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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 351.779 - SP (2001/0112777-9)

RELATORA : MINISTRA ELIANA CALMON


R.P/ACÓRDÃO : MINISTRO FRANCIULLI NETTO
RECORRENTE : ICUSHIRO SHIMADA E OUTROS
ADVOGADO : KALIL ROCHA ABDALLA E OUTROS
RECORRENTE : FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO
PROCURADOR : JOSÉ FABIANO DE ALMEIDA ALVES FILHO E
OUTROS
RECORRIDO : OS MESMOS
INTERES. : EDÉLCIO LEMOS
ADVOGADO : EVELCOR FORTES SALZANO E OUTROS

EMENTA

RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL


DO ESTADO. DANO MORAL. ATO PRATICADO POR
DELEGADO DE POLÍCIA. DIVULGAÇÃO TEMERÁRIA DA
PRÁTICA DE ABUSO SEXUAL CONTRA ALUNOS DA ESCOLA
DE BASE. NOTÍCIA POSTERIORMENTE DESMENTIDA.
AUMENTO DO VALOR FIXADO PELA CORTE DE ORIGEM.
POSSIBILIDADE DE REVISÃO POR ESTE SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA.

Restaram regularmente analisadas as matérias


discutidas no recurso especial, razão pela qual não há violação ao
artigo 535 do Código de Processo Civil.

Não se aplica, na hipótese, a Lei de Imprensa, visto


que, "o que levou os litigantes ao absurdo de serem repudiados e
quase linchados pela população, perdendo não só a honra, mas o
estabelecimento de ensino e o sossego de viver honesta e
tranqüilamente, não foi a veiculação jornalística provocada pela
imprensa, e sim a irresponsável conduta do agente estatal" (voto
proferido pela Ministra Eliana Calmon).
Documento: 369941 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 09/02/2004 Página 1 de 34
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"Comprovada a responsabilidade subjetiva do agente


público, impõe-se-lhe o dever de ressarcir o erário do valor preciso
e certo do desfalque provocado, sem que se possa para tal
limitá-lo às condições econômicas do obrigado" (voto proferido
pela Ministra Eliana Calmon).

"Na oportunidade em que se fizer a liqüidação por


artigos, novos honorários serão devidos e, assim, à vista de um
quantitativo certo e determinado, será de todo pertinente a fixação
dos honorários, nos termos do dispositivo aqui invocado pelos
autores (art. 20, § 3º)" (voto proferido pela Ministra Eliana Calmon).

Já decidiu este Superior Tribunal de Justiça que "o valor


da indenização por dano moral sujeita-se ao controle do Superior
Tribunal de Justiça, sendo certo que, na fixação da indenização a
esse título, recomendável que o arbitramento seja feito com
moderação, observando as circunstâncias do caso, aplicáveis a
respeito os critérios da Lei n. 5.250/67" (REsp n. 295.175/RJ, rel.
Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJU de 2.4.2001). Veja-se,
também o REsp n. 439.465/MS, rel. Min. Paulo Medina, julgado em
15.10.2002.

A quantia proposta pelo douto colegiado a quo não é


idônea a trazer qualquer alegria aos autores capaz de fazê-los
superar o evento lastimável, que não apenas abalou, mas destruiu
sua reputação e seu equilíbrio emocional.

Não há, desde que guardada a proporcionalidade e


razoabilidade da indenização, possibilidade de enriquecimento
ilícito da vítima em detrimento do autor do dano, quer pela própria
dificuldade de mensuração do prejuízo quer pela evidente
necessidade de impedir que a indenização arbitrada seja tão leve
Documento: 369941 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 09/02/2004 Página 2 de 34
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que incentive o réu a continuar causando danos morais contra
outras vítimas, ou que a sociedade comece a ver com naturalidade
tais comportamentos e passe a agir da mesma forma.

O fato de, eventualmente, o servidor causador do dano


não ter condições de arcar com o valor integral da indenização
pouco importa para a solução da presente controvérsia, visto que,
em casos nos quais se faz presente a responsabilidade civil do
Estado, a indenização deverá ser calculada com base na sua
capacidade e não na do agente público causador do dano.

Recurso especial do Estado de São Paulo provido, em


parte, para condenar o litisdenunciado a ressarcir os cofres
públicos por inteiro.

Recurso especial dos autores provido para aumentar a


indenização a título de danos morais para R$ 250.000,00
(duzentos e cinqüenta mil reais), para cada um dos recorrentes.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as


acima indicadas, acordam os Ministros da SEGUNDA TURMA do Superior
Tribunal de Justiça, prosseguindo no julgamento, após o voto-vista do Sr.
Ministro Franciulli Netto, por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso
do Estado de São Paulo e, por maioria, dar provimento ao recurso dos
autores, vencidos a Sra. Ministra-Relatora e o Sr. Ministro Francisco
Peçanha Martins. Lavrará o acórdão o Sr. Ministro Franciulli Netto. Votaram
com o Sr. Ministro Franciulli Netto os Srs. Ministros Laurita Vaz e Paulo
Medina.

Brasília (DF), 19 de novembro de 2002(Data do Julgamento).


Documento: 369941 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 09/02/2004 Página 3 de 34
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MINISTRO FRANCIULLI NETTO


Relator para acórdão

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RECURSO ESPECIAL Nº 351.779 - SP (2001/0112777-9)

RELATORA : MINISTRA ELIANA CALMON


RECORRENTE : ICUSHIRO SHIMADA E OUTROS
ADVOGADO : KALIL ROCHA ABDALLA E OUTROS
RECORRENTE : FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO
PROCURADOR : JOSÉ FABIANO DE ALMEIDA ALVES FILHO E OUTROS
RECORRIDO : OS MESMOS
INTERES. : EDÉLCIO LEMOS
ADVOGADO : EVELCOR FORTES SALZANO E OUTROS

