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Aula 1 Introdução ao Estudo, Origem e Poderes Constitucionais

• Por que estudar Direito Constitucional?

O “direito constitucional” (DC) é base do estudo para qualquer pessoa que irá
candidatar-se a um cargo público e deveria ser de ampla divulgação à
sociedade. É através dele que podemos ter a noção geral do direito,
sistematizando e organizando todos os demais.
Assim, este estudo não só solidificará as bases para o aprendizado dos demais
direitos como ampliará a visão das pessoas como cidadãos brasileiros.

• Tipos de Estudos para o Direito Constitucional:

Segundo José Affonso da Silva, o estudo do Direito Constitucional se dividiria em 3


campos:

.Direito Constitucional Positivo: É o estudo das normas constitucionais vigentes,


escritas, a “constituição concreta”.

.Direito Constitucional Geral: É o estudo teórico, genérico, com ênfase em


princípios.

.Direito Constitucional Comparado: É o estudo comparativo das normas positivas


de vários países, não necessariamente vigentes, observando-se as peculiaridades
de cada um deles.

Estudaremos principalmente os DC positivo brasileiro.

• Posição do Direito Constitucional:

É um direito público, pois enquanto o direito privado (ex. Direito Civil, Direito
Comercial...) trata das relações entre pessoas em um mesmo patamar, aquele
regula também as relações dos particulares face ao Estado. O Estado por ser
defensor do interesse da coletividade se situa muitas vezes em um nível acima
dos particulares para poder fazer valer esse interesse.

Pedro Lenza (Direito Constitucional Esquematizado, pg. 31) lembra que esta
divisão é apenas didática, pois o direito deve ser considerado uno e indivisível.

• Origem:

O DC tem origem no povo, este é quem possui a legitimidade para exercer o


poder. Assim dizemos que o povo é o titular do Poder Constituinte Originário
(PCO), este conceito, formalmente falando, vem desde a constituição francesa
em 1791 que se contrapôs a idéia do absolutismo.

• O que é o PCO?

O PCO é um poder inovador, defendido pioneiramente pelo Abade Sieyès, em


sua obra “O que é o terceiro Estado?” publicada pouco antes da Revolução
Francesa. Assim, segundo o abade, o poder seria emanado do povo que
legitimará a promulgação de uma constituição. Este poder tem como
características ser:

1- Inicial Pois iniciaria toda uma nova ordem jurídica, revogando todas as
disposições em contrário anteriormente criadas.

2- Autônomo Não se submete a nenhum outro poder, pelo contrário, ele é que
constituirá os poderes que dele derivarão.

3- Ilimitado e Soberano Pois nada o restringiria, além da vontade popular. Parte


da doutrina (doutrina jusnaturalista) entende que estaria limitado apenas pelo
“direito natural”, que seria um direito “supraconstitucional” que resguardaria
direitos e garantias fundamentais reclamados desde a revolução francesa.

4- Incondicionado Não existe nenhum rito especial para formação da


Constituição.

Assim, o PCO é um poder POLÍTICO. A partir dele, inaugura-se uma nova ordem
jurídica e se constituem os poderes JURÍDICOS reunidos no corpo da Constituição.

• Poder Constituinte Derivado:

A partir do PCO criam-se outros poderes que daquele derivam. Estes não são
mais autônomos e ilimitados, mas sofrem restrições feitas pelo próprio PCO,
sujeitam-se, então, a ritos especiais de formação e várias outras limitações.

O Poder Constituinte Derivado (ou secundário, ou ainda, instituído ou constituído)


pode ser de 3 tipos:

Reformador É o poder de modificar o texto da constituição através de Emendas


Constitucionais, com o objetivo de adequar aquelas disposições originariamente
criadas às constantes mudanças nas necessidades da sociedade, que é
dinâmica, necessitando também de mudanças jurídicas constantes.
Revisor É um poder instituído pelo art. 3º da parte constitucional denominada
ADCT: Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
O art. diz: “A revisão constitucional será realizada após 5 anos, contados da
promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do
Congresso Nacional, em sessão unicameral”

Assim é um poder que após sua manifestação, exauriu-se não havendo mais
possibilidade de se manifestar novamente.

Decorrente É o poder que legitima a Auto-Organização dos entes, ou seja, o


poder de os Estados Federados criarem suas constituições estaduais ( a criação
pelos Municípios de suas Leis Orgânicas Municipais não é considerado dentro
deste poder, por não possuir aspecto FORMAL de constituição, embora
materialmente o seja). Sempre, porém, deverão observar as restrições impostas
pela Constituição Federal, não sendo assim, ilimitados e incondicionados.

QUESTÕES DE CONCURSOS:

1- (FCC/Defensoria Pública-SP/2007) Em relação ao poder constituinte originário,


pode-se afirmar:

a) Envolve processos cognitivos e questões complexas sobre teoria política,


filosofia, ciência política e Teoria da constituição, já que dispõe, de maneira
derivada, sobre a principal lei de um Estado, sua organização e os direitos e
garantias fundamentais.

Está errado em dizer que dispõe de maneira derivada. Vimos que disporá de
maneira autônoma, incondicionada.

b) Os positivistas admitem que é um poder de direito que se funda num poder


natural, do qual resultam regras anteriores ao direito positivo e decorrentes da
natureza humana e da própria idéia de justiça da comunidade.

Quem defente isto são os jusnaturalistas, os positivistas não aceitam o direito


natural como limitador do PCO.

c) Sua teorização precedeu historicamente a primeira constituição escrita, tendo


como grande colaborador a figura do Abade Emmanuel de Sieyès que alguns
meses antes da Revolução Francesa publicou um panfleto intitulado "A Essência
da Constituição".

Quase correto, mas a obra do Abade era “O que é o terceiro Estado?”.

d) Sua atividade se dá nos casos de necessária evolução constitucional, onde o


texto poderá ser modificado através de regras e limites jurídicos contidos na
norma hipotética fundamental idealizada por Hans Kelsen.

Esse é o poder constituinde derivado reformador.

e) Na sua atuação poderá encontrar implicações circunstanciais impositivas


como por exemplo as pressões econômicas, sociais e de grupos particulares,
mas fundará sua legitimidade numa pauta advinda da idéia de direito da
comunidade e de sua tradição cultural.

Resposta Correta!!!

2. (CESPE/PGE-PI/2008) Poder constituinte decorrente é o poder que os estados


membros da Federação têm de elaborar sua própria constituição, respeitados os
princípios da CF.

Correto!

3. (CESPE/Procurador Previdenciário-ES/2007) Julgue os itens a seguir, acerca do


poder constituinte.

I. O poder constituinte é titularizado pelo povo e pelas assembléias constituintes.

Errado. O único titular do PCO é o POVO.

II. O poder constituinte pode ser classificado em poder constituinte originário e


poder constituinte derivado, aos quais correspondem, respectivamente, os
conceitos de poder constituinte de segundo grau e de poder constituinte de
primeiro grau.

Errado. Houve uma inversão: O PCO é de primeiro grau e o PCD é de segundo


grau.

III. O poder constituinte originário é incondicionado e ilimitado, pois não está


sujeito a qualquer forma prefixada em sua atuação e não está limitado pelo
direito positivo a ele anterior.

Correto.

IV. O poder constituinte derivado pode ser subdivido em poder constituinte


reformador e poder constituinte decorrente. O segundo consiste naquele que
possibilita aos estados membros que estes, em virtude de sua autonomia
político-administrativa, se auto-organizem por meio de constituições estaduais
que respeitem, sempre, as regras limitativas estabelecidas pela Constituição
Federal.

Correto.
V. Inexiste uma forma prefixada pela qual se manifesta o poder constituinte
originário, mas é possível apontar duas formas básicas de sua expressão, por
meio das assembléias nacionais constituintes e dos movimentos revolucionários.

Correto.

Aula 2 Efeitos de uma nova ordem jurídica

• Inauguração da nova ordem jurídica:

Vimos que uma das características do PCO é o seu caráter inicial, inaugurando
um novo ordenamento jurídico. Em decorrência temos algumas conseqüências
que precisamos analisar: Recepção, Desconstitucionalização, Revogação,
Inconstitucionalidade, e Repristinação.

• Recepção, Desconstitucionalização e Revogação

Desconstitucionalização é um processo não aceito em nosso ordenamento


jurídico. Diz que, com a entrada em vigor da nova constituição, as normas da
Constituição anterior que não fossem mais aproveitadas com “status”
constitucional continuariam vigorando, mas com um “status” mais baixo, de mera
lei ordinária, infraconstitucional.

Esse instituto, como dito, não é aceito, pois no Brasil vigora a teoria da Revogação
e Recepção.

O entendimento é que a entrada em vigor da nova constituição revoga toda a


constituição anterior, ou seja, todas as normas constitucionais anteriores vão
deixar de viger. Assim, inaugura-se todo um novo ordenamento constitucional
sem trazer nenhum resquício do anterior.

Surge também o instituto da Recepção, neste não estamos falando mais de


normas constitucionais e sim daquelas leis com status inferior à Constituição.
Nessa teoria, entende-se que todas essas leis que forem compatíveis em seu
conteúdo com a nova Constituição serão recebidas por esta e continuarão a
viger, independente de sua forma.

Ratificamos que para que ocorra a recepção basta analisar seu conteúdo
material, pouco importando a forma. Por exemplo, o CTN criado como Lei
Ordinária sob a CF de 1946 vigora até os dias de hoje, mas com status de Lei
Complementar, que é a forma exigida para o tratamento da matéria tributária
pela CF de 1967 e 1988, mas para ocorrer a recepção analisou-se apenas o
conteúdo e não a forma exigida. Ainda falando do CTN, o conteúdo foi apenas
parcialmente recepcionado, a parte dele que contraria o disposto na CF/88 está
revogada, mostrando que pode ocorrer a recepção parcial.
Outro fator que deve ser levado em consideração ao falar em recepção é o fato
que só podem ser recepcionadas normas que estejam em vigor no momento do
advento da nova constituição, assim, normas anteriores já revogadas, anuladas,
ou ainda em vacatio legis (período normalmente de 45 dias entre a publicação
da lei e a sua efetiva entrada em vigor) não poderão ser recepcionadas.

• Recepção X Repristinação:

Chamamos de repristinação quando uma lei volta a vigorar após ter sido
revogada por outra.

Por ex. Lei 2 revogou a lei 1. Futuramente editou-se uma lei 3 que entre suas
disposições trazia que a lei 1 voltaria a ser aplicada.

Segundo a Lei de introdução ao Código Civil (LICC):

“Art. 2o § 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter
a lei revogadora perdido a vigência.”

Vemos então que a repristinação, só pode ocorrer quando expressamente for


dito, ela não se opera tacitamente, apenas quando, como no exemplo, houver
uma disposição versando sobre ela.

É importante salientar que isso já não ocorre em se tratando de recepção. Em


regra, a recepção ocorre tacitamente, basta que o conteúdo da lei anterior a
nova CF seja compatível, embora, nada impeça que haja uma recepção
expressa, que é o caso do CTN citado anteriormente. Vide o art. 34 ADCT da
CF/88:

“ADCT Art. 34. § 5º - Vigente o novo sistema tributário nacional, fica assegurada a
aplicação da legislação anterior, no que não seja incompatível com ele e com a
legislação referida nos §3º e § 4º.”

• Revogação X Inconstitucionalidade:

Inconstitucionalidade é espécie do que chamamos de incompatibilidade. A


incompatibilidade se manifesta de 2 maneiras:

• Ilegalidade: Quando uma norma é editada em desacordo com a lei;


• Inconstitucionalidade: Quando uma norma é editada em desacordo com a
Constituição;

Assim, temos diferenças básicas entre revogação e inconstitucionalidade:


1. Momento:

A revogação se dá posteriormente. Uma lei válida, deixou de viger depois de


certo tempo em vigor, pois foi editada uma outra lei, que tornou seu uso
inconveniente e incompatível.

LICC:

“Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a
modifique ou revogue.
§ 1o - A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando
seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que
tratava a lei anterior.
§ 2o - A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já
existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.”

A inconstitucionalidade não é um evento no percurso da vigência como ocorre


na revogação. A inconstitucionalidade é um defeito ao se fazer a lei, é um vício.
Uma lei para ser considerada inconstitucional ela já deve estar com esse defeito
desde a sua edição, logo não existe no Brasil o que chamamos de
“INCONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE”, aquela que se dá ao longo do tempo,
temos somente o que chamamos de inconstitucionalidade congênita, ou seja, a
norma inconstitucional já nasceu inconstitucional.

2. Efeitos:

A revogação é tão somente a perda da vigência de uma lei que não é mais
interessante que continue em vigor, por isso, quando ocorre a revogação, tudo o
que a lei revogada regulou na sua vigência continuará sendo mantido. É o que
chamamos de efeitos não-retroativos, ou, “EX-NUNC”.

Quando falamos de inconstitucionalidade, falamos não apenas da vigência, mas


da validade da lei, a lei inconstitucional é inválida, contém defeitos, vícios. Assim,
não pode admitir-se que as relações que foram reguladas por ela se mantenham
válidas, salvo excepcionalmente no caso de interesse social ou segurança
jurídica. Deste modo, dizemos que os efeitos da declaração de
inconstitucionalidade opera de forma retroativa, ou, “EX-TUNC”. Ou seja, nada
que a lei inválida regulou continuará a ser mantido.

Observações:

Tanto a revogação quanto a inconstitucionalidade podem ser parciais ou totais.


Sendo que dá-se o nome de:

Ab-Rogação – Quando ocorre a revogação TOTAL de uma lei por outra.


Derrogação – Quando ocorre a revogação PARCIAL de uma lei por outra.
Trataremos mais a fundo de inconstitucionalidade quando estudarmos o
chamado “Controle de Constitucionalidade”.

QUESTÕES DE CONCURSOS:

1- (CESPE/PGE-PI/2007)De acordo com Alexandre de Moraes (Direito


Constitucional, São Paulo: Atlas, 2001, p. 511), o ato que consiste no acolhimento
que uma nova constituição posta em vigor dá às leis e aos atos normativos
editados sob a égide da Carta anterior, desde que compatíveis consigo, é
denominado:

a)repristinação.

b)recepção.

c)desconstitucionalização.

d)revogação tácita.

e)adequação.

Gabarito: Letra B.

2.(OAB-RJ/2005) Complete as seguintes orações com as alternativas


correspondentes:

.A nova ordem constitucional (1) a anterior, sem necessidade de sua nova


produção legislativa infraconstitucional, em decorrência do fenômeno
denominado de (2), mediante o qual pode ocorrer, por exemplo, que uma lei
ordinária venha a se tornar lei complementar.

.Quando a nova norma constitucional vier a regular diferentemente a matéria


versada pela anterior no todo, ou em parte, há, respectivamente, (3) e (4).

