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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL


MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO INTERDISCIPLINAR EM CIÊNCIAS HUMANAS
NÚCLEO DE IDENTIDADES DE GÊNERO E SUBJETIVIDADES

Seminário de Enfrentamento ao Sexismo, Lesbofobia, Transfobia e


Homofobia
Mesa 1: Diversidade Sexual na Perspectiva dos Direitos Humanos

Florianópolis, maio de 2011


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CONTRIBUIÇÕES SOBRE LESBOFOBIA, TRANSFOBIA E HOMOFOBIA PARA O


PLANO MUNICIPAL DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES NO MUNICÍPIO DE
FLORIANÓPOLIS/SANTA CATARINA

(versão prelimirar, favor não citar, sem a permissão do autor)

O Plano Municipal de Políticas para as Mulheres (PMPM) do município de


Florianópolis começou a ser pensando em 2009, quando se implantou a Coordenadoria
Municipal de Políticas para as Mulheres (CMPPMulher) e se lançou o “Plano Municipal
pelo Enfrentamento à Violência contra a Mulher”. O principal evento em que gestoras dos
órgãos do governo municipal (especialmente a CMPPMulher) e sociedade civil se
reuniram para discutir a proposta de plano foi o “Seminário Municipal de Políticas para as
Mulheres” realizado em março de 2010. No Plano Municipal existem dois eixos em que o
tema da “lesbofobia” aparece como central. O primeiro é o eixo “Educação inclusiva, não-
sexista, não-racista, não-homofóbica e não-lesbofóbica”. O segundo é o eixo
“Enfrentamento do racismo, sexismo e lesbofobia”. Como aponta Maicon de Medeiros
(2010), assistente social que escreveu um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre
a história do Plano Municipal sob a orientação da Profa. Tereza Kleba (NUSSERGE/
UFSC), a proposta final para os dois eixos elaborada no Seminário em março “constituiu-
se particularmente de adaptação do texto [do Plano Nacional de Políticas para as
Mulheres] e reorganização das ações e prioridades (equivalentes às nacionais)”. Desta
forma, como aponta o autor, o Plano Municipal não trouxe nenhum elemento original para
o “combate à lesbofobia” em Florianópolis. Já gestoras da política de gênero do município
me apontaram que foi nestes dois eixos que houve menor “participação” dos segmentos
“beneficiados”, ou seja, foi inexpressiva a participação de mulheres lésbicas, bissexuais e
transexuais, bem como de gays e travestis, na construção destes eixos para o plano
municipal. O Fórum de hoje é um lugar privilegiado para pensarmos o “combate à
lesbofobia” no âmbito das políticas públicas para as mulheres, em diálogo com uma
cultura de direitos humanos e gostaria de ressaltar publicamente a importância desse
fórum que demonstra o compromisso da Coordenadoria da Mulher da Prefeitura de
Florianópolis com a ampliação dos direitos sexuais no município. Com base nisso
apresentarei os dois eixos presentes na proposta de plano municipal a serem votados e
aprovados no final de junho desse ano, na III Conferência Municipal da Mulher e também,
à luz dos Estudos de Gênero e Estudos Gays e Lésbicos, levantarei algumas ações que
podem densificar o nosso plano e quem sabe, com o debate e o diálogo coletivo,
posicionar Florianópolis na vanguarda do combate à lesbofobia no Brasil.
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Conforme apontou Maicon de Medeiros (2010) em seu TCC, o processo de