RELATÓRIO

EXMA. SRA. MINISTRA ELIANA CALMON: O Tribunal de Justiça do


Estado de São Paulo, julgando ação de indenização por danos morais e materiais ajuizada contra
a FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO por ICUSHIRO SHIMADA, MARIA
APARECIDA SHIMADA e MAURÍCIO MONTEIRO DE ALVARENGA, proprietários
da Escola de Educação Infantil Base, decidiu da seguinte forma:
a) negou provimento ao agravo retido e ao apelo da ré;
b) deu parcial provimento ao recurso dos autores, elevando a indenização
individual por dano moral para R$ 100.000,00 (cem mil reais), corrigidos monetariamente e com
juros de 6% a.a., ambos a partir da citação;
c) deu parcial provimento ao recurso do denunciado EDÉLCIO LEMOS, para
julgar a lide secundária parcialmente procedente, limitando nela a indenização por dano moral e
material a R$ 10.000,00 (dez mil reais), com juros e correção monetária na forma do item
anterior, com a condenação do denunciado em 50% das custas e despesas processuais da
denunciação, atualizadas na forma da lei, compensando-se os honorários advocatícios de
sucumbência;
d) deu provimento parcial à remessa oficial, fixando verba honorária de
sucumbência para a fase de conhecimento e relegando para a execução novo arbitramento de
honorários;
e) declarou a indenização como de natureza alimentar, para todos os fins e efeitos
do direito, na forma do art. 100 da Constituição Federal.
Do acórdão acima resumido, interpuseram os autores e a ré embargos de
declaração, sendo ambos rejeitados por aquela Corte Estadual.
Inconformados, ICUSHIRO SHIMADA, MARIA APARECIDA
SHIMADA e MAURÍCIO MONTEIRO DE ALVARENGA interpuseram o presente
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especial, com fulcro nas letras "a" e "c" do permissivo constitucional, alegando, em resumo:
a) violação ao art. 20, § 3º, do CPC, na medida em que a verba honorária
arbitrada pelo acórdão recorrido em R$ 10.000,00 (dez mil reais) encontra-se aquém do limite
mínimo estabelecido no dispositivo citado;
b) dissídio jurisprudencial quanto ao valor arbitrado a título de dano moral, que no
seu entender foi simbólico, não pesando, desta forma, no bolso do ofensor para que não torne a
reincidir na ofensa. Trazem os autores como paradigma acórdão do Tribunal de Justiça do Estado
do Rio de Janeiro, onde o valor da indenização por dano moral foi equivalente a 24 vezes o ganho
do autor, o que inocorreu nos autos;
c) dissídio jurisprudencial em relação à fixação de honorários com fulcro no art.
20, § 4º, do CPC, apresentando acórdãos desta Corte como paradigmas;
d) inaplicabilidade, no caso, da Súmula 7/STJ, por não se tratar, na hipótese, de
reexame de provas, mas de questões de direito, exclusivamente;
e) necessidade da reforma do julgado, diante da grande repercussão, nacional e
internacional, do episódio relatado nos autos, que resultou em um verdadeiro linchamento moral
dos autores, que, por pouco, escaparam de um efetivo e real linchamento por parte de uma
população indignada e revoltada, em decorrência da publicidade sensacionalista de situação não
averiguada e levada a público, irresponsavelmente, por um Delegado de Polícia sequioso de
aparecer na mídia. Concluem afirmando que, embora a imprensa tenha se retratado, ficou sobre
os autores indelével mácula, por terem figurado em escândalo ligado a abuso sexual de menores.
A FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO, por sua vez, apresentou seu
especial, com fulcro na letra "a" do permissivo constitucional, sustentando, em síntese:
a) violação ao art. 535, II, do CPC, caso se entenda que os dispositivos apontados
no especial não foram prequestionados, porque, segundo afirma, referida legislação vem sendo
articulada desde a contestação;
b) ofensa aos arts. 49 e 50 da Lei 5.250/67 - Lei de Imprensa -, porque flagrante,
no caso em exame, que a responsabilidade civil está afeta à empresa exploradora do jornal que
veiculou as informações prestadas pelo Delegado de Polícia;
c) ofensa ao art. 70, III, do CPC, uma vez que tanto a sentença quanto o voto
recorrido mitigaram indevidamente a responsabilidade do litisdenunciado, Delegado de Polícia,
sem, entretanto, aplicar a mesma benesse à Fazenda Estadual;
d) ofensa ao art. 159 do CC, diante da ilegal majoração do valor relativo ao dano
moral pelo Tribunal recorrido.

Documento: 369941 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 09/02/2004 Página 6 de 34
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Após as contra-razões, subiram os autos, por força de agravo de instrumento.
É o relatório.

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RELATORA : MINISTRA ELIANA CALMON


RECORRENTE : ICUSHIRO SHIMADA E OUTROS
ADVOGADO : KALIL ROCHA ABDALLA E OUTROS
RECORRENTE : FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO
PROCURADOR : JOSÉ FABIANO DE ALMEIDA ALVES FILHO E OUTROS
RECORRIDO : OS MESMOS
INTERES. : EDÉLCIO LEMOS
ADVOGADO : EVELCOR FORTES SALZANO E OUTROS
VOTO VENCIDO

EXMA. SRA. MINISTRA ELIANA CALMON(RELATORA):

