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Universidade Eduardo Mondlane

Análise Funcional I
1. Espaços mensuráveis e funções mensuráveis
1.1. Algumas famílias de subconjuntos: semi-anel, anel, álgebra, σ-anel, σ-álgebra
1.2. Conceitos de espaço mensurável e de função mensurável
1.3. σ-álgebra de Borel
1.4. Funções reais mensuráveis

1.1 Algumas famílias de subconjuntos: semi-anel, anel, álgebra, σ-anel, σ-álgebra


Seja X conjunto arbitrário. Vamos designar por P(X) ou por 2X uma família de todos os
subconjuntos de X. Seja E ⊆ P(X) (i.e. E é alguma família de subconjuntos de X).

Definição 1.1 E chama-se semi-anel se são válidas as condições seguintes:


1. ∅ ∈ E;
2. A, B ∈ E ⇒ A ∩ B ∈ E (a família E é fechada em relação às intersecções finitas);
3. Se A, B ∈ E e B ⊆ A então existem n ∈ N e Ci ∈ E, i = 1, 2, . . . , n tal que A \ B = qni=1 Ci .

Observação 1.1 Aqui e depois vamos usar designação qni=1 Ci = C1 q C2 q . . . q Cn para


reunião ∪ni=1 Ci dos conjuntos disjuntivos (i.e. Ci ∩ Cj = ∅, i 6= j).

Definição 1.2 E chama-se anel se A, B ∈ E ⇒ A ∩ B ∈ E & A ∪ B ∈ E & A \ B ∈ E.

Vamos dizer que um conjunto X é enumerável no sentido próprio se |X| é cardinal do conjunto
dos números naturais. De outras palavras, X é enumerável no sentido próprio se existir bijecção
f : X → N.
Vamos dizer que um conjunto X é enumerável se X não é maior do que enumerável no sentido
próprio. De outras palavras, o conjunto enumerável é conjunto vazio ou finito ou enumerável no
sentido próprio.
Por exemplo, ∅, {A}, {1, 2, . . . , 109 }, Z, Qm são conjuntos enumeráveis mas R e (0; ε) são
não-enumeráveis, visto que têm cardinal de contínuo. Vamos usar sem dúvidas as propriedades
da teoria dos conjuntos seguintes:
a) reunião enumerável de conjuntos enumeráveis é enumerável,
b) produto directo de conjuntos é enumerável sse todos os factores são enumeráveis,
c) se X é enumerável no sentido próprio então P(X) não é enumerável.

Definição 1.3 O anel de conjuntos fechado em relação às reuniões enumeráveis chama-se σ-


anel.

Definição 1.4 O conjunto E ⊆ X diz-se unidade da família E se E ∈ E e ∀A ∈ E A ⊆ E.

Definição 1.5 O anel (σ-anel) de conjuntos com unidade chama-se álgebra de conjuntos
(σ-álgebra de conjuntos, respectivamente).

Proposição 1.1 E é anel se só se A, B ∈ E ⇒ A ∩ B ∈ E & A∆B ∈ E.

Proposição 1.2 E é σ-álgebra com unidade X se só se ∅ ∈ E e E é fechado em relação às


operações de reunião enumerável e complemento, i.e.

1) ∅ ∈ E; 2) Ai ∈ E, i ∈ N ⇒ ∪∞
i=1 Ai ∈ E; 3) A ∈ E ⇒ X \ A ∈ E.

1
Observação 1.2 As vezes o critério da Proposição 1.2 usa-se como definição de uma σ-álgebra.
Na prática para verificar se sistema dado de conjuntos é σ-álgebra, é cómodo utilizar propriedades
1),2),3) da Proposição 1.2.

Proposição 1.3 Sejam E ∈ E e E ∩ E = {A ∩ E : A ∈ E}. Se E é anel (σ-anel, álgebra ou


σ-álgebra com unidade X) então E ∩ E é anel (σ-anel, álgebra ou σ-álgebra com unidade E).

Proposição 1.4 Cada σ-álgebra é fechada em relação de operações: reunião finito ou enume-
rável, intersecção finito ou enumerável, complemento, diferença, diferença simétrica.

