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Partidos e mandatos na América Latina1


Camila Tribess

Analisando as Constituições Políticas de países da América do Sul e da


América Central, incluindo o México, bem como suas leis eleitorais, regulamentos
internos dos parlamentos e demais leis sobre partidos e eleições, foram coletados
dados de 29 países da América Latina. Foram excluídas desta pesquisa as ilhas que
não são consideradas independentes politicamente ou que, sendo independentes,
adotam ainda as Constituições e leis dos países que lhes colonizaram. Assim, se
buscou encontrar leis que falem, diretamente ou não, da possibilidade do parlamentar
perder seu mandato em caso de mudar de partido ou de infidelidade às diretrizes
partidárias.
Todos os países analisados são, por suas Constituições Políticas, democracias
pluripartidárias (com a exceção de Cuba, com partido único), com eleições regulares
para os mandatos legislativos e executivos. Quase todos são bicamerais, e suas
Constituições inspiradas no modelo dos Estados Unidos da América. Os deputados e
senadores destes países não podem ser responsabilizados criminalmente por seus
votos ou decisões políticas como parlamentares e têm foro privilegiado, não estão
sujeitos à prisão sem que sejam julgados pelo próprio parlamento.
Na seqüência apresento as leis coletadas nas Constituições, nos regulamentos
nas leis eleitorais de cada país, divididas em alguns grupos que podem facilitar uma
visão mais ampla das leis nos países da América Latina.

a) Os países em que o mandato é claramente do partido e não do parlamentar:


Em poucos países existem leis que digam de forma aberta e direta se é
possível ou não que o parlamentar perca seu mandato no caso específico de mudança
de partido. Os países em que a lei coloca abertamente esta possibilidade são:
Guyana, Panamá e Trinidad y Tobago.

Guyana
Na Constituição Política da República de Guyana (1980), vemos no título 2, sobre o
parlamento:
"Art. 156 - A member of the National Assembly shall vacate his seat
therein: (..) (3) A member of the National Assembly elected on a list shall
be disqualified from being a member of the Assembly, if he or she, in the

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Este texto é uma parte de uma pesquisa realizada para Inter Parliamentary Union (IPU) e o
trabalho foi financiado por este instituto.
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prescribed manner, declares that he or she will not support the list from
which his or her name was extracted or, declares that he or she abstain
from supporting that list or, declares his or her support for another list."

Panamá
Na Constituição Política da República do Panamá (2004), no titulo 5, sobre o órgão
legislativo:

CAPITULO 1º
ASAMBLEA NACIONAL
"Art. 151 - Los partidos políticos podrán revocar el mandato de los
Diputados Principales o Suplentes que hayan postulado, para lo cual
cumplirán los siguientes requisitos y formalidades:
1. Las causales de revocatoria y el procedimiento aplicable deberán
estar previstos en los estatutos del partido.
2. Las causales deberán referirse a violaciones graves de los estatutos y
de la plataforma ideológica, política o programática del partido y haber
sido aprobados mediante resolución dictada por el Tribunal Electoral con
anterioridad a la fecha de postulación.
(...)
6. Para la aplicación de la revocatoria de mandato, los partidos políticos
podrán establecer, previo al inicio del proceso, mecanismos de consulta
popular con los electores del circuito correspondiente.
Los partidos políticos también podrán, mediante proceso sumario,
revocar el mandato de los Diputados Principales y Suplentes que hayan
renunciado a su partido.”

Trinidad y Tobago
Na Constituição da República de Trinidad y Tobago (1976), no capítulo 4, sobre o
parlamento, encontramos:
PART I
COMPOSITION OF PARLIAMENT
"Art. 43 - A Senator shall also vacate his seat in the Senate where (…)
(e) the President, acting in accordance with the advice of the Prime
Minister in the case of a Senator appointed in accordance with that
advice, or in accordance with the advice of the Leader of the Opposition
in the case of a Senator appointed in accordance with that advice, or in
his discretion in the case of a Senator appointed by him in his discretion,
declares the seat of that Senator to be vacant.
(…)
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Art. 49 - A member of the House of Representatives shall also vacate his


seat in the House where (…) (e) having been a candidate of a party and
elected to the House, he resigns from or is expelled by that party."

b) Os países em que a lei permite a atuação ou eleição de parlamentares


independentes:
Em alguns países, enquanto a lei não fala diretamente da perda ou não do
mandato, se apresentam leis que possibilitam uma interpretação por una corte o jure
que, em caso de uma consulta de um partido ou uma apelação de perda de mandato
feita por um partido, podem ser utilizadas como base de uma decisão. Estas leis falam
de candidatos y parlamentares independentes, ou seja, que se apresentam nas
eleições ou que exercem seus mandatos sem estarem filiados a nenhum partido.
Admitimos neste caso que, se os parlamentares podem inclusive elegerem-se como
independentes, poderão também exercer seus mandatos como tal. Estes países são:
Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Haiti e Honduras.

