associativa e
convertendo-se em instituições em que o acesso aos mercados que administram torna-se
desvinculado da propriedade de parte do patrimônio ou capital da entidade, e
freqüentemente tornando-se também empresas com finalidades lucrativas.

Atentas a esse movimento, que ocorreu em outros países, principalmente


naqueles que apresentam mercados financeiros mais desenvolvidos, a Bolsa de Valores
de São Paulo (Bovespa) e a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) estão em processo
de desmutualização, procedimento que poderá resultar, em um segundo momento, na
abertura de capital.

Ou seja, mesmo sem data prevista, após o fim do processo de desmutualização,


caso haja interesse e os órgãos reguladores, como Banco Central e CVM (Comissão de
Valores Mobiliários), autorizem, a Bovespa e BM&F poderão lançar ações e passar a
negociar estes papéis livremente no mercado.
Além de se apresentar como uma evolução em sua estrutura, a transformação em
uma empresa de capital aberto abre espaço para o aumento da competição entre os
ambientes em que ocorrem as negociações com valores mobiliários e se apresenta como
o primeiro passo para a internacionalização da bolsa.

g) Sociedades Corretoras

Reguladas e fiscalizadas pelo BACEN e pela CVM, as sociedades corretoras são


instituições financeiras membros das bolsas de valores, constituídas como sociedades
anônimas ou sociedades por quotas de responsabilidade limitada. A principal função
destas instituições é a de realizar de negócios com valores mobiliários, promovendo de
forma eficiente a aproximação entre compradores e vendedores de títulos, valores
mobiliários e ativos financeiros, dando a estes negociabilidade adequada.
As corretoras podem operar exclusivamente na Bolsa da qual é membro e
trabalham principalmente com a compra, venda e distribuição de títulos e valores
mobiliários. No entanto, as corretoras também efetuam lançamentos públicos de ações,
além de encarregarem-se da administração de carteiras de valores e da custódia de
títulos e valores mobiliários.
Outra atribuição das corretoras é instruir, organizar e administrar fundos e clubes
de investimento, assim como operar no mercado aberto, intermediar operações de
câmbio e prestar serviços como transferência de títulos, desdobramento de cautelas,
recebimentos de juros, dividendos ou encarregar-se da subscrição de títulos e valores
mobiliários, etc.
As corretoras também compram e vendem ativos financeiros, por conta de
terceiros, encarregando-se da administração da custódia de ativos. A corretora pode se
responsabilizar ainda pelo controle da conta do cliente junto à bolsa e à clearing house.
Ou seja, as corretoras devem manter registro das posições de cada cliente, coletando as
garantias exigidas pela clearing, recebendo e pagando as perdas e os ganhos incorridos
pelos clientes.
Controlar as ordens executadas e a executar, liquidar as operações quando do
vencimento dos contratos e assessorar o cliente em suas decisões também se apresentam
como atribuições de uma corretora de valores.
A corretora pode ou não ser credenciada como membro de compensação.
Aquelas que não possuem o status devem contratar um membro de compensação, que se
responsabilizará financeiramente por suas operações junto à clearing house.

h) CBLC – Central Brasileira de Liquidação e Custódia

Responsável pela liquidação das operações e pela custódia das ações negociadas
no mercado brasileiro de ações, a CBLC foi criada em 16 de novembro de 1998,
respondendo a uma carência do mercado de capitais brasileiro, que até então não
dispunha de uma moderna e eficiente estrutura de Clearing e Custódia.
O órgão tem a tarefa de executar os serviços de compensação, liquidação e
controle de risco das operações realizadas na Bovespa, incluindo tanto os mercados à
vista, de opções e de futuros. A CBLC também produz relatórios descrevendo as
operações e posições de cada investidor no mercado acionário.
Atualmente, o serviço de custódia da CBLC responde pela guarda de mais de 6
trilhões de ações de companhias abertas, debêntures e certificados de investimento e é
responsável pela liquidação de 95% dos negócios realizados no mercado brasileiro de
ações.
O Serviço de Custódia Fungível CBLC, além de atuar como depositária de ações
de companhias abertas, foi desenvolvido para prover o mesmo tipo de serviço para
outros instrumentos financeiros como certificados de privatização, debêntures,
certificados de investimentos, quotas de fundos imobiliários e títulos de renda fixa.
Atualmente, no Brasil, poucas empresas emitem certificados físicos, como
títulos ao portador, assim, a maior parte dos valores em custódia na CBLC é mantida em
forma escritural (fungível), o que agiliza os processos e diminuiu a burocracia na hora
de efetuar a transferência dos ativos em negociação.

i) Membro de Compensação (MC)

O modelo da Clearing de Derivativos BM&F estabelece a figura do Membro de


Compensação como responsável, perante a Bolsa, pela liquidação de todas as operações
registradas sob sua responsabilidade. Além da aquisição do título e de sua caução em
favor da BM&F, o MC precisa atender a uma série de exigências. Dentre estas se
destacam o capital de giro mínimo determinado pela BM&F e o depósito de garantia
para compor o Fundo de Liquidação de Operações. O MC também deve indicar o banco
liquidante que prestará o serviço de liquidação dos fluxos financeiros a serem pagos ou
recebidos da Clearing, por meio da conta de liquidação que esta mantém no Sistema de
Transferência de Reservas (STR).
As Corretoras e os Operadores Especiais são responsáveis pelas operações que
executam, desde o registro até a liquidação final, perante os Membros de Compensação
aos quais estejam vinculados. Eles também devem preencher critérios mínimos,
exigidos pela Bolsa em termos de capacidade operacional e financeira. Os Membros de
Compensação igualmente podem impor-lhes limites operacionais e deles exigir
garantias adicionais, independentemente de qualquer manifestação da BM&F.

j) Operador Especial

Os chamados Operadores Especiais, pessoas físicas ou firmas individuais que,


detendo o título patrimonial dessa categoria, operam diretamente, sempre em nome
próprio, sendo-lhes vedado realizar operações em nome de terceiros. Os Operadores
Especiais podem, porém, sob determinadas condições, prestar serviços para as
Corretoras de Mercadorias. Além destes, há os Operadores Especiais de Mercadorias
Agrícolas, cujo título não-patrimonial lhes autoriza a operar somente nos mercados de
commodities agropecuárias.
Capítulo 2: BOVESPA