.Uma lei ordinária, que já perdeu eficácia ante uma Constituição, não pode
readquiri-la pelo surgimento de nova Constituição. Essa restauração eficacial,
juridicamente condenável, chama-se (5).

.A (6), inadmitida por parte da doutrina, significa que os preceitos da Constituição


precedente que não conflitarem com a nova Constituição são por ela recebidos
como leis ordinárias.

a) (1) derroga; (2) repristinação; (3) revogação; (4) ab-rogação; (5)


constitucionalização; (6) desconstitucionalização.
b) (1) revoga; (2) recepção; (3) ab-rogação; (4) derrogação; (5) repristinação; (6)
desconstitucionalização.

c) (1) torna ineficaz; (2) acomodação; (3) derrogação; (4) ab-rogação; (5)
desconstitucionalização; (6) repristinação.

d) (1) ab-roga; (2) constitucionalização; (3) ab-rogação; (4) revogação; (5)


disjunção normativa; (6) repristinação.

Gabarito: Letra B!

3. (UEPB/Delegado-PB/2003) O fenômeno de adequação entre uma nova


Constituição e a legislação infraconstitucional anterior é denominado
desconstitucionalização;

Resposta: Errado. Esse é o conceito de recepção.

4.(ESAF/PFN/2006) Considerando o Direito Brasileiro, assinale a opção correta, no


que diz respeito às conseqüências da ação do poder constituinte originário.

a)Uma lei federal sobre assunto que a nova Constituição entrega à competência
privativa dos Municípios fica imediatamente revogada com o advento da nova
Carta.

Errado. Vimos que independe de qualquer tipo formal para que ocorra a
recepção, basta saber se o conteúdo da norma é compatível ou não. Neste caso,
esta lei federal, caso tivesse o conteúdo compatível, poderia ser recepcionada
como uma lei municipal.

b)Uma lei que fere o processo legislativo previsto na Constituição sob cuja
regência foi editada, mas que, até o advento da nova Constituição, nunca fora
objeto de controle de constitucionalidade, não é considerada recebida por esta,
mesmo que com ela guarde plena compatibilidade material e esteja de acordo
com o novo processo legislativo.

Correto, embora ela não tenha sido declarada inconstitucional, ela é uma lei
inválida, viciada, e o vício não será sanado pelo advento da nova CF, já que esta
lei nunca deveria ter existido da forma que foi feita.

c)Para que a lei anterior à Constituição seja recebida pelo novo Texto Magno, é
mister que seja compatível com este, tanto do ponto de vista da forma legislativa
como do conteúdo dos seus preceitos.
Errado. Voltamos a ratificar que apenas a matéria é importante, a forma não.

d) Normas não recebidas pela nova Constituição são consideradas,


ordinariamente, como sofrendo de inconstitucionalidade superveniente.

Errado. Elas são revogadas. Inconstitucionalidade superveniente não é admitida,


pois para uma lei ser considerada inconstitucional ela já deve ter nascido
inconstitucional, não podendo nunca se tornar inconstitucional ao longo do
tempo.

e)A Doutrina majoritária e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal


convergem para afirmar que normas da Constituição anterior ao novo diploma
constitucional, que com este não sejam materialmente incompatíveis, são
recebidas como normas infraconstitucionais.

Errado. A questão está tratando da “desconstitucionalização”, que não é


admitida pela doutrina majoritária brasileira.

Aula 3 Sentidos das Constituições

• Sentidos da Constituição:

A Constituição, norma fundamental do ordenamento jurídico, ao longo dos anos


foi entendida de diversas formas por diferentes juristas, as principais concepções
e seus respectivos pensadores são:

• Sentido sociológico Ferdinand Lassale;


• Sentido político Carl Schimitt;
• Sentido Jurídico Hans Kelsen.

DICA: Para decorar, recomendo observar que “Lassale” é o que possui a maior
quantidade de “S” e “L” em seu nome, da mesma forma que a sua concepção: a
“S”ócio“L”ógica;
Agora a única que sobra será o Carl Schimitt, já que você ouvirá falar tanto em
Hans Kelsen que jamais esquecerá que ele defende o sentido jurídico.

• Sentido Sociológico:

Vimos que na concepção aceita no Brasil (que é o pensamento de Hans Kelsen)


a constituição seria uma norma escrita fundamental, que se sobrepõe às demais.
Para Ferdinand Lassale, isso é diferente.

Lassale defendia em seu livro “O que é uma Constituição” que na verdade, a


constituição seria um “FATO SOCIAL”, seria um evento determinado pelas forças
dominantes da sociedade.
Assim, de nada vale uma constituição escrita se as forças dominantes impedem a
sua real aplicação. De nada vale uma norma, ainda que chamada de
Constituição, que não tivesse qualquer poder, se tornando o que chamava de
uma mera “folha de papel”.

Deste modo, defendia ele que o Estado possuía 2 constituições: A “folha de


papel” e a “Constituição Real”, que era a soma dos fatores reais de poder.

• Sentido Político:

Schimitt, jurista pertencente à teoria “decisionista” dizia que a Constituição é fruto


de uma “decisão política fundamental” que, grosso modo, significa:

o Para ser Constituição a norma deve prever: Organização do Estado e Direitos


Fundamentais.

Assim, diferenciava o que chamava de “Constituição” - que eram normas que


falavam dos fundamentos vistos acima-, da parte que chamava de meras “leis
constitucionais”, que seriam as normas que se agregariam às efetivamente
constitucionais.

Assim, Schimitt pregava que a Constituição formal, escrita, não era o importante,
pois, deve-se atentar ao conteúdo da norma e não à sua forma. Esta concepção
do decisionismo de Schimitt é o conceito exatamente oposto ao que veremos no
positivismo de Kelsen.

Atualmente este conceito de Carl Schimitt não foi totalmente abandonado,


embasando a divisão doutrinária entre normas “materialmente constitucionais”
(Ou seja, que possuem conteúdo próprio de uma Constituição) das normas
apenas “formalmente constitucionais” (Ou seja, que possuem forma de
Constituição, mas o seu conteúdo não é o conteúdo fundamental que uma
Constituição deveria prever).

• Sentido Jurídico:

Por fim, analisaremos o conceito do jurista positivista Hans Kelsen. Para ele, o que
importa para ser Constituição é ter a forma de uma. Um texto que se coloque
acima das demais normas, que só pode modificar-se por um processo rígido,
complexo, que deverá ser observado por todas as demais dentro de um
ordenamento jurídico.

Assim, não interessa qualquer pensamento filosófico, político, sociológico ou


qualquer outro que contrarie as normas do texto magno. Temos um norma maior,
uma norma pura, fundamental.
O sentido jurídico proposto por Kelsen traz com ele 2 desdobramentos:

1. Sentido lógico-jurídico: É a Constituição hipotética que foi imaginada na hora


de escrever seu texto.

2. Sentido jurídico-positivo: É a norma suprema em si, positiva, que efetivamente


se formou e que servirá de base para as demais do ordenamento.

Assim, diz-se que a norma em sentido lógico-jurídico é o fundamento de validade


que legitima a feitura da norma jurídico-positiva.

Demais juristas e observações:

Existem outras concepções que não são muito cobradas em provas, porém,
sempre tem uma banca maldosa que faz essas cobranças. Em busca da nota 10,
vou colocar alguns complementos:

• Sentido dirigente: José Canotilho

Canotilho dizia que a Constituição deve ser um plano que irá direcionar a
atuação do Estado, notadamente através das normas programáticas inseridas no
seu texto. A CF/88 brasileira é exemplo de uma Constituição dirigentes,
principalmente devido as diversas normas programáticas dos direitos sociais.

• Konrad Hesse: Força normativa da Constituição

Konrad Hesse era um jurista alemão que, embora não negasse Lassale, dizia que
a “folha de papel” tinha sim o seu valor. Deste modo, não seriam as forças
imperativas da sociedade que definiriam a Constituição Real, mas haveria uma
reciprocidade: A Constituição definiria e conteria as forças e as forças definiriam
a Constituição, já que esta deve ser dinâmica e não engessada.

A Constituição deveria ter o seu papel imperativo, se impondo sobre as forças da


sociedade.

• Peter Häberle: A sociedade aberta dos interpretes da Constituição.

Häberle dizia que as Constituições eram muito fechadas, pois eram interpretadas
apenas pelos “intérpretes oficiais” – Os Juízes. Defendia, então, que todos os
agentes que participam da realidade da Constituição deveriam participar
também da interpretação constitucional.

QUESTÕES DE CONCURSO

1. (CESPE/Analista-STF/2008) Considere a seguinte definição, elaborada por


Kelsen e reproduzida, com adaptações, de José Afonso da Silva ( Curso de Direito
Constitucional Positivo. São Paulo: Atlas, p. 41... ). A constituição é considerada
norma pura. A palavra constituição tem dois sentidos: lógico-jurídico e
jurídico-positivo. De acordo com o primeiro, constituição significa norma
fundamental hipotética, cuja função é servir de fundamento lógico
transcendental da validade da constituição jurídico-positiva, que equivale à
norma positiva suprema, conjunto de normas que regula a criação de outras
normas, lei nacional no seu mais alto grau. É correto afirmar que essa definição
denota um conceito de constituição no seu sentido jurídico.

Resposta: Correto. A questão foi quase uma aula do que humildemente tentei
explicar.

2.(FCC/Defensor Público-SP/2006) O termo "Constituição" comporta uma série de


significados e sentidos. Assinale a alternativa que associa corretamente frase,
autor e sentido.

a)Todos os países possuem, possuíram sempre, em todos os momentos da sua


história uma constituição real e efetiva. Carl Schmitt. Sentido político.

Errado, ninguém nunca falou isso (Pelo menos não que eu saiba...rs)

b)Constituição significa, essencialmente, decisão política fundamental, ou seja,


concreta decisão de conjunto sobre o modo e a forma de existência política.
Ferdinand Lassale. Sentido político.

Errado. Essa é a concepção política de Schimitt não de Lassale, que era a


sociológica.

c) Constituição é a norma fundamental hipotética e lei nacional no seu mais alto


grau na forma de documento solene e que somente pode ser alterada
observando-se certas prescrições especiais. Jean Jacques Rousseau. Sentido
lógico-jurídico.

Errado. Quem disse isso foi Hans Kelsen.


d) A verdadeira Constituição de um país somente tem por base os fatores reais do
poder que naquele país vigem e as constituições escritas não têm valor nem são
duráveis a não ser que exprimam fielmente os fatores do poder que imperam na
realidade. Ferdinand Lassale. Sentido sociológico.

Corretíssimo, é o que Lassale dizia. Se a Constituição não exprimisse o


pensamento das forças dominantes, ela seria uma mera “Folha de Papel”.

e)Todas as constituições pretendem, implícita ou explicitamente, conformar


globalmente o político. Há uma intenção atuante e conformadora do direito
constitucional que vincula o legislador. Jorge Miranda. Sentido dirigente.

Errado. Jorge Miranda é um professor português cujas obras de direito


constitucional são de grande relevância. Porém o sentido dirigente é defendido
por Canotilho, segundo este autor a Constituição deve ser um plano que irá
direcionar a atuação do Estado, notadamente através das normas programáticas
inseridas no seu texto.

3. (ESAF/Auditor Fiscal do Trabalho/2003 – Adaptada) Julgue os itens:

a) A concepção de constituição, defendida por Konrad Hesse, não tem pontos


em comum com a concepção de constituição defendida por Ferdinand Lassale,
uma vez que, para Konrad Hesse, os fatores históricos, políticos e sociais presentes
na sociedade não concorrem para a força normativa da constituição.

Errado. Konrad Hesse na verdade flexibilizava Lassale, não o negava.

b) Para Hans Kelsen, a norma fundamental, fato imaterial instaurador do processo


de criação das normas positivas, seria a constituição em seu sentido
lógico-jurídico.

Correto. Primeiro surge a Constituição lógico-juridica, sendo uma norma


hipotética que legitimará o processo de criação das normas positivas, que
formarão a Constituição no sentido jurídico-positivo.

4. (CESPE/Procurador Municipal de Natal/2008) A sociedade aberta dos


intérpretes da Constituição, defendida por Peter Häberle, propõe que a
interpretação constitucional seja tarefa desenvolvida por todos aqueles que
vivem a norma, devendo ser inseridos no processo de interpretação
constitucional todos os órgãos estatais, os cidadãos e os grupos sociais.

Resposta: Correto. É exatamente o que vimos.


5. (CESPE/Analista-TJDFT/2008)O sentido sociológico da Constituição como uma
folha de papel, cuja verdadeira característica está na organização dos fatores
reais do poder em uma dada sociedade, contrasta com a visão da força
normativa da Constituição, segundo a qual a Constituição não se pode submeter
à vontade dos poderes constituídos e ao império dos fatos e das circunstâncias. A
Constituição espraia sua força normativa por sobre o ordenamento jurídico, e
todos os atos estatais que com ela contrastem expõem-se à censura jurídica do
Poder Judiciário.

Correto. A primeira parte fala de Lassale, com a Constituição se submetendo aos


fatores reais de poder. E a segunda parte fala de Konrad Hesse dizendo que a
Constituição deve impor-se sobre estes fatores não tomando uma postura
exclusivamente passiva.

6. (CESPE/Polícia Civil-TO/2008) Constituição em sentido material é a que trata de


matéria tipicamente constitucional, compreendendo as normas que dizem
respeito à estrutura mínima e essencial do Estado.

Resposta. Correto, é a divisão entre material e formal que comentamos, que é


derivada da visão inicial de Carl Schimitt.

7. (CESPE/Polícia Civil-TO/2008) Constituição em sentido formal é a que trata de


temas e matérias de índole constitucional, legitimando o poder transferido pela
sociedade ao Estado.

Resposta. Errado. Esse é o conceito material

8.(CESPE/Juiz Substituto-TJ-PI/2007) Em sentido essencialmente político, a


constituição pode ser definida, conforme Hans Kelsen, como uma decisão política
fundamental, dotada de um nítido caráter sociológico.

Resposta. Totalmente errado. Sem comentários, misturou tudo.

9. (ESAF/ PGFN/2007 – Adaptada) Julgue os itens:

a)Carl Schmitt, principal protagonista da corrente doutrinária conhecida como


decisionista, advertia que não há Estado sem Constituição, isso porque toda
sociedade politicamente organizada contém uma estrutura mínima, por
rudimentar que seja; por isso, o legado da Modernidade não é a Constituição real
e efetiva, mas as Constituições escritas.

Errado. Carl Schmitt era defensor da corrente decisionista, porém, a Constituição


escrita não é importante para ele, pois, estava preocupado apenas com o
conteúdo das normas.

b)Para Ferdinand Lassalle, a constituição é dimensionada como decisão global e


fundamental proveniente da unidade política, a qual, por isso mesmo, pode
constantemente interferir no texto formal, pelo que se torna inconcebível, nesta
perspectiva materializante, a idéia de rigidez de todas as regras.