RECURSO DA FAZENDA

Inicio o exame dos autos pelo recurso da FAZENDA ESTADUAL, o que me


parece mais coerente, porque negado pelos recorrentes o fato gerador da indenização
questionada neste processo.
Em preliminar, rejeito a alegada violação ao art. 535 do CPC, porque restaram
prequestionados, ainda que implicitamente, os dispositivos legais indicados no especial.
No mérito, a alegação de ofensa aos arts. 49 e 50 da Lei 5.250/67 - Lei de
Imprensa, embora não mencionados expressamente no acórdão, foram devidamente
considerados para assim afastar o magistrado condutor do voto a incidência do diploma legal
invocado.
Como bem se posicionou o relator do acórdão, não pediram os litigantes
indenização por terem tido sua honra e imagem maculada pela imprensa.
O pleito indenizatório teve como causa de pedir a irregularidade na condução de
um inquérito policial, que levou a trágicas conseqüências. E isto porque o agente estatal, o
Delegado de Polícia que conduziu o processo, sem provas precisas e antes mesmo do final das
investigações, de forma irresponsável, divulgou para a imprensa resultados duvidosos do seu
trabalho, resultados estes que chegaram à imprensa de forma sensacionalista, como sendo de
conclusão final, quando em verdade estavam as investigações policiais ainda em curso, no final
das quais foram os autores inocentados das levianas acusações.
O que levou os litigantes ao absurdo de serem repudiados e quase linchados pela
população, perdendo não só a honra, mas o estabelecimento de ensino e o sossego de viver
honesta e tranqüilamente, não foi a veiculação jornalística provocada pela imprensa, e sim a
irresponsável conduta do agente estatal.
Documento: 369941 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 09/02/2004 Página 8 de 34
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Aliás, ficou bem demonstrado nos autos que a primeira divulgação dos fatos
deu-se pela Rede Globo de Televisão, quando foi ao ar uma entrevista gravada do Delegado de
Polícia, na qual foi por ele dito, com todas as letras, que houvera violência sexual contra os
estudantes da Escola Base.
A segurança transmitida pelo Delegado, ao narrar com suas próprias palavras o
que apurava, deu à imprensa o respaldo necessário à divulgação no dia 29 de março de 1994. Os
jornais do dia seguinte divulgaram amplamente os fatos, com base nas palavras do Delegado, que
afirmou estar provada a materialidade do crime de violência sexual, faltando apurar apenas a
autoria, muito embora tivesse dito que pediria a prisão preventiva dos autores, nos termos da
prova documental.
As revelações do Delegado, noticiadas pela imprensa na mesma proporção
sensacionalista da revelação estatal, provocaram, dois dias depois da primeira reportagem, a
destruição do prédio da escola pela população indignada.
A prova quanto à ação do Delegado foi criteriosamente examinada no voto
condutor do acórdão, concluindo o ilustre relator que o fato determinante para o que ocorreu em
relação à Escola Base foi a postura da autoridade policial.
O segundo ponto abordado no recurso da FAZENDA DO ESTADO DE SÃO
PAULO diz respeito à ofensa ao art. 70, III, do CPC, porque o julgado mitigou indevidamente a
responsabilidade do litisdenunciado, o Delegado de Polícia, condenando-o a suportar indenização
bem inferior à estimada para ser paga pelo Estado.
Para assim proceder, o acórdão considerou as condições econômicas do
Delegado, a fim de compatibilizar a indenização ao Estado, em regressão, a um valor passível de
pagamento sem inviabilizar a vida do ofensor. Daí a módica quantia de R$ 10.000,00 (dez mil
reais), sujeita a juros e correção monetária, enquanto ficou o Estado com indenização ainda não
quantificada para os danos materiais, sujeitos a apuração em liquidação por artigos e em valor de
R$ 100.000,00 (cem mil reais) para cada um dos autores, em número de três, com relação aos
danos morais.
Neste ponto, entendo que a benevolência do julgado não encontra respaldo na lei,
visto que cabe ao servidor público ressarcir o erário no valor integral do prejuízo causado,
ressarcimento este que se faz na forma da lei.
Comprovada a responsabilidade subjetiva do agente público, impõe-se-lhe o dever
de ressarcir o erário do valor preciso e certo do desfalque provocado, sem que se possa para tal
limitá-lo às condições econômicas do obrigado.

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A imposição do regresso, oriunda de norma constitucional (art. 27, § 6º, da
CF/88), na norma infraconstitucional, não encontra limites. Está previsto no art. 122 da Lei
8.112/90 a indenização de prejuízo causado ao erário, ao ser liquidada de forma prevista no art.
46 da mesma lei, quando faltar bens que assegurem a execução do débito pela via judicial. A
disposição deste último artigo afasta a preocupação do Tribunal quanto à insolvência do delegado.
Por fim, quanto à invocação do art. 159 do Código Civil, temos que a norma foi
trazida ao recurso como ofendida pelo julgado, pelo exagero na quantificação do dano moral,
elevado em mais de cem vezes pelo acórdão.
Com efeito, a sentença de primeiro grau fixou em 100 (cem) salários mínimos,
vigentes à época da liquidação, o valor dos danos morais para cada um dos autores (fl. 1.517).
Este valor, que hoje importaria em mais ou menos R$ 20.000,00 (vinte mil reais),
foi elevado no Tribunal para R$ 100.000,00 (cem mil reais).
Não cabe a esta Corte reexaminar prova para imiscuir-se nas razões fáticas que
motivaram as instâncias ordinárias a quantificarem o valor das indenizações estipuladas.
Entretanto, não está vedado ao STJ, em sede de recurso especial, fazer a avaliação da prova em
relação à indenização por dano moral, tendo, inclusive, a Seção de Direito Privado da Corte,
inaugurado postura de julgamento ímpar, dimensionando o valor da indenização, em razão da
ausência de critérios legais para a mensuração.
Não quero aqui proceder a tal exame, mas na avaliação das razões de decidir do
TJ/SP, não posso deixar de assinalar que o quantitativo fixado na sentença de primeiro grau foi
apenas simbólico, postura que não se coaduna com a jurisprudência mais atualizada da Corte, que
firmou o entendimento de que a indenização por dano moral não deve ser simbólica, mas efetiva,
com o cuidado de não ser fonte de enriquecimento indevido.
Diante da argumentação constante do voto condutor do julgado (fls. 1.546/1.549),
não se pode deixar de aceitar o quantitativo ali assinalado, o qual, em nenhum passo desmerece o
art. 159 do Código Civil.

RECURSO DOS AUTORES

O primeiro aspecto constante do recurso dos autores desta ação de indenização


diz respeito aos honorários de advogado, arbitrados em R$ 10.000,00 (dez mil reais), considerado
aquém do limite estabelecido no art. 20, § 3º, do CPC.
O dispositivo dito vulnerado estabelece a fixação de honorários com um mínimo
de dez por cento, tendo o magistrado de primeiro grau aplicado literalmente o dispositivo.
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O Tribunal, entretanto, pelo só fato de ainda não se ter a quantificação dos danos
materiais, porque postergados para a execução por artigos, fixou a verba de patrocínio em valor
certo - R$ 10.000,00 (dez mil reais) - de acordo com o estabelecido no art. 20, § 4º, do CPC.
Entendo que está correto o enfoque do colegiado.
Observe-se que estes honorários são apenas para o processo de conhecimento,
cuja instrução não foi das mais difíceis.
Na oportunidade em que se fizer a liquidação por artigos, novos honorários serão
devidos e, assim, à vista de um quantitativo certo e determinado, será de todo pertinente a fixação
dos honorários, nos termos do dispositivo aqui invocado pelos autores (art. 20, § 3º).
De referência ao valor arbitrado para os danos morais, já examinadas as razões
do acórdão quando da apreciação do recurso da FAZENDA, resta nesta oportunidade, diante do
paradigma trazido à colação, dizer que, em matéria de danos morais, o valor da recomposição
econômica não encontra parâmetro em hipótese alguma. Afinal, a dor de uma ofensa à honra e à
reputação não tem o mesmo impacto em pessoas diferentes. Ademais, também há de ser
considerada a questão do valor material do dano que, em somatório, pode levar a vítima a uma
situação de vantagem.
Não quero com isso dizer que ocorre na espécie esta situação de vantagem.
Quero dizer apenas que não se pode padronizar o quantitativo indenizatório por dano moral.
Do mesmo modo que não servem os paradigmas para desmerecer a estimativa
por danos morais neste processo, também não servem os paradigmas para comprovar a
divergência em relação aos honorários, fixados nos termos do art. 20, § 4º, do CPC, neste
processo de conhecimento, em razão da verba de patrocínio que será estimada na liquidação por
artigos, fato que não pode ser olvidado.
Por fim, não tenho dúvida em dizer que o sofrimento pelo qual passaram os
autores, agredidos, desrespeitados, aniquilados pela opinião pública, jamais será ressarcido
completamente, senão na recomposição do que perderam patrimonialmente.
Entretanto, a mesma repercussão nacional e internacional que os amesquinhou,
hoje se volta para o Estado que, por culpa de seu preposto, provocou indevidamente o incidente,
cuja reparação se faz judicialmente, não apenas com um valor simbólico, mas com uma quantia
razoavelmente estimada. Afinal, a quantia de R$ 100.000,00 (cem mil reais) pode não representar
muito para os cofres do Estado, mas sem dúvida "pesa" no bolso do ofensor, que deverá
indenizá-los regressivamente, e não pode ser considerado desprezível para os litigantes.
Com estas considerações, dou parcial provimento ao recurso do ESTADO DE