construção do Plano Municipal rompe com uma lógica presente no município de pouca
participação de mulheres, classificada pelo autor como uma “inatividade política”, que
perdurou até os anos 1990. Nesse sentido o Plano Municipal deve ser entendido como
um “avanço” nas políticas para as mulheres no município. Entretanto as agências
municipais e a sociedade civil puderam avançar de forma original em determinadas áreas,
como “Autonomia econômica e igualdade no mundo do trabalho”, “Direito à Terra, moradia
digna e infra-estrutura” e “Enfrentamento das desigualdades geracionais” (MEDEIROS,
2010). Outras áreas como o “combate à lesbofobia”, em diálogo com a “educação” e a
“saúde”, por exemplo, replicaram as propostas do Plano Nacional de Políticas para as
Mulheres (PNPM) sob a responsabilidade gerencial da Secretaria de Políticas para as
Mulheres (SPM) da presidência da república do governo federal. Este uso do Plano
Nacional como modelo pode apontar para duas interpretações diferentes. Por um lado
pode mostrar uma completa sintonia do plano nacional com os contextos locais, uma vez
que foi produzido com “participação” da sociedade civil brasileira em Conferência
Nacional. Por outro lado também pode mostrar debilidades da sociedade civil local em
densificar e contextualizar, para o município, as propostas nacionais. Tomando como
pressuposto que os eixos que tratam do “combate à lesbofobia” foram uma replicação das
propostas nacionais e que não receberam contribuições das comunidades de mulheres,
dentre elas as mulheres lésbicas, bissexuais e transexuais, venho por meio desta
apresentação propor algumas ações que poderiam densificar estes eixos.
O “combate à lesbofobia” na proposta atual de Plano Municipal que será votada no
mês que vem está em diálogo com duas perspectivas. Uma de estímulo às políticas
públicas da educação através da formação de comitê na Secretaria de Educação, do
estabelecimento de parcerias, da promoção da formação de professores e estudantes, da
realização de atividades sobre gênero e sexualidade nas escolas, etc. Uma outra de
combate à lesbofobia através da transversalização deste eixo de opressão com o racismo
e o sexismo com propostas de ações que envolvem a criação de centros de referência
LGBTTT, a capacitação de instituições públicas e privadas (como a capacitação da
Guarda Municipal a ser realizada esta semana), a divulgação dos dispositivos legais e
redes de atendimento já existentes, a criação de material educativo e a capacitação de
lideranças dos movimentos sociais. Estas ações são excelentes, mas acredito que
devemos e podemos refletir sobre o contexto local para atualizarmos estas e propormos
outras ações que estejam em diálogo com a pauta feminista e LGBTTT, tão frutífera,
produzida no município. E, ressalto novamente, esse fórum é um lugar privilegiado para
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isso. Para tal proponho, em relação com o “combate à lesbofobia”, uma prioridade e uma
ação na área de Direitos Humanos, uma prioridade e uma ação na área de Saúde, uma
prioridade e duas ações na área de Segurança Pública e uma prioridade e uma ação na
área de educação. Devem ser debatidas, segundo pertinência, a inclusão dessas
propostas nos eixos supramencionados e não a supressão das ações já aprovadas no
seminário em março de 2010.
A principal prioridade a ser incluída no Plano Municipal, no meu ponto de vista, é o
alargamento da perspectiva de “transversalidade de gênero” nas políticas públicas do
município, em diálogo com a área de Direitos Humanos. Como apontou Lourdes Bandeira
(2005), a transversalidade de gênero é resultado das conferências internacionais de
mulheres (Beijing e Pequim) em que as mulheres reivindicaram que as pautas feministas
e de gênero não fossem tratadas apenas por uma agência específica de governo (como é
o caso da CMPPMulheres em Florianópolis), mas que as diversas agências
governamentais fossem responsabilizadas pela produção da equidade de gênero. A essa
perspectiva incluiria a transversalidade de sexualidades, que responsabilizaria as
unidades do governo municipal no tratamento equitativo e na implantação de políticas
públicas de/para populações de mulheres lésbicas, transexuais e bissexuais em todas as
ações da Prefeitura de Florianópolis. Essa prioridade seria alcançada, portanto, através
da assinatura de um Pacto de Gestão, por parte do prefeito. Se responsabilizaria por esta
ação a CMPPMulheres e esta teria como parceria ideal o Conselho Municipal de Políticas
para as Mulheres. Como resultado veríamos o Pacto Assinado.
Área de Direitos Humanos:
Prioridade Ações Unidade Parcerias ideais Produtos
Responsável

