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Pesca predatória também

extermina pequenas
espécies, conclui
pesquisa estadunidense
Qua, 04 de Maio de 2011 21:20 Administrador

Peixes como sardinhas e anchovas,


muito apreciadas pela pesca
comercial, sofreram o dobro de casos
de colapso nos últimos 60 anos se
comparado com grandes peixes
Os predadores são os seres mais passíveis de extinção, certo? Errado! Pelo
menos é o que constatou uma recente pesquisa da Universidade de
Stanford, nos Estados Unidos. Pesquisadores analisaram mais de 200
relatórios científicos de centros pesqueiros de todo o planeta e descobriram
que pequenos peixes, como sardinhas (foto ao lado) e anchovas, sofreram
nos últimos 60 anos o dobro de casos de colapsos em seus cardumes do
que as grandes espécies.

“Existe muita preocupação com os predadores, como tubarões e os vários


tipos de bacalhau, até porque eles realmente estão em risco. Mas acontece
que a base da cadeia alimentar, formada pelas pequenas espécies, pode
ser ainda mais vulnerável. Isso é algo que não esperávamos encontrar”,
explica o co-autor da pesquisa, Malin Pinsky.

Segundo o estudo “Unexpected patterns of fisheries collapse in the world’s


oceans” (“Padrões inesperados de colapso de pesca nos oceanos”),
publicado na última segunda-feira, 2, no jornal Proceedings of the National
Academy of Sciences, já era de conhecimento público que as grandes
espécies são sensíveis à pesca industrial. O que ‘surpreende’ é que na
realidade essa atividade está afetando de maneira ainda mais feroz as
pequenas espécies, que eram consideradas mais resistentes.

Impacto da pesca predatória

Os cientistas acreditam que a diferença entre a vulnerabilidade das


espécies terrestres e oceânicas se deve ao modo como o homem influencia
os mares. Enquanto em terra a perda de habitat é o grande problema e
afeta principalmente animais maiores que precisam de territórios extensos,
nos oceanos o que causa o desaparecimento das espécies é, sobretudo, a
pesca descontrolada, que não faz distinção entre o tamanho dos peixes.

Assim, afirma o estudo, enquanto as grandes espécies possuem alguma


segurança nas leis, mesmo que limitadas, pequenos peixes estão sumindo
sem que se perceba.

“Apenas com o nosso trabalho que pudemos ter noção de que se somarmos
todos os colapsos, que eram tidos como fenômenos isolados, o número de
desaparecimentos de peixes como as sardinhas em determinadas regiões é
muito mais frequente do que se pensava. Portanto, a pesca predatória é na
realidade ainda pior para o ecossistema”, afirma Pisnky.

As pequenas espécies são vitais para os oceanos e quando elas sofrem


quedas na população isso acaba afetando mamíferos, pássaros e outros
peixes que dependem delas como alimento.

“Existe um número relativamente baixo de espécies nesse nível da cadeia


alimentar. Se uma delas entra em colapso, pode resultar em um grande
impacto em todo o ecossistema”, assinala Pinsky.

As pequenas espécies costumam ter naturalmente uma vida curta e se


reproduzir rapidamente, assim, muitas vezes depois de um colapso, elas
conseguem se recuperar em cinco ou dez anos. A preocupação é que sem
o controle sobre a pesca, elas não têm oportunidade para se recobrar e
podem sumir completamente.

“As conclusões deste trabalho devem servir de alerta sobre o risco de


continuarmos com o atual modelo de pesca. É preciso desenvolver
melhores práticas e criar leis que também protejam os cardumes de
pequenas espécies”, conclui Simon Jennings, pesquisador chefe do Centro
para Meio Ambiente, Pesca e Aquicultura do Reino Unido.
27|05|2010
PESCA PREDATÓRIA E SOBREPESCA: A FONTE
AMEAÇA SECAR
Marcelo Szpilman

Não há dúvidas de que a carne de peixe é uma das melhores, em se


tratando da facilidade de digestão e valor nutritivo. Temos também
diversas razões gustativas para apreciarmos as lagostas, camarões e
mexilhões. Comê-los sempre foi um ato natural e nada antiecológico. No
entanto, para que possamos continuar a consumi-los no futuro devemos
pensar de forma responsável sobre este assunto. Os oceanos e sua
biodiversidade devem ser vistos como uma prioridade na questão da
preservação ambiental.

