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17 Fevereiro2011 | 11:55

JeffreyD.
Sachs

O Orçamento do Estado é o coração de qualquer governo. Os políticos podem fazer promessas sem fim, mas
se o orçamento não fizer sentido, a política é pouco mais do que meras palavras.
Os Estados Unidos foram apanhados nesta situação. No último discurso sobre o Estado da Nação, o
presidente Barack Obama descreveu de forma convincente um governo moderno e do século XXI. Os seus
opositores do Partido Republicano queixaram-se de que as propostas de Obama iriam desequilibrar o défice
orçamental. Mas a verdade é que os dois partidos estão aliados da realidade: sem um aumento de impostos,
não é possível alcançar uma economia competitiva e moderna.

Obama sublinhou, correctamente, que nos dias de hoje, a competitividade depende de uma força laboral
formada e de infra-estruturas modernas. Isso é verdade para qualquer país mas é, especialmente, relevante
para os países ricos. Os Estados Unidos e a Europa estão a competir directamente com o Brasil, a China, a
Índia e outras economias emergentes, onde os níveis salariais são muitas vezes um quarto dos salários dos
países ricos (ou mesmo mais baixos). Os Estados Unidos e a Europa só vão manter os elevados padrões de
vida se basearem a sua competitividade em conhecimentos avançados, tecnologias de vanguarda e infra-
estruturas modernas.

É por esta razão que Obama apelou a um aumento do investimento público em três áreas: educação, ciência
e tecnologia, e infra-estruturas (incluindo banda-larga, comboio de alta-velocidade e energias renováveis).
Obama expôs uma visão do crescimento futuro no qual o investimento público e privado são
complementares e pilares que se apoiam mutuamente.
Obama sublinhou estes temas e com razão. Actualmente, a taxa de desemprego nos Estados Unidos está
perto dos 10%, em parte porque estão a ser criados mais novos postos de trabalho nas economias emergentes
e muitos dos empregos que estão a ser criados nos Estados Unidos pagam menos do que no passado, devido
a uma maior concorrência a nível global. Se os Estados Unidos não aumentarem o seu investimento em
educação, ciência e tecnologia e infra-estruturas, estas tendências negativas irão continuar. Mas a mensagem
de Obama perdeu o contacto com a realidade quando a sua atenção se centrou no défice orçamental. Após
reconhecer que as recentes políticas orçamentais colocaram a dívida pública norte-americana numa
trajectória insustentável, Obama afirmou que o equilíbrio orçamental é agora essencial para a estabilidade
orçamental. Assim, apelou a um congelamento, durante cinco anos, do que o governo chama gastos civis
"discricionários".

O problema é que mais de metade destes gastos são em educação, ciência e tecnologia, e infra-estruturas -
precisamente as áreas que Obama defendeu que deviam ser reforçadas. Depois de ter dito aos americanos
quão importante são os investimentos governamentais para o crescimento moderno, prometeu congelar esses
gastos durante os próximos cinco anos!

Os políticos alteram frequentemente a sua mensagem de um discurso para outro mas raras vezes se
contradizem de forma tão flagrante no mesmo discurso. A contradição chama a atenção para a natureza
contra producente e triste das políticas orçamentais dos últimos 25 anos e muito provavelmente dos
próximos anos. Por um lado, o governo deve investir mais na promoção da competitividade económica. Por
outro lado, os impostos são cronicamente baixos para suportar o nível de investimento público necessário.

A realidade orçamental dos Estados Unidos tornou-se dolorosamente transparente dois dias após o discurso
de Obama. Um novo estudo do Congressional Budget Office (CBO) revelou que o défice orçamental deste
ano vai chegar aproximadamente aos 1,5 biliões de dólares - um montante quase inimaginável mesmo para
uma economia com a dimensão da norte-americana. Próximo dos 10% do PIB, o défice está a originar uma
enorme dívida que ameaça a o futuro dos Estados Unidos.

O estudo do CBO tornou claro que o acordo fiscal alcançado em Dezembro entre Obama e os Republicanos
aumentou, premeditada e deliberadamente, o défice orçamental. Vários cortes fiscais iniciados por George
W. Bush deviam terminar no final de 2010. Obama e os Republicanos concordaram em prolongar esses
cortes fiscais durante, pelo menos, dois anos (deverão manter-se além desse período), diminuindo, assim, as
receitas fiscais em 350 mil milhões de dólares este ano e no próximo. Fazem parte deste plano cortes fiscais
para os norte-americanos mais ricos.

A verdade da actual política dos Estados Unidos é simples. A política mais importante para os líderes dos
dois partidos é a redução de impostos, em especial para os ricos. Os dois partidos políticos, e a Casa Branca,
preferem reduzir impostos do que gastar mais em educação, ciência e tecnologia, e infra-estruturas. E a
explicação é esta: as famílias mais ricas financiam as campanhas políticas. Assim, os dois partidos
satisfazem os seus desejos.

Em resultado, as receitas fiscais totais em percentagem do rendimento nacional estão entre as mais baixas
dos países ricos: cerca de 30%, o que compara com os 40% da Europa. Mas 30% do PIB não é suficiente
para cobrir as necessidades de saúde, educação, ciência e tecnologia, Segurança Social, infra-estruturas e
outras responsabilidades vitais do governo.

Uma das áreas do orçamento pode e deve ser reduzida: os gastos militares. Mas mesmo que os excessivos
gastos militares sejam reduzidos (os dois partidos resistem a essa possibilidade), continuam a ser necessários
novos impostos.

As consequências sociais e económicas de uma geração de redução de impostos são óbvias. Os Estados
Unidos estão a perder a sua competitividade internacional, a negligenciar os mais pobres - uma em cada
cinco crianças norte-americanas vive na pobreza - e a deixar uma enorme dívida para os mais jovens. Apesar
da retórica da Administração Obama, as suas propostas orçamentais não tentam resolver estes problemas de
forma séria. Para o fazer são necessários impostos mais altos e isso - como George H. W. Bush em 1992 -
não é um meio para ser reeleito.

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