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Universidade Federal de Minas Gerais

Disciplina: Estado Moderno e Capitalismo


Professor : Carlos Roberto Horta

Dayane Cristina Alves Araujo

Resumo

TEXTO

A BANALIZAÇÃO DA INJUSTIÇA SOCIAL -Christophe Dejours


Hoje o grande palco do sofrimento nas sociedades neoliberais é
certamente o do trabalho. Nas empresas, cada vez mais adotam-se métodos
de gestão que questionam as conquistas sociais, lançam mão da ameaça e
apóiam-se na precarização do emprego para obter dos trabalhadores
produtividade, disponibilidade e abnegação sempre maiores. Com base nos
conceitos de banalidade do mal e de distorção comunicacional, o autor
descreve um processo que funciona como uma armadilha: a aceitação do
sofrimento e das pressões no trabalho mediante a adoção de estratégias
coletivas de defesa. Para manterem seu emprego, para não enlouquecerem, os
trabalhadores acabam cometendo atos que reprovam e reforçando a
perversidade de um sistema que põe em risco sua integridade mental e física.
A adoção dessas estratégias permite-lhes continuar a participar do sistema,
mas, paradoxalmente, acabam por precarizar não somente o emprego, mas
toda a condição social e existencial - desdramatizando o mal, atenuando as
reações de indignação e a mobilização coletiva para a ação em prol da
solidariedade e da justiça.
A partir dos anos 70, a crítica ao modelo social denominado de welfare
state, adotado principalmente pelos governos europeus, fez renascer a ideia
liberal de Estado mínimo e liberdade econômica, rebatizada de neoliberalismo,
que atingiu durante as duas décadas seguintes proporções que podem ser
consideradas globais, ou seja, teve sucesso absoluto. Mostrar a forma como
essa mudança foi assimilada e aceita pelas pessoas que mais sentiram seus
efeitos – trabalhadores, cidadãos, eleitores – e como elas consentiram o
sucesso de um sistema que não trouxe benefícios em termos sociais e salariais
é o principal objetivo da obra A banalização da injustiça social, de Christophe
Dejours.
O autor inicia sua análise defendendo a importância da vontade humana
como princípio que dinamiza a mudança, ou seja, é necessário que se deseje
algo, caso contrário qualquer tentativa de implantação de um plano econômico
é impossível. Essa afirmação descarta, portanto, a teoria econômica de que o
neoliberalismo e a globalização são efeitos naturais do sistema econômico
atual. O texto levanta as causas que levaram e levam o trabalhador a se
sujeitar às imposições capitalistas.
Dejours tece críticas à perspectiva de que os indivíduos somente
sobreviverão no mercado se superarem a si próprios, tornando-se cada vez
mais competitivos e eficientes que os colegas, pares, ou concorrentes,
primando pelo individualismo. Aponta que essa contradição presente nos
cenários do trabalho precisa ser enfrentada, pois, do contrário, estar-se-á
passando por cima de alguns dos princípios que, muitas vezes, se considera
importantes, mas que se passa a relegar, devido à necessidade de manter os
empregos e, por conseqüência, a sobrevivência. E deixa claro que a crise que
se apresenta aos trabalhadores tem sua gênese na natureza do sistema
econômico, no mercado ou na globalização, contudo, explica que as condutas
humanas diante dessas situações têm contribuído e muito para o agravamento
de problemas laborais,principalmente no que se refere ao sofrimento no
cotidiano do trabalho. Questiona o por quê se permite que o sistema faça o
indivíduo sofrer.
As reflexões propostas estão pautadas em questões profundas, situadas
no âmbito da subjetividade dos indivíduos, ou seja, os trabalhadores, com o
passar do tempo, vão perdendo a esperança, e acabam chegando à conclusão
de que os esforços, a dedicação, a boa vontade, o bom relacionamento com os
colegas, e produzir o máximo para as empresas/instituições não têm
contribuído para que se estabeleça um equilíbrio na relação de prazer-
sofrimento.
Assim sendo, adota-se, cada vez mais, o distanciamento das questões
relacionadas à criação dos conflitos do dia-a-dia laboral. Tal perspectiva afirma
o autor, refletirá diretamente não só no desempenho das tarefas no trabalho,
mas, também, nos relacionamentos interpessoais que tendem à deteriorização
no âmbito do trabalho, da família e em outras instâncias do convívio de cada
um.
As conseqüências advindas do sofrimento patogênico desencadeado
pelo trabalho repercutem tanto na saúde física quanto na saúde psíquica do
trabalhador. Entretanto, o que ocorre é a busca de estratégias de defesa para
suportar o sofrimento e não se deixar abater.
O texto enfatiza como o indivíduo se protege, para poder “agüentar” o
sofrimento sem perder a razão. As estratégias utilizadas podem ser coletivas e
individuais, e contribuem para tornar aceitável o que muitas vezes não deveria
sê-lo. Porém, chama atenção para o processo de cristalização que se
transforma em uma cilada, insensibilizando para a percepção daquilo que faz
sofrer. Para o autor, trabalhar não é apenas ter uma tarefa para cumprir,
significa também viver a experiência, enfrentar a resistência do real, construir
sentido do trabalho, para a situação e para o próprio sentimento de prazer ou
sofrimento. Fica evidenciado que os trabalhadores, os gerentes e até a alta
cúpula das empresas, ou seja, todos tendem a se defender da mesma maneira,
negando o sofrimento alheio e calando o seu.
Há um debate acerca das questões que acontecem no dia-a-dia do
trabalho, nas diversas áreas, pode ser transposto para o processo de trabalho
da equipe de enfermagem, pois as atividades desempenhadas podem ser em