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SÃO PAULO, para condenar o litisdenunciado a ressarcir os cofres públicos por inteiro,
mantendo o acórdão nos demais aspectos, pelo improvimento do recurso dos autores.
É o voto.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEGUNDA TURMA

Número Registro: 2001/0112777-9 RESP 351779 / SP

Números Origem: 200100530807 32995 441225

PAUTA: 20/08/2002 JULGADO: 03/09/2002

Relatora
Exma. Sra. Ministra ELIANA CALMON
Presidenta da Sessão
Exma. Sra. Ministra ELIANA CALMON
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. MOACIR GUIMARÃES MORAES FILHO
Secretária
Bela. BÁRDIA TUPY VIEIRA FONSECA

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : ICUSHIRO SHIMADA E OUTROS
ADVOGADO : KALIL ROCHA ABDALLA E OUTROS
RECORRENTE : FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO
PROCURADOR : JOSÉ FABIANO DE ALMEIDA ALVES FILHO E OUTROS
RECORRIDO : OS MESMOS
INTERES. : EDÉLCIO LEMOS
ADVOGADO : EVELCOR FORTES SALZANO E OUTROS

ASSUNTO: Administrativo - Responsabilidade Civil do Estado - Indenização

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Após o voto da Sra. Ministra-Relatora, negando provimento ao recurso dos autores e
dando parcial provimento ao recurso da Fazenda de São Paulo, pediu vista dos autos o Sr.
Ministro Franciulli Netto."
Aguardam os Srs. Ministros Laurita Vaz, Paulo Medina e Francisco Peçanha Martins.

O referido é verdade. Dou fé.


Brasília, 03 de setembro de 2002

BÁRDIA TUPY VIEIRA FONSECA


Secretária

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RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO FRANCIULLI NETTO (Relator para


o acórdão):

Exsurge dos autos que Icushiro Shimada, Maria Aparecida


Shimada e Maurício Monteiro de Alvarenga propuseram contra a Fazenda do
Estado de São Paulo, "ação ordinária de indenização por danos materiais e
morais", diante dos danos sofridos em decorrência de ato praticado por
Delegado de Polícia daquele Estado, Sr. Edélcio Lemos, que destruiu a
reputação dos autores, ex-proprietários da Escola de Educação Infantil de
Base, e, bem assim, sua fonte de subsistência, em razão de falsas acusações
de prática de abuso sexual contra os alunos.

O MM. Juiz de primeiro grau determinou a denunciação da lide do


Sr. Delegado de Polícia, apontado pelos autores como causador do dano (fls.
1008/1009).

Encerrada a fase instrutória, reconheceu o MM. Juiz de primeiro


grau que "o confronto entre o que a autoridade policial narrava para a imprensa
e o constante do inquérito é suficiente para demonstrar que o Delegado de
Polícia agiu com manifesta imprudência, conhecedor que era da fragilidade da
acusação e das proporções que o caso tomava, assim como, por óbvio, do
tratamento sensacionalista que a imprensa daria ao material que lhe era
fornecido pela autoridade policial. Essa conduta se afasta do regular exercício
da função policial e, por conseqüência, impõe à ré a responsabilidade de
indenizar os autores pelos danos suportados, afastando os argumentos do
denunciado, de que agiu no regular exercício da função, e da ré, que sustenta a
inexistência de nexo causal entre a conduta do seu agente e a ocorrência dos
danos" (fl. 1327).

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Quanto aos danos materiais, entendeu Sua Excelência que sua
apuração dar-se-ia durante a necessária liqüidação por artigos. E, em relação
aos danos morais, concluiu que "não é possível a atribuição exclusiva da
responsabilidade para o Estado, representativa de toda a dor suportada pelos
autores, pois acusação formulada pelas mães de alunos que representaram a
autoridade policial e o exaustivo papel da imprensa, tiveram relevo que não
pode ser ignorado, tendo os autores decaído do direito de buscar reparação
perante os órgãos de informação que divulgaram a falsa e danosa notícia. Essa
realidade impõe a fixação da indenização por danos morais em valor bastante
inferior ao postulado na inicial" (fl. 1.328), razão pela qual, em analogia com o
disposto no antigo Código Brasileiro de Telecomunicações, fixou a indenização
em 100 salários mínimos.

Tanto os autores como a Fazenda do Estado de São Paulo e o


denunciado interpuseram recurso de apelação. O egrégio Tribunal de Justiça
do Estado de São Paulo houve por bem negar provimento ao agravo retido e à
apelação da ré; dar parcial provimento ao recurso dos autores, para elevar a
indenização por danos morais para R$ 100.000,00 (cem mil reais), corrigidos
monetariamente e com juros de 6% ao ano, a partir da citação; dar parcial
provimento à apelação do denunciado Edélcio Lemos e limitar a sua
responsabilidade pela indenização devida aos autores em R$ 10.000,00 (dez
mil reais) e, finalmente, dar provimento em parte à remessa necessária para
fixar a verba honorária referente à fase de conhecimento e relegar para a
execução novo arbitramento.

Ainda irresignadas, interpuseram ambas as partes recurso


especial.

Em suas razões, insurgem-se os autores contra o quantum


indenizatório e a fixação da verba honorária.

A Fazenda do Estado de São Paulo, por seu turno, alega violação


aos artigos 70, III, e 535, inciso II, do Código de Processo Civil, 49 e 50 da Lei n.
Documento: 369941 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 09/02/2004 Página 1 5 de 34
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5.250/67 e 159 do Código Civil.

Contra-razões (fls. 1669/1675, 1679 e 1683/1.699).