Decisão fundamental é a corrente decisionista de Schimitt, não de Lassale.


Lassale era o cara da “folha de papel”...rs

Aula 4 Classificação das Constituições

• Classificação das Constituições:

Primeiramente gostaria de citar o pensamento de Karl Loewenstein sobre os tipos


de constituições. A classificaçào desenvolvida por Lowevestein – denomidada
“ontológica – se baseia em como as pessoas que detém o poder aplicam a
Constituição. Assim ela pode ser de 3 tipos:

a) Constituição normativa – é a Constituição que é EFETIVAMENTE APLICADA,


normatiza o exercício do poder e obriga realmente a todos.

b) Constituição nominal ou nominativa – é aquela que Lassale chamava de “folha


de papel”, que é ignorada pelos governantes, embora tente regular o poder,
passa longe disso.

c) Constituição semântica – é aquela que serve apenas para justificar a


dominação daqueles que exercem o poder político. Ela sequer tenta regular o
poder.

Vamos analisar as demais classificações porpostas:

• Quanto à origem:

Outorgada - É aquela imposta unilateralmente pelos governantes sem


manifestação popular. Muitos autores chamam de “Carta” e não de
“Constituição”. (ex. Brasil de 1824, 1937, 1967, EC 1/69)

Promulgada – É aquela de alguma forma legitimada pelo povo, elaborada por


uma assembléia constituinte formada por representates eleitos pelo voto popular.
(ex. Brasil de 1988)
• Quanto à forma:

Escrita – É formalizada em um texto escrito. (ex. Brasil)

Não-escrita – Também chamada de Constumeira (Consuetudinária), não se


manifesta em estrutura solene. A matéria constitucional está assentada e
reconhecida pela sociedade em seus usos, costumes e etc. (ex. Inglaterra)

• Quanto à extensão:

Sintéticas – São concisas, ou seja, aquelas que restringem-se a tratar dos


fundamentos de uma Constituição (Organização do Estado e direitos
fundamentais); (Ex. EUA)

Analíticas – São as prolixas, que tratam de várias matérias que não são as
fundamentais. Embora prolixas são a tendência das Constituições atuais, já que
,assim, tenta-se limitar ao máximo a livre atuação dos governantes, impedindo
que possam fazer atos atentarórios aos direitos e liberdades individuais ou a
qualquer outro interesse da coletividade.(Ex. Brasil 1988)

• Quanto ao conteúdo:

Material – Quando tomamos como constitucional apenas as normas


fundamentais de uma constituição; (A Constituição braisleira de 1824 era
material)

Formal – independente do conteúdo, se está em um texto rígido supremo, será


constitucional. (Brasil de 1988)

• Quanto à elaboração:

Dogmática – É aquela que consolida o pensamento que uma sociedade possui


naquele determinado momento, por isso é necessariamente escrita, pois precisa
esclarecer estas situações que ainda não estão “maduras”, solidificadas no
pensamento da sociedade.

Histórica – Diferentemente da dogmática, possui um pensamento já solidificado


ao longo do tempo, por isso, não precisa ser escrita, já que todos da sociedade já
guardam seus fundamentos.
• Quanto à alterabilidade

Rígida – Quando se sobrepõe a todas as demais normas. Assim, somente um


processo legislativo especial e complexo poderá alterar seu texto. É o que ocorre
na CF/1988, que prevê um processo muito mais rígido para se elaborar uma
Emenda Constitucional do que para elaborar uma simples lei ordinária.

Flexível – Quando está no mesmo patamar das demais lei, não necessitando
nenhum processo especial para alterá-la.
Semi-Rígidas - Possuem uma parte rígida e outra flexível.

Imutáveis – Não podem ser alteradas.

Super-rígidas – Não é aceita pela doutrina majoritária, mas já foi cobrada em


provas. Seria aquela que possui uma parte rígida e outra imutável. Algumas
bancas já classificaram a CF/88 deste modo devido às suas cláusulas pétreas.

Obs. É importante salientar que o Controle de Constitucionalidade, que vimos


anteriormente, é uma consequência da rigidez constitucional, já que é esta
característica que torna a CF sobreposta em relação a todas as demais normas,
tendo assim o poder de torná-las inconstitucionais.

• Outras denominações que podem ser cobradas:

Garantia – É aquela que traz elementos limitativos do poder do Estado. (CF/88)

Dirigente – Já vista quando falamos da concepção de Canotilho, é aquela que


traz normas programáticas em seu texto, formando, assim, um plano de ação
para o Estado.

• Classificação da CF/88:

Promulgada, Escrita, Analítica, Formal, Dogmática, Rígida (ou super-rígida),


garantia, e dirigente.

QUESTÕES DE CONCURSO

1.(CESPE/Polícia civil-TO/2008)
a) Quanto ao conteúdo, a Constituição material compreende as normas que,
mesmo não sendo pertinentes à matéria constitucional, se encontram inseridas
em um documento escrito e solene.

Errado. Este é o conceito de constituição formal.

b) Constituição-garantia é a que, além de legitimar e limitar o poder do Estado


em face da sociedade, traça um plano de evolução política e metas a serem
alcançadas no futuro.

Errado. Esta é o conceito de dirigente.

2. (CESPE/ACE-TCU/2007)

a) A Constituição Federal de 1988 (CF) é considerada pela maior parte da


doutrina constitucionalista como uma constituição rígida. Há, no entanto, visão
que - atentando para o fato de a CF ter um núcleo imutável, que não se submete
a modificações nem mesmo por emenda - a classifica como super-rígida.

Correto.

b) Por expressar apenas as regras básicas de organização do Estado e os


preceitos referentes aos direitos fundamentais, a CF é considerada como uma
constituição analítica.

Errado. Ela é analítica porque é prolixa e não porque é concisa.

c) Quanto à forma, a CF é uma constituição escrita, pois se acha consolidada em


usos e costumes, convenções e textos esparsos, bem como na jurisprudência
formada sobre os temas constitucionais.

Errado. Ela é escrita realmente, porém a definição dada é de uma Constituição


consuetudinária, ou seja, costumeira, não escrita.

3.(FCC/Analista-TER-MG/2005) Tendo em vista a classificação das constituições,


pode-se dizer que a Constituição da República Federativa do Brasil vigente é
considerada escrita e legal, assim como

a)super-rígida, popular, histórica, sintética e semântica.

b) rígida, promulgada, dogmática, analítica e formal.

c) semi-rígida, democrática, dogmática, sintética e pactuada.

d) flexível, outorgada, dogmática, analítica e nominalista.


e) flexível, promulgada, histórica, analítica e formal.

Gaba: Letra B

4. (ESAF/ PGFN/2007 – Adaptada) Julgue os itens:

a) As constituições outorgadas não são precedidas de atos de manifestação livre


da representatividade popular e assim podem ser consideradas as Constituições
brasileiras de 1824, 1937 e a de 1967, com a Emenda Constitucional n. 01 de
1969.

Correto. São as constituições impostas unilateralmente.

b) A distinção entre constituição em sentido material e constituição em sentido


formal perdeu relevância considerando-se as modificações introduzidas pela
Emenda Constitucional n. 45/2004, denominada de "Reforma do Poder
Judiciário".

Errado. A referida classificação é doutrinária e não algo que está inserido no texto
constitucional capaz de ser “apagado” por uma Emenda.

c) Considera-se constituição não-escrita a que se sustenta, sobretudo, em


costumes, jurisprudências, convenções e em textos esparsos, formalmente
constitucionais.

Errado. Está errada a parte que fala “formalmente constitucionais”. Nas


Constituições não escritas, o que importa é a matéria e não a forma.

5. (FCC/TCE-MG/2007)No que se refere à classificação das constituições, é certo


que as:

a) sintéticas se formam do produto sempre escrito e flexível, sistematizado por um


órgão governamental, a partir de idéias da teoria política e do direito dominante.

Errado. Não há qualquer correlação entre os termos.

b) dogmáticas são frutos da lenta e contínua síntese das tradições e usos de um


determinado povo, podendo apresentar-se de forma escrita ou não-escrita.

Errado. Esse é o conceito de Constiuição histórica.


c) formais consistem no conjunto de regras materialmente constitucionais,
editadas com legitimidade, estejam ou não codificadas em um único
documento.

Errada. Esse é o conceito de Constituição material.

d) promulgadas se apresentam por meio de imposições do poder de


determinada época, sem a participação popular, tendo natureza imutável.

Errada. Esse é o conceito de outorgada.

e) analíticas ou dirigentes, examinam e regulamentam todos os assuntos que


entendam relevantes à formação, destinação e funcionamento do Estado.

Correto. Embora não esteja muito bem elaborada a questão, dando a entender
que analíticas e dirigentes são sinônimos, a explicação, é relamente de uma
Constituição analítica.

6. (NCE/MPE-RJ/2007) Acerca da teoria da Constituição (conceitos, classificação


e supremacia ), é INCORRETO afirmar que:

a) o controle de constitucionalidade é uma conseqüência da rigidez


constitucional;

Correto.

b) as constituições populares ou democráticas são aquelas que exprimem em


toda a extensão o princípio da vontade soberana do povo;

Correto.

c) o sistema de constituição consuetudinária é refratário ao conceito de rigidez


constitucional, o qual estabelece a superioridade das normas constitucionais;

Errado. A consuetudinária é a costumeira, logo é oposta a idéia de rigidez, pois o


que importa é a matéria e não a forma da Constituição.

d) as constituições se fizeram volumosas e inchadas em conseqüência, entre


várias causas, do sentimento de que a rigidez constitucional é anteparo ao
exercício discricionário da autoridade;

Correto. A extensão e prolixidade das normas em constituições analíticas é fruto


do temor à liberdade de atuação dos governantes, assim, tentou-se “amarrar” as
ações destes de forma que não pudessem agir em contrário ao interesse da
coletividade.

e) a constituição material consiste no conjunto de regras materialmente


constitucionais, estejam ou não codificadas em um único documento.

Correto.

7. (ESAF/SEFAZ-CE/2007) Sobre a classificação das Constituições e o Sistema


Constitucional vigente, assinale a única opção correta.

a) A Constituição Federal de 1988 é considerada, em relação à estabilidade,


como semi-rígida, na medida em que a sua alteração exige um processo
legislativo especial.

Errado. É rígida.

b) No que se refere à origem, a Constituição Federal de 1988 é considerada


outorgada, haja vista ser proveniente de um órgão constituinte composto de
representantes eleitos pelo povo.

Errado. Ela é promulgada.

c) A constituição escrita apresenta-se como um conjunto de regras


sistematizadas em um único documento. A existência de outras normas com
status constitucional, per se, não é capaz de descaracterizar essa condição.

Errado na parte final. A Constituição escrita é uma só, não tem essa de outros
textos com status Constitucional.

d) As constituições dogmáticas, como é o caso da Constituição Federal de 1988,


são sempre escritas, e apresentam, de forma sistematizada, os princípios e idéias
fundamentais da teoria política e do direito dominante à época.

Correto. A constituição dogmática precisa ser sempre escrita, já que ao contrário


das históricas, ainda não está solidificada na mente do povo.

e) Nas constituições materiais, como é o caso da Constituição Federal de 1988, as


matérias inseridas no documento escrito, mesmo aquelas não consideradas
"essencialmente constitucionais", possuem status constitucional.

Errado. Esse é o conceito de formal, e a CF de 88 é uma CF formal.


Aula 5 Elementos da Constituição/Eficácia e Aplicabilidade das Normas.

• Elementos da Constituição:

A CF/88 possui 2 partes:

1- Parte Permanente: Formada pelo Preâmbulo + 250 artigos, divididos em 9 títulos

Título I: Princípios Fundamentais


Título II: Dos Direitos e Garantias Fundamentais
Título III: Da Organização do Estado
Título IV: Da Organização dos Poderes
Título V: Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas
Título V: Da Tributação e do Orçamento
Título VII: Da Ordem Econômica e Financeira
Título VIII: Da Ordem Social
Título IX: Das Disposições Constitucionais Gerais;

2- Parte Transitória: ADCT (até a EC 57/08 possui 96 artigos)

José Affonso da Silva [em “Curso de Direito Constitucional Positivo”] divide os


elementos da Constituição em 5 grupos:

1- Orgânicos: Normas que regulam a estrutura do Estado e do Poder; Organizam a


estruturação do Estado;
Ex. Título III – Da Organização do Estado; Título IV – Da organização do poderes e
do Sistema de Governo; Forças Armadas; Segurança pública; Tributação,
Orçamento.

2- Limitativos: Limitam a atuação do poder do Estado. Ex. Direitos e Gatantias


fundamentais ( exceto os direitos sociais = eles são sócio-ideológicos)

3- Sócio-ideológicos: Tratam do compromisso entre o Estado individualista, aquele


que protege a autonomia das vontades, com o Estado Social, onde as pessoas
fazem parte de uma coletividade a ser respeitada como um todo.
Ex. Direitos Sociais, Título VII – Da ordem econômica e financeira; Título VIII – Da
Ordem Social.

4-De Estabilização Constitucional: São os elementos que tratam da solução de


conflitos constitucionais, defesa do Estado, Constituição e instituições
democrátitcas:
Ex. Disposições sobre Controle de Constitucionalidade; Procedimento de Emendas
à Constituição; Estado de Sítio, Estado de defesa, intervenção federal.

5- Formais de aplicabilidade: Regras de aplicação da Constituição. Ex. ADCT ; Art.


5º §1º - “As normas dos Dir. Fundamentais têm aplicação imediata.”
• Normas Constitucionais:

Primeiramente, lembramos que pelo fato de o Brasil adotar a conceito de


Constituição formal, todas as normas estão em um mesmo patamar jurídico, não
havendo supremacia dentro das normas constitucionais, nem existindo controle
de constitucionalidade de normas originárias.
Todas as normas constitucionais (exceto o preâmbulo – segundo o STF) possuem
eficácia jurídica, pois mesmo que não consigam alcançar seu destinatário,
conseguem, ao menos, impor a sua observância às demais de hierarquia inferior,
sendo capaz de as tornarem inconstitucionais caso a contrariem, dizendo-se
assim que possuem caráter vinculante imediato.

• Eficácia e aplicabilidade segundo a doutrina clássica e as normas


programáticas:

A doutrina clássica dividia as normas em auto-aplicáveis (auto-executáveis) e


não auto-aplicáveis (não auto-executáveis), estas, diferentemente das primeiras
exigiam a complementação do legislador para produzirem efeitos.

Essa classificação não é aceita no Brasil, pois o entendimento é que todas as


normas são auto-aplicáveis.
Porém algumas bancas, notadamente a ESAF, costumam cobrar o conceito de
auto-aplicáveis e não auto-aplicáveis em associação às normas programáticas,
já que estas como são um plano de ação para o estado, possuem o que se
chama de eficácia diferida, ou seja, sua aplicação se dará ao longo do tempo.