a) Histórico

Tida como um dos principais símbolos do mercado brasileiro de ações, a Bolsa


de Valores de São Paulo (Bovespa) foi fundada em 23 de agosto de 1890, época em que
a bolsa de valores era pouco conhecida pelo grande público. Durante muito tempo, as
bolsas brasileiras estiveram vinculadas à Secretaria de Finanças do Governo Estadual,
até que em meados da década de 60, com as reformas do sistema financeiro nacional e
do mercado de capitais, se tornaram associações civis sem fins lucrativos, com
autonomia administrativa, financeira e patrimonial, como nos dias de hoje.
A bolsa paulista criou em 1999 o Home Broker, e o After-Market, com vistas a
atrair os investidores de pequeno e médio portes. O Home Broker da Bovespa é uma
ferramenta que possibilita ao investidor, por meio dos sites das corretoras, transmitir
ordens de compra ou de venda diretamente ao sistema de negociação. A bolsa brasileira
também foi pioneira ao introduzir o After-Market, mecanismo que permite a negociação
eletrônica após o encerramento do pregão tradicional.
Em 2000, com a integração das bolsas brasileiras, a Bovespa passou a concentrar
toda a negociação com ações, enquanto a Bolsa de Valores do Rio ficou responsável
pelas transações com títulos públicos. Às demais bolsas regionais cabe atualmente as
atividades de desenvolvimento do mercado e de prestação de serviços locais. A
integração foi crucial para a criação de um único centro de liquidez e o fortalecimento
da bolsa brasileira.
A Bovespa atualmente concentra as negociações de ações em âmbito nacional, e,
como o fim do pregão viva-voz, tem seus negócios realizados somente através do
pregão eletrônico. No entanto, na bolsa paulista não são apenas negociadas ações:
também são objetos de negociação as opções sobre ações, direitos e recibos de
subscrição, bônus de subscrição, quotas de fundos, debêntures e notas promissórias.
Também são negociados os BDRs (Brazilian Depository Receipts), opções não-
padronizadas ou warrants e certificados de depósitos de ações de empresas do Mercosul.

b) Mercado primário e secundário:

O mercado de capitais é um sistema de distribuição de valores mobiliários que


proporciona liquidez aos títulos de emissão de empresas e viabiliza o processo de
capitalização. Nesse processo, a negociação dos títulos ocorre primeiro no mercado
primário e posteriomente no secundário.

 Mercado primário: As empresas ou o governo emitem títulos e valores


mobiliários para captar novos recursos diretamente dos investidores. O segmento tem a
finalidade de dinamizar o fluxo de poupança em direção aos investimentos produtivos.
Em princípio, qualquer ativo financeiro tem sua primeira negociação no mercado
primário.

 Mercado secundário: é composto por títulos e valores mobiliários


previamente adquiridos no mercado primário, ocorrendo apenas a troca de titularidade,
isto é, a compra e venda. Não envolve mais o emissor e nem a entrada de novos
recursos de capital para quem o emitiu. Seu objetivo é gerar negócios, isto é, dar
liquidez aos títulos. Este mercado é tão importante quanto o primário, uma vez que sua
existência é condição para o bom funcionamento do outro.
c) Distribuição primária e secundária:
O crescimento do mercado de ações é reflexo de uma série de fatores, como
estabilidade econômica, menores taxas de juros, aumento da renda e melhores
perspectivas de crescimento. Como conseqüência deste quadro, as empresas tendem a
encarar tal segmento como interessante alternativa para captar recursos.

Além de novas empresas que ingressam no mercado, através dos IPOs (ofertas
iniciais), a venda de ações por companhias já listadas também movimenta o mercado e
traz mais opções aos investidores. Além da diferenciação entre transações de empresas
estreantes e de companhias que já tinham ações em bolsa, os investidores também
devem considerar outra diferença: se a oferta é primária ou secundária.

 Distribuição primária: corresponde à distribuição de novas ações,


sendo os recursos captados destinados a aumento de capital da companhia emissora.

Distribuição secundária: corresponde à distribuição de ações já emitidas e os


recursos captados se destinam aos acionistas vendedores, que podem ser investidores
estratégicos tais como os Fundos de Pensão, de "Private Equity" (Fundo de
Investimento em Participações), BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), etc.

d) Ações Ordinárias e Preferenciais

Uma ação é um título de renda variável emitido por uma sociedade anônima, que
representa a menor fração do capital da empresa emitente. As ações são, portanto,
títulos de propriedade, que confere ao seu possuidor uma parcela de participação no
capital e nos lucros da empresa, bem como em suas obrigações.

No Brasil existem dois tipos básicos de ações: preferenciais (PN) e ordinárias


(ON), com relação diferente à natureza dos direitos e vantagens que outorgam a seus
possuidores:

 Ordinárias: que concedem àqueles que as possuem o poder de


voto nas assembléias deliberativas da companhia;
 Preferenciais: que oferecem preferência na distribuição de
resultados ou no reembolso do capital em caso de liquidação da companhia,
não concedendo o direito de voto, ou restringindo-o.

As ações, ordinárias ou preferenciais, são sempre nominativas, originando-se do


fato a notação ON ou PN depois do nome da empresa.
Além destes dois tipos básicos, as empresas podem também emitir classes
diferenciadas de ações. Analisando com cuidado as ações listadas na Bovespa,
encontraremos não somente os tipos ON e PN, mas também as classes PNA, PNB,
PNC, entre outras.
Isto ocorre porque, além da distinção básica entre ON e PN, as empresas podem
diferenciar as classes de ações de acordo com critérios de distribuição de dividendos,
restrição quanto à posse de ações, etc. Essas diferenças variam de empresa para
empresa, portanto, não é possível fazer uma definição geral das classes de ações.
e) Eventos Societários

Os resultados aferidos pelo detentor de uma ação vêm de duas componentes


básicas, mas distintas: ganho ou perda de capital decorrente das oscilações das cotações
no mercado em relação ao preço pago; e a renda decorrente da distribuição de proventos
(dividendos, bonificações, direitos de subscrição, juros sobre capital e outros)
distribuídos por uma empresa a seus acionistas. Conheça a definição de alguns termos:

 Dividendos: Os dividendos são pagamentos efetuados aos


acionistas através da distribuição de parte do lucro líquido da empresa,
subdivididos de acordo com as diferentes classes de ação. O montante é pago
em dinheiro e de forma proporcional à quantidade de ações possuídas. Pela
Lei das S.A., deverá ser distribuído um dividendo mínimo de 25% do lucro
líquido apurado em cada exercício. Para os acionistas os dividendos são
isentos de IR.
 Juros sobre o capital próprio: Os juros sobre capital próprio
(JCP) são pagos com base no lucro retido pela empresa nos anos anteriores.
A empresa pode deduzir esse montante como custo de capital, enquanto que
os acionistas, ao receberem esses recursos, pagam 15% de IR na fonte.
 Bonificação: Ações novas, emitidas em função de aumento de
capital decorrente da incorporação de reservas, que são distribuídas
gratuitamente aos sócios. Outro tipo de bonificação é a bonificação em
dinheiro, que pode ser concedida pelas empresas como uma participação
adicional nos lucros.
 Desdobramento: Também conhecido pelo termo em inglês
“split”, o desdobramento nada mais é do que uma divisão de uma ação em
várias. A operação em si não afeta o valor do investimento, uma vez que
consiste na emissão de um determinado número de ações sem que tenha
havido um aumento do capital social, mas reduz o preço dos papéis.
 Grupamento: O grupamento, ou “inplit” ou “reverse split”, é
exatamente o inverso do desdobramento, ou seja, o número de ações
diminui, de forma que duas, três ou mais ações sejam grupadas em uma.
 Subscrição Particular: Ações novas que são emitidas pela
companhia e vendidas preferencialmente aos atuais acionistas;
 Subscrição Pública: Ações novas que são emitidas pela
companhia e vendidas para qualquer investidor nelas interessado, sem que
haja preferência na venda para os atuais sócios.

