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Introdução
O monitoramento nutricional objetiva o acompanhamento
sistemático dos fatores de produção que afetam a produtividade vegetal, com
vistas a orientar o processo de diagnose nutricional e de recomendação de
nutrientes e a proporcionar o estabelecimento de padrões nutricionais.
Ao planejar-se o monitoramento nutricional deve-se,
antecipadamente, determinar-se quais serão os processos diagnósticos que serão
utilizados na interpretação do dados, desde que dependendo do método
escolhido, a metodologia para o monitoramento deverá apresentar características
distintas. Contudo, tem-se sedimentado uma abordagem errônea para os
processos de amostragem e monitoramento nutricional, a partir da premissa de
que os processos recomendados para o método do nível crítico ou das faixas de
suficiência são também aplicados para o método do DRIS.
Neste trabalho, apresentaremos alguns fundamentos básicos para
ilustrar as razões pelas quais os procedimentos de monitoramento nutricional
devem ser distintos segundo o processo diagnóstico adotado.
1
Meta Agroflorestal. Caixa Postal 224, CEP: 13.730-000, Mococa (SP). E-mail:
pgswadt@dglnet.com.br
2
Prof.Titular, Departamento de Solos, UFV. E-mail rfnovais@mail.ufv.br
taxas de transporte interno de nutrientes e carboidratos, a respiração e a
fotorespiração celular e a fotossíntese, entre outros (Ingestad & Ågreen, 1995)
Por outro lado, como os processos de acúmulo de nutriente e de
biomassa apresentam mecanismos de autocontrole, ou seja, controlam a si
mesmo, a quantidade de um nutriente absorvida pela planta afetará a própria
capacidade da planta em continuar absorvendo o respectivo nutriente. Em razão
disso, as taxas de acúmulo são mais bem quantificadas pelas taxas relativas de
acúmulo de nutrientes (nR) e de acúmulo de biomassa (BR) (Ingestad & Ågreen,
1992, 1995).
Suponha-se uma planta em que a Cn mantenha-se constante durante
um dado período de tempo. Nessa situação, a derivada da Cn em relação ao
tempo será igual a zero:
d(Cn)/dt = 0.
Como a Cn = quantidade de nutriente (n) / quantidade de biomassa
(B), então:
d(n/B)/dt = 0.
Derivando-se a expressão, segue que:
((B . dn/dt) - (n . dB/dt))/B2 = 0
e, rearranjando os termos, tem-se que:
B.(dn/dt)/B2 - n.(dB/dt)/B2 = 0
B.(dn/dt) = n(dB/dt)
(dn/dt)/n = (dB/dt)/B
ou, em termos de taxas de acúmulo relativa,
nR = BR
Portanto, enquanto as taxas relativas nR e BR forem iguais, a Cn
mantém-se constante. Se algum fator diminuir a nR a uma proporção maior que a
BR, a Cn diminuirá, sugerindo que há limitação nutricional. Por outro lado, se a
nR ocorrer a uma proporção maior que a BR, a Cn da planta aumentará,
sugerindo que o nutriente está em excesso.
Há um relacionamento ideal entre o teor do nutriente e a
produtividade vegetal (Figura 1), donde obtém-se, pelo menos, três zonas para a
resposta da produtividade vegetal em função de variações no teor do nutriente:
zona de deficiência severa, zona de deficiência e zona de suficiência e de
consumo de luxo1.
Na zona de deficiência severa a adição do nutriente deficiente
resultará em um aumento da produtividade (BR) à uma taxa superior à nR,
1
Agrupou-se a zona de suficiência e a zona de consumo de luxo como uma única zona com o propósito de simplificação
da teoria exposta.
promovendo a “diluição” do teor do nutriente no tecido: embora a quantidade total
do nutriente aumente, seu teor diminuirá em razão do maior taxa relativa de
acúmulo de biomassa.
Matematicamente, pode-se definir a zona de deficiência severa como
uma região da curva onde nR << BR. Nesse caso, é como se houvesse uma
“explosão” na B com a adição do nutriente limitante, de forma que o quociente
n/B medido após a adição do nutriente será menor que o mesmo quociente de
antes da adição.