Definição 1.6 A família de subconjuntos N(E) diz-se anel mínimo sobre E ou anel, gerado
por E se E ⊆ N(E) e para qualquer anel E ∗ ⊇ E é válida a propriedade E ∗ ⊇ N(E).
A família de subconjuntos σ(E) diz-se σ-álgebra mínima sobre E ou σ-álgebra, gerada por
E se σ(E) tem unidade X, E ⊆ σ(E) e para qualquer σ-álgebra E ∗ ⊇ E com unidade X é válido
que E ∗ ⊇ σ(E).

Teorema 1.1 N(E) ( σ(E)) existe e determina-se unicamente como ∩{F : F ∈ M} onde M é
conjunto de todos os anéis de subconjuntos de X (σ-álgebras com unidade X, respectivamente)
que contêm a família E.

Teorema 1.2 Se E é semi-anel então N(E) coincide com família de reuniões finitos do tipo
qni=1 Ci onde Ci ∈ E.

Sejam dados conjuntos não vazios X, Y , subconjuntos A ⊆ X, B ⊆ Y , famílias de subcon-


juntos E ⊆ P(X), T ⊆ P(Y ) e uma função (aplicação) f : X → Y . Vamos usar designações

f (A) = {f (x) : x ∈ A}, f −1 (B) = {x : f (x) ∈ B},


f (E) = {f (D) : D ∈ E}, f −1 (T ) = {f −1 (D) : D ∈ T }.

É claro que f (A) ⊆ Y , f −1 (B) ⊆ X (i.e. f (A) ∈ P(Y ), f −1 (B) ∈ P(X)) e f (E) ⊆ P(Y ),
f −1 (F) ⊆ P(X) (i.e. f (E) ∈ P(P(Y )), f −1 (F) ∈ P(P(X))).
Proposição 1.5 1. [ T é anel ] ⇒ [ f −1 (T ) é anel ]
2. [ T é álgebra ] ⇒ [ f −1 (T ) é álgebra ]
3. [ T é σ-álgebra ] ⇒ [ f −1 (T ) é σ-álgebra ]
4. N(f −1 (T )) = f −1 (N(T ))
5. σ(f −1 (T )) = f −1 (σ(T ))

Exemplo 1.1 1. A família de todos os subconjuntos limitados de Rn é anel, mas não é σ-anel
nem álgebra.
2. A família de todos os subconjuntos finitos do conjunto X é anel. Esta família é álgebra se
e só se X é finito.
3. Para qualquer conjunto X 6= ∅ as famílias {∅, X} e P(X) são σ-álgebras com unidade X.

Sejam X1 , X2 , . . . , X
Qnn conjuntos não vazios. Lembremos que o produto cartesiano dos con-
juntos Xi (designação i=1 Xi ou X1 × X2 × . . . × Xn ) define-se pela fórmula
n
Y
Xi = {(x1 , x2 , . . . , xn ) : xi ∈ Xi , i = 1, 2, . . . , n}.
i=1

No caso particular X1 = X2 = . . . = Xn = X vamos usar também designação mais curta


X n = X1 × X2 × . . . × Xn . Nos exemplos do produto cartesiano podem servir espaço euclidiano
Rn e um cubo n-dimensional unitário [0; 1]n .

2
Qn Q
Qn Se Ei ⊆ P(Xi ), i = 1, 2, . . . , n então i=1 Ei ⊆ P( ni=1 Xi ) (família de subconjuntos de
i=1 Xi ) define-se pela fórmula
n
Y
Ei = E1 × E2 × . . . × En = {A1 × A2 × . . . × An , : Ai ∈ Ei , i = 1, 2, . . . , n}.
i=1
Qn
Vamos usar tambémQ designação ⊗ni=1 Ei = E1 ⊗E2 ⊗. . .⊗En para σ-álgebra gerada por i=1 Ei ,
mais curto ⊗i=1 Ei = σ( ni=1 Ei ).
n

Proposição 1.6 ⊗ni=1 Ei = ⊗ni=1 σ(Ei ).

Se Ei , (i = 1, 2, . . . , n) são σ-álgebras então a família ⊗ni=1 Ei tem chamado produto das σ-


álgebras Ei .
Designamos por Π = Π1 o conjunto de todos os intervalos finitos (fechados [a; b], abertos (a; b)
e semi-abertos [a; b), (a; b]). Coloquemos pela definição: Π2 = Π × Π, Πn = Π| ×Π× {z. . . × Π}.
n
Π2 representa família de rectângulos em R2 (incluindo o caso de rectângulos degenerados,
por exemplo, {a} × [b; c)), Π3 representa-se família de paralelepípedos em R3 .
É natural usar o chamado paralelepípedo n-dimensional para conjuntos da família Πn ⊆
P(Rn ).
É visto que Πn é semi-anel em Rn

Definição 1.7 Um conjunto A ⊂ Rn chama-se elementar se A pode-se representado de modo


seguinte: A = qm n n
i=1 Ci onde Ci ∈ Π . A família de conjuntos elementares em R designamos por
n
E .