Iniciado o julgamento, a ilustre Ministra Eliana Calmon, relatora


sorteada, houve por bem dar parcial provimento ao recurso do Estado de São
Paulo, para condenar o litisdenunciado a ressarcir os cofres públicos por
inteiro, mantido o acórdão recorrido nos demais aspectos, e negar provimento
ao recurso dos autores, posicionamento ao qual aderiu o não menos ilustre
Ministro Francisco Peçanha Martins.

Este subscritor, contudo, divergiu desse entendimento e deu


parcial provimento ao recurso dos autores, no que foi acompanhado pelos
demais integrantes desta Segunda Turma, razão pela qual foi designado para
lavrar o acórdão.

É o relatório.

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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 351.779 - SP (2001/0112777-9)

EMENTA

RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO


ESTADO. DANO MORAL. ATO PRATICADO POR DELEGADO DE
POLÍCIA. DIVULGAÇÃO TEMERÁRIA DA PRÁTICA DE ABUSO
SEXUAL CONTRA ALUNOS DA ESCOLA DE BASE. NOTÍCIA
POSTERIORMENTE DESMENTIDA. AUMENTO DO VALOR FIXADO
PELA CORTE DE ORIGEM. POSSIBILIDADE DE REVISÃO POR
ESTE SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.

Restaram regularmente analisadas as matérias discutidas


no recurso especial, razão pela qual não há violação ao artigo 535 do
Código de Processo Civil.

Não se aplica, na hipótese, a Lei de Imprensa, visto que "o


que levou os litigantes ao absurdo de serem repudiados e quase
linchados pela população, perdendo não só a honra, mas o
estabelecimento de ensino e o sossego de viver honesta e
tranqüilamente, não foi a veiculação jornalística provocada pela
imprensa, e sim a irresponsável conduta do agente estatal" (voto
proferido pela Ministra Eliana Calmon).

"Comprovada a responsabilidade subjetiva do agente


público, impõe-se-lhe o dever de ressarcir o erário do valor preciso e
certo do desfalque provocado, sem que se possa para tal limitá-lo às
condições econômicas do obrigado" (voto proferido pela Ministra
Eliana Calmon).

"Na oportunidade em que se fizer a liqüidação por artigos,


novos honorários serão devidos e, assim, à vista de um quantitativo
certo e determinado, será de todo pertinente a fixação dos
honorários, nos termos do dispositivo aqui invocado pelos autores
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Superior Tribunal de Justiça
(art. 20, § 3º)" (voto proferido pela Ministra Eliana Calmon).

Já decidiu este Superior Tribunal de Justiça que "o valor da


indenização por dano moral sujeita-se ao controle do Superior
Tribunal de Justiça, sendo certo que, na fixação da indenização a
esse título, recomendável que o arbitramento seja feito com
moderação, observando as circunstâncias do caso, aplicáveis a
respeito os critérios da Lei n. 5.250/67" (REsp n. 295.175/RJ, rel. Min.
Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJU de 2.4.2001). Veja-se, também o
REsp n. 439.465/MS, rel. Min. Paulo Medina, julgado em 15.10.2002.

A quantia proposta pelo douto colegiado a quo não é idônea


a trazer qualquer alegria aos autores capaz de fazê-los superar o
evento lastimável, que não apenas abalou, mas destruiu sua
reputação e seu equilíbrio emocional.

Não há, desde que guardada a proporcionalidade e


razoabilidade da indenização, possibilidade de enriquecimento ilícito
da vítima em detrimento do autor do dano, quer pela própria
dificuldade de mensuração do prejuízo, quer pela evidente
necessidade de impedir que a indenização arbitrada seja tão leve que
incentive o réu a continuar causando danos morais contra outras
vítimas, ou que a sociedade comece a ver com naturalidade tais
comportamentos e passe a agir da mesma forma.

O fato de, eventualmente, o servidor causador do dano não


ter condições de arcar com o valor integral da indenização pouco
importa para a solução da presente controvérsia, visto que, em casos
nos quais se faz presente a responsabilidade civil do Estado, a
indenização deverá ser calculada com base na sua capacidade e não
na do agente público causador do dano.

Recurso Especial dos autores provido, em parte, para


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aumentar a indenização a título de danos morais para R$ 250.000,00
(duzentos e cinqüenta mil reais), para cada um dos recorrentes.

VOTO VENCEDOR

O EXMO. SR. MINISTRO FRANCIULLI NETTO (Relator para


o acórdão):

Irreparável o voto proferido pela ilustre Relatora quanto ao tema


da responsabilidade do Estado por ato do Delegado de Polícia e com relação à
do agente público que, obviamente, não pode se restringir a quantia inferior ao
valor integral da indenização e, finalmente, a respeito da fixação dos honorários
advocatícios.

Consoante bem registrou a ínclita Relatora originária, ao apreciar


o recurso da Fazenda do Estado de São Paulo, restaram regularmente
analisadas as matérias discutidas no recurso especial, razão pela qual não há
violação ao artigo 535 do Código de Processo Civil e, da mesma forma, não se
aplica, na hipótese, a Lei de Imprensa, visto que "o que levou os litigantes ao
absurdo de serem repudiados e quase linchados pela população, perdendo não
só a honra, mas o estabelecimento de ensino e o sossego de viver honesta e
tranqüilamente, não foi a veiculação jornalística provocada pela imprensa, e sim
a irresponsável conduta do agente estatal" .

Registrou ainda Sua Excelência a Ministra Eliana Calmon, que


"comprovada a responsabilidade subjetiva do agente público, impõe-se-lhe o
dever de ressarcir o erário do valor preciso e certo do desfalque provocado,
sem que se possa para tal limitá-lo às condições econômicas do obrigado".

No que tange ao recurso dos autores, igualmente, é mister


acompanhar o voto da nobre relatora quanto ao tema dos honorários
advocatícios, uma vez que, "na oportunidade em que se fizer a liqüidação por
artigos, novos honorários serão devidos e, assim, à vista de um quantitativo
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certo e determinado, será de todo pertinente a fixação dos honorários, nos
termos do dispositivo aqui invocado pelos autores (art. 20, § 3º)".

Este signatário, entretanto, ousa discordar do quantum


indenizatório fixado a título de danos morais, visto que, conquanto bem
fundamentado o acórdão atacado, a importância de R$ 100.000,00 (cem mil
reais) não é suficiente para provocar o efeito pretendido pelo douto colegiado a
quo.

É conveniente registrar que, consoante já se manifestou a ínclita


Relatora, "não cabe a esta Corte reexaminar prova para imiscuir-se nas razões
fáticas que motivaram as instâncias ordinárias a quantificarem o valor das
indenizações estipuladas. Entretanto, não está vedado ao STJ, em sede de
recurso especial, fazer a avaliação da prova em relação à indenização por dano
moral, tendo, inclusive, a Seção de Direito Privado da Corte, inaugurado
postura de julgamento ímpar, dimensionando o valor da indenização, em razão
da ausência de critérios legais para mensuração" .