• Eficácia e aplicabilidade segundo a José Affonso da Silva:

Essa é a doutrina majoritária, divide em 3 tipos as normas:

Eficácia Plena – Não necessitam nenhuma ação do legislador para que possa
alcançar o destinatário, por isso são de aplicação direta e imediata.

Ex.: Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude da lei. (art.5º, II)

Eficácia Contida - É a norma que embora não precise de qualquer


regulamentação para ser alcançada por seus receptores, a lei PODERÁ limitar seu
alcance, sendo que, enquanto não editada essa lei, permanece no mundo
jurídico com sua eficácia de forma plena. Assim ela também possui sua
aplicação imediata e direta, porém pode ser restringida pelo legislador
infraconstitucional.
Ex.: É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendida às
qualificações profissionais que a lei estabelecer. (art. 5º, XIII), ou seja, As pessoas
podem exercer de forma plena qualquer trabalho, ofício ou profissão, salvo se
vier uma norma estabelecendo certos requisitos para CONTER essa plena
liberdade.

Eficácia Limitada - É a norma que, caso não haja regulamentação por meio de
lei, não é capaz de gerar nenhum efeito concreto, assim dizemos que tem
aplicação indireta ou mediata, pois há a necessidade da existência de uma lei
para “mediar” a sua aplicação. Como vimos, é errado dizer que não possui força
jurídica, pois manifesta a intenção dos legisladores e é capaz de tornar normas
posteriores inconstitucionais. Assim, sua aplicação é mediata, mas sua eficácia
jurídica (ou seja, seu caráter vinculante) é imediata.

Ex.: O estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor. (art. 5º, XXXII)
Se a lei não estabelecesse o Código de Defesa do Consumidor, não se poderia
aplicar essa norma por si só.

• Eficácia e aplicabilidade segundo a Maria Helena Diniz:

A classificação das normas, segundo esta autora, muda pouco comparado a


José Affonso da Silva. Maria Helena Diniz aborda mais um tipo em sua
classificação, e segundo ela teriamos a seguinte classificação:

Eficácia absoluta ou supereficazes – seriam as clásulas pétras;


Eficácia plena = Eficácia plena de J.A. Silva
Eficácia relativa restringível = Eficácia contida de J.A. Silva
Eficácia relativa complementável = Eficácia limitada de J.A. Silva

Essa classificação já foi cobrada algumas vezes em concursos da banca FGV.

• Normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais:

Art. 5º § 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm


aplicação imediata.

Isso não quer dizer que sejam todas de eficácia plena, como já foi cobrado em
concursos, lembramos que tanto as plenas como também as contidas possuem
aplicação imediata.

1.(CESPE/Polícia Civil–TO/2008) Os elementos orgânicos que compõem a


Constituição dizem respeito às normas que regulam a estrutura do Estado e do
poder, fixando o sistema de competência dos órgãos, instituições e autoridades
públicas.

Correto.

2.(FCC/TCE-MG/2007) As normas constitucionais relativas aos direitos e garantias


individuais, inseridas no título relativo aos direitos e garantias fundamentais,
contêm elementos da Constituição ditos:

a) sócio-ideológicos, por revelar o compromisso da Constituição entre o Estado


individualista e o Estado social.

b) orgânicos, por regularem a estrutura do Estado e do poder.

c) limitativos, por limitarem a atuação do Estado, dando ênfase à sua


configuração como Estado de Direito.

d) de estabilização constitucional, na medida em que asseguram a defesa da


Constituição e das instituições democráticas.

e) formais de aplicabilidade, diante da aplicação imediata das normas


definidoras de direitos dessa espécie.

Resposta: C.

3.(FGV/SEFAZ-RJ/2008.2)São elementos orgânicos da Constituição:

a) a estruturação do Estado e os direitos fundamentais

Errado. estruturação do Estado é, mas dieitos. fundamentais são limitativos.

b) a divisão dos poderes e o sistema de governo.

Correto.

c) a tributação, orçamento e direitos sociais.

Errado. Tributação é orgânico. Direitos sociais é sócio-ideológico.

d) as forças armadas e a nacionalidade.

Errado. FFAA é orgânico, mas nacionalidade é sócio-ideológico.

e) a segurança pública e a intervenção.

Errado. Segurança pública é orgânico. Intervenção é elemento de estabilização


constitucional.
4. (ESAF/PGFN/2007) Assinale a opção correta.

a) As normas programáticas não são auto-aplicáveis porque retratam apenas


diretrizes políticas que devem ser alcançadas pelo Estado Brasileiro, não
possuindo caráter vinculante imediato.

Errado. O erro está apenas quando se fala em “caráter vinculante imediato” já


que isso retrata a eficácia jurídica das normas, a qual qualquer norma
consitucional possui.

b) As normas definidoras de direitos e garantias fundamentais são consideradas


normas de aplicação mediata, embora direta e potencialmente não integral.

Errado. Elas tem aplicação imediata, segundo o art. 5º §1º.

c) É auto-aplicável a norma constitucional que prevê que a atividade jurisdicional


será ininterrupta, sendo vedadas férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo
grau, funcionando, nos dias em que não houver expediente forense normal, juízes
em plantão permanente.

Correto.

d) A norma constitucional que prevê que a lei só poderá restringir a publicidade


dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o
exigirem é de eficácia limitada.

Errado. É de eficácia contida, já que quebrando a norma: "não se pode restringir


a publicidade de atos processuais, salvo por lei quando a defesa da intimidade
ou interesse social exigir".

e) No caso das normas constitucionais de eficácia contida, a atividade


integradora do legislador infraconstitucional é vinculada e não discricionária,
ante a necessidade, para fins de auto-execução, de delimitar o ambiente da sua
atuação restritiva.

Errado. Não existe necessidade de ação do legislador para ela ter aplicação.

5.(ESAF/AFRF/2001) A respeito das normas constitucionais é correto dizer:

a) As normas programáticas são, na sua maioria, normas auto-aplicáveis.

Errado. Elas apenas traçam um plano para o governo, tem eficácia diferida.

b) As normas que prevêm direitos fundamentais de abstenção do Estado são, em


sua maioria, normas não auto-aplicáveis, dependendo de desenvolvimento
legislativo para produzirem todos os seus efeitos.
Errado. Não precisa do legislador para produzir efeitos.

c) Todas as normas estabelecidas pelo poder constituinte originário no texto


constitucional são formalmente constitucionais e se equivalem em nível
hierárquico.

Correto. Devido a concepção jurídica adotada no Brasil.

d) Normas constitucionais não auto-aplicáveis somente se tornam normas


jurídicas depois de reguladas por lei, uma vez que, antes disso, não são capazes
de produzir efeito jurídico.

Errado. Toda norma já tem força jurídica, ainda que apenas de forma passiva.

e) Numa Constituição classificada como dirigente, não se encontram normas


programáticas.

Errado. É justamente o contrário.

6.(VUNESP/Procurador-Louveira-SP/2007)No momento em que a Constituição da


República do Brasil assegura ser "livre a locomoção no território nacional em
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar,
permanecer ou dele sair com seus bens", estabelece uma norma constitucional
de eficácia

a) plena e aplicabilidade direta, imediata e integral.

b) contida e aplicabilidade direta, imediata, mas possivelmente não integral.

c) limitada, declaratória de princípios institutivos.

d) limitada, declaratória de princípios programáticos.

e) plena ou, nos moldes da doutrina norte americana, selfexecuting.

Resposta B. Pois a princípio todos são livres, até que a lei estabeleça casos em
que se restringirá essa liberdade.

Aula 6 Mutação, Revisão e Reforma Constitucional

• Mutação, Revisão, Reforma Constitucional:

Os conceitos de mutação, revisão e reforma constitucional são muito cobrados


em concursos, e são 3 termos que possuem grande diferença entre eles, que não
podem de modo algum serem confundidos.
Reforma Constitucional:

A reforma constitucional ocorre quando alteramos o texto da constituição através


de Emendas Constitucionais, conforme vimos ao falarmos do Poder Constituinte
Derivado Reformador.

Preceitua o art. 60 da CF:

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:

I. De 1/3, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado;


II. Do Presidente da República;
III. De mais da metade das Assembléias Legislativas, com maioria relativa em
cada uma delas.

Esse poder de Emendar a CF possui várias limitações:


• Limitação circunstancial;
• Limitação procedimental;
• Limitação material;
• Limitação formal (princípio da irrepetibilidade);
• Limitação temporal (não adotada pelo Brasil);

Limitação circunstancial
§ 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção
federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.

Limitação Procedimental
§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do CN, em 2 turnos,
considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, 3/5 dos votos dos respectivos
membros.

Limitação Material – Cláusulas Pétreas


§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir
(leia-se tendente a reduzir o alcance): Elas não são imutáveis, pois, poderá ser
mexido para aumentar o poder de alcance delas.
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias INDIVIDUAIS.

• Princípio da irrepetibilidade (Limitação formal)


§ 5º - a matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por
prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma SESSÃO
LEGISLATIVA.

Não confundir “sessão legislativa” com “legislatura”.

• Limitação Temporal

A CF/88 não estabeleceu nenhuma limitação temporal, mas, tal limitação pode
ser encontrada em constituições de outros países. Essa limitação ocorre quando
somente depois de decorrido certo lapso temporal a constituição poderá ser
reformada.

Considerações:
1- A forma republicana não é cláusula pétrea, é apenas um princípio sensível,
(veremos em “intervenção federal”).
2- Voto obrigatório não é cláusula pétrea, apenas o fato de ser direto , secreto,
universal e periódico.
3- Lembre-se que são gravados de forma pétrea apenas os direitos e garantias
INDIVIDUAIS, mas, estes não se resumem ao art. 5º da CF, estando espalhados ao
longo dela.
4- Os 4 incisos vistos acima são as cláusulas pétreas expressas ou explícitas da
CF, temos também outras que são consideradas implícitas, a saber:
O povo como titular do poder contribuinte;
O próprio artigo 60 (que estabelece os procedimentos de reforma);
O poder igualitário do voto.

OBS. Em se tratando do Art. 60, o entendimento é de que ele não pode sequer ser
modificado e não o de não poder apenas reduzir como as demais cláusulas
pétreas.

Promulgação das EC ‘s: § 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas


Mesas de ambas as Casas, com o respectivo número de ordem.

Revisão Constitucional:

(ADCT art.3º) A revisão constitucional será realizada após 5 anos, contados da


data de promulgação da CF, pelo voto da MAIORIA ABSOLUTA, dos membros do
Congresso Nacional em SESSÃO UNICAMERAL.

Essas emendas têm o mesmo poder das vistas acima, mas, percebe-se que era
um procedimento mais simples (bastava MA em sessão unicameral, enquanto as
outras será 3/5, em 2 turnos, nas duas Casas), porém, após o uso deste poder
reformador de revisão, ele se extinguiu não podendo mais ser utilizado e nem se
pode por EC criar outro similar.

Mutação Constitucional:

A mutação constitucional, diferentemente da Revisão e da Reforma, não altera a


literalidade do texto constitucional. A mutação são os novos entendimentos
dados às normas constitucionais pela jurisprudência, pelos usos e costumes,
através de um processo informal, sem que o texto se altere. Modifica-se apenas a
sua ação sobre os destinatários.

1. (FCC/Auditor TCE-AL/2008) Considere que a Constituição de um determinado


Estado preveja que o Poder Legislativo possa reformar a Constituição,
ordinariamente, a cada cinco anos e, extraordinariamente, a qualquer momento,
desde que assim decidam quatro quintos dos parlamentares. Em qualquer
hipótese, as alterações da Constituição deverão ser aprovadas por maioria de
dois terços dos membros do Legislativo, cabendo ao Presidente da República
promulgar o ato normativo de reforma. Suponha, por fim, que exista proibição de
reforma constitucional na vigência de estado de sítio. O procedimento acima
descrito é similar ao de reforma da Constituição brasileira de 1988 no que diz
respeito

a) ao lapso temporal para exercício regular do poder de reforma da Constituição.

b) ao quorum de quatro quintos dos parlamentares para apresentação de


proposta de emenda.

c) ao quorum de dois terços dos parlamentares para aprovação da emenda


constitucional.

d) à necessidade de promulgação da emenda pelo Presidente da República.

e) à existência de limitações circunstanciais ao poder de reforma da


Constituição.

Resposta: Letra E.

2. (CESPE/Agente-Polícia Civil-TO/2008) Julgue os itens a seguir, relativos ao


exercício do poder de reforma constitucional.

a)A Constituição Federal não pode ser emendada na vigência de intervenção


federal, de estado de defesa ou de estado de sítio, salvo se houver prévia
anuência dos líderes partidários e da mesa do Congresso Nacional.

Errado.

b) Em regra, a emenda à Constituição é promulgada pelas mesas da Câmara dos


Deputados e do Senado Federal e submetida à sanção presidencial se tiver sido
proposta pelo presidente da República.

Errado. Não existe sanção presidencial para EC ‘s.

c) A matéria constante de proposta de emenda constitucional rejeitada ou


havida por prejudicada só pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão
legislativa mediante iniciativa da maioria absoluta dos membros de qualquer das
casas do Congresso Nacional.

Errado. Em se tratando de EC ‘s o princípio da irrepetibilidade é absoluto, não é


relativizado pela proposta dos congressistas.

3.(ESAF/PGFN/2007 - adaptada) Assinale a opção correta:

a) É viável reforma constitucional que aperfeiçoe o processo legislativo de


emenda constitucional, tornando-o formalmente mais rigoroso.

Errado. Vimos que não se pode sequer alterar o art. 60. Nem para facilitar nem
para dificultar.

4.(ESAF/SEFAZ-CE/2007) A revisão constitucional prevista por uma Assembléia


Nacional Constituinte, possibilita ao poder constituinte derivado a alteração do
texto constitucional, com menor rigor formal e sem as limitações expressas e
implícitas originalmente definidas no texto constitucional.

Errado. A revisão também deve observar limitações constitucionais embora


realmente possua um menor rigor formal.

5.(FCC/ISS-SP/2007) A classificação da Constituição brasileira de 1988, quanto à


alterabilidade de suas normas, decorre dos dispositivos constitucionais nos quais

a) foi prevista a possibilidade de convocação de plebiscito para a definição


quanto à forma e o sistema de governo que deveriam vigorar no país.

b) foi determinada a realização de uma revisão constitucional, cinco anos após


sua promulgação, pelo voto de três quintos dos membros do Congresso
Nacional.

c) se estabelecem iniciativa, turnos e quorum de votação, além de limitações


materiais e circunstanciais, para o exercício do poder de reforma constitucional.
d) a soberania popular é assegurada, por meio do voto direto e secreto, com
valor igual para todos, e, nos termos da lei, por plebiscito, referendo e iniciativa
popular.

e) se define que os direitos e garantias expressos na Constituição não excluem


outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados.