Na zona de deficiência, o aumento da n também resultará em
aumento da B, porém, a taxa de aumento relativo de n tende a ser menor que
B (nR BR ), significando que a taxa de acúmulo de nutrientes não atende à
demanda de nutrientes imposta pela taxa de crescimento.
Quando nR for ótimo (nR ótimo), BR também será ótimo (BR ótimo).
Fisiologicamente, esse ponto representa o potencial máximo de crescimento da
planta em condições naturais (Ingestad & Ågreen, 1992, 1995). Após o ótimo
fisiológico, se NR > BR, diz-se que a planta está na zona de suficiência ou
consumo de luxo. Esse excesso pode ser prejudicial, como para manganês
(Mn+2), ou indiferente, como para potássio (K+).
Tendo-se definido o relacionamento ideal entre Cn e a produtividade
vegetal, o estabelecimento do nível crítico (NC) torna-se fácil.
NC consiste num valor, ou faixa de valores, que separam plantas
deficientes daquelas não deficientes. O NC tem sido determinado
matematicamente como sendo o teor mínimo na planta que proporciona uma
produtividade equivalente a 90% da produtividade máxima (Figura 1).
Quando Cn < NC, diz-se que a planta está deficiente no nutriente.
Quando Cn NC, diz-se que a planta está suficiente ou não deficiente.
Se a taxa de acúmulo relativa do nutriente for menor que a taxa de
acúmulo relativa de biomassa (nR < BR), significa que a planta estará crescendo
mais rapidamente que sua capacidade de absorver o nutriente e, portanto,
resultará em Cn < NC. Por outro lado, se a taxa de acúmulo relativa do nutriente
for maior que a taxa de acúmulo relativa de biomassa (nR > BR), significa que a
planta estará absorvendo o nutriente a uma taxa mais rápida que a taxa de
crescimento e portanto, resultará em Cn > NC.
Contudo, a análise química dos tecidos informa somente o resultado
do quociente entre as taxas de acúmulo do nutriente e da biomassa. Uma vez que
tanto o acúmulo de nutrientes como o acúmulo de biomassa resultam de
processos metabólicos controlados por diferentes fatores internos e externos à
planta, um mesmo teor de nutriente poderá ser resultante de diversas
combinações de acúmulo de biomassa e de nutrientes. Jarrel & Beverly (1981),
por exemplo, apresentaram 11 possibilidades de variações nas taxas de acúmulo
do nutriente e da biomassa, exemplificando muitos dos mecanismos
possivelmente envolvidos.
A afirmação que existe um “relacionamento ideal entre o teor do
nutriente e a produtividade vegetal”, deriva, principalmente, do monitoramento da
produtividade vegetal em função da variação da Cn, sob condições em que todos
os demais fatores de crescimento são mantidos controlados, e supostamente, no
ótimo. Mais exatamente, esse relacionamento representa apenas uma exceção à
regra mais geral do fenômeno observado na natureza. Obtém-se essa exceção
quando todos os fatores de crescimento foram mantidos no ótimo, sendo a Cn a
única variável. Nessas condições ideais, BR será máxima enquanto não houver
limitação nutricional e, a medida que essa limitação surge, nR diminui, resultando
na diminuição da BR.
Zona de Suficiência
e de Consumo de
Luxo
B máx.
B
0,9 AB máx
Ponto de crescimento
máximo
Nível Crítico.
Zona de deficiência
Zona de deficiência Cn
severa
12
Biomassa Folhas (t/ha)
10
8
6
4
2
0
1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0
N nas folhas (dag/kg)
valor foi de 29,7 t.ha-1ano-1. Por conseguinte, com base na curva de resposta ideal
pode-se estabelecer o NC de N nas folhas, que foi de aproximadamente 1,7
dag.kg-1 (Figura 5).