Com efeito, já decidiu este Superior Tribunal de Justiça que "o


valor da indenização por dano moral sujeita-se ao controle do Superior Tribunal
de Justiça, sendo certo que, na fixação da indenização a esse título,
recomendável que o arbitramento seja feito com moderação, observando as
circunstâncias do caso, aplicáveis a respeito os critérios da Lei n. 5.250/67"
(REsp n. 295.175/RJ, rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJU de 2.4.2001).
Veja-se, também o REsp n. 439.465/MS, rel. Min. Paulo Medina, julgado em
15.10.2002.

In casu, o egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo


concluiu, com apoio na farta prova constante dos autos, que, de fato, sofreram
as vítimas dano moral em decorrência da conduta culposa do Delegado de
Polícia e para fundamentar a fixação do valor da indenização, teceu as
seguintes considerações:

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"Conforme anota WILSON MELO DA SILVA, em
obra destinada à responsabilidade civil automobilística, mas que
cuida também do dano moral, 'em se tratando, porém, dos danos
morais, o que se busca não é colocar o dinheiro ao lado da
angústia ou da dor, mas tão-somente propiciar ao lesado uma
situação positiva, de euforia e de prazer, capaz de amenizar, de
atenuar ou até mesmo, capaz de extinguir, nele, a negativa
sensação da dor.

O vezo metalista é que, na espécie, perturba.

Quando se fala em reparação do dano moral, não


ocorre aos adeptos da reparação do mesmo a imoralidade de se
'comprar' ou de se 'pagar' o pranto de alguém com moeda
sonante.

A reparação aqui consistiria, segundo Wachter, 'em


contrabalançar a sensação dolorosa inflingida ao lesado por uma
contrária sensação agradável'.

A dor, dúvida não há, encontraria lenitivo e


compensação na alegria.

O dinheiro entraria aí, não de maneira direta, mas


indiretamente, com o objetivo único de se propiciar ao lesado,
com a sua ajuda ou por meio dele, algo que pudesse amenizar a
angústia e os sofrimentos do moralmente ferido.

Como diria Minozzi, 'no si tratta di riffare al


danneggiato gli identici beni che há perduti, ma de far nascere in
lui una nuova sorgente di felicitá e di benessere, capace di
alleviare le conseguenze del dolore, del male, che há ricevuto'.

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Na reparação do dano moral, aditaria esse mesmo
Minozzi, o que se objetiva não é a tarifação do preço da dor.

Tal equivalência, impossível entre a dor e o


dinheiro, de muito se aplainaria e, mesmo, desapareceria se 'alla
parola dolore si sostituiscono le sensazioni piacevolli bastanti ad
estinguere quel dolore, ed alla parola danoro si sostituiscono le
sensazioni piacevoli che una data quantità di denaro è capace di
produrre'.

O pai que, impossibilitado, material e


economicamente, de promover a educação de qualquer de seus
três filhos menores, obtivesse do juiz, como reparação pelo
atropelamento e morte de um deles, que o atropelador se
encarregasse de dar aos irmãos remanescentes do morto
instrução adequada que lhes elevasse o estado social e a
possibilidade de melhor padrão de vida, teria, nisso, sem dúvida,
motivo de sobejo para a amenização de sua própria amargura
pela morte do filho atropelado.

A moça, artista e pobre, que, como compensação


pelo dano moral sofrido, lograsse obter, por decisão judicial, que
às expensas do autor do ilícito pudesse realizar seu velho sonho
de viagem de estudos a países estrangeiros, talvez já não
encontrasse mais nenhum motivo para tantas lágrimas amargas,
sem a menor sombra de dúvida.

Aliás, como reza, no Chile, um prolóquio popular,


evocado por Alessandri Rodríguez, 'las penas com pan son
menos'.

Pretender-se, pois, que a reparação pelos danos


morais fosse uma utopia pelo só fato de não se poder aferí-los e
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repará-los pelos parâmetros comuns traduziria, como se vê, uma
dificuldade grande, mas não uma impossibilidadade.

Como de resto, advertiu Josserand, devemos de


uma vez por todas renunciar à estulta pretensão de que uma
reparação ideal possa operar-se sempre, mesmo dentro do
campo dos bens exclusivamente materiais ou econômicos.

É evidente, escreveu ele, que uma absoluta


simetria entre o dano ocasionado e a indenização pecuniária
estaria destinada a se romper constantemente, como acontece,
por exemplo, nas obrigações de não fazer'.

A jurisprudência firmou entendimento de que a


indenização por dano moral não deve ser simbólica, mas efetiva.
Não só tenta no caso visivelmente compensar a dor psicológica,
como também deve representar para quem paga uma
reprovação, em face do desvalor da conduta.

Ainda a referida jurisprudência já proclamou que tal


indenização não pode ser fonte de enriquecimento e tampouco
inexpressiva.

Assim, a indenização por dano moral deve ser


elevada para R$ 100.000,00 (cem mil reais) para cada um dos
Autores, corrigidos monetariamente a partir da citação, com juros
legais (6% ao ano) fluindo desde a mesma data (citação)" (fls.
1547/1549).

Data venia, no pensar deste subscritor, a quantia proposta pelo


douto colegiado a quo não é idônea a trazer qualquer alegria aos autores capaz
de fazê-los superar o evento lastimável, que não apenas abalou, mas destruiu
sua reputação e seu equilíbrio emocional.
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Transcrevem os autores, na inicial, trecho de monografia


elaborada por aluno do curso de Direito da USP, que examinou exatamente o
caso discutido nos presentes autos e que descreve a sua situação oito meses
após as acusações, verbis :

"Nunca a imprensa pediu tantas desculpas como no


caso da Escola de Base. Porém, oito meses depois de serem
acusados de abuso sexual de crianças, as sete vítimas ainda não
se recompuseram.

Ayres continua trabalhando no quinto andar de um


prédio na Praça da Sé, e sobre sua mesa está o telefone e a
velha máquina IBM. Desde as primeiras horas, os clientes de 26
anos depositaram irrestrita confiança. Ayres, no entanto, perdeu o
sono e não dorme sem tranqüilizantes; ao andar na rua, está
sempre alerta. Irrita-se com facilidade e fuma mais do que o
habitual.

Cida viu desmoronar o projeto de toda a vida. Desde


cedo sonhara com a escolinha. Hoje, nem aulas pode dar. Quem
confiaria a ela uma sala cheia de alunos? Dinâmica e
empreendedora, vê-se obrigada a passar as horas em casa,
deprimida. Tornou-se adepta dos calmantes, também.