Resposta: Letra C.

6.(CESPE/OAB-RJ/2007) Sobre a mutação constitucional, assinale a opção


correta.

a) Trata-se de fenômeno de alteração da Constituição sem que se tenha alterado


seu texto.

b) É o fenômeno de modificação da Constituição promovido pelas emendas à


Constituição.

c) É o fenômeno ocorrido quando uma nova ordem constitucional substitui uma


Constituição.

d) É a incorporação de norma infraconstitucional no rol das normas


constitucionais mediante de decisões específicas do STF.

Resposta: Letra A.

7.(FGV/SEFAZ-MS/2006) A respeito da "mutação constitucional", é correto afirmar


que:

a) é a alteração da Constituição por meio de emendas.

b) é o mesmo que revisão constitucional.

c) são as alterações informais feitas na substância da Constituição,


especialmente por meio da interpretação judicial.

d) não tem lugar em nosso sistema jurídico, em razão de a Carta Política ser
escrita e rígida.

e) só ocorre por meio do poder constituinte originário.

Resposta: Letra C.

Aula 7 Hermenêutica Constitucional


• Hermenêutica Constitucional

A hermenêutica, arte de interpretar o sentido das palavras, é uma atividade que


compreende diversos princípios e métodos de intrepretação para que o intérprete
consiga extrair dos ditames constitucionais o verdadeiro conteúdo de seu texto. O
objetivo da interpretação é que se consiga concretizar os preceitos muitas vezes
abstratos constantes da Constituição.

Assim, podemos dizer que a interpretação constitucional é uma atividade


criadora, pois também se responsabiliza por dar uma “nova vida” as normas,
conferindo a elas um caráter dinâmico para que alcancem os fins que a
sociedade requer naquele determinado momento, o que fez o professor
Canotilho definir o sistema jurídico como um “sistema aberto”, ou seja, em
constante evolução, que não se fecha para o dinamismo que a sociedade
requer.

O Nosso estudo será divido em 4 partes:


A singularidade das normas constitucionais e subdivisão dos princípios;
Corrente interpretaivista e não-interpretativista;
Métodos para se interpretar a Constituição; e
Princípios a serem observados ao interpretar a Constituição.

1 – Singularidade das normas constitucionais:


(Cobrado por ESAF, CEPSE e FCC)

As normas constitucionais são dotadas de um caráter singular, pois são


orientadoras de todo o ordenamento jurídico, desta forma, muitas vezes, possuem
um grau de abstração tão elevado que necessitam da atividade do intérprete
para que consiga alcançar os seus destinatários da forma correta.

Na visão do professor Canotilho, essa singularidade é demonstrada ao passo no


qual em um texto constitucional podemos encontrar 2 tipos de normas: os
princípios e as regras.

Os princípios, como o próprio nome sugere, serve de ponto de partida para o


pensamento do aplicador. Eles possuem um grau de abstração maior que as
regras, são orientadores. Ao se aplicar estes princípios pode-se chegar a vários
graus de concretização, já que eles não definem um fim exato a ser alcançado.
Eles são chamados de “mandados de otimização” ,pois, tenta-se aplicá-los com
o fim de se otimizar, melhorar, o alcance das normas.

As regras, por sua vez, são definidoras de uma ação, direcionam o aplicador a
um fim específico, concreto. Elas não comportam um cumprimento parcial, ou
são cumpridas ou não são.

Quando estamos diante de princípios colidentes, eles não se excluem, mas


devem ser harmonizados, ponderados no campo do valor ou da sua importância,
já em se falando de conflito entre duas regras, elas se excluem já que apenas
uma delas poderá ser aplicada ao caso concreto.

1.1 - Subdivisão dos princípios constitucionais segundo Canotilho:


(apenas a ESAF adentrou neste campo)

O professor Canotilho dividiria os princípios constitucionais em 2 tipos:

a) Princípios político-constitucionais (ou Princípios Fundamentais ou ainda


Princípios Estruturantes do Estado Constitucional) São os formados pelas
decisões políticas fundamentais que se positivaram na CF, seriam
normas-princípio em si, na CF estariam do art. 1º ao 4º, definido a forma do Estado
e de Governo, Regime político e estruturas políticas do governo em geral.

b) Princípios jurídico-constitucionais Decorreriam de outras normas


constitucionais, e muitas vezes dos próprios princípios fundamentais. Ex. algumas
normas do art. 5º são desdobramentos do regime democrático ou da forma
republicana adotada pelo Brasil como princípio fundamental, como o princípio
da legalidade, isonomia e etc.

2 - Correntes interpretativistas e não-interpretaivistas:

Assunto que tem sido cobrado apenas pelo CESPE. Essas correntes debatem sobre
a liberdade de atuação dos juízes ao se interpretar as normas constitucionais,
debate este muito forte nos Estados Unidos.

a) Corrente interpretativista:

Canotilho ensina que as corrente interpretativistas consideram que os juízes


devem se limitar a captar o sentido dos preceitos expressos na Constituição, ou
que pelo menos, estejam claramente implícitos.

Ou seja, a atividade do juiz é bem restrita, limitada, não podendo de forma


alguma contrariar os fins pensados pelo legislador. Não estamos querendo dizer
que se confundirá com o “literailismo”, mas que deve ser comedido ao usar
conceitos implícitos no texto constitucional.

b) Não-interpretativismo:

Canotilho diz que, diferentemente dos interpretativistas, os não-interpretativistas


defendem uma maior autonomia do juiz ao se interpretar a norma, prevendo uma
possibilidade e até mesmo a necessidade de que os juízes apliquem “valores e
princípios substantivos”– princípios da liberdade e da justiça – contra atos de
responsabilidade do legislativo em conformidade com a Constituição.
Assim, importa mais os valores, como a igualdade, a justiça e a liberdade
demandados pela sociedade, do que a estrita vontade do legislador.

3- Métodos de interpretação:
(Principalmente ESAF)

Ainda de acordo com os ensinamentos de Canotilho e repassados pelo professor


Inocêncio Coelho, para se interpretar a Constituição, o aplicador poderá valer-se
de métodos os quais resumidamente iremos expor abaixo. Esses métodos não
devem ser entendidos como excludentes e sim como complementares, devem
ser usados como um conjunto:

a) Método Jurídico (ou método hermenêutico clássico):


Usa-se os métodos clássicos de interpretação de leis propostos por Savigny para
interpretar as normas constitucionais, apesar da singularidade vista. Destacamos:

Interpretação autêntica – Ocorre quando o próprio órgão que editou a norma


edita uma outra norma, com o fim de esclarecer pontos duvidosos e que, sendo
meramente interpretativa, poderá ter eficácia retroativa já que não cria nem
extingue direitos;
Interpretação teleológica – Interpreta-se a norma tentando buscar a finalidade
para qual foi criada;
Interpretação gramatical ou literal – Usa-se o a literalidade da lei;
Interpretação histórica – Busca-se os precedentes históricos para tentar
alcançar a interpretação a ser dada à norma;
Interpretação sistemática – Tenta-se harmonizar as normas dando uma unidade
ao ordenamento jurídico;

b) Método tópico-problemático:
Tendo um problema concreto nas mãos, os intérpretes debatem abertamente
tentando adequar a norma a este problema, daí diz-se que há uma “primazia do
problema sobre a norma”.

c) Método hermenêutico-concretizador:
É o contrario do anterior. Aqui parte-se da pré-compreensão da norma abstrata e
tenta-se imaginar a situação concreta. Agora temos a “primazia da norma sobre
o problema”.

d) Método científico-espiritual:
Analisa-se os valores sociais, integrando o texto constitucional com a realidade a
qual a sociedade está vivendo.
e) Método normativo-estruturante:
Analisa-se a norma tentado analisar a sua função como estruturadora do Estado.

4-Princípios de interpretação:
(Todas as bancas)

Os princípios a serem usados na interpretação constitucional devem ser


analisados também em conjunto. Para fins de concurso, exporemos 8 princípios
que são usualmente apontados pela doutrina majoritária. Vamos analisar os
pontos importantes de cada um:

a) Princípio da unidade da Constituição:

Este princípio é como se fosse a base da qual deriva a maioria dos demais.
Segundo ele, as normas constitucionais formam um corpo único, indivisível para
fins de interpretação. Uma norma só faz sentido se entendida dentro de todo o
contexto do sistema constitucional. Assim, ao interpretar a Constituição, o
hermeneuta deve buscar dissipar quaisquer contradições ou antinomias
aparentes, já que formando este corpo único, não há o que se falar em normas
contraditórias, devendo-se analisá-las em conjunto e buscar o verdadeiro fim
pensado.

b) Princípio da concordância prática ou da harmonização:

Sem que se negue o princípio da unidade da Constituição, ao se usar o princípio


da harmonização, deverá o intérprete ponderar os valores dos princípios e
normas de modo a otimizar o resultado da interpretação. Assim, um princípio
pode limitar ou condicionar outro, não o nega totalmente, mas, ocorre uma
verdadeira “harmonização” entre eles.

c) Princípio da correição funcional (ou conformidade funcional):

Embora o intérprete tenha certa liberdade ao buscar o sentido das normas, ele de
forma alguma, segundo este princípio, poderá chegar a um resultado que
perturbe a repartição de competências que a Constituição estabeleceu em sua
estrutura.

d) Princípio da eficácia integradora:

Orientado por este princípio, o intérprete deverá, ao se deparar com problemas


jurídico-constitucionais, ponderar as normas e estabelecer a interpretação mais
favorável a uma integração política, social ou que reforce a unidade política.
e) Princípio da força normativa da Constituição:

Segundo este princícipio, não se pode ignorar a eficácia das normas


constitucionais, se elas estão positivadas existe um motivo para tal, assim o
intérprete deverá adotar interpretação que garanta maior eficácia e
permanência destas normas, para que ela não vire uma “letra morta”.

f) Princípio da máxima efetividade:

Este princípio é considerado por muitos um subprincípio do anterior. Ele orienta o


intérprete a fazer uma interpretação expansiva notadamente dos direitos
fundamentais, de forma a conferir uma maior eficácia a estas normas, torná-las
mais densas e fortalecidas.

g) Princípio da interpretação conforme a Constituição e da presunção de


constitucionalidade das leis:

É um princípio usado tanto para interpretação constitucional quanto no controle


de constitucionalidade. Primeiramente, é importante salientar que se interpretam
sempre as leis conforme a Constituição, nunca se interpreta a Constituição
conforme as leis.
Assim, o intérprete deve presumir que a lei é constitucional e quando restar
dúvida em relação ao significado da norma, escolherá aquele que a tornará
constitucional, declarando-se inconstitucional que se tome interpretação diversa.

h) Princípio proporcionalidade e da razoabilidade:

É um dos princípios que mais ganham espaço atualmente, já que preza pela
justiça, bom senso, aplicação razoável e proporcional das normas.
É importante frisar que este princípio não foi positivado expressamente na CF, mas
encontra-se implícito no art. 5º LIV que dispõe sobre o “devido processo legal”.

Questões de Concursos:

1.(CESPE/PGE-PI/2007)Assinale a opção correta quanto à teoria da interpretação


e aplicação dos princípios e regras constitucionais.

a) Princípios, normalmente, relatos objetivos, descritivos de determinadas


condutas, são aplicáveis a um conjunto delimitado de situações. Assim, na
hipótese de o relato previsto em um princípio ocorrer, esse princípio deve incidir
pelo mecanismo tradicional da subsunção, ou seja, enquadram-se os fatos na
previsão abstrata e produz-se uma conclusão.

Errado. Princípios não são relatos objetivos, descritivos de determinadas condutas.


São as regras que definem-se por isso. Os princípios são abstratos, sem uma
finalidade objetiva bem definida.

b) A aplicação de um princípio, salvo raras exceções, se opera na modalidade


do tudo ou nada, o que significa que ele regula a matéria em sua inteireza ou é
descumprido.

Errado. Isso é o que acontece com as regras. Em se tratando de princípios, eles


são relativizados e ponderados com o objetivo de se chegar a um fim comum.

c) Na hipótese de conflito entre dois princípios, só um deles será válido e irá


prevalecer.

Errado. Exatamente como o comentário anterior, isso ocorre apenas para as


regras. Os princípios podem ser realtivizados e combinados.

d) Os princípios, freqüentemente, entram em tensão dialética, apontando


direções diversas. Por essa razão, sua aplicação se dá mediante ponderação.
Diante do caso concreto, o intérprete irá aferir o peso de cada princípio.

Correto. Agora sim, é isso que se faz ao se observar colisão de princípios.

e) As regras são normas que ordenam que algo seja realizado, na maior medida
possível, dentro das possibilidades jurídicas e reais existentes e, por isso, são
consideradas mandados de otimização, caracterizando-se pela possibilidade de
serem cumpridas em diferentes graus.

Errado. O que são mandados de otimização são os princípios, já que estes podem
ser cumpridos em diferentes graus. As regras devem ser cumpridas inteiramente,
não se admitindo o cumprimento parcial.

2.(FCC/TCE-MG/2007) No entendimento de doutrinadores, NÃO é considerado,


dentre outros, como princípio e regra interpretativa das normas constitucionais,

a) a unidade da constituição -interpretação de maneira a evitar contradições


entre as normas constitucionais.

Correto.

b) o efeito integrador -primazia aos critérios favorecedores da integração política


e social.

Correto.
c) a concordância prática ou a harmonização -coordenação e combinação dos
bens jurídicos em conflito.

Correto.

d) a força normativa da constituição -adoção de interpretação que garanta


maior eficácia e permanência das normas constitucionais.

Correto.

e) a adoção da contradição dos princípios -os preceitos exigem uma


interpretação explícita, excluindo-se a implícita.

Errado. Não existe isso.

3. (TRT 24ª – Juiz do trabalho substituto – 2007) Dados os seguintes enunciados:


I.A interpretação constitucional deve ser realizada de maneira a evitar
contradições entre suas normas.
II. Os órgãos encarregados da interpretação da norma constitucional não
poderão chegar a uma posição que subverta, altere ou perturbe o esquema
organizatório-funcional estabelecido pelo legislador constituinte originário.
III. Os bens jurídicos em conflito deverão estar coordenados e combinados de
forma a evitar o sacrifício total de um (uns) em relação a outro(s).
IV. Entre as interpretações possíveis, deve ser adotada aquela que garanta maior
eficácia, aplicabilidade e permanência das normas constitucionais.
V. A uma norma constitucional deve ser atribuído o sentido que maior eficácia se
lhe conceda.
VI. Na resolução dos problemas jurídico-constitucionais, deverá ser dada maior
primazia aos critérios favorecedores da integração política e social, bem como
ao reforço da unidade política. Relacione-os com o princípio/regra interpretativa
de norma constitucional:

Assinale a alternativa CORRETA:

a) Unidade da Constituição; Efeito Integrador; Máxima Efetividade ou Eficiência;


Justeza ou Conformidade Funcional; Concordância Prática ou Harmonização;
Força Normativa da Constituição.
b) Força Normativa da Constituição; Unidade da Constituição; Concordância
Prática ou Harmonização; Justeza ou Conformidade Funcional; Máxima
Efetividade ou Eficiência; Efeito Integrador.
c) Unidade da Constituição; Justeza ou Conformidade Funcional; Concordância
Prática ou Harmonização; Força Normativa da Constituição; Máxima Efetividade
ou Eficiência; Efeito Integrador.
d) Concordância Prática ou Harmonização; Justeza ou Conformidade Funcional;
Máxima Efetividade ou Eficiência; Unidade da Constituição; Força Normativa da
Constituição; Efeito Integrador.
e) Justeza ou Conformidade Funcional; Efeito Integrador; Força Normativa da
Constituição; Concordância Prática ou Harmonização; Unidade da Constituição;
Máxima Efetividade ou Eficiência.