1) Na Bolívia, a Constituição admite que parlamentares podem ser eleitos sen


estarem em um partido político, podendo ser indicados por diversos grupos ou pelas
populações indígenas tradicionais.

Bolivia
Constituição Política do Estado (2004):
CAPÍTULO II
CÁMARA DE DIPUTADOS
"Art. 61 - Para ser Diputado se requiere:
(...)
4º. Ser postulado por un partido político o directamente por agrupaciones
ciudadanas y/o pueblos indígenas en la forma determinada por esta
Constitución y las leyes."

2) No Chile a lei garante a igualdade nas eleições entre os políticos de partidos


e dos independentes.

Chile
Constituição Política do Chile (1980):
CAPÍTULO I
BASES DE LA INSTITUCIONALIDAD
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"Art. 18 – (...) garantizará siempre la plena igualdad entre los


independientes y los miembros de partidos políticos tanto en la
presentación de candidaturas como en su participación en los señalados
procesos."
CAPÍTULO V
CONGRESO NACIONAL
"Art. 51 – (...) Las vacantes de diputados y las de senadores se
proveerán con el ciudadano que señale el partido político al que
pertenecía el parlamentario que produjo la vacante al momento de ser
elegido. Los parlamentarios elegidos como independientes no serán
reemplazados. Los parlamentarios elegidos como independientes que
hubieren postulado integrando lista en conjunto con uno o más partidos
políticos, serán reemplazados por el ciudadano que señale el partido
indicado por el respectivo parlamentario al momento de presentar su
declaración de candidatura."

3) No caso da Colombia, a lei coloca de forma clara que não se pode obrigar a
filiação partidaria a ninguém para concorrer às eleições, assim, se pode interpretar que
não se permitirá, também, a obrigação de permanecer no partido de origen em caso
de um parlamentar eleito.

Colombia
Constituição Política da Colombia (1991):
TITULO IV - DE LA PARTICIPACION DEMOCRATICA Y DE LOS
PARTIDOS POLITICOS
CAPITULO 2 - DE LOS PARTIDOS Y DE LOS MOVIMIENTOS
POLITICOS
"Art. 108 – (...) En ningún caso podrá la ley establecer exigencias en
relación con la organización interna de los partidos y movimientos
políticos, ni obligar la afiliación a ellos para participar en las elecciones."

4) A Constituição do Equador também possibilita a candidatura ao parlamento


de políticos não filiados à partidos, estes podem indicar candidatos filiados ou não,
bem como os candidatos podem apresentarem-se por indicação partidária ou como
independentes.

Equador
Constituição Política do Equador (2008), título 4 sobre a participação e organização do
poder:
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CAPÍTULO PRIMERO: PARTICIPACIÓN EN DEMOCRACIA


SECCIÓN QUINTA: ORGANIZACIONES POLÍTICAS
"Art. 112 - Los partidos y movimientos políticos o sus alianzas podrán
presentar a militantes, simpatizantes o personas no afiliadas como
candidatas de elección popular."

Na Lei de Eleições, publicada em julio de 2000, Capítulo 3 "Presentación de


Candidatos para las Elecciones Directas":
"Art. 55. - Los partidos políticos legalmente reconocidos, pueden
presentar candidatos de sus afiliados o de independientes para las
dignidades de elección popular."
"Art. 72 - Para ser candidato a dignidad de elección popular, nacional,
provincial, cantonal o parroquial rural, sin estar afiliado o patrocinado por
un partido político y, solicitar la correspondiente inscripción, se deberá
presentar al Tribunal Electoral respectivo, un respaldo de firmas
equivalente al uno por ciento de los electores empadronados (...)."

5) Na Constituição do Haití também se permite a candidatura de políticos sen


filiação partidaria.