d) Processo de Liquidação das operações

As operações de compra de venda de uma ação são fechadas de forma imediata


quando realizadas via corretora ou pelo sistema eletrônico Home Broker. No entanto, a
liquidação física e financeira da operação obedece alguns tramites adicionais.
Executada a ordem de compra/venda de uma ação, ocorre a liquidação física e
financeira, processo pelo qual se dá a transferência da propriedade dos títulos e o
pagamento/recebimento do montante financeiro envolvido, dentro do calendário
específico estabelecido pela Bolsa para cada mercado.

No mercado a vista, vigora o seguinte fluxo de liquidação:


 D+0: dia da operação;
 D+1: prazo para os intermediários financeiros (Corretoras) especificarem
as operações por eles executadas junto à Bolsa;
 D+2: entrega e bloqueio dos títulos para liquidação física da operação,
caso ainda não estejam na custódia da CBLC;
 D+3: liquidação física e financeira da operação;

A liquidação é realizada por empresas de compensação e liquidação de negócios,


que podem ser ligadas à Bolsa ou independentes.
A Bovespa utiliza a CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia)
para liquidar as operações realizadas em seus mercados. As Corretoras da Bovespa e
outras instituições financeiras são os Agentes de Compensação da CBLC, responsáveis
pela boa liquidação das operações que executam para si ou para seus clientes.
A não entrega total ou parcial das ações objeto da negociação em D+3 ou a
ausência de apresentação de documentos necessários à liquidação caracterizam a falta
da entrega de ativos e resultam em multa ao vendedor das ações.

Caso os ativos não sejam entregues, a CBLC aciona, no mesmo dia, o


mecanismo de tratamento de falta de entrega - o Processo de Recompra de Ativos -
além de cobrar nova multa sobre o valor dos ativos não regularizados.
A ordem de recompra emitida em D+4 é o instrumento que autoriza a
contraparte a executar, a preço de mercado, uma nova operação de compra dos ativos
adquiridos em D+0 e não recebidos no prazo regulamentar por falta na entrega. Essa
ordem de recompra deve ser executada até D+6 e ter confirmada sua execução, perante
a CBLC, até D+7. O vendedor em falta com a entrega dos ativos arcará com a diferença
de preço da recompra, quando ela ocorrer.
Caso a recompra não seja executada até o prazo estipulado por qualquer que seja
o motivo, a CBLC, em D+8, reverterá a operação, retornando os valores financeiros ao
comprador da operação.

g) Mercado de Opções

Uma opção é um contrato de derivativo que confere ao investidor o direto de


comprar ou vender uma quantidade predeterminada de um ativo-objeto a um preço fixo,
ou preço de exercício, até a data de vencimento da opção. Por esse direito, o titular de
uma opção paga um prêmio, podendo exercê-lo a qualquer momento ou somente no dia
do vencimento, dependendo do estilo da opção, ou revendê-lo no mercado durante o
período de validade da opção.
As opções podem ter como objeto, ou seja, "derivar" de diversos tipos de ativos,
tal como uma moeda estrangeira e commodities, por exemplo. No caso das opções
negociadas na Bovespa, estas dão o direito ao seu titular de comprar ou de vender ações
em uma data futura, ou seja, o ativo-objeto dessas opções são ações.
Quando o titular opta por comprar ou vender as ações como combinado, diz-se
que o titular está exercendo a opção. Assim, o ato de exercer a opção é chamado de
exercício. O preço de exercício, estabelecido anteriormente, pode também ser chamado
de strike price. Como toda opção tem uma validade, caso o titular opte por não exercê-
la, a opção expira, ou seja, perde a validade. O vencimento da opção é a data máxima
em que deve ocorrer o exercício.

Tipos de Opções:
 Opção de Compra (Call): O direito de comprar uma quantidade
específica de um ativo objeto, a um determinado preço de exercício e em
prazo determinado.
 Opção de Venda (Put): O direito de vender uma quantidade específica de
um ativo objeto, a um determinado preço de exercício e em prazo
determinado;
 Opções Européias: O comprador da opção tem o direito de exercício
somente na data de vencimento;
 Opções Americanas: O comprador da opção tem o direito de exercer a
opção a qualquer tempo até a data de vencimento;

Conceitos importantes:
 Ativo Objeto: É o ativo a que a opção se refere;
 Preço de Exercício: Preço ao qual a opção poderá ser exercida;
 Prêmio: Preço negociado para adquirir o direito de exercício da opção;
 Vencimento: Quando ou até que data esta opção pode ser exercida;
 Bloqueio de Posição: É a operação através da qual, o lançador impede o
exercício sobre parte ou a totalidade de sua posição, mediante prévia
compra de opção da mesma série da anteriormente lançada.
 Série: São opções do mesmo tipo (compra ou venda) referentes ao
mesmo ativo objeto, tendo a mesma data de vencimento e o mesmo preço
de exercício.

Apenas dos investidores com posições lançadoras é exigida a prestação de


garantias. A finalidade da garantia é assegurar o cumprimento da obrigação assumida. O
lançador coberto deve depositar o ativo objeto da opção e o lançador descoberto deve
depositar margem em dinheiro ou outras formas de garantias, conforme calculo efetuado
pela Clearing. A margem depositada é o resultado da soma da margem de prêmio
(prêmio de fechamento do dia) e margem de risco (maior prejuízo potencial projetado
para o dia seguinte).