1
Há dificuldades no relacionamento entre Cn e as taxas nR e BR, . O uso constante dessa comparação objetiva somente
apresentar os conceitos básicos fundamentados nas duas metodologias (Cn e taxas relativas), de forma a possibilitar o
entendimento do DRIS em bases menos empíricas.
400
350
Biomassa Lenho (t/ha)
300
250
200
150
100
50
0
1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0
N nas folhas (dag/kg)
90% da B máxima
Biomassa Lenho (t/ha.ano)
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0
N nas folhas (dag/kg)
NC
Os métodos diagnósticos
São muitos os métodos diagnósticos que podem vir a ser utilizados
com o objetivo de avaliar-se o estado nutricional das plantas. Sob o ponto de vista
do monitoramento nutricional importa conhecer a natureza dos dados aptos a
serem utilizados em cada um dos métodos existentes, principalmente, no que diz
respeito à capacidade do método em separar adequadamente os efeitos da
variação de B e n (Figura 6).
Alimentação Global
Por esse método, os teores dos nutrientes são somados, formando
grupos com base em alguma característica comum, normalmente sendo esta
característica definida de forma arbitrária e tendo pequena relevância fisiológica.
Esses grupos podem ser baseados no caracter iônico dos nutrientes (cátions ou
ânions) ou na quantidade absorvida desses pelas plantas (macro ou
micronutrientes). Por exemplo, um grupo poderia ser formado pela soma de N, P e
S, em dag.kg-1.
Esse método tem pouco interesse prático e esta praticamente em
desuso e seu uso no monitoramento nutricional deve seguir as mesmas
padronizações exigidas pelo método do nível crítico.
Equilíbrio Fisiológico
Nesse método, as concentrações dos nutrientes são arranjadas três
a três (por exemplo, N, P e S; Ca, Mg e K) e determina-se a relação percentual
ótima existente entre os nutrientes arranjados dessa forma. O valor obtido é
representado por um ponto, plotado em um triângulo equilátero, cujos vértices
representam 100% dos nutrientes. O valor obtido é comparado com os pontos
obtidos ao plotar-se, no mesmo gráfico, os equilíbrios resultantes de amostras de
plantas provenientes de populações bem nutridas e de alta produtividade.
Os equilíbrios triangulares são calculados somando, por exemplo, os
resultados da análise química de tecidos para N, P e K, obtendo-se a soma que
corresponde a 100%. A seguir, calcula-se a porcentagem relativa para cada um
desses nutrientes da seguinte forma:
Soma = CN + CP + CK
pN = (CN . 100 / Soma)
pP = (CP . 100 / Soma)
pK = (CK . 100 / Soma)
onde, CN, CP e CK representam as concentrações de,
respectivamente, N, P e K e pN, pP e pK os equilíbrios triangulares de N, P e K.
Obtidas as porcentagens relativas, essas são plotadas em um
triângulo equilátero, onde os vértices correspondem a 100%, no sentido horário.
Também esse método tem pouco interesse prático e esta
praticamente em desuso e seu uso no monitoramento nutricional deve seguir as
mesmas padronizações exigidas pelo método do Nível Crítico.
Strain:
processos B, n
metabólicos
Figura 6. Representação esquemática dos efeitos das causas primárias nos processos metabólicos de acumulação de
biomassa (B) e de acumulação de nutrientes (n), nas causas secundárias da produtividade vegetal (equilíbrio fisiológico dos
nutrientes) e nos efeitos resultantes (produtividade vegetal). Baseado em Beaufils (1973).
Método da Chance Matemática.
Este método segue os mesmos princípios do método do Nível
Crítico, diferindo deste somente quanto a natureza dos dados, que não são
provenientes de calibração local e portanto, estão sujeitos a variações não
controladas de B (Wadt et al., 1994, 1998c). Portanto, a princípio, se os dados
estão sujeitos à variações não controladas de B a precisão do diagnóstico ficaria
comprometida. Sua utilidade, no entanto, está na possibilidade de obter-se faixas
de suficiência semelhantes ao do Nível Crítico, sem a necessidade de uma
rigorosa calibração local (Novais et al., 1994; Wadt et al., 1998b, c), desde que as
faixas de suficiência sejam determinadas a partir de dados aleatórios e
representativos das culturas a serem diagnosticadas, por meio de cálculos de
probabilidade de distribuição das plantas produtivas em relação a cada classe de
teores dos nutrientes (Wadt, 1998c).