Resposta: Letra C.

4.(CESPE/Procurador Federal-AGU/2007) Quanto à hermenêutica constitucional,


julgue os itens seguintes.

a) O princípio da unidade da CF, como princípio interpretativo, prevê que esta


deve ser interpretada de forma a se evitarem contradições, antinomias ou
antagonismos entre suas normas.

Correto.

b) Não existe relação hierárquica fixa entre os diversos critérios de interpretação


da CF, pois todos os métodos conhecidos conduzem sempre a um resultado
possível, nunca a um resultado que seja o unicamente correto. Essa pluralidade
de métodos se converte em veículo da liberdade do juiz, mas essa liberdade é
objetivamente vinculada, pois não pode o intérprete partir de resultados
preconcebidos e, na tentativa de legitimá-los, moldar a norma aos seus
preconceitos, mediante a utilização de uma pseudo-argumentação.

Correto. Perfeita explanação sobre interpretação constitucional.

c) As correntes interpretativistas defendem a possibilidade e a necessidade de os


juízes invocarem e aplicarem valores e princípios substantivos, como princípios de
liberdade e justiça, contra atos de responsabilidade do Poder Legislativo que não
estejam em conformidade com o projeto da CF. As posições
não-interpretativistas, por outro lado, consideram que os juízes, ao interpretarem a
CF, devem limitar-se a captar o sentido dos preceitos nela expressos ou, pelo
menos, nela claramente explícitos.

Errado. Inverteram-se os conceitos. Os interpetativistas defendem uma atividade


mais condicionada e os não-interpretativistas que defendem uma maior
liberdade.

5.(CESPE/Procurador Previdenciário-ES/2008) Acerca da interpretação


constitucional, julgue os itens subseqüentes.

a) A interpretação é uma atividade destinada a expor o significado de uma


expressão, configurando-se, também, como uma atividade criadora.
Correto. Vimos que a interpretação é a responsável pela constante evolução do
chamdo “sistema aberto” constitucional.

b) Na interpretação constitucional tradicional, há uma limitação ao levantamento


de todas as possíveis interpretações que a norma sob exame comporta, por
intermédio da utilização dos métodos histórico, científico, literal, sistemático e
teleológico.

Correto. É o método clássico de interpretação, onde se usa os métodos


tradicionais para se interpretar uma lei propostos por Savigny.

c) Entre as modernas formas de interpretação constitucional existentes estão a


declaração de constitucionalidade de norma em trânsito para a
inconstitucionalidade e a mutação constitucional, a declaração de
inconstitucionalidade com apelo ao legislador e principalmente a interpretação
conforme a Constituição.

Correto

d) Sempre que uma lei puder de alguma forma colocar em risco o ordenamento
constitucional, cumpre ao Poder Judiciário anulá-la, não sendo possível
aplicar-lhe uma forma de interpretação que preserve um dos sentidos que ela
comporte e que esteja em harmonia com a Constituição Federal.

Errada. Deve-se sempre buscar a interpretação que a tornr constitucional, devido


ao princípio da interpretação conforme a Constituição e da presunção de
constitucionalidade.

e) A aplicação do princípio da interpretação conforme a Constituição não está


limitada à literalidade da norma, ou seja, é permitido ao intérprete inverter o
sentido das palavras e subverter a intenção do legislador.

Errado. A atuação do intérprete é limitada, não poderá nunca contratiar os


próprios ditames da norma.

f) As normas-princípio apresentam um grau de abstração reduzido e têm eficácia


restrita às situações específicas às quais se destinam. No plano constitucional, as
normasprincípio estão situadas em patamar hierárquico superior às demais.

Tá tudo errado. Primeiro que o grau de abstração é elevado, segundo, não há


hierarquia entre normas constitucionais.

6. (CESPE/TCM-GO/2007) Com relação à aplicação das normas constitucionais,


assinale a opção incorreta.

a) O intérprete deve considerar que a interpretação constitucional se assenta no


pressuposto da superioridade jurídica da CF sobre os demais atos normativos no
âmbito do estado, o que significa dizer que não se deve fazer uma interpretação
da CF conforme a lei.

Perfeito. Interpreta-se leis conforme a CF. Nunca a CF conforme a lei.

b) Havendo colisão de direitos fundamentais, deve o intérprete aplicar o princípio


da concordância fática, segundo o qual normas constitucionais que tutelam os
direitos à vida e à liberdade têm precedência sobre as demais.

Errado. Deve-se analisar o caso concreto, não podemos falar em precedência


pré-definida.

c) Ao dar a determinado dispositivo legal uma interpretação conforme a CF, o


intérprete está reconhecendo que, segundo uma interpretação textual do
dispositivo, ele é parcialmente inconstitucional ou que determinada interpretação
do dispositivo legal revela-se incompatível com a CF.

Correto.

d) O intérprete deve ter ciência de que os princípios da razoabilidade e da


proporcionalidade não estão explícitos na CF, sendo extraídos do dispositivo que
garante o devido processo legal, entendido na sua dimensão substantiva.

Correto. Eles estão implícitos no art. 5º LIV.

7.(MPE-MG/Promotor MPE-MG/2005)

a) a interpretação autêntica vincula os juízes, no ato interpretativo, sendo de


eficácia erga omnes e efeito ex tunc.

Correto. É a lei interpretativa.

b) a interpretação doutrinária é aquela que advém dos juristas, materializando-se


através de ensaios teóricos ou peças processuais sobre o conteúdo e significado
da norma.

Correto.

c) a interpretação autêntica é aquela ministrada pelo legislador mesmo, o órgão


legislativo elabora uma segunda norma com o propósito de estabelecer o
significado e o alcance da norma antecedente, havida por contraditória ou
ambígua.

Correto
8.(FCC/AFRE-PB/2006) O método de interpretação das normas constitucionais
segundo o qual se procura identificar a finalidade da norma, levando-se em
consideração o seu fundamento racional, é o método
a) literal.

b) gramatical.

c) histórico.

d) sistemático.

e) teleológico.

Resposta: Letra E!

9.(ESAF/AFTE-RN/2005) O método de interpretação constitucional, denominado


hermenêutico-concretizador, pressupõe a pré-compreensão do conteúdo da
norma a concretizar e a compreensão do problema concreto a resolver.

Perfeito. Primeiro se entende a norma no seu conceito abstrato, depois busca-se a


aplicação concreta para ela.

10.(ESAF/Advogado-IRB/2004) Assinale a opção correta.

a) O princípio da unidade da Constituição postula que, na interpretação das


normas constitucionais, seja-lhes atribuído o sentido que lhes empreste maior
eficácia ou efetividade.

Errado. O princípio da unidade da Constituição pressupõe a dissipação das


antinomias e contradições. Este princípio acima deveria ser descrito como o
princípio da máxima efetividade.

b) O princípio de interpretação constitucional do "efeito integrador" estabelece


uma nítida hierarquia entre as normas da parte dogmática da Constituição e as
normas da parte meramente organizatória.

Errado. O efeito integrador pressupõe a busca pelo sentido que fortaleça a


unidade política e a integração social.

c) Mesmo que, num caso concreto, se verifique a colisão entre princípios


constitucionais, um princípio não invalida o outro, já que podem e devem ser
aplicados na medida do possível e com diferentes graus de efetivação.

Correto. É o princípio da harmonização ou da concordância prática


d) No sistema jurídico brasileiro, cabe, com exclusividade, ao Poder Judiciário a
prerrogativa de interpretar a Constituição, sendo do Supremo Tribunal Federal a
palavra decisiva a esse respeito.

Errado. Podemos citar, por exemplo, a interpretação autêntica que é proferida


geralmente pelo poder legislativo, editando leis interpretativas.

11.(ESAF/Advogado-IRB/2006) Segundo a doutrina, os princípios


político-constitucionais são materializados sob a forma de normas-princípio, as
quais, freqüentemente, são desdobramentos dos denominados princípios
fundamentais.

Errado. Os princípios político-constitucionais são os princípios fundamentais. Os


princípios jurídico-constitucionais é que freqüentemente são desdobramentos
daqueles.

12.(FCC/PGE-PE/2004) Em ocorrendo colisão de direitos fundamentais


consagrados por normas constitucionais de eficácia plena, não sujeitos, portanto,
a restrições legais, o intérprete constitucional poderá adotar, para solução de
caso concreto, o princípio da

a) ponderação de interesses.

b) interpretação adequadora.

c) congruência.

d) relativização dos direitos fundamentais.

e) interpretação conforme a Constituição.

Resposta: Letra A.

13.(ESAF/AFC-CGU/2006) Sobre hermenêutica constitucional, interpretação e


aplicabilidade das normas constitucionais, assinale a única opção correta.

a) O princípio de interpretação conforme a constituição comporta o princípio da


prevalência da constituição, o princípio da conservação de normas e o princípio
da exclusão da interpretação conforme a constituição mas contra legem.

Correto.
b) No método de interpretação constitucional tópico-pro-blemático, há
prevalência da norma sobre o problema concreto a ser resolvido.

Errado. Neste método, primeiro há o problema, a partir deste discute-se a melhor


interpretação da norma.

c) O método de interpretação hermenêutico-concretizador prescinde de uma


pré-compreensão da norma a ser interpretada.

Errado. Pelo contrário, ele pressupõe uma pré-compreensão da norma abstrata a


se concretiza, logo, é errado dizer que prescinde (= dispensa).

14. (CESPE/Procurador-Natal/2008) No âmbito da doutrina que estuda a


interpretação constitucional, é possível identificar duas correntes de pensamento:
os interpretativistas e os não-interpretativistas. A diferença entre elas, em linhas
gerais, é que os interpretativistas defendem um ativismo judicial na interpretação
da Constituição, admitindo a possibilidade de os juízes irem além do texto da lei,
invocando valores como justiça, igualdade e liberdade na criação judicial do
direito, o que é repelido pelos não-interpretativistas.

Errado. Os interpetativistas defendem uma atividade mais condicionada e os


não-interpretativistas que defendem uma maior liberdade.

15.(CESPE/Advogado Jr. Petrobrás/2007) Entre as correntes de interpretação


constitucional, pode-se apontar uma bipolaridade que se concentra entre as
correntes interpretativistas e não interpretativistas das constituições. As correntes
interpretativistas se confundem com o literalismo e permitem ao juiz que este
invoque e aplique valores e princípios substantivos, como a liberdade e a justiça
contra atos da responsabilidade do Poder Legislativo em desconformidade com a
constituição.

Errado. Primeiro que embora seja menos autônoma, não chega a se confundir
com o literalismo, e segundo que os não-interpretativistas que defendem que o
juiz possa invocar valores e princípios substantivos como a liberdade e justiça.

Aula 8 Controle de Constitucionalidade - Parte 1 Noções e controle preventivo

· Controle de Constitucionalidade

O Controle de Constitucionalidade é um dos assuntos mais cobrados em


concurso público. Já comentamos no início do estudo algumas noções, mas
iremos analisar mais detalhadamente agora.

Inconstitucionalidade Congênita X Superveniente:


Já falamos, mas vamos relembrar: a inconstitucionalidade não é um evento no
percurso da vigência como ocorre na revogação. A inconstitucionalidade é um
defeito ao se fazer a lei, é um vício. Uma lei para ser considerada inconstitucional
ela já deve estar com esse defeito desde a sua edição, logo não existe no Brasil o
que chamamos de “inconstitucionalidade superveniente”, aquela que se dá ao
longo do tempo, temos somente o que chamamos de inconstitucionalidade
congênita, ou seja, a norma inconstitucional já nasceu inconstitucional.

Formas de inconstitucionalidade:
Inconstitucionalidade, assim, seria qualquer incompatibilidade face a
Constituição (Federal ou Estadual, guardadas, obviamente, os devidos campos
de atuação). Esse controle é típico de constituições rígidas, devido a supremacia
que ela exerce perante os demais atos normativos.

A inconstitucionalidade pode ocorrer de 2 diferentes modos:

§ Inconstitucionalidade formal – A lei adquiriu um vício no seu processo de


formação. Ou seja, quem tomou a iniciativa não era competente para tal, ou o
modo de votação não foi de acordo com o previsto, ou qualquer outro vício no
processo.

§ Inconstitucionalidade material – Embora tenha se observado todo o processo


legislativo de forma correta, o conteúdo veiculado pela norma é incompativel
com certos ditames constitucionais.

Momento do controle:
O controle da constitucionalidade pode ocorrer em 2 momentos distintos: antes
ou depois da promulgação da lei.

Antes da promulgação, a lei ainda “não existe”, é apenas um projeto de lei. A


promulgação é que dirá: Existe a lei!

Assim, dizemos que no Brasil, teremos:

§ Controle Preventivo – Que é o controle sobre o projeto de lei.


§ Controle Repressivo – Que é o controle sobre a lei já promulgada.

Controle preventivo:
O controle preventivo de constitucionalidade pode ocorrer no âmbito dos 3
poderes. Vamos fazer uma ordem cronológica:

1º controle – Legislativo:
Quando um projeto de lei é proposto, ele já começa a sofrer o 1º controle, que é
o controle no próprio legislativo exercido pelas chamadas “CCJ” – Câmara de
Constituição e Justiça – que é denominada CCJ e Redação no âmbito da
Câmara dos Deputados e CCJ e Cidadania no âmbito do Senado Federal.

Se a CCJ entender que o projeto viola preceitos da Constituição, arquivará o


projeto.

2º Controle – Judiciário:
Se um projeto de lei “sobrevive” à CCJ, não quer dizer que ele já pode se
considerar constitucional, longe disso. Ainda durante o seu trâmite no Congresso
Nacional, algum parlamentar, que enteda que o projeto seja inconstitucional,
poderá impetrar um mandado de segurança no STF, pois os parlamentares tem o
direito líquido e certo de participar de um processo legislativo que seja
juridicamente correto. Se este direito for violado, deliberando-se sobre um projeto
que entenda inconstitucional ou de forma contrária ao processo legislativo
previsto, poderá acionar o judiciário por tal ação.