f) Mercado a Termo

Se apresentando como a primeira modalidade de derivativo conhecida pela


sociedade, a negociação de um contrato a Termo significa o compromisso de comprar
ou vender certa quantidade de um determinado bem para liquidação futura, onde o
comprador e o vendedor acertam a cotação e o prazo da operação, com a garantia de que
na data combinada o comprador entregará o dinheiro e receberá o ativo negociado.
Usualmente, os contratos a Termo são liquidados integralmente no vencimento.
Essa característica impede o repasse do compromisso a outro participante, como ocorre
no mercado de opções. No entanto, em alguns contratos a termo negociados em bolsa, a
liquidação da operação a Termo pode ser antecipada pela vontade do comprador.
O prazo do contrato a Termo é livremente escolhido pelos investidores.
Normalmente os contratos podem ser liquidados em um prazo mínimo de 16 dias úteis e
máximo de 999 dias corridos, porém na Bovespa a liquidação ocorre entre 30 e 180
dias, sempre em múltiplos de 30 dias, a partir da data da negociação.
A operação pode ser realizada em pregão normal ou através do sistema
eletrônico de negociação, sendo que todas as ações negociadas na Bovespa (Bolsa de
Valores de São Paulo) podem ser objeto de um contrato a Termo. As regras de
negociação do mercado a Termo são muito parecidas com as estabelecidas nos negócios
à vista, sendo obrigatória a participação de uma corretora, que responderá pela
intermediação do negócio, representando seu cliente, o investidor, em pregão.
É possível acompanhar, pela rede de terminais da Bovespa, todas as operações
do mercado a Termo realizadas em pregão. Além disso, após o fechamento do mercado,
todas as informações relevantes são registradas no site da Bovespa e publicadas
diariamente pela mídia especializada.
O preço a termo de uma ação resulta da adição, ao valor cotado no mercado a
vista, de uma parcela correspondente aos juros - que são fixados livremente em
mercado, em função do prazo do contrato.
Toda operação realizada no mercado a termo na Bovespa requer um depósito de
garantia na CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia), órgão responsável
pela liquidação e controle de risco de todas as operações realizadas na Bolsa de Valores
de São Paulo. A corretora e o agente de compensação, responsáveis pela operação a
termo, poderão também impor a seus clientes garantias adicionais àquelas exigidas pela
CBLC. Habitualmente essas garantias são prestadas sob as formas denominadas
cobertura ou margem.
O investidor, no caso o vendedor a termo, pode realizar a cobertura do negócio,
se possuir os títulos-objeto da operação, depositando-os na CBLC. A grande vantagem
da "cobertura" é que o vendedor fica isento de prestar garantias adicionais.
Já a margem inicial representa a diferença entre o preço a vista e o preço a termo
do papel somado ao valor resultante da avaliação da volatilidade e liquidez histórica dos
papéis. Para se chegar a esse valor, a CBLC criou um sistema de avaliação classificando
determinadas ações em diferentes intervalos de margem. Desta forma, os ativos com
maior liquidez e menor volatilidade são classificados nos menores intervalos e requerem
menores depósitos iniciais.
Além disso, o investidor tem a obrigação de "reforçar" seu aporte inicial sempre
que, devido a variações na cotação dos títulos-objeto ou dos títulos depositados como
garantia do negócio, a margem inicial apresentar redução em seu valor. Além das
garantias exigidas, o investidor tem de arcar com outros custos como a taxa de
corretagem, taxa de registro, emolumentos, taxa cobrada pela CLBC e imposto de renda
que incide sobre todas as operações financeiras.
Ao realizar uma operação a termo, o aplicador incorre nos seguintes custos:

 Taxa de Corretagem - taxa livremente negociada entre as partes e


calculada sobre o valor dos negócios executados no pregão.
 Taxa de Registro - à base de 0,012% do valor total do contrato, cobrado
de cada uma das partes.
 Emolumentos - 0,019% cobrados sobre o valor da operação.
 Custos CBLC
 Taxa de Liquidação: 0,006% sobre o volume financeiro, cobrado de cada
uma das partes.
 Taxa de Registro: 0,028% sobre o valor financeiro cobrado de cada uma
das partes.
 Tributação - Imposto de Renda - incide sobre todas as operações, sendo
que os procedimentos são diferenciados para operações financeiras e não
financeiras.

i) Empréstimo ou Aluguel de Ações:

Assim como alugamos uma casa ou um automóvel, no mercado acionário


também existe a possibilidade de repassar temporariamente a propriedade de suas ações
para outros, mediante a contrapartida de uma remuneração, o chamado aluguel. O ponto
interessante é que com o "empréstimo" de ações, o investidor tem a vantagem de obter
um retorno adicional fixo ao seu patrimônio, sem abrir mão de qualquer beneficio
atribuído aos papéis no período.
Ao alugar suas ações, o acionista permanece como o proprietário das mesmas e
com direito sobre todos os eventos societários, como, por exemplo, dividendos, juros
sobre capital próprio e bonificações. A exceção fica com o direito ao voto, que, durante
a vigência do empréstimo, é o tomador – caso o mesmo não tenha vendido a vista as
ações objeto do empréstimo - que passa a ter o direito a participar da assembléia e votar.
O maior risco da operação está associado às oscilações das cotações no período,
uma vez que as ações não poderão ser vendidas durante o prazo do "empréstimo". A
CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia) age como reguladora da
operação e exige uma garantia dos “tomadores” das ações alugadas, que, em geral, fica
em torno de 100% do valor do aluguel mais um intervalo de margem determinado pela
própria reguladora, que deve estar disponível quando a operação é fechada.
Assim, como no mercado futuro, as margens são ajustadas diariamente, de forma
a proporcionar a garantia adequada. A margem varia de acordo com fatores de risco, em
geral ficando entre 5% e 20%. A garantia não precisa necessariamente ser em dinheiro.
A CBLC aceita também outros ativos financeiros, entre os quais títulos públicos
federais, ouro ativo financeiro, ações que compõem o Ibovespa, títulos privados, títulos
da dívida externa, cartas de fiança bancária e seguros de crédito.
Em relação aos custos da operação, as corretoras, que fazem a intermediação
entre os clientes e a CBLC, muitas vezes cobram taxas no aluguel de ações. Embora não
exista uma padronização entre as corretoras, níveis próximos a 0,5% do valor total do
aluguel são comuns. A CBLC cobra uma taxa de registro de 0,25% do tomador.
Para o doador há incidência de imposto de renda na fonte sobre o rendimento da
operação de empréstimo, tratada como uma operação de renda fixa. As alíquotas
aplicadas atualmente são:

Pessoa Física e Jurídica


 Até 6 meses -22,5%
 Entre 6 e 12 meses - 20%
 Entre 12 e 24 meses - 17,5%
 Acima de 24 meses - 15%
Outros
 Investidor estrangeiro - 15%
 Paraíso Fiscal - 25%
 Instituição financeira - isento
Capítulo 3: BM&F

a) Histórico:

Criada para desenvolver e operacionalizar um mercado de títulos e/ou contratos


futuros transparente e representativo, a BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros)
concentra atualmente no Brasil as operações que vão desde produtos agropecuários,
como café, soja e boi gordo, a derivativos financeiros, como contratos de Ibovespa,
Juros e Dólar Comercial.
Para realizar tal tarefa de forma eficiente, a BM&F mantém local e sistemas
próprios para negociação, registro, compensação e liquidação de operações de compra e
de venda. Além de divulgar de forma rápida e abrangente as informações de todas as
operações realizadas, a BM&F oferece e desenvolve mecanismos e normas para o
acompanhamento e a regulação de seus mercados, além garantir aos participantes o
cumprimento das obrigações assumidas em seus sistemas de negociações.
A BM&F é resultado de um acordo firmado entre a Bolsa de Mercadorias de São
Paulo (BMSP), fundada por empresários ligados à exportação, ao comércio e à
agricultura em outubro de 1917, com a Bolsa Mercantil & Futuros (BM&F) que surgiu
em julho de 1985, oferecendo, a partir de 31 janeiro de 1986, produtos financeiros
diversos. O acordo entre as duas foi firmado em maio de 1991, quando ambas uniram
suas atividades operacionais, surgindo a Bolsa de Mercadorias & Futuros, que manteve
a sigla BM&F.
Em busca de maior representatividade, a BM&F fechou em junho de 1997 um
novo acordo operacional, desta vez com a Bolsa Brasileira de Futuros (BBF), fundada
em 1983. O objetivo novamente foi fortalecer o mercado doméstico de commodities e
consolidar a BM&F como o principal centro de negociação de derivativos do Mercosul.
Em maio de 2004, a BM&F tornou-se a principal clearing da América Latina,
após adquirir as atividades da Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC)
e da Centralclearing de Compensação e Liquidação, centralizando operações com títulos
públicos e renda fixa, ativos emitidos por instituições financeiras, títulos privados e etc.

b) Derivativos

Como o próprio nome sugere, os derivativos são instrumentos financeiros cujo


preço deriva de outro ativo-objeto, como commodities, moedas, ações, juros, etc. Por
exemplo, um derivativo de dólar comercial tem o seu valor derivado do comportamento
do dólar comercial à vista.
Os derivativos apresentam muitas variações e podem ser utilizadas de diferentes
formas, uma vez que possibilitam o desenvolvimento de estratégias operacionais
flexíveis, tais como a alavancagem, hedge (proteção) ou arbitragens entre preços à vista
e futuro, e taxas de juros.
Os contratos derivativos são considerados instrumentos de mercado bastante
eficazes para eliminar o risco da variação de preços dos bens econômicos, permitindo a
permuta desses riscos (ou sua transferência para os especuladores), sendo esta uma de
suas funções mais básicas.
A idéia é a de obter ganho financeiro nas operações com derivativos, de forma a
compensar possíveis perdas nas operações de uma empresa causada pelas oscilações de
preços de matérias-primas, da taxa de câmbio, da taxa de juros, etc. Por exemplo, um
agricultor de soja pode fixar o preço de venda do produto antes mesmo da colheita,
assim como um fabricante de tecido pode acordar com grade antecedência o preço de
compra do algodão.

c) Principais mercados de derivativos:

 Mercado a Termo: Uma operação a termo nada mais é do que a compra


ou venda de ativos para liquidação futura, onde o comprador e o vendedor acertam a
cotação e o prazo dos papéis, com a garantia de que na data combinada o comprador
entregará o dinheiro e receberá as ações.

 Mercado Futuro: Os contratos futuros são compromissos de compra ou


de venda de determinado ativo, em uma data futura, a um preço certo. No entanto, na
prática, poucas operações terminam com a entrega efetiva do bem negociado. A maioria
das operações é liquidada mediante pagamento ou recebimento de moeda, pela
diferença entre o valor de compra e o de venda. Os acertos dessas diferenças são feitos
diariamente, por meio do mecanismo de ajustes diários.

 Mercado de Opções: O mercado de opções é o mercado em que são


negociados direitos de compra ou venda de um ativo, com preços e prazos de exercício
preestabelecidos. O investidor que adquirir tal direito deve pagar um prêmio ao
vendedor tal como num acordo de seguro.

 Mercado de Swap: Entende-se como swap um contrato de troca de


indexadores, permitindo conseqüentemente aos participantes do mercado se protegerem
dos riscos inerentes aos ativos que operam. As trocas (swaps) mais comuns são as de
taxas de juro, moedas e commodities.

d) Principais agentes econômicos que operam com derivativos são:

 O Hedger: A principal preocupação do hedger não é obter lucro no


mercado de derivativos, mas garantir o preço de compra ou venda de um ativo em data
futura e se proteger de variações adversas de preços. O hedger encontra-se entre os
produtores e/ou usuários de mercadorias, bens ou ativos financeiros: suas operações
básicas estão nos mercados físicos desses bens, ativos ou mercadorias.

 O Especulador: Sem o intuído de receber fisicamente o produto


negociado, ao contrário do hedger, o objeto principal do especulador é obter lucro, de
preferência o mais rápido possível. Dificilmente um contrato é carregado até a data de
seu vencimento. Apesar de muitas vezes receber uma conotação pejorativa, a figura do
especulador é fundamental ao mercado futuro. O especulador é o único que assume
riscos e assim viabiliza, por exemplo, as operações de hedge, fornecendo liquidez ao
mercado.

 O Arbitrador: O arbitrador é o participante que tem como meta o lucro,


mas não assume risco nenhum. A estratégia do arbitrador é comprar no mercado (à vista
ou futuro) em que o preço está mais barato e vender no mercado que está mais caro,
lucrando em uma operação completamente imune a riscos, porque sabe exatamente por
quanto irá comprar e vender.

 O Financiador: Em uma operação de financiamento, o investidor compra


um ativo no mercado à vista e vende, ao mesmo tempo, contratos no mercado futuro.
Ao fazer isso, ele está fixando um retorno para o valor que foi aplicado no mercado à
vista, como se fosse uma operação de renda fixa. O inverso do financiamento é a
operação de caixa. Nela, o investidor vende no mercado à vista e compra no mercado
futuro. Por exemplo, um investidor precisa de recursos por um período curto de tempo e
não quer se desfazer de um ativo, pois acredita no potencial do mercado no médio
prazo.

Ao vender as posições que tem no mercado à vista e comprar futuros, ele pode
estar se financiando a uma taxa mais baixa do que seria obtida em um empréstimo no
banco, por exemplo. Neste período, vale lembrar, ele não se beneficiará de potenciais
ganhos do mercado de ações.

e) Derivativos Financeiros

Os contratos futuros financeiros mais negociados na BM&F são os seguintes:


 Contrato Futuro de Índice Bovespa;
 Contrato futuro de Dólar Comercial;
 Contrato futuro de DI.