1. Promover a 1.1 - Assinatura de Coordenadoria Conselho Pacto de gestão


transversalidade um Pacto de Municipal de Municipal da assinado
de gênero nas Gestão tendo Políticas para as Mulher responsabilizando
políticas públicas como objeto Mulheres as diversas
de Florianópolis/ central a autarquias do
Santa Catarina transversalidade governo municipal
de gênero nas
políticas públicas
municipais

Tem crescido estudos nacionais e internacionais que apontam a especificidade da


saúde de mulheres lésbicas (FACHINNI, 2006). Padrões de risco diferenciados tem sido
levantados especialmente por determinadas características dessas populações como a
nuliparidade (nunca engravidou), o maior consumo de álcool, o sobrepeso e a baixa
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frequencia à exames preventivos (id.). Essas características apontam para algumas


recorrências como o “câncer de colo de útero e mama”, “doenças sexualmente
transmissíveis”, “saúde mental e violência” e “abuso de álcool e drogas”. Desta forma
torna-se fundamental que as políticas de saúde das mulheres levem em conta o recorte
da sexualidade, promovendo a saúde das mulheres lésbicas, transexuais e bissexuais.
Buscando ações em saúde é importante antes conhecermos essa realidade e para tal
proponho a composição de uma Comissão Permanente no Conselho Municipal de Saúde
sobre “Saúde da Mulher Lésbica”. A “promoção da saúde das mulheres lésbicas” seria
alcançada através do trabalho interdisciplinar exercido no interior dessa comissão e, como
resultado, teríamos Resolução da Plenária do Conselho de Saúde que regulamenta a
“Comissão Permanente de Saúde da Mulher Lésbica” conforme o Regulamento do
Conselho Municipal de Saúde.
Área de Saúde:
Prioridade Ações Unidade Parcerias ideais Produtos
Responsável

2. Promover a 2.1 - Sugerir a Conselho Conselho Resolução


saúde das composição de Municipal de Municipal da aprovada pela
mulheres uma Comissão Saúde Mulher Plenária do
lésbicas Permanente no Conselho Conselho
Conselho Municipal de Municipal de
Municipal de Assistência Saúde
Saúde sobre Social
“Saúde da
Mulher Lésbica”

A Lei n° 11.340/06, conhecida como “Lei Maria da Penha” foi a primeira que
reconheceu explicitamente a conjugalidade homossexual no Brasil. Como lei que aborda
a violência conjugal, aponta em seu artigo 5o que “configura violência doméstica e familiar
contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte,
lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial” ressaltando,
em parágrafo único, que “as relações pessoais enunciadas neste artigo independem de
orientação sexual”. A Lei Maria da Penha, apesar de não ser diretamente uma resposta à
lesbofobia reconhece outros modelos de família diferentes do heterossexual e logo
posiciona as populações lésbicas no lugar de sujeitas de direito. Nesse sentido, buscando
densificar as respostas à lesbofobia no município, propomos duas ações em relação com
o combate às violências lesbofóbicas e transfóbicas que dizem respeito à elaboração de
um instrumento municipal de registro dessas violências e a elaboração de um diagnóstico
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sobre esse tipo de violência específica no município. Para estas ações sugere-se o
Centro de Referência e Atendimento à Mulher em Situação de Violência da Prefeitura de
Florianópolis como unidade responsável indicando a CMPPMulheres como parceriais
ideais. Os produtos esperados dessas ações são o instrumento elaborado e o diagnóstico
elaborado e publicado.
Área de Segurança Pública:
Prioridade Ações Unidade Parcerias ideais Produtos
Responsável

3. Ampliar o 3.1 - Elaborar Centro de Coordenadoria Instrumento


acesso e instrumento de Referência e Municipal de elaborado
qualificar a registro dos Antendimento à Políticas para as
atenção às casos de Mulher em Mulheres
mulheres violência de Situação de
lésbicas e gênero contra Violência
transexuais mulheres
vítimas de lésbicas e
violência de transexuais
gênero

3.2 - Elaborar Centro de Coordenadoria Diagnóstico


diagnóstico Referência e Municipal de elaborado e
sobre a violência Antendimento à Políticas para as publicado.
contra mulheres Mulher em Mulheres
lésbicas e Situação de
transexuais no Violência
município

