Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
para NP2
Carlos Ghosn
Encontros desse tipo -- tensos, rápidos e decisivos -- têm se tornado cada vez
mais freqüentes no cotidiano da Renault. Desde que assumiu o comando da
montadora, em abril de 2005, Ghosn tem procurado dar mais agilidade ao
funcionamento da companhia -- e seu processo de tomada de decisão é um
dos melhores exemplos da marca que deseja imprimir à empresa. "Tomar
decisões é o principal atributo de um presidente. O modo como ele o faz
influencia as pessoas e o ambiente em que elas trabalham", afirmou a EXAME
Ralph Keeney, especialista em processos decisórios da Duke University, nos
Estados Unidos. Segundo estimativas do próprio Ghosn, ele chega a tomar até
quatro decisões "de peso" todos os dias -- resoluções que podem alterar
drasticamente os rumos do negócio, como alocação de investimentos, medidas
de controle de custos, lançamento de novos produtos e remanejamento de
pessoal. "São sempre decisões muito difíceis", afirmou Ghosn a EXAME. "Sou
engenheiro de formação, e isso me ajuda muito. Meu método de análise é
bastante científico, calcado na análise de fatos, não em idéias ou suposições."
Para que esse método funcione, Ghosn precisa se dedicar com afinco à coleta
de informações e a uma seleção criteriosa dos dados. Na Renault, ele faz ou
recebe em sua sala somente 20 ligações por dia. Responde a pouquíssimos e-
mails pessoalmente. Visita o Technocentre quase semanalmente (seu
antecessor, Louis Schweitzer, passava meses sem colocar os pés lá) e nessas
ocasiões conversa com qualquer pessoa que possa lhe dar uma informação
importante, independentemente do nível hierárquico. "Certa vez, ele parou para
conversar com um trainee sobre o novo Clio", afirma uma funcionária da
Renault. Durante um dia comum na montadora francesa, Ghosn chega a
participar de cerca de 15 reuniões. Nos encontros com seu pessoal _ tanto na
Renault quanto na Nissan _ , exige que as apresentações sejam simples e
diretas, e não durem mais do que 15 minutos. "Ao longo da minha carreira,
aprendi que não se pode tomar nenhuma decisão em meio a reuniões chatas e
intermináveis", afirma Ghosn. Segundo pessoas próximas, o executivo detesta
ser informado sobre detalhes. Para ele, o que importa é saber 80% de cada
assunto. "Ghosn tem um cérebro privilegiado. É capaz de empacotar centenas
de dados ao mesmo tempo e utilizá-los de forma a enxergar o que ninguém
vê", afirmou a EXAME Jean-François Manzoni, professor de liderança e
desenvolvimento organizacional do Instituto Internacional para o
Desenvolvimento da Administração, na Suíça, que já esteve com Ghosn várias
vezes, tanto na Renault como na Nissan.
O estilo Ghosn
2 Ter disciplina
O executivo nunca toma decisões relativas à Nissan enquanto está em Paris nem
sobre a Renault quando está em Tóquio. Ele mantém pastas diferentes para cada
uma das montadoras
Uma vez que as decisões foram tomadas, Ghosn dedica-se a outro de seus
grandes talentos: cobrar resultados. "Uma decisão não vale nada se não for
implementada", afirma. "Ela é 90% do trabalho." Onde quer que se encontre,
ele aproveita para verificar se suas diretrizes estão sendo seguidas --
freqüentemente num tom percebido pelos subordinados como ameaçador. "A
pressão muitas vezes é insuportável", conta um ex-executivo da Renault.
"Todos trabalham no limite”. No início deste ano, o clima de tensão chegou ao
extremo quando vieram à tona três casos de suicídio dentro da montadora
francesa em apenas quatro meses -- um deles envolvendo um técnico às
vésperas de ser promovido. Um relatório divulgado pela Confederação Geral
de Trabalho da França aponta como causa possível (embora não a única) a
enorme pressão que os funcionários vêm sofrendo desde o início da
reestruturação. Segundo o sindicato, há uma cobrança cada vez maior na
empresa para se produzir mais, com mais qualidade e a custos mais baixos.
Ghosn criou uma comissão para avaliar as causas dos suicídios, mas reiterou
que não voltará atrás em seu plano de ajustes na companhia. "Os franceses
não estão habituados a trabalhar num ritmo frenético, eles ainda não digeriram
a lógica da globalização", afirma Keeney. Uma pesquisa recente realizada pela
Universidade de Maryland mostrou que a França é o país mais avesso ao
capitalismo entre as nações desenvolvidas. "Ghosn está tentando trazer a
Renault à lógica do século 21", diz Keeney.
A aposta de Ghosn
Acabamento padronizado
Nas portas, a borracha utilizada na parte superior foi uniformizada. Na Renault e
nos demais carros fabricados na Europa, essas borrachas são específicas para
cada lado do carro
Simplicidade
O interior do carro leva peças grandes — chamadas monoblocos. A medida torna a
instalação mais simples, rápida e barata (custa até metade do preço dos painéis
encontrados em carros europeus, mais sofisticados)
Pouca tecnologia
O pára-brisa tem uma curvatura simples — diferente dos complexos ângulos que
caracterizam os carros da Renault
Sem conforto
No modelo básico, não há ar-condicionado nem rádio (itens considerados de
primeira necessidade na Europa)
Menos peças
O número de componentes empregado é até 60% menor que nos outros carros da
Renault. O Clio, por exemplo, leva cerca de 600 componentes, ante cerca de 200
do Logan
Reaproveitamento
Peças e motores de versões mais antigas do Clio e do Modus, da Renault, e do
Micra, da Nissan, foram utilizados no projeto
A empresa
Schering no Brasil
A Schering e o Microvlar
Microvlar de farinha
Problemas na produção