Esses contratos representam aproximadamente 80% dos contratos futuros


negociados na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F).

f) Derivativos Agrícolas

Os contratos futuros agrícolas negociados na BM&F são os seguintes:


 Açúcar;
 Bezerro;
 Boi Gordo
 Café Robusta Conillon;
 Soja;
 Álcool;
 Algodão;
 Café Arábica;
 Milho;
 Etanol.

g) Míni Índice Bovespa Futuro e Míni Dólar Futuro

Com o objetivo de elevar a participação do investidor pessoa física e de


pequenas e médias empresas, a BM&F desenvolveu os contratos futuros míni, contratos
com características particulares, a começar pelo tamanho, sempre bem menor que o dos
contratos futuros padrão de cada um dos produtos.
O contrato futuro de Ibovespa negociado no sistema WTR tem o tamanho (valor
do contrato) equivalente a 20% do contrato-padrão de Índice BOVESPA negociado na
BM&F. Ou seja, R$ 0,20 vezes os pontos de índice BOVESPA futuro. O vencimento se
dá nos meses pares, conforme autorização da BM&F.
Já o contrato futuro de dólar negociado no WTR da BM&F tem o tamanho
(valor do contrato) igual a 10% do contrato-padrão correspondente, que é de US$
50.000,00. Segundo a própria BM&F, a menor escala dos mínis em comparação com os
contratos-padrão é o que possibilita popularizar os mercados futuros, disseminando o
uso desses importantes instrumentos de hedge e de aplicação financeira.
O tamanho (valor) de um minicontrato de dólar é de US$ 5 mil e o investidor
pode comprar ou vender quantos minicontratos quiser, ressalvado o limite permitido por
sua margem de garantia. O vencimento se dá todos os meses.

As principais vantagens dos minicontratos de Ibovespa e Dólar são:

 Acesso à pessoa física a um mercado antes somente disponibilizado aos


traders e grandes “players” do mercado.

 Agilidade, transparência e eficiência nas operações, uma vez que as


ofertas de compra e de venda são feitas diretamente pelo investidor através de sistema
de negociação automatizado que permite o acompanhamento da evolução dos preços em
tempo real.
 O valor do contrato é uma fração do contrato padrão tradicional e,
conseqüentemente, os mínis são muito mais acessíveis.

 A BM&F, juntamente com o Banco do Brasil, criou o Fundo BB/BM&F


para que a margem de garantia depositada em dinheiro, e que também representa o
limite operacional, não fique parada.

h) Garantias, Pré-margem e Ajuste Diário

As negociações realizadas no WebTrading BM&F (WTr), sistema de negociação


via internet desenvolvido pela Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), utilizam um
modelo de risco que adota o conceito de pré-margem, no qual todas as operações dos
participantes têm seus riscos avaliados antes, durante e após as negociações.

O modelo de pré-margem é um mecanismo em que o cliente transfere recursos à


corretora para liquidar ajustes potenciais negativos, para aportar valores de margem de
garantias ou ainda, para liquidar custos e demais obrigações. A margem de garantia é
um dos elementos fundamentais da dinâmica operacional dos mercados futuros, pois
assegura o cumprimento das obrigações assumidas pelos participantes.

O sistema de risco WTr monitora e gerencia o risco dos seus participantes


através dos conceitos de margem inicial e margem de manutenção, sendo a margem
inicial o montante financeiro em reais que o participante deve manter como garantia em
sua conta margem para cobrir eventuais perdas associadas às movimentações do
mercado.

O cálculo dessa margem de garantia é relativamente complexo e procura cobrir


perdas potenciais nas posições em aberto, por dois ou três dias úteis. Quanto maior a
volatilidade do ativo-objeto, maior o valor da margem de garantia exigida pela BM&F.

Esse valor pode mudar a qualquer momento, em função das condições do


mercado. A esse mecanismo é dado o nome de ajuste diário, que representa a
equalização de todas as posições detidas no mercado futuro, de acordo com a variação
negativa ou positiva no valor das posições detidas. Assim, os participantes recebem seus
lucros e pagam seus prejuízos de modo que o risco assumido pela câmara de
compensação das bolsas se dilua diariamente até o vencimento do contrato.

i) Custos Operacionais

Ao abrir e fechar posições no mercado futuro, o investidor incorre nos seguintes


custos operacionais, que devem ser pagos em D+1:

 TOB – taxa operacional básica;


 Taxa de Emolumentos;
 Taxa de Registro.

Nas operações que são encerradas na eventual entrega física, no caso de


commodities, a taxa operacional básica é substituída pela TL (Taxa de Liquidação).
Além desses custos, os participantes dos mercados futuros devem pagar uma
taxa de permanência, que incide sobre o número de contratos mantidos em aberto no dia
seguinte.
Capítulo 4: Riscos Associados ao Mercado de Capitais

O risco está presente no cotidiano das pessoas. Mesmo assim, sua conceituação
se apresenta como uma tarefa não muito simples. A primeira percepção de muitas
pessoas é de que o risco se apresenta como a possibilidade de perdas. Uma visão mais
ampla, no entanto, nos remete a definição de risco como a probabilidade de
experimentar retornos diferentes do que se espera, sejam eles positivos ou negativos.
Além da dificuldade de conceituação, outro ponto que carrega grande polêmica
está relacionado à dificuldade em se mensurar a aversão ao risco. Enquanto alguns
classificam determinadas situações como de alto risco, outros poderão classificá-las
como de risco aceitável.
No mercado financeiro, essa situação não se apresenta como um problema. Pelo
contrário, essa divergência de postura é que, em muitos casos, fomenta a ocorrência de
negócios. A classificação de risco carrega aspectos bastante subjetivos. No entanto, a
compreensão de alguns conceitos se faz necessária e pode ajudar no processo de tomada
de decisão, principalmente aos participantes do mercado financeiro.
a) Risco Sistemático

O risco sistemático, também conhecido como sistêmico ou conjuntural, é o risco


de mercado afetado pelos sistemas econômico, político e social, que vistos de forma
ampla, possa afetar a economia como um todo e, consequentemente, os preços dos
ativos, sejam eles financeiros ou não.