parte uma construção dos próprios trabalhadores, cabendo-lhes a
responsabilidade de pensá-las e ressignificá- lás de modo que os conflitos, a
insatisfação, o desprazer sejam equacionados e negociados revertendo em
danos, os menores possíveis.
Por fim, o texto propicia que se faça uma reflexão sobre importantes
implicações do trabalho no âmbito das instituições, dos grupos laborais e
particular para cada um, enquanto sujeito-trabalhador.
Dessa forma o autor, propõe que os perversos e paranóicos cumprem
efetivamente importante papel na construção da doutrina e na ação: são menos
“colaboradores” do que lideres da injustiça infligida a outrem. Pois são eles que
concebem o sistema e carecemos de uma analise e de uma interpretação da
banalidade do mal não somente no sistema totalitário nazista, mas também no
sistema contemporâneo da sociedade neoliberal, em cujo centro esta a
empresa.
O mal, no âmbito desse estudo é a tolerância a mentira, sua não
denuncia e alem disso a cooperação em sua produção e difusão. O mal é
também a tolerância, a não denuncia e a participação em se tratando da
injustiça e do sofrimento infligido a outrem. Este diz respeito igualmente a todas
as injustiças deliberadamente cometidas e publicada mente manifestadas,
concernentes a designações discriminatórias e manipulador as para as funções
mais penosas ou mais arriscadas.
Porquanto a banalidade do mal diz respeito à maioria dos que se tornam
zelosos colaboradores de um sistema que funciona mediante a organização
regulada, acordada e deliberada da mentira e da injustiça. É ainda a
manipulação da ameaça, da chantagem, e de insinuações contra os
trabalhadores, no intuito de desestabilizá-los psicologicamente, de levá-los a
cometer erros para depois usar a s conseqüências desses atos como pretexto
para a demissão por incompetência profissional, como sucede aos gerentes.
Faz parte dos planos sociais, isto é, nas demissões cumuladas de falsas
promessas de assistência ou d ajuda para tornar a obter emprego, ou então,
ligadas a justificações caluniosas para a inadaptabilidade, a lerdeza, a falta de
iniciativa, etc.
A participação das pessoas de bem no mal como sistema de gestão,
frente aos princípios organizacionais referentes aos atos contrários ao direito e
à moral são cometidos com a colaboração de pessoas tidas como
responsáveis pelo direito comum, vistas como cúmplices, embora quando se
apresente vista pelas normas dos atos civis, revelam-se “colaboradores”.
É inegável ser desprezível para a colaboração (ou a injustiça), tanto no
caso dos operários que aceitam usar os meios que estejam a seu alcance para
comprometer o colega, argumentando-lhe a chance de ser incluído na próxima
lista de demissões, quanto no caso dos gerentes que aceitam fazer o mesmo
em relação a seus iguais e seus subordinados. A maioria dos que se tornam
“colaboradores” também possui, como o observador de fora, um senso moral.
Os “colaboradores” e os “lideres” das ações injustas (ou da injusta para com o
outrem) seriam essencialmente perversos e paranóicos: os perversos são os
que precisamente, do ponto de vista psicopatológico apresentam uma
particularidade de funcionamento das instâncias morais (super ego, ideal do
ego, conflito entre ego e super ego). Em virtude da qual um arranjo permite ao
sujeito funcionar, se necessário, segundo um ou outro de dois registros
antagônicos – um que é moral e outro que ignora a moral, sem comunicação
entre os dois modos de funcionamento(tópico da clivagem do ego). Os
paranóicos, ao contrario são dotados de uma rigidez moral, máxima em
comparação com todas as demais estruturas de personalidade descrita em
psicologia.
“Trabalho sujo” surge com uma expressão para os que exercem cargos de
direção, os lideres do trabalho do mal – representantes da virilidade.
A subversão da razão ética só pode sustentar-se publicamente e lograr à
adesão de terceiros quando toma como pretexto o trabalho, sua eficácia e sua
qualidade, que esta virilidade é construída socialmente, figurando-se como
essencialmente masculina.
No sistema da virilidade, aqueles que não se abastecem destas praticas
iníquas revelam-se fracos ou covardes.
Dessa concepção forjada pelos homens nem sempre é partilhada pelas
mulheres, mas pode vir a sê- lo. Já que se trata, de uma análise proposta de
uma dimensão rigorosamente ética das condutas manipulada por forças
propriamente psicológicas e sexuais. A abolição do senso moral passa pela
ativação da escolha em função da racionalidade prática, em detrimento das
escolhas em função, da racionalidade, moral prática,. A racionalidade
estratégica não constitui uma referência de primeiro plano na gênese das
condutas de virilidade, é como a racionalidade ética pode perder seu posto de
comando, a ponto de ser não abolida, mas invertida. O sendo moral é
realmente conservado, mas funciona a base de uma subversão dos valores a
qual tem a ver propriamente coma ética.
A leitura nos leva a analisar a virilidade socialmente construída como
uma das formas principais do mal em nossas sociedades e fundamentalmente
associado ao masculino. Considerada como um atributo sexual, isto é, tido
como uma evidência em nossas sociedades. A virilidade é o atributo que
confere à identidade sexual masculina a capacidade de expressão do poder
(associado ao exercício da força, da gravidade, da violência e da dominação
sobre outros).
O resultado social político dessa conotação, associado a capacidade de
usar a força e a violência e através desse juízo de atribuição, a atitude de fuga
é vista como covardia.

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