Apesar de a pesca ser uma das mais antigas atividades desenvolvidas


pelo homem, parece que todo esse tempo de prática ainda não foi
suficiente para evitar que ela seja realizada de forma predatória.
Levantamentos recentes indicam que hoje a captura indiscriminada mata
e desperdiça entre 18 e 40 milhões de toneladas de peixes, tubarões,
tartarugas e mamíferos marinhos todos os anos, o que representa nada
mais nada menos do que um terço de toda a pesca mundial. É um crime
contra a natureza. Um desperdício inaceitável que ameaça secar a fonte.

A destrutiva combinação da sobrepesca com a pesca predatória


empreendida nas últimas décadas cobrará um alto preço muito em breve.
Em muitos casos, o “futuro”, um termo bastante usual nos discursos do
passado, já chegou. Temos hoje diversas espécies comerciais de
pescado ameaçadas de desaparecer. No Brasil, já são 145 espécies de
peixes e 12 de tubarões ameaçadas de extinção e 31 espécies de peixes
e 6 de tubarão sobrepescados. Entre as espécies mais ameaçadas,
temos o cação-anjo, a raia-viola, o mero, o peixe-serra e o surubim.
Dentre os estoques de espécies tradicionais sobrepescados em nosso
litoral estão a mangona, o tubarão-martelo, a sardinha, o pargo, a cioba,
a tainha, a enchova, o namorado, a corvina, a garoupa, o cherne, a
pescadinha, os camarões e as lagostas. E esses números só não são
maiores devido à histórica falta de verba para pesquisas em nosso País.

A sobrepesca, que é a pesca feita de foma correta e legal, porém acima


do limite que uma espécie tem de se auto-repor na natureza, e a pesca
descontrolada são problemas graves, porém mais compreensíveis do
ponto de vista histórico. Tradicionalmente, a captura do pescado
comercial para a nossa própria alimentação vem sendo empreendida há
séculos. No entanto, se já não chegou está chegando ao limite de
exploração para algumas espécies. Da mesma forma que o homem
percebeu, há milênios, que não conseguiria sobreviver somente
coletando e caçando o alimento que a natureza lhe dava e, por isso,
passou a desenvolver a agricultura e a pecuária, temos que nos
conscientizar de que o mar, apesar de seu tamanho, não é um provedor
com recursos inesgotáveis.

Os recursos pesqueiros, ao contrário de outros recursos naturais, podem


ser perfeitamente renováveis. O correto gerenciamento de seus estoques
deve ser visto como importante ferramenta para o desenvolvimento
sustentável do País. Nesse sentido, existem alguns instrumentos que já
se mostraram eficientes. O defeso, que é a proibição da pesca na época
de reprodução (desova) do animal, e a maricultura, que se constitui na
produção controlada de espécies marinhas em áreas confinadas, são,
não só soluções para a queda na captura de espécies comerciais, como
também formas de preservação dos oceanos.

O exemplo da sardinha-verdadeira é bastante elucidativo. Peixe barato


nos anos 70 e 80, alimento farto nas mesas menos favorecidas, a média
anual da pesca da sardinha era então de 200 mil toneladas (correspondia
a 38% dos peixes pescados anualmente no Brasil). A partir da década de
80, teve início uma queda contínua nos totais capturados. Prevendo que
a captura estava além dos limites que permitiriam garantir o equilíbrio
entre a atividade pesqueira e a conservação da espécie, a legislação
brasileira passou a proteger a reprodução da sardinha através do defeso
(de novembro a março e de julho a setembro). No ano mais crítico, em
1990, a captura atingiu 32 mil toneladas. Ainda que o defeso tenha
contribuindo na recuperação dos estoques, como demonstra a captura
da sardinha em 1997, que atingiu cerca de 118 mil toneladas,
infelizmente a produção tem oscilado muito e a expectativa média atual é
de no máximo 30 a 50 mil toneladas/ano.

O defeso demonstrou assim ser um importante instrumento de


ordenamento e conservação, permitindo que a pesca continue a ser
exercida de forma sustentável. Se no começo os pescadores comerciais
reclamavam da medida, logo depois perceberam a importância do defeso
para sua atividade e hoje o defendem com unhas e dentes. As lagostas
(de janeiro a abril) e os camarões (de dezembro a fevereiro na região
Norte e de março a maio nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul) também
têm seus períodos de defeso, mas infelizmente a maioria dos peixes e
tubarões, que também precisam de proteção, não têm seus períodos de
defeso instituídos por lei. Sem falar, é claro, na proteção ambiental de
suas áreas de desova e de berçário.