Ou seja, crises políticas, indícios de recessão, gargalos de infra-estrutura, podem


afetar a economia como um todo e a percepção dos agentes econômicos, usualmente
penalizando os preços dos ativos como um todo.

b) Risco Não Sistemático

Já o risco não sistemático ou específico representa o risco intrínseco ao ativo e


ao subsistema ao qual pertence. Em outras palavras, o risco não sistemático é gerado por
fatos que atingem diretamente uma determinada empresa ou seu setor e não atinge os
demais ativos: por exemplo: greves, mudanças no perfil do consumidor, novos projetos
de investimentos, não se sujeitando a nenhum outro fator da economia.

c) Risco de Mercado

O risco de mercado pode ser entendido como o risco de perdas em decorrência


de oscilações em variáveis econômicas e financeiras, como taxas de juros, taxas de
câmbio, preços de ações e de commodities. Atualmente, ferramentas como o VAR
(Value at Risk, ou Valor em Risco) permitem que usuários qualifiquem o risco de
mercado de maneira sistemática.
Os riscos de mercado podem ser classificados como absolutos, expressos em
perdas monetárias, e relativos, quando comparamos o desempenho de uma carteira a de
um índice de referencia, por exemplo.
O risco de mercado também pode ser classificado em risco direcional e risco
não-direcional. O risco direcional trata de exposição dos movimentos das variáveis
financeiras, tais como os preços das ações, as taxas de juro, as taxas de câmbio e os
preços das commodities. O risco não-direcional trata dos demais riscos, que consistem
em exposições não-lineares e exposições a posições imunizadas ou a volatilidades.
d) Risco de Crédito

Como a concessão de crédito representa o repasse de um valor presente


mediante uma promessa de pagamento desse mesmo valor no futuro, usualmente
acrescido de juros, o risco de crédito representa a incapacidade ou decisão de uma das
partes contrapartes de não cumprir suas obrigações contratuais. Existe uma fronteira
pequena entre o risco de mercado e o risco de crédito, uma vez que o risco de mercado
poderá influenciar as decisões dos agentes.

São muitos tipos de risco de crédito. Apenas para ilustrar alguns casos, temos:
risco de inadimplência, risco de degradação creditícia (principal, garantias, etc.), risco
de concentração de crédito, risco soberano e risco de contraparte.

e) Risco de Liquidez:

O risco de liquidez assume duas formas distintas porém intimamente


relacionadas: risco de liquidez de ativos e risco de liquidez de financiamento.
O risco de liquidez dos ativos, também conhecido como risco de liquidez de
mercado/produto, ocorre quando uma transação não pode ser efetuada aos preços de
mercado prevalecentes, em razão do tamanho da posição quando comparada ao volume
normalmente transacionado. As principais moedas ou títulos do Tesouro Americano
possuem mercados líquidos nos quais as posições podem ser liquidadas facilmente, com
pouco impacto nos preços. Na outra ponta, derivativos exóticos e alguns mercados
emergentes possuem liquidez reduzida e qualquer transação pode rapidamente afetar os
preços.
Já o risco de liquidez de financiamento, também conhecido como risco de fluxo
de caixa, refere-se à incapacidade de honrar pagamentos, o que pode obrigar a uma
liquidação antecipada, transformando perdas escriturais em perdas reais. Há interação
entre o risco de fluxo de caixa e o risco de liquidez de mercado/produtos se a carteira
possui ativos ilíquidos, caso apareça a necessidade de liquidação imediata e mediante a
um preço inferior ao planejado.
f) Risco Operacional

Muitos estudiosos definem o risco operacional como aquele oriundo de erros


humanos, tecnológicos ou de acidentes. Isso inclui fraudes, falhas de gerência e
controles e procedimentos inadequados.
Para o Banco Central, risco operacional é definido como a possibilidade de
ocorrência de perdas resultantes de falha, deficiência ou inadequação de processos
internos, pessoas e sistemas , ou de eventos externos.

g) Risco Legal

Como já apresentado, instituições ofertantes de recursos estão expostas a


diversos tipos de fatores de risco. O risco legal permeia todos eles, sendo difícil
segregá-lo para mensurar seu impacto e relevância.

Basicamente, o risco legal está presente quando uma transação pode não ser
amparada por lei, seja por ausência de regras especificas, por erro na elaboração de
contratos e processos, por mudanças radicais nas regras que regem o desenvolvimento
dos negócios firmados ou por esforços realizados por uma das partes contratantes, que
pode encontrar meios legais de invalidar uma transação.
Capítulo 5: Noções de Análise de Investimentos em Renda
Variável

Existem muitas formas de se avaliar uma alternativa de investimento no mercado


de renda variável, assim como o momento ideal para comprar e vender uma ação. São
muitos os conceitos e indicadores disponíveis, e inúmeras combinações podem ser feitas
ao se desenvolver uma estratégia de investimento.
Estudiosos defendem, que além de fatores técnicos, parâmetros
macroeconômicos e específicos do ativo em estudo devem ser sempre considerados
pelos aplicadores. Isso, no entanto, é apenas uma recomendação, uma vez que diferentes
perfis e objetivos demandam estratégias diferenciadas.
Mesmo assim, é interessante deter uma visão sobre os princípios básicos que
balizam os conceitos elaborados e sugeridos pelas escolas fundamentalistas e técnica.

a) Análise Fundamentalista
A análise fundamentalista tem uma preocupação maior nos fundamentos da
empresa, sendo utilizada, principalmente, para aplicação de médio e longo prazo. É uma
metodologia de análise para determinar o preço justo de uma ação.
Fundamentalista quer dizer que o preço justo de uma ação se fundamenta nas
expectativas de lucros futuros esperados pelo investidor.
As decisões de investimento em ações, baseadas em análise fundamentalista, são
dirigidas pelo relacionamento direto existente entre a “lucratividade esperada” e o
“risco”. A lucratividade esperada é avaliada pelo índice P/L (relação entre o preço da
ação no mercado e o seu respectivo Lucro por Ação projetado para o exercício social
em curso). O nível de risco de cada ação negociada no mercado pode ser avaliado pelo
índice de liquidez da ação e pelo índice beta.

b) Análise Técnica (Grafista)

A análise técnica foca no estudo dos padrões de preços, podendo ser usada, deste
modo, não somente no mercado de ações, mas para todos os ativos financeiros que
tenham uma série histórica. A análise grafista é muito utilizada para investimentos de
curto prazo e os principais tipos de gráficos são:
 Gráfico formado por barras, demonstra o movimento dos preços durante
determinado período, tais como o preço de abertura, o preço máximo, o preço mínimo e
o de fechamento. Este tipo de gráfico foi amplamente utilizado até meados dos anos 90,
quando os gráficos sob a forma de candlesticks começaram a ser mais utilizados nos
Estados Unidos.

máximo máximo

abertura fechamento

fechamento abertura

mínimo mínimo

 De origem Japonesa, o gráfico de velas ou “candlestick” foi criado há


aproximadamente 200 anos pelos comerciantes de arroz. Demonstra o
movimento dos preços durante determinado período, tais como o preço de
abertura, o preço máximo, o preço mínimo e o de fechamento. A diferença entre
o preço de abertura e o de fechamento é chamada de corpo. A ponta superior
representa o preço máximo e a ponta inferior representa o preço mínimo. A
principal diferença entre o gráfico de barras e o de velas japonesas está na
relação entre o preço de abertura, de fechamento e nos padrões que incluem
várias velas. Os japoneses atribuem maior importância na relação entre abertura
e fechamento, enquanto que os ocidentais dão mais importância no fechamento
da barra do período e sua relação com o fechamento da barra do período
anterior.