No campo da educação propõem-se uma nova prioridade que está em diálogo com
as ações que vêm sendo implementadas no município. A prioridade “estimular e ampliar o
acesso e permanência de travestis e transexuais na escola” está em consonância com
uma política nacional intitulada “Nome Social”. Em Santa Catarina, através de parecer do
Conselho Estadual de Educação e de parecer do Conselho Universitário da UFSC, tanto
na universidade federal como na rede pública de educação básica travestis e transexuais
podem fazer uso de seus nomes sociais, se assim o desejarem, em seus documentos
escolares (principalmente a chamada). Visando “realizar diagnóstico sobre a
implementação da política do ʻNome Socialʼ na rede de ensino municipal” proponho que a
CMPPMulheres, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e com o Conselho
Municipal de Políticas para as Mulheres centralizem o monitoramento e avaliação dessa
política e publiquem, anualmente, um relatório de progresso.
Área de Educação:
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Prioridade Ações Unidade Parcerias ideais Produtos


Responsável

4. Estimular e 4.1 - Realizar Coordenadoria Secretaria Diagnóstico


ampliar o acesso diagnóstico Municipal de Municipal de realizado.
e permanência sobre a Políticas para as Educação
de travestis e implementação Mulheres Conselho
transexuais na da política do Municipal de
escola “Nome Social” na Políticas para as
rede de ensino Mulheres
municipal

Fazendo referência ao trabalho de Tereza de Lauretis, Maria Fernanda Vasconcelos


de Almeida (2004) afirma que “as lésbicas são estrangeiras nativas da nação brasileira”
uma vez que essas sujeitas estão “fora do centro”. Como populações marginais, mulheres
lésbicas, transexuais e bissexuais acabam por serem excluídas dos serviços públicos e
suas especificidades olvidadas em categorias e planos englobantes de políticas públicas.
As ações aqui apresentadas buscam responder ao processo de democratização do
governo florianopolitano no que tange a equidade de gênero mas também e ao mesmo
tempo combater à lesbofobia e promover a cidadania lésbica em nosso município. Muito
ainda tem que ser discutido uma vez que os eixos que tratam de lesbofobia receberam
poucas contribuições da sociedade civil. Este é apenas o início do diálogo e espero, neste
17 de maio, contribuir, mesmo que minimamente, tanto com a melhoria da qualidade de
vida das mulheres como combater preconceitos e discriminações que tem produzido
violência de gênero e lesbofobia.

Referências

ALMEIDA, Maria Fernanda Vasconcelos de. A DESCONSTRUÇÃO DO FEMININO NO


DISCURSO LÉSBICO. Labrys: estudos feministas, études féministes, Brasília/quebec/
paris, n. 6, p.1-7, ago./dez. 2004. Disponível em: <http://vsites.unb.br/ih/his/gefem/labrys6/
lesb/fernanda.htm>. Acesso em: 11 maio 2011.
BANDEIRA, Lourdes. Fortalecimento da Secretaria Especial de Políticas para as
Mulheres: avançar na transversalidade da perspectiva de Gênero nas Políticas Públicas.
Brasília: Cepal/spm, 2005. 47 p. Disponível em: <http://200.130.7.5/spmu/docs/
integra_publ_lourdes_bandeira.pdf>. Acesso em: 11 maio 2011.
FACHINNI, Regina. Saúde das Mulheres Lésbicas: PROMOÇÃO DA EQÜIDADE E DA
INTEGRALIDADE. Brasília: Rede Feminista de Saúde, 2006. 43 p. Disponível em: <http://
www.cfess.org.br/arquivos/dossie_da_saude_da_mulher_lesbica.pdf>. Acesso em: 11
maio 2011.
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MEDEIROS, Maicon de. A construção do Plano Municipal de Políticas para as


Mulheres no município de Florianópolis (SC). 2010. 158 f. Trabalho de Conclusão de
Curso (Graduado) - Curso de Serviço Social, Departamento de Serviço Social,
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2010. Cap. 2010.

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