Uma observação que deve ser feita é que é este controle possui a particularidade
de ser “via de exceção”, ou seja, o parlamentar na verdade quer participar de
um processo legislativo hígido, o pedido de declaração de inconstitucionalidade
foi apenas um “acidente de percurso”, é um incidente, daí também ser dito, que
é incidental.

3º Controle – Executivo:
Última chance de um projeto não se tornar lei por inconstitucionalidade. Ocorre
quando, ao fim do processo legislativo, o projeto é encaminhado ao Presidente
da República para que este o sancione ou vete o projeto. Se o Presidente da
República entender que o projeto é inconstitucional, usará o seu direito ao “veto
jurídico” que é o veto fundamentado na incosntitucionalidade do projeto, não
deve este ser confundido com o “veto político”, que é veto feito quando embora
não veja qualquer inconstitucionalidadade, considera o projeto como contrário
ao interesse público.

Aula 9 Controle de Constitucionalidade - Parte 2 Controle Repressivo

Controle Repressivo:
Bom, agora vamos falar do controle, aquele feito após a promulgação da lei. Este
controle também poderá ser feito por cada um dos 3 poderes, daí dizermos que
no Brasil temos o controle misto de constitucionalidade. Este controle misto é uma
mistura do controle jurisdicional – feito pelo poder judiciário – e o controle político
– feito por outro órgão que não seja do judiciário, controle este tipicamente
europeu onde existem cortes constitucionais independentes com a função de
promover o controle.
Controle repressivo pelo Executivo:
Esse controle na verdade é decorrente de uma jurisprudência do STF (RTJ
151/331). Segundo esta jurisprudência, admite-se que o chefe do executivo
(Presidente, Governador ou Prefeito) se recuse, por ato administrativo expresso e
formal, a dar cumprimento a uma lei ou outro ato normativo que entenda ser
flagrantemente inconstitucional, até que a questão seja apreciada pelo Poder
Judiciário.

Controle repressivo pelo Legislativo:


A CF, art. 49, V dispõe – “Compete ao Congresso Nacional sustar os atos
normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos
limites de delegação legislativa”.
Esse é o controle repressivo de constitucionalidade exercido pelo Poder
Legislativo. Assim o Congresso Nacional atuará controlando os limites
constitucionais à atuação do Presidente da República. E fará isso do seguinte
modo:

§ Sustando os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder


regulamentar: O art. 84, IV permite que o Presidente da República edite decretos
para regulamentar as leis. Esse é o poder regulamentar do Presidente, que ao ser
usado fora dos limites da lei a ser regulamentada, poderá sofrer sustação pelo
CN.

§ Sustando os atos normativos que exorbitem dos limites da delegação


legislativa: O Presidente da República pode editar leis delegadas (art. 68), para
isso pede que o Congresso Nacional através de uma resolução conceda este
poder a ele. Esta resolução também trará os limites a serem observados na
edição da lei delegada, que se ultrapassados, poderão ser objetos de sustação.

Controle repressivo pelo Judiciário:


Agora chegamos na parte séria. O controle repressivo no judiciário é a parte mais
cobrada em concursos, já que é também o mais utilizado para se controlar a
constitucionalidade de leis.

Primeiramente temos que dizer algumas coisas:


- O STF é o guardião da Constituição Federal, mas não guarda Constituições
Estaduais.
- O TJ é o guardião da Constituição Estadual, mas também defende a
Constituição federal

Formação do órgão especial e princípio da reserva de plenário:


Art. 93, XI - Nos tribunais com número superior a 25 julgadores, poderá ser
constituído órgão especial (OE), com o mínimo de 11 e o máximo de 25 membros,
para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da
competência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por antigüidade
e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno;

Art. 97. (reserva de plenário) - Somente pelo voto da maioria absoluta de seus
membros ou dos membros do respectivo órgão especial (OE) poderão os
tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder
Público.

Assim, a princípio, quando um órgão fracionário (turma ou câmara) de um


tribunal se deparar com uma controvérsia constitucional, não poderá, em regra,
declarar a inconstitucionalidade da lei, mas, deverá remeter a questão ao pleno
ou OE, se existir, e este sim é que terá a competência para declarar a
inconstitucionalidade da lei.

Esta regra, porém, admite exceções, já que, primando-se pela economia


processual, dispensa-se este procedimento quando já existir decisão sobre o
tema proferida anteriormente pelo OE, pelo pleno ou pelo STF.

Maioria absoluta, neste caso, corresponde ao voto da metade do efetivo do


pleno ou do OE, estando presente pelo menos 2/3 dos membros, conforme definiu
a lei 9868/99. (Ex. STF possui 11 membros, precisa de 6 votos no mínimo e -
segundo a lei 9868/99 – deve ter na sessão 8 ministros presentes).

(Súmula Vinculante 10) à Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a
decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare
expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público,
afasta sua incidência, no todo ou em parte.
O controle jurisdicional é feito de 2 formas: a forma concentrada (feita
diretamente em um único órgão) e a forma difusa (que “se espalha” por vários
órgãos)

Controle concreto (ou difuso):


O controle concreto ocorre quando uma norma, ao produzir seus efeitos, atinge
algum indivíduo que considera estes efeitos indevidos. Desta forma, ele leva a
questão ao juiz para que decida sobre estes efeitos. Assim, ele não pede
diretamente que o juiz declare a norma como inconstitucional, mas sim, que
resolva o seu problema. A declaração de inconstitucionalidade da norma é
apenas um meio para resolver a controvérsia, um “acidente” no caminho. A
discussão da constitucionalidade no controle difuso, pode se dar com a
impetração de qualquer ação, até mesmo ação civil pública ou mandado de
segurança.

Qualquer juiz tem o poder de declarar inconstitucional uma norma no caso


concreto. Porém, obviamente, desta declaração caberá recurso às instâncias
superiores. Qualquer tribunal também poderá declarar a inconstitucionalidade de
norma, desde que, é claro, observem o princípio da reserva de plenário vista
acima.
Destarte, em regra, o controle difuso percorre os seguintes órgãos:
Juiz singular de 1º grau --(recurso)---> Tribunal de Justiça --(recurso
extraordinário)--> STF

Veja que para chegar ao STF se faz um “recurso extraordinário” (R. Ex):

CF, art 102, III – Compete ao STF julgar, mediante recurso extraordinário (R. Ex.), as
causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta
Constituição.
d) (...)

O R. Ex, não é um recurso tão fácil de se interpor, pois há requisito de


admissibilidade inserido pela EC 45/04 que é a existência de “repercurssão geral”
sobre a matéria suscitada, podendo, o tribunal negar a admissão deste recurso se
assim votarem 2/3 de seus membros.

Veremos no decorrer do estudo que a única forma de o STF analisar um lei


municipal perante a Constituição Federal é por via deste controle difuso ou por
ADPF. Já que a lei municipal deve ser controlada, em regra, perante a
constituição de seu Estado, pelo TJ.

Vocabulário e sinônimos:

.Controle concreto: Pois analisa-se o caso concreto, ou seja, os efeitos que a lei
produziu naquela situação, e não a lei em si, em abstrato.
.Controle incidental: Na verdade o que o autor do pedido quer é que tenha o seu
problema resolvido, sendo a declaração de inconstitucionalidade apenas o
caminho para que alcance isso, a inconstitucionalidade é apenas um “acidente”.
.Controle difuso: Pois não se faz o controle diretamente no STF ou no TJ, e sim,
perante o juiz competente para conhecer da causa principal; após isso, poderá
ainda sofrer recursos que leva a discussão para outros órgãos;
.Controle indireto:
.Controle por via de exceção:
.Controle com uso da competência recursal ou derivada: Pois no caso do STF, ele
reconhecerá a causa através de um recurso extraordinário e não no uso da sua
competência originária.
.Controle norte-americano: Pois, tem sua origem histórica no direito
norte-americano, no caso Marbury versus Madison.

Aula 10 Controle de Constitucionalidade - Parte 3

Controle Concentrado
Como foi dito, o controle concentrado é feito diretamente no órgão responsável
por guardar a Constituição, logo, será no STF em se tratando de Controle Federal,
ou no TJ, em se tratando de Controle Estadual.

Vocabulário e sinônimos:
.Controle em abstrato, ou da lei em tese: Pois se faz o controle da norma em si,
independente dos efeitos concretos que ela tenha gerado, discute-se a sua
validade no campo abstrato do direito.
.Controle direto: Pois vai direto para o “órgão guardião”.
.Controle por via de ações: Pois o instrumento para se chegar no “órgão
guardião” será uma das 3 ações (ADIN, ADECON ou ADPF) que detalharemos à
frente.
.Controle com uso da competência originária: Pois não foi direto ao órgão, e não
através de recursos advindos de outros órgão.
.Controle austríaco

ADIN/ADECON/ADPF:
Vimos que este controle é por via de ações, que ações são essas? São 3: ação
direta de inconstitucionalidade – ADIN –, ação declaratória de
constitucionalidade – ADECON -, ou argüição de descumprimento de preceitos
fundamentais – ADPF. Elas são reguladas pelas leis 9868/99 (ADIN e ADECON) e
9882/99 (ADPF). Se você estuda para concursos jurídicos ou para concursos da
banca ESAF, leia atentamente estas leis, pois embora eu vá falar praticamente
tudo de importante na aula, a ESAF adora cobrar uma literalidade delas.

Quem pode propor estas ações?

Os legitimados estão dispostos no art. 103 da CF, e se dividem em 2 grupos: os


legitimados universais e os legitimados especiais – Estes são chamados especiais
pois precisam demonstrar pertinência temática para propor a ação, ou seja, que
tenham efetivo interesse na causa.

Os legitimados universais são:

1- O Presidente da República;
2- O PGR;
3- O Conselho Federal da OAB;
4- Partido político com representação no CN;
5- A Mesa de qualquer das Casas Legislativas;

Os legitimados especiais são:

6- A Mesa de Assembléia Legislativa Estadual ou Câmara Legislativa do DF;


7- O Governador de Estado/DF;
8- Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

Observações:
1- Observe que a Mesa do CN não tem legitimidade para propor ADIN e
ADECON;
2- A perda da representação do partido político junto ao CN NÃO prejudica a
ação já impetrada;
3- O STF reconhece a legitimidade ativa das chamadas associação de
associações para fins de ajuizamento da ADIN;
4- Prosposta a ADIN ou a ADECON, não se admite desistência (lei 9868/99) -
princípio da indisponibilidade que rege o controle concentrado de
constitucionalidade (STF).

Mas afinal, qual a diferença entre essas ações?

1. ADIN (ou ADI) – É impetrada quando se quer mostrar que uma norma é
inconstitucional. É dividida em 3 tipos:

a) Adin genérica: É a comum, onde se pede a declaração de


inconstitucionalidade da lei;

b)Adin por omissão: Ocorre pela falta da edição de uma lei ou ato normativo
constitucionalmente previsto.

c) Adin interventiva: É aquela que só o Procurador Geral da República (PGR)


poderá impetrar. Ocorre quando há descumprimento dos princípios
constitucionais sensíveis constantes do art. 34, VII da CF, gerando, então, motivo
para que o PGR faça uma representação perante ao STF, o qual se entender
plausível, dará provimento, assim o Presidente da República decretará a
intevenção federal.

2. ADECON (ou ADC) – Aqui não se pede a declaração de inconstitucionalidade


da lei, é justamente o contrário, está se pedindo que se afirme a
constitucionalidade dela. Ora, sabemos que as normas possuem presunção de
constitucionalidade, por que alguém pediria isso? Pelo simples fato dessa
presunção ser relativa, admite-se prova em contrário para derrubá-la. Então,
após ocorrer o que a lei chama de “controvérsia judicial relevante” – que é
requisito para admiti-la – o STF poderá tomar conhecimento da causa e afirmar ou
não a sua constitucionalidade, para que a presunção deixe de ser relativa e
passe a ser absolutra.

3. ADPF – É uma ação que poderá ser proposta segundo a lei 9882/99 “quando for
relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo
federal, estadual ou municipal” desde que haja um importante requisito: “não
exista nenhum outro meio hábil capaz de resolver esse problema”. Então a ADPF
só pode ser usada em caráter residual, ou seja, como último recurso para resolver
a controvérsia.
Outra importante disposição da lei é o fato de ela dizer: “Caberá ADPF inclusive
contra atos anteriores à Constituição”
Ora, irá controlar os atos anteriores à Constituição? É isso mesmo? Mas a
inconstitucionalidade não tem que ser congênita?

Exatamente isso, por este motivo temos o seguinte entendimento em se tratando


de atos normativos anteriores à Constituição:

Leis anteriores a 1988 X Constituição da época em que foram criadas:


§ Só caberá controle concreto;
§ Este controle poderá verificar a compatibilidade tanto material quanto formal
entre a lei e a “sua” CF;
§ A decisão será: A lei é inconstitucional ou a lei é constitucional.

Leis anteriores a 1988 x CF/88:


§ Poderá ser usado além do controle concreto, a ADPF,
§ O controle será para verificar apenas a compatibilidade material
§ Pois, como não existe inconstitucionalidade superveniente, a decisão dirá: A lei
foi recepcionada ou a lei não foi recepcionada (foi revogada).

Agora, muita atenção a isso:


ADIN – Só veicula leis federais ou estaduais
ADECON – Só veicula leis federais
ADPF – Veicula qualquer lei: federal, estadual ou municipal;

PGR, AGU e Terceiros no processo do controle concentrado:


Sobre os terceiros não envolvidos no processo, diz a lei 9882/99: “Não se admitirá
intervenção de terceiros no processo de ADIN ou ADECON”

Intervenção de terceiros é um instituto de processo civil, onde pessoas que não


fazem parte do início do processo poderão, por exemplo, em seu decorrer prestar
“assistência” a uma das partes ou fazer “oposição” a ambas.

A intervenção não é admitida, mas, existe a possibilidade de que em decisões


complexas, de matérias relevantes, outros órgãos ou entidades se manifestem
para prestar informações na qualidade de “amicus curie” (amigos da corte), e
essa possibilidade é uma faculdade que o relator do processo possui e a fará por
despacho irrecorrível.

O art. 103 da CF diz:


§ 1º - O PGR deverá ser previamente ouvido:
- Nas ações de inconstitucionalidade; e
- Em todos os processos de competência do STF.
Manifestar-se-á também previamente à edição, revisão ou cancelamento de
enunciado de súmula vinculante de cuja proposta não houver formulado.

§ 3º - O AGU será previamente citado para DEFENDER o ato ou texto impugnado,


sempre que o STF apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de lei ou ato
normativo.
Assim, o AGU mesmo que não concorde, só tem 1 opção: defender a lei.

O AGU e o PGR deverão ser ouvidos pelo STF sucessivamente, cada qual, em 15
dias.