máximo máximo
fechamento fechamento

abertura abertura
mínimo mínimo

Capítulo 6: Sistemas Operacionais e Tipos de Ordens

Para comprar e vender títulos e valores mobiliários no mercado de capitais


brasileiro, os investidores precisam estar cadastrados em uma corretora de valores ou
em uma sociedade financeira membro da Bolsa de Valores. Cumprida essa primeira
etapa, vários tipos de ordens e sistemas operacionais podem ser utilizados.

a) Sistema Operacional

- Sistema de Negociação a Viva-Voz


Compreende as operações realizadas dentro da sala de negociação das Bolsas de
Valores. A sala de negociações é onde os operadores (funcionários das Corretoras) se
reúnem e, de acordo com as ordens recebidas dos investidores, realizam negócios de
compra ou venda de ações.
Os Operadores Especiais também possuem permissão de acesso ao ambiente de
negociação, porém suas ordens são realizadas sem a interferência de outros investidores,
ou seja, realizam operações para si.
Na Bovespa, as operações do pregão viva-voz foram encerradas em setembro de
2005. Devido à informatização dos processos, as operações acabaram migrando para o
pregão eletrônico, tornando obsoleta as rodas de negociação.

- Sistema de Negociação Eletrônica


Na Bovespa, o pregão eletrônico foi iniciado em 1990, com a implantação do
sistema Cats (Computer Assisted Tradind System), que operava simultaneamente com o
sistema tradicional de pregão viva-voz. Em 1997, um sistema mais moderno foi
implantado: o Mega Bolsa, em uso até os dias atuais. Com um sistema tecnológico mais
avançado, o Mega Bolsa ampliou o volume potencial de processamento de informações
da Bovespa.

Na BM&F, desde setembro de 2000, o mercado de derivativos conta com


operações eletrônicas por intermédio do sistema de negociação Global Trading System
(GTS). A partir de 17/9/2001, a BM&F entrou em nova fase da negociação eletrônica,
implantando novos produtos e modalidades de operação, juntamente com a nova versão
do GTS.
- Home Broker
Desde março de 1999, os investidores podem comprar e vender ações no
mercado acionário brasileiro por meio da internet. Denominado Home Broker, o sistema
permite que o investidor envie ordens de compra e venda de ações através do site de sua
corretora na internet.
O Home Broker pode ser comparado aos serviços de home banking oferecidos
pela maioria das instituições financeiras, já que este mecanismo se trata, basicamente,
de um canal de relacionamento entre os investidores e as corretoras autorizadas pela
Bovespa a operarem na modalidade on-line. Graças às facilidades do sistema e do baixo
custo operacional, o Home Broker é considerado como um dos responsável pela
popularização do mercado.

- After Market
Também com o intuído de ampliar o acesso dos investidores ao mercado
acionário, a Bovespa criou o After Market, que possibilita aos investidores realizar
operações na Bovespa mesmo após o encerramento do pregão regular, que tem início às
10h00 e se encerra às 17h00.
Nos meses em que a Bovespa encerra seu pregão regular às 17h00, o After
Market tem início às 17h30 e, até às 17h45, tem-se a fase de pré-abertura, na qual será
permitido o cancelamento das ofertas registradas no período regular de negociação. A
partir desse horário até às 19h00 acontece a fase de negociação. Vale lembrar que, nos
meses quando o pregão regular se encerra as 18h00, este cronograma é atrasado em uma
hora.
No After Market, as operações são dirigidas por ordens e fechadas
automaticamente por meio do sistema eletrônico Mega Bolsa. A totalidade de ordens
enviadas tem um limite de R$ 100 mil por investidor para o período e os preços das
ordens enviadas nesse período não poderão exceder à variação máxima positiva ou
negativa de 2% em relação ao preço de fechamento do pregão diurno.

- WebTrading
Também atenta às novas tendências tecnológicas, a Bolsa de Mercadorias &
Futuros (BM&F) inaugurou em novembro de 2004 seu sistema de negociação via
Internet para clientes pessoa física. Batizado WebTrading (WTR), o sistema permite a
negociação de contratos futuros míni.
Assim como no Home Broker da Bovespa, no WebTrading, o próprio cliente
insere ofertas de compra e venda em seu nome, utilizando o site de uma das corretoras
associadas na qual estiver cadastrado. A corretora cadastra o cliente, confere os pré-
requisitos e, através do seu site, dá uma senha para que ele possa ter acesso ao sistema
de negociação.
Para operar na BM&F por meio do WTr, o investidor deve depositar uma
margem de garantia, a fim de cobrir suas obrigações junto a sua corretora. Essa margem
assegura o cumprimento das obrigações assumidas. O WTr permite a realização de
negócios apenas dentro dos limites de risco impostos pelo total de recursos previamente
depositados como margem de garantia.
Estão autorizados à negociação no WTr o contrato futuro mini de Ibovespa, o
contrato futuro mini de boi gordo denominado em reais, o contrato futuro mini de taxa
de câmbio de reais por dólar comercial e o contrato futuro mini de café arábica.

b) Tipos de Ordens

- Ordem do Tipo Start: ação é comprada/vendida quando o preço no mercado


atingir ou ultrapassar o preço pré-determinado pelo cliente (preço start).
- Ordem Tipo Stop: ação é vendida/comprada quando o preço bater ou ficar
abaixo/acima do limite determinado pelo investidor (preço stop).
- Ordem Stop Simultâneo: disparo é definido por dois parâmetros diferentes.
Por exemplo: o investidor que tenha comprado uma ação a R$ 10,00 pode
limitar seu prejuízo a R$ 9,00 por ativo e seu lucro a R$ 12,00 por papel.
- Ordem do Tipo Stop Móvel: ordem acompanha uma possível alta do mercado
ajustando o preço limite para cima e o preço stop conforme determinação.
- Ordem limitada: tipo de ordem que, obrigatoriamente, terá um preço máximo
de compra e um preço mínimo de venda.
- Ordem administrada: especifica somente as características do ativo que
deseja negociar, além de especificar a quantidade. A corretora deve executar a
ordem assim que esta for recebida, na melhor condição de preço de mercado.
- Ordem casada: condiciona a execução de uma ordem de compra de um
determinado ativo à possibilidade de execução de uma ordem de venda de outro
ativo.
- Ordem Discricionária: é aquela que um administrador de carteira, pessoa
física ou jurídica, ou o representante de mais de um cliente, estabelece as
condições de execução de uma ordem, especificando o nome do investidor, ou
investidores, a quantidade de títulos a ser atribuída a cada um deles e o preço da
transação.
- Ordem de Financiamento: constituída por uma ordem de compra de um ativo
no mercado à vista, e outra de venda de opção do mesmo ativo.
- Ordem Monitorada: ordem em que o cliente, em tempo real, decide e
determina à corretora as condições de execução.

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