Maurício separou-se. Tenta vender uma lanchonete,


na Aclimação. Tem mania de perseguição e pânico de sair na
rua. Não vai nem mesmo ao escritório do advogado. Para falar
com ele, monta esquemas exagerados de segurança. Só sai de
casa com guarda-costas.

Separada do marido, Paula, junto com as duas filhas,


foi morar com a mãe. Está desempregada desde quando surgiu o
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caso da Escola de Base e impedida de trabalhar em sua
profissão. Vive de 'bicos' em bufês. O seu advogado, Laertes
Torrens, move processo contra Cléa e Lúcia. Nos últimos dias de
novembro, aguardava ansiosa a chamada do programa Porta da
Esperança, do Sílvio Santos, do qual esperava ganhar o dinheiro
necessário para ir à Bahia pagar a promessa feita ao Nosso
Senhor do Bonfim.

Saulo e Mara estão escrevendo um livro. Querem


contar em detalhes tudo o que viram, sentiram e souberam.
Fazem o que podem para pagar dívidas com advogados. Saulo
toca bateria em bares noturnos, Mara faz colares de bijuterias e
ambos vendem rifas. Rodrigo teve uma fase difícil quando o casal
ficou preso. Passou a comer com as mãos ao saber que na
prisão os pais não teriam talheres. Em novembro já havia
esquecido boa parte da história, mas fica nervoso e muda de
canal sempre que se fala de abuso sexual na televisão.

Richard tornou-se um obcecado por provar a


inocência, mas mantém o bom humor. Passa a maior parte do
tempo atrás de processos e advogados. Contratou até um
assessor de imprensa para conseguir nos jornais espaço para
sua defesa. Montou em casa um verdadeiro arsenal com mapas,
gráficos, documentos. No mês de outubro ele podia ser
encontrado em um seminário sobre crimes de imprensa. Uma
foto sua, algemado, fez com que perdesse contratos com a
empresa para a qual trabalhava. As crianças continuam a nadar
em sua piscina.

Cléa e Lúcia não querem nem tocar no assunto da


Escola de Base. Seus filhos fazem tratamento com a psicóloga
Walquíria Fonseca Duarte, da USP (...).

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Edélcio Lemos trabalha no setor de cartas precatórias,
no 78º DP, Jardins. Fica na Rua Estados Unidos, próximo da
Augusta. É um prédio novo, com três andares e elevador. Em
sua porta está uma placa com sua nova função: delegado titular.
Edélcio dá aulas na Academia de Polícia Civil. Responde a
sindicâncias que, segundo pessoas do meio, terminará em pizza"
(fl. 29/30).

Não há ninguém neste país que, contemporâneo aos fatos


discutidos na presente ação, não se lembre do verdadeiro linchamento moral e
abusos a que foram submetidos os autores, que tiveram sua escola depredada
e jamais poderão exercer atividade semelhante.

Nada obstante, extrai-se dos autos, além da narrativa levada a


efeito pelo estudante de Direito da USP, acima reproduzida, documentos que
comprovam o desalentado ânimo dos autores, que estão às voltas,
diuturnamente, com remédios, cigarros e o medo do convívio social.

Embora sua situação econômica hoje não seja das melhores,


justamente em decorrência do triste episódio, não se pode levar em
consideração o benefício que R$ 100.000,00 (cem mil reais) trariam para uma
família em dificuldades, visto que essas dificuldades deverão, obrigatoriamente,
ser reparadas com a indenização fixada a título de danos emergentes e lucros
cessantes.

Em verdade, a quantia de R$ 100.000,00 (cem mil reais) poderia


ser facilmente alcançada pelos autores caso tivessem tido a oportunidade de
continuar, em paz, com o seu negócio, que, segundo consta dos autos,
prosperava cada vez mais. Dessa forma, inexistente o dano, além da
realização profissional, contariam certamente os autores com o mesmo valor
fixado pela Corte de origem. Pergunta-se, então: qual foi a compensação? Qual
a satisfação que esse dinheiro pode trazer aos autores que a ausência do dano
não traria?
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Superior Tribunal de Justiça

É certo que o dano moral não pode significar um enriquecimento


do credor. Menos não é verdade, contudo, que, como registrou o próprio
Tribunal de origem, não deve a indenização por danos morais ser meramente
simbólica, mas efetiva e proporcional à condição da vítima, do autor do dano e
da gravidade do caso.

A par das considerações acerca do caráter compensatório da


indenização por dano moral, possui ela, também, natureza sancionatória ao
causador do dano e, ainda, orientadora do comportamento social, para reprimir
danos futuros. Edoardo A. Zannoni cogita de três finalidades na reparação do
dano moral: reparación satisfactiva, reparación neutralizadora e como medida
de prevención de daños futuros (cf. "El daño en la responsabilidad civil", Ed.
Astraa, Buenos Aires, 1993, p. 360).

No mesmo sentido é a lição de Caio Mário da Silva Pereira, para


quem, quando da fixação da indenização, encontra o magistrado, "de um lado,
a idéia de punição ao infrator, que não pode ofender em vão a esfera jurídica
alheia: não se trata de imiscuir na reparação uma expressão meramente
simbólica, e, por esta razão, a sua condenação não pode deixar de considerar
as condições econômicas e sociais dele, bem como a gravidade da falta
cometida, segundo critério de aferição subjetivo (...). De outro lado proporcionar
à vítima uma compensação pelo dano suportado, pondo-lhe o ofensor nas
mãos uma soma que não é o 'pretium doloris', porém uma ensancha de
reparação da afronta (...). Em terceiro lugar, a reparação por dano moral
envolve a idéia de 'solidariedade' à vítima, em razão da ofensa que sofreu a um
bem jurídico lesado pelo agente". E, finalmente, que "mais do que nunca há de
estar presente a preocupação de conter a reparação dentro do razoável, para
que jamais se converta em fonte de enriquecimento" (in "Instituições de Direito
Civil", 12ª edição, Forense, v. II, p. 242/243).

Não há, assim, desde que guardada a proporcionalidade e


razoabilidade da indenização, possibilidade de enriquecimento ilícito da vítima
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em detrimento do autor do dano, quer pela própria dificuldade de mensuração
do prejuízo quer pela evidente necessidade de impedir que a indenização
arbitrada seja tão leve que incentive o réu a continuar causando danos morais
contra outras vítimas, ou que a sociedade comece a ver com naturalidade tais
comportamentos e passe a agir da mesma forma.