A noção de pesca predatória que temos hoje, feita de forma incorreta e


ilegal, como a pesca com malha fina, arrastão de fundo ou bomba, pode
mudar de acordo com os conceitos da sociedade e de seu tempo. O que
hoje é legal amanhã pode não ser. O que é ilegal no Brasil pode não ser
em Moçambique. Quem não se lembra do romântico arrastão de praia,
muito comum até a década de 80 em quase todo o Brasil? Capturava
tudo em seu caminho e o que não prestava ao comércio (grande parte)
era deixado na areia para apodrecer. Felizmente, foi erradicado através
de uma legislação mais rígida. No entanto, de acordo com o Ibama,
órgão responsável pela fiscalização e controle das atividades pesqueiras
no Brasil, ainda existe uma quantidade considerável de pescadores
trabalhando de forma incorreta e, conseqüentemente, predatória. Mesmo
sabendo o quão deletéria pode ser a pesca predatória, também podemos
de certo modo compreender que muitas vezes o pescador, sem qualquer
outra alternativa, é movido pela fome de sua família.

Também não há mal algum em se comer um suculento filé de cação.


Aliás, come-se cação ou tubarão (que é a mesma coisa) há centenas de
anos. O problema passa a ocorrer quando o filé vem de espécies que
hoje encontram-se ameaçadas de extinção no mundo todo, como a
mangona e o tubarão-martelo. Mas o que é verdadeiramente um absurdo
inadmissível é a “perseguição” de determinadas espécies de tubarão
para a extração de partes de seu corpo para obter produtos que são
supérfluos e os benefícios apregoados são duvidosos e sem nenhuma
base científica comprovada. Movida pela ganância humana, é o pior tipo
de pesca predatória.

Atualmente, existem dois grandes objetivos na pesca do tubarão. A


cartilagem, transformada em cápsulas que os fabricantes apregoam
como anti-tumorais, em analogia ao fato do tubarão ser imune ao câncer,
e as nadadeiras (muitas vezes extirpadas do animal ainda vivo, que
depois é devolvido ao mar para afundar e apodrecer), utilizadas para
fazer sopa de barbatana de tubarão, tida como afrodisíaca e símbolo de
status na China. Algo semelhante às inúmeras aberrações predatórias e
criminosas que vemos ao redor do mundo, especialmente no Oriente,
como a “crença” de que partes de animais, como o tigre e o urso, podem
curar doenças. Não se pode ameaçar a existência de uma espécie
animal ou vegetal em prol da “suposta” melhoria de nossa saúde. Ainda
mais dispondo da tecnologia que temos hoje, capaz de produzir
artificialmente as substâncias comprovadamente benéficas.

Mas será que por reputarem uma irreal imagem de “devoradores de


homens” os tubarões não merecem também ser preservados, como os
golfinhos e tartarugas? Atualmente, cerca de 100 milhões de tubarões
são capturados e mortos a cada ano em todos os mares. Isso representa
uma monumental ameaça à sobrevivência dos tubarões e está levando
muitas populações de tubarões ao declínio vertiginoso. Cerca de 43%
das espécies do litoral brasileiro já estão nas listas de espécies
ameaçadas de extinção. Nesse ritmo de consumo insustentável, algumas
espécies serão extintas nos próximos anos. Deixar de ver os tubarões
como feras assassinas e ter a consciência de que eles exercem um
papel crucial na manutenção da saúde e equilíbrio dos ecossistemas
marinhos é um importante passo para uma mudança de atitude.

Caso você tenha interesse em ler mais sobre a questão dos tubarões e
sua desmitificação, basta solicitar o artigo “Você tem medo de tubarão?”
através desse do email instaqua@uol.com.br

Marcelo Szpilman, Biólogo Marinho formado pela UFRJ, com Pós-


Graduação Executiva em Meio Ambiente (MBE) pela COPPE/UFRJ, é
autor do livro GUIA AQUALUNG DE PEIXES, editado em 1991, de sua
versão ampliada em inglês AQUALUNG GUIDE TO FISHES, editado em
1992, do livro SERES MARINHOS PERIGOSOS, editado em 1998/99, do
livro PEIXES MARINHOS DO BRASIL, editado em 2000/01, do livro
TUBARÕES NO BRASIL, editado em 2004, e de várias matérias e
artigos sobre a natureza, ecologia, evolução e fauna marinha publicados
nos últimos anos em diversas revistas e jornais e no Informativo do
Instituto Aqualung. Atualmente, Marcelo Szpilman é diretor do Instituto
Ecológico Aqualung, Editor e Redator do Informativo do citado Instituto,
diretor do Projeto Tubarões no Brasil (PROTUBA) e membro da
Comissão Científica Nacional (COCIEN) da Confederação Brasileira de
Pesca e Desportos Subaquáticos (CBPDS).

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