Haití
Lei Eleitoral do Conselho Eleitoral de 1999:
CHAPITRE VII - DE LA CANDIDATURE À UNE FONCTION ÉLECTIVE
SECTION A - DE LA DÉCLARATION DE CANDIDATURE ET DU
DÉPÔT DES PIÈCES REQUISES
"Art. 93 – (...) Dans le cas d'un candidat qui ne se présente pas sous la
bannière d'un parti politique, d'un groupement ou d'un regroupement de
partis politiques, le cautionnement est, en rapport avec la fonction
indiquée aux paragraphes 1 à 6 du premier alinéa, établi respectivement
à 5000 gourdes, 7500 gourdes, 1250 gourdes, 1250 gourdes, 1500
gourdes et 3000 gourdes."

6) A Lei Eleitoral de Honduras tambiém aceita candidaturas independentes.

Honduras
Lei Eleitoral e das Organizações Políticas (2002):
TÍTULO VIII: INSCRIPCION DE CANDIDATOS
CAPÍTULO II: DE LAS CANDIDATURAS INDEPENDIENTES
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"Art. 130 - Son Candidaturas Independientes, las postulaciones de


ciudadanos para cargos de elección popular, desvinculadas de los
Partidos Políticos."

7) Aqui temos uma exceção, que é o caso de Antigua y Barbuda. Neste país a
lei coloca duas possibilidades, a primeira é que, caso o parlamentar saia do partido
pelo qual foi eleito mas segue como parlamentar independente, não perde seu
mandato. Entretanto, se muda de partido então o parlamentar perde seu mandato.

Antigua y Barbuda
Constituição Política de Antigua y Barbuda (1981), Capítulo IV sobre o Parlamento:
PART 1, ESTABLISHMENT OF PARLIAMENT
THE HOUSE OF REPRESENTATIVES
TENURE OF SEATS OF MEMBERS OF THE HOUSE
"Art. 41 – 1 Every member of the House shall vacate his seat in the
House: (...) e) if, having been elected to the House by virtue of being a
member of a political party, he resigns his party whip and withdraws his
allegiance from that party: Provided that he shall not be required to
vacate his seat so long as he remains an independent member of the
House."

c) Os países onde não existem leis claras sobre a perda de mandato nem
possibilita a existência de parlamentares independentes, mas que certas leis
permitem algumas interpretações
Em alguns países as leis não deixam explícita a possibilidade de perda de
mandato nem falam de candidatos ou parlamentares independentes, mas existem
possibilidades de interpretações, como no Brasil, em Cuba, El Salvador e no Peru.

1) No Brasil a lei fala que os candidatos devem ser postulados pelos partidos
políticos, mas não especifica nada mais em relação a quem, de fato, pertence este
mandato, se é ao partido ou ao parlamentar, possibilitando diversas contestações.
Mas, no entanto, existe a possibilidade dos partidos, nos seus regimentos internos,
regularem os critérios de disciplina e de fidelidade partidária. No Brasil ocorreu
recentemente um caso polêmico em que o Supremo Tribunal de Justiça, ao ser
consultado por um partido (Democratas), se pronunciou a favor de que o mandato, em
caso de mudança de partido, é do partido e não do parlamentar. Esse pronunciamento
ainda não foi aplicado, mas abriu o caminho para uma longa discussão sobre o tema,
em que os partidos defendem, em sua maioria, que o mandato é seu, enquanto a
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posição de parlamentares, cientistas políticos, da mídia e da sociedade em geral se vê


dividida.

Brasil
Constituição Política da República do Brasil (1988):
TÍTULO II: DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
CAPÍTULO V: DOS PARTIDOS POLÍTICOS
"Art. 17. parágrafo 1º - É assegurada aos partidos políticos autonomia
para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento, devendo
seus estatutos estabelecer normas de fidelidade e disciplinas
partidárias."

No Código Eleitoral de 1965:


PARTE QUARTA: DE LAS ELECCIONES
TÍTULO I: DEL SISTEMA ELECTORAL DE REGISTRO DE LOS
CANDIDATOS
"Art. 87. Solamente pueden concurrir a las elecciones los candidatos
registrados por partidos."

2) Em Cuba a lei fala da possibilidade de qualquer pessoa concorrer às


eleições, mas o mandato pode ser revogado a qualquer momento, Entretanto não há
nem na Constituição, nem nos regulamentos ou legislações eleitorais o critério que se
utiliza para a revogação do mandato.