Esse problema fica mais evidente, por exemplo, nas relações de


consumo, em que as empresas, salvo honrosas exceções, seguem
humilhando e desrespeitando os consumidores porque sabem que as
indenizações, a final, serão irrisórias em relação ao lucro que conquistam
mantendo essa política. Ainda a título de exemplo, cite-se as emissoras de
televisão que, muitas vezes, ao "custo mínimo" de ofender a honra e a imagem
de uma única pessoa, lucram milhões.

Fundamento comumente utilizado para a defesa das minguadas


indenizações que o Poder Judiciário hoje tem aplicado é a tentativa de
desestimular a chamada "indústria das indenizações". Pergunta-se, contudo:
Qual é a pessoa que, a exemplo dos autores, iria submeter-se a todas as
humilhações e privações apenas para pleitear dano moral?

Não se pode olvidar da lição de Josserand citada pela Corte de


origem no sentido de que, simplesmente, o dano moral sofrido pelos autores
nunca poderá ser completamente reparado.

Nada obstante, é em pecúnia, de ordinário, que se consegue a


reparação possível, já que a nenhum mortal é dado o poder de suprir esse tipo
de sofrimento. O que se pretende é apenas proporcionar algum bem às vítimas,
que as faça, novamente, sentir algum prazer pela vida e, sem dúvida, a quantia
de R$ 100.000,00 (cem mil reais), data venia , não é capaz disso.

É de bom conselho registrar, apenas a título de esclarecimento,


que o fato de, eventualmente, o servidor causador do dano não ter condições
de arcar com o valor integral da indenização pouco importa para a solução da
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presente controvérsia, visto que, em casos nos quais se faz presente a
responsabilidade civil do Estado, a indenização deverá ser calculada com base
na sua capacidade e não na do agente público causador do dano.

Propõe, então, este subscritor que a indenização em razão dos


danos morais, para cada autor, seja arbitrada em R$ 250.000,00 (duzentos e
cinqüenta mil reais).

Diante do exposto, divirjo, em parte, do voto proferido pela nobre


Ministra Eliana Calmon para dar provimento ao recurso dos autores e aumentar
a indenização a título de danos morais para R$ 250.000,00 (duzentos e
cinqüenta mil reais), para cada um dos autores.

É como voto.

Ministro FRANCIULLI NETTO, Relator para o acórdão

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VOTO

EXMA. SRA. MINISTRA LAURITA VAZ: Em se tratando de


responsabilidade civil do Estado, a reparação por danos morais deve ser calculada com
moderação, observando as circunstâncias do caso, atento aos critérios estabelecidos na Lei nº
5.250/67.
Na hipótese em apreciação, diante das suas próprias circunstâncias, isto é, da
gravidade das imputações falsas e das conseqüências destas para os autores, acompanho o voto
do Sr. Ministro Franciulli Netto para aumentar o valor da indenização.

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VOTO

EXMO. SR. MINISTRO PAULO MEDINA:


Sra. Ministra-Presidente, há sempre um subjetivismo
expressivo quando se propõe a reparação imensurável da dor moral
sentida. Há, na verdade, uma tríplice dolor: a dor da ofensa cruel, a dor
da desagregação social, a dor da cicatriz que não se recompõe pelas
mãos hábeis dos cirurgiões nem pelas mãos hábeis dos que procuram
curar as chagas da alma. Assim, é necessário reflexão maior.
Não me parece que as indenizações que procuram
acobertar essa tríplice dolor sirvam, em qualquer momento, para
incentivar a indústria das indenizações, substaculizadas pelo próprio
atuar procedente ou improcedente da pretensão deduzida em juízo.
Afirmado o fato, a sua gravidade e a ausência de recomposição, é no
juízo subjetivo de cada um de nós, é na idiossincrasia do julgador que
se revela a sua sensibilidade maior ou menor para recompor a dor
moral.
Penso, pois, que a recomposição que decorre da diretriz
fixada pelo Ministro Franciulli Netto ainda não irá satisfazer - como S.
Exa. o disse - o sofrimento que amargurou e está a amargurar os que
sofreram ofensa grave e cruel.
De qualquer modo, as chagas da alma, as chagas do
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pensamento, as chagas incuráveis que estão no cerne de cada um de
nós, podem ser minimizadas pela solidariedade e às vezes, até mesmo
pela recomposição do patrimônio.
Assim, pela minha sensibilidade de julgador, sem me
encontrar seguro de estar certo ou não estar caminhando como melhor
devesse caminhar, prefiro a reparação maior, mais satisfatória, mais
abrangente, mais profunda, mais possível de amenizar à reparação
mais equilibrada, mais acanhada, mais tímida, mais curta, mais incapaz
de conduzir ao valor pretendido em juízo.
Acompanho, pois, por sua fundamentação vertical, na
sua extensão e na sua sensibilidade, o voto proferido pelo eminente
Ministro Franciulli Netto.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEGUNDA TURMA

Número Registro: 2001/0112777-9 RESP 351779 / SP

Números Origem: 200100530807 32995 441225

PAUTA: 20/08/2002 JULGADO: 19/11/2002

Relatora
Exma. Sra. Ministra ELIANA CALMON

Relator para Acórdão


Exmo. Sr. Ministro FRANCIULLI NETTO

Presidenta da Sessão
Exma. Sra. Ministra ELIANA CALMON
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. MOACIR GUIMARÃES MORAIS FILHO
Secretária
Bela. BÁRDIA TUPY VIEIRA FONSECA

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : ICUSHIRO SHIMADA E OUTROS
ADVOGADO : KALIL ROCHA ABDALLA E OUTROS
RECORRENTE : FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO
PROCURADOR : JOSÉ FABIANO DE ALMEIDA ALVES FILHO E OUTROS
RECORRIDO : OS MESMOS
INTERES. : EDÉLCIO LEMOS
ADVOGADO : EVELCOR FORTES SALZANO E OUTROS

ASSUNTO: Administrativo - Responsabilidade Civil do Estado - Indenização

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Prosseguindo-se no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Franciulli Netto, a
Turma, por unanimidade, deu parcial provimento ao recurso do Estado de São Paulo e, por
maioria, deu provimento ao recurso dos autores, vencidos a Sra. Ministra-Relatora e o Sr. Ministro
Francisco Peçanha Martins. Lavrará o acórdão o Sr. Ministro Franciulli Netto."
Votaram com o Sr. Ministro Franciulli Netto os Srs. Ministros Laurita Vaz e Paulo
Medina.

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O referido é verdade. Dou fé.
Brasília, 19 de novembro de 2002

BÁRDIA TUPY VIEIRA FONSECA


Secretária

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