Se depois de ouvidos o AGU e o PGR, ainda restar dúvidas ou as provas forem


escassas, poderá o tribunal nomear peritos para produzir informações adicionais
ou então ouvir os demais tribunais.

Efeitos da decisão no controle jurisdicional repressivo de constitucionalidade:


Devemos lembrar que a inconstitucionalidade é um vício, algo que torna a lei
inválida, logo a lei inconstitucional é uma lei nula, uma lei que nunca deveria ter
existido. Assim dizemos que os efeitos da declaração de inconstitucionalidade é
dito RETROATIVO (ou EX-TUNC);

Porém, existem diferenças apenas quando se trata da abrangência da decisão:

- No controle concreto, dizemos que a decisão se dá “inter-partes”, ou seja, só


vale para aquelas partes que entraram em juízo e discutiram a causa. Para
terceiros serem atingidos pela decisão, somente se também entrarem em juízo.

- No controle abstrato, dizemos que a decisão é “erga-omnes”, ou seja, atinge a


todos. Esta é uma decisão um pouco óbvia, pois como se está discutindo a lei em
si, em tese, como poderíamos falar em efeito inter-partes se não há partes em
litígio?

- Diferentemente do que ocorre no controle concreto, as decisões definitivas de


mérito em ADIN ou ADECON (ou seja, só aquelas que efetivamente versem sobre
o mérito da matéria suscitada e não uma decisão formal, como a inadmissão da
ação por falta de pressuposto processual) terão além da eficácia contra todos,
vista acima, EFEITO VINCULANTE perante os demais órgãos do poder judiciário e
da adminitração pública (executivo), seja na esfera federal, estadual ou
municipal. As decisões de ADPF terão eficácia vinculante perante todos os
demais órgão do poder público.

- Muito importante é observar que a decisão da ADIN e ADECON não vinculará


nem o Poder Legislativo, nem o prórpio STF

Exceções:

- Em se tratando do controle concreto, existe 2 modos de a decisão se tornar


“erga-omnes” ao invés de “inter-partes”, são elas:
1- No caso da discussão alcançar o STF, este poderá remeter à norma ao Senado
Federal, que no uso da competência atribuída a ele pelo art. 52, X da CF, PODERÁ
“suspender” a execução da norma para todos. Esta decisão, porém, terá eficácia
NÃO-RETROATIVA (ou EX-NUNC).
2- A segunda maneira de isso acontecer será a edição de uma súmula vinculante
pelo STF, mas ele só poderá fazer isso após reiteradas decisões sobre a matéria e
pela aprovação de 2/3 de seus membros.

- Outra exceção se refere à regra de eficácia ex-tunc das decisões. Esta eficácia
poderá ser afetada, caso o tribunal, alegando SEGURANÇA JURÍDICA ou
EXCEPCIONAL INTERESSE SOCIAL, entenda pelo voto de 2/3 de seus membros que
deve ao invés da eficácia retroativa, conceder uma eficácia ex-nunc ou a partir
de outro momento que venha a fixar (pro-futuro).

- No caso do controle concreto, o juiz também poderá entender que a eficácia


seja ex-nunc.

Medida Cautelar na ADIN e na ADPF:


Entedendo ser um direito urgente, que se não atendido com presteza poderá
gerar algum dano (periculim in mora – perigo da demora) e sendo o pedido ao
menos aparentemente plausível (fumus boni iuris – fumaça do bom direito),
poderá o STF conceder medida acauteladora através de uma “decisão
provisória”.

Mesmo sendo decisão provisória, não podemos nos esquecer da reserva de


plenário, pois está se declarando inconstitucionalidade, logo, devera ter o voto
da maioria absoluta.

Aqui a decisão é apenas ex-nunc, pois é provisória, pendente de uma decisão


definitiva, que aí sim terá eficácia retroativa, ou no caso apenas da ADIN, o
tribunal poderá entender que o melhor é conceder eficácia retroativa já para a
medida cautelar.

Resumo dos Efeitos:

STF no controle concreto:


Regra: inter-partes e ex-tunc
Exceção: Ex-nunc

STF no controle abstrato:


Regra: erga-omnes e ex-tunc
Exceção: Ex-nunc

Senado:
Regra: Erga-Omnes e Ex-nunc
Exceção: Ex-tunc a pedido do STF

Medida cautelar de ADIN/ADPF:


Regra: Erga-omnes e ex-nunc
Exceção: Ex-tunc apenas para ADIN.

Controle sobre normas infralegais:


É importante salientar que, em regra, só podem cometer inconstitucionalidade as
7 leis formais descritas no art. 59 da CF (EC, LC, LO, LD, DL, MP e Resolução), não
se podendo exercer o controle de constitucionalidade de normas infralegais, pois
estas cometem ilegalidade antes de cometer inconstitucionalidade, assim, a
apreciação da constitucionalidade seria uma deseconomia processual.

Porém, não é toda norma infralegal que é criada para regulamentar leis. Algumas
delas, retiram a sua competência diretamente da Constituição, podendo assim
sofrer controle de constitucionalidade. Podemos citar como exemplos clássicos: o
decreto autônomo (art. 84, VI) e os Regimentos internos dos tribunais.

Controle pelo STF de norma objeto de controle estadual de constitucionalidade:


Havendo um controle abstrato de constitucionalidade perante o TJ, em regra ele
é definitivo, não podendo “subir” ao STF. Porém, admite-se uma exceção que é
no caso de a norma da Constituição Estadual a qual a lei está ferindo for uma
norma de “reprodução obrigatória”, ou seja, uma norma que pertence também à
CF.

Neste caso, admite-se que haja um R. Ex. ao STF, sendo que será um caso de R. Ex
em que o STF analisará a norma em abstrato e não em concreto como é a regra.

Aula 11 Noções sobre Teoria Geral do Estado para concursos (ênfase ESAF)

O que é a Teoria Geral do Estado?

Existem vários conceitos. Em suma seria o estudo do Estado pelos mais variados
prismas, histórico, jurídico, sociológico, político, filosófico...
Segundo a ESAF, em 2004, no concurso para oficial de chancelaria do MRE: o
objeto da teoria geral do Estado é o estudo da construção jurídica do Estado,
podendo abranger, ainda, o estudo do Estado em sua perspectiva de realidade
jurídica e de realidade social.

As Características dos Estados no tempo:

O homem é um ser social e sempre houve a busca da convivência em


sociedades.

Na Idade Antiga (período da invenção da escrita +- 4000 a.C até a queda do


Imperio Romano Ocidental em 476 d.C.) já temos o início do ordenamento dos
povos em civilizações – Civilização egípicia, grega, romana, persa e etc. Já era
possível perceber a formação de Estados com certa organização de seu território
e nacionalidade.

Um elemento muito característico é a teocracia, havia uma ligação muito forte


entre o povo através da religião. A forma típica de governo era a monarquia
absolutista, exercida em nome dos deuses. O monarca possuía um poder
ilimitado sem que se pudessem a ele opor quaisquer direitos particulares.

Outro elemento típico seria a instabilidade territorial, isso era devido às constantes
guerras para ampliação do território.

Na idade média (período da queda do Imperio Romano Ocidental em 476 d.C.


até a tomada de Constantinopla em 1.453) o que marcava essencialmente o
Estado era o Feudalismo, ou seja, se contrapunha ao período anterior pela
ausência de unidade. O feudalismo é a origem da federação (feudos) e acaba
por impor ao Estado características singulares da época: não havia um único
poder, nem a imposição de normas únicas “oficiais”, era uma intensa
instabilidade política gerada pelo conflito entre 3 forças: o imperador, os senhores
feudais e a igreja. O poder do imperador entrava em conflito freqüentemente
com o poder do senhor feudal e com o Poder religioso, muito forte e
caracterizado pelo Cristianismo. Cada um deles acabava por se sobrepor ao
outro de acordo com cada caso.

Já na idade moderna (período da tomada de Constantinopla em 1.453 até a


Revolução Francesa em 1789) não temos nenhuma característica singular do
Estado que possamos destacar para contrapor às idades anteriores, porém,
nota-se a retomada da unidade política, impulsionada pela burguesia que
necessitava de um poder central fortalecido para a defesa de seus interesses em
um nascente capitalismo.

A proteção aos indivíduos e a retomada da unidade política talvez seja o que


melhor caracteriza o Estado na idade moderna.

Elementos Constitutivos do Estado:

Os elementos constitutivos segundo a maior parte da doutrina seria: Povo,


Território e Governo soberano.

Povo é diferente de população, o primeiro se refere a um vínculo entre indivíduo e


o seu Estado artravés de nacionalidade ou cidadania. População seria um
conceito meramente estatístico, demográfico, quantitativo de habitantes do
território estatal. A ESAF [EPP/2004] definiu população como: todas as pessoas
presentes no território do Estado, num determinado momento, inclusive
estrangeiros e apátridas.

O conceito de nação é meramente sociológico e não jurídico como o de Estado.


A nação seria o vínculo de costume, valores, lingua e etc. existente entre os
habitantes de determinado território.
A Soberania seria o poder máximo que um Estado exerce nos limites do seu
território não reconhecendo nenhum outro. A Soberania é una, indivisível,
inalienável e imprescritível. Difere da autonomia que é a independencia de um
Estado em face dos demais Estados.

O Território nada mais é do que a base territorial do exercício da soberania.

Formas de Estado:

A Forma de Estado seria a estrutura escolhida para organizar o povo, território e


principalmente o seu poder político.

Assim, temos que o Estado pode assumir as seguintes formas (não exaustivas):

¨ Estado Simples ou Unitário – É o Estado que possui um poder central que não
sofre limitações dentro do seu território, não reconhece a autonomia de entes
políticos no seu âmbito interno. Este Estado Unitário ou Simples, poderá ainda ser:

o Puro – Caso haja somente um Poder Executivo, um Poder Legislativo e um


Judiciário, exercido de forma central;

o Desconcentrado – Quando administrativamente existem autoridades territoriais


não dotadas de autonomia que exercem alguns atos por delegação do central.

o Descentralizado – Quando existe a formação de entes territoriais autônomos,


com autonomia para exercer questões administrativas ou judiciárias, mas, não se
concebe a autonomia legislativa que continua pertencendo exclusivamente ao
poder central.

¨ Estado Composto ou Complexo – Embora se apresentem internacionalmente


como único, internamente reconhece entes que possuem poderes inclusive
legislativos. Podem ser:

o Federação – Possuem Estados dotados de tríade ou tétrade autonomia


(organização, legislativa, administrativa e governo), estes Estados-membros, no
entanto, não possuem o direito de secessão para se separarem da federação.

o Confederação – Distingue-se da federação, pois, os Estados que a formam são


soberanos possuindo o direito de secessão. A união deles acontece para que se
aumente a força representativa internacional.

o União pessoal – Ocorre quando dois ou mais Estados teoricamente


independentes permanecem sob a soberania de um mesmo monarca, mas sem
perder a sua independência, era o caso de Portugal e Espanha durante a Dinastia
Filipina. Geralmente é transitória.

o União real – Ocorre de forma mais forte que a pessoal, pois, esta união se
manifesta internacionalmente como uma única pessoa jurídica.
Questões comentadas:

1. (ESAF/MRE/2004) O objeto da teoria geral do Estado é o estudo da construção


jurídica do Estado, podendo abranger, ainda, o estudo do Estado em sua
perspectiva de realidade jurídica e de realidade social.

Correto.

2. (ESAF/AFC-STN/2005) O Estado moderno de tipo europeu, quando do seu


surgimento, tinha como características próprias: ser um Estado nacional,
correspondente a uma nação ou comunidade histórico-cultural, possuir soberania
e ter por uma de suas bases o poder religioso.

Errado. O Estado moderno surgiu em oposição ao Estado feudal da idade média.


A necessidade da burguesia em ter um estado centralizado que fortalecesse os
interesses comerciais fez com que surgisse este conceito de nação e um Estado
soberano, porém, não podemos falar que estava alicerçado no poder religioso,
típico da idade média e antiga onde a vontade do imperador muitas vezes era
submetida à igreja.

3. (ESAF/AFC-STN/2005) O poder político ou poder estatal é o instrumento de que


se vale o Estado moderno para coordenar e impor regras e limites à sociedade
civil, sendo a delegabilidade uma das características fundamentais desse poder.

Errado. O poder político é uno, indivisível e indelegavel, não podemos vislumbrar


a delegabilidade deste poder sob pena de fracionamento.

4. (ESAF/AFC-STN/2005) A divisão fundamental de formas de Estados dá-se entre


Estado simples ou unitário e Estado composto ou complexo, sendo que o primeiro
tanto pode ser Estado unitário centralizado como Estado unitário descentralizado
ou regional.

Correto. Os Estados se dividem territorialmente de duas maneiras basicas:


Estados simples ou unitários, que podem ser basicamente:
o Centralizados ou puros;
o Descentralizados;
o Desconcentrados;
Estados compostos ou complexos, que podem ser basicamente:
o União pessoal;
o União Real;
o Confederação; ou
o Federação.
5. (ESAF/EPP/2004) Todas as pessoas presentes no território do Estado, num
determinado momento, inclusive estrangeiros e apátridas, fazem parte da
população.

Correto.

6. (ESAF/EPP/2004) O conceito de Estado não se confunde com o de Nação.

Correto.

7. (ESAF/EPP/2004) São elementos constitutivos do Estado Moderno: povo, território


e soberania.

Correto.

8. (ESAF/EPP/2004) A soberania é una, divisível, alienável e imprescritível.

Errado. A Soberania é uma, indivisível, inalienável e imprescritível.

9. (ESAF/AFTN-RN/2005) O Estado unitário distingue-se do Estado federal em razão


da inexistência de repartição regional de poderes autônomos, o que não impede
a existência, no Estado unitário, de uma descentralização administrativa do tipo
autárquico.

Correto. A descentralização adminitrativa para se formar a administração indireta


não rompe com o unitarismo do Estado, o qual só é prejudicado quando ocorre
uma descentralização política formando-se entes federativos autônomos.

10. (ESAF/AFTN-RN/2005) Em um Estado federal temos sempre presente uma


entidade denominada União, que possui personalidade jurídica de direito público
internacional, cabendo a ela a representação do Estado federal no plano
internacional.

Errado. Entendemos que a existência de um poder central é imprescindível para


se formar uma federação, já que é ele o responsável pela ponderação dos
interesses dos diversos membros da federação, porém, chamá-lo de União é uma
particularidade do Brasil, já que normalmente é chamado apenas de “governo
federal”. Mas o erro da questão está também em afirmar que a União é pessoa
jurídica de direito internacional, quando na verdade é de direito público interno,
cabendo somente ao Estado Brasileiro (Republica Federativa do Brasil) essa
personalidade internacional, que transitoriamente é delegada para União para
tratar de interesses nacionais e relações internacionais.

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