Cuba
Constituição Política da República de Cuba de 1976:
CAPITULO X – ÓRGANOS SUPERIORES DEL PODER POPULAR
Art. 85 – A los diputados a la Asemblea Del Poder Popular les puede ser
revocado su mandato en cualquier momento, en la forma, por las causas
y según los procedimientos establecidos en la ley.
CAPITULO XIV – SISTEMA ELECTORAL
Art. 133 – Tienen derecho a ser elegidos los ciudadanos cubanos,
hombres o mujeres, que se hallen en pleno goce de sus derechos
políticos. Si la elección es para diputados a la Asamblea Nacional del
Poder Popular, deben, además, ser mayores de dieciocho años de edad.

3) Na Constituição de El Salvador está claro que a única maneira de


representação popular são os partidos, ou seja, não se aceitam os parlamentares
independentes. Como o partido é reconhecido como a única maneira de
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representação popular e não o parlamentar ou outros mecanismos, pode-se crer que


os partidos tenham um grande poder sobre os parlamentares, mas não se encontra
nenhuma lei sobre fidelidade partidária.

El Salvador
Constituição Política da República de El Salvador (1982):
TÍTULO III
EL ESTADO, SU FORMA DE GOBIERNO Y SISTEMA POLÍTICO
"Art. 85 (...) El sistema político es pluralista y se expresa por medio de
los partidos políticos, que son el único instrumento para el ejercicio de la
representación del pueblo dentro del Gobierno."

4) Na lei do Peru se coloca que o mandato é irrenunciável, ou seja, se coloca


uma grande responsabilidade sobre o parlamentar sobre seu mandato, mas aqui
também não há nenhuma referência ao caso específico da mudança partidária.

Perú
En el Reglamento del Congreso de la República, de octubre de 2007:
CAPÍTULO II: ESTATUTO DE LOS CONGRESISTAS
IRRENUNCIABILIDAD AL CARGO Y VACANCIA
"Art. 15 - El cargo de Congresista es irrenunciable. Sólo vaca por muerte,
inhabilitación física o mental permanente que impida ejercer la función y
por inhabilitación superior al período parlamentario o destitución en
aplicación de lo que establece el artículo 100° de la Constitución
Política" (Relativo a los crímenes cometidos y juzgados antes de la
elección al parlamento).

d) Países em que a lei não fala sobre o tema


Na maioria dos países (15 dos 29 aqui pesquisados) não há leis específicas
sobre o tema e, além disso, não há nas leis eleitorais, nos regulamentos ou na própria
Constituição algum artigo ou sequer um parágrafo que fale do tema ou que possibilite
alguma interpretação. Nestes casos é possível que haja alguma jurisprudência dos
Tribunais Eleitorais e de Justiça, mas que podem ser alterados conforme cada caso
específico. Estes países são: Argentina, Bahamas, Barbados, Belize, Costa Rica,
Dominica, Guatemala, Jamaica, México, Nicarágua, Paraguai, República Dominicana,
Suriname, Uruguai e Venezuela.
Nestes países a questão da fidelidade partidária e de pertencimento do
mandato ao partido ou ao parlamentar pode ser vista como secundária, já que na
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maioria destes países as decisões acerca da posse do mandato em caso de mudança


de partido ou de infidelidade partidária devem ser tomadas, quando questionadas,
pelos Tribunais Eleitorais ou de Justiça, que decidem em concordância com as
interpretações das leis que falam das candidaturas ou dos mandatos.

Não há, na maioria dos países consultados, uma cláusula que fale
especificamente da situação de perda de mandato em caso de mudança de partido
político, nem leis que possibilitem uma interpretação sobre o tema. Entretanto é
importante considerar que as instituições partidárias na América Latina, em geral,
talvez com as exceções de México e Uruguai, são volúveis e instáveis, inclusive por
causa das grandes crises políticas e econômicas experimentadas por estes países.
Além disso, historicamente, os sistemas políticos e eleitorais são constantemente
alterados ou completamente modificados. Podemos notar também, que a maioria das
Constituições e leis são dos anos oitenta ou depois, ou seja, advém das recentes
democratizações destes países. Aqui temos, outra vez, México como una exceção.

Fontes de dados:
Sites da Internet dos Parlamentos de cada país, Constituições Políticas
disponíveis nos sites oficiais do Governo e demais leis (regulamentos, leis eleitorais,
entre outras) disponíveis nos sites dos Governos, Poderes Judiciários, Parlamentos e
Poderes Executivos de cada país.

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