Método do DRIS
O DRIS (Sistema Integrado de Diagnose e Recomendação) é um
sistema que permite identificar a ordem de limitação nutricional, agrupando os
nutrientes desde o mais limitante por deficiência até aquele que está em níveis
excessivos (Beaufils, 1973). Por este método, identifica-se facilmente o balanço
dos nutrientes numa planta e permite determinar se o crescimento da planta está
sujeito a limitação de natureza nutricional ou não nutricional (Bataglia et al., 1996).
A avaliação nutricional das plantas com base no DRIS fundamenta-
se na interpretação de índices calculados através das relações entre os nutrientes.
O uso das relações tem sido indicado para sobrepujar as limitações impostas
pelos efeitos de diluição e de concentração.
Os índices DRIS são calculados principalmente a partir de relações
binárias entre os nutrientes, de forma a minimizar-se o efeito não controlado de B
e maximizando-se as variações existentes entre os nutrientes. O valor de cada
índice DRIS nada mais é que a média aritmética dos desvios das relações binárias
entre a amostra e uma população de referencia, ponderando-se cada um destes
desvios pela variabilidade (desvio-padrão) da relação binária na própria população
de referência. Qualquer relação binária entre dois nutrientes pode vir a ser
utilizada para a determinação dos índices DRIS, desde que a relação seja
potencialmente útil ao diagnóstico. A definição de uma relação binária como sendo
útil ou não ao diagnóstico nutricional baseia-se em avaliações dos parâmetros
estatísticos entre a população de referencia e aquela de baixa produtividade
(Beaufils, 1973; Jones, 1981; Wadt; 1996; Wadt et al., 1999a).
Portanto, ao aplicar-se o DRIS torna-se necessário o
estabelecimento (a) do valor ótimo de cada relação binária, (b) o conhecimento da
variabilidade da relação binária no conjunto de plantas da população de referência
e (c) a seleção das relações binárias que serão úteis ao diagnóstico nutricional.
O item (a) pode ser facilmente obtido a partir de uma calibração local,
pois, somente o valor ótimo para a relação interessa. Contudo, os itens (b) e (c)
somente são obtidos se for conhecida toda a variabilidade nutricional e
biologicamente possível de existir em plantas sadias e produtivas (população de
referência) e pela comparação desta variabilidade com aquelas encontradas em
plantas improdutivas ou doentes.
O conhecimento da variabilidade da relação binária na população de
referência é um fator de extrema relevância, pois, se esta variabilidade for inferida
a partir de dados sob condições controladas (ensaios de calibração local),
certamente, não representará toda a variabilidade que pode haver nas condições
de campo, e fará com que os valores de cada função dos índices DRIS sejam
estimados de forma inadequada, conduzindo, a superestimação dos desequilíbrios
nutricionais.
Além disto, a partir do conhecimento da variabilidade das relações
binárias entre a população de referência e o conjunto de plantas de baixa
produtividade, pode-se selecionar aquelas relações binárias que são úteis no
processo de diagnose foliar, como por exemplo, fez-se com cafeeiros (Quadro 1).
Este aspecto da seleção das relações nutricionais constitui-se num dos gargalhos
da aplicação do DRIS, e alguns autores tem usado esta seleção somente para a
escolha da forma direta ou inversa de uma expressão, como feito por Nick (1998),
que adotou o Valor F e o Valor r para esta finalidade, o que não nos parece
suficiente.
Quadro 1. Relações binárias entre nutrientes (X/Y) em folhas do cafeeiro para o cálculo
dos índices DRIS, selecionadas pelo teste F com limite de significância de 10%,
para as variâncias das respectivas relações binárias na subpopulação de baixa
produtividade e na população de referência. Fonte: Wadt et al. (1999a)
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