Corolário 1.1 (do Teorema 1.2) En é anel em Rn .

1.2 Conceitos de espaço mensurável e de função mensurável


Definição 1.8 Seja S conjunto não vazio e seja Σ σ-álgebra de subconjuntos de S com unidade
S. Um par (S, Σ) chama-se espaço mensurável.
Um conjunto A ⊆ S do espaço mensurável chama-se conjunto mensurável no caso A ∈ Σ.

Definição 1.9 Sejam (Si , Σi ) (i = 1, 2) espaços mensuráveis e D ⊆ S1 . Uma função f : D → S2


diz-se hΣ1 , Σ2 i-mensurável se f −1 (Σ2 ) ⊆ Σ1 (i.e. ∀B ∈ Σ2 f −1 (B) ∈ Σ1 ).

Proposição 1.7 Se f : D → S2 é uma função hΣ1 , Σ2 i-mensurável então D ∈ Σ1 . Uma função


f : D → S2 é hΣ1 , Σ2 i-mensurável se e só se D ∈ Σ1 e f é hΣ1 ∩ D, Σ2 i-mensurável.

Proposição 1.8 Sejam dadas espaços mensuráveis (Si , Σi ) (i = 1, 2), um conjunto D ⊆ Σ1 ,


uma família de subconjuntos E ⊆ Σ2 tal que σ(E) = Σ2 e uma função f : D → S2 . f é
hΣ1 , Σ2 i-mensurável se e só se f −1 (E) ⊆ Σ1 .

Proposição 1.9 Sejam (Si , Σi ) (i = 1, 2, 3) espaços mensuráveis, D ⊆ Σ1 , uma função f :


D → S2 é hΣ1 , Σ2 i-mensurável e uma função g : f (S1 ) → S3 é hΣ2 , Σ3 i-mensurável. Então a
composição h = g ◦ f : D → S3 é função hΣ1 , Σ3 i-mensurável.

Definição 1.10 Sejam dadas um conjunto não vazio T , um espaço mensurável (S, Σ) e uma
família F de funções com domínio T e contradomínio S.
Uma σ-álgebra T com unidade T diz-se σ-álgebra gerada por família F se são validas as
propriedades seguintes:

3
1. ∀f ∈ F f é função hT , Σi-mensurável;
2. se T ∗ é σ-álgebra com unidade T e ∀f ∈ F, f é função hT ∗ , Σi-mensurável, então

T ⊇T.
Uma σ-álgebra T diz-se σ-álgebra gerada por função f : T → S se T é σ-álgebra gerada por
familia F = {f } (família consta de um elemento f ).

Teorema 1.3 Nas designações da Definição 1.10 σ-álgebra gerada pela família F existe, é única
e determina-se pela fórmula T = ∪f ∈F f −1 (Σ).

Corolário 1.2 σ-álgebra gerada por função f : T → S é T = f −1 (Σ).

Definição
Qn 1.11 Se (Si , Σi ) (i = 1, 2, . . . , n) espaços mensuráveis então espaço mensurável
n
( i=1 Si , ⊗i=1 Σi ) tem chamada produto dos espaços mensuráveis (Si , Σi ).
Q
Proposição 1.10 Seja (S, Σ) = ( ni=1 Si , ⊗ni=1 Σi ) e sejam operadores de projecção Proj k :
S → Si definem-se pela fórmula

Projk (x1 , x2 , . . . , xn ) = xk , k = 1, 2, . . . , n.

Proj k é função hΣ, Σk i-mensurável (k = 1, 2, . . . , n).

1.3 σ-álgebra de Borel


Definição 1.12 Seja X espaço topológico com a topologia (família de conjuntos abertos) τ (X).
A σ-álgebra B(X) = σ(τ (X)) chama-se σ-álgebra de Borel ou σ-álgebra boreliana em X.

Proposição 1.11 B(X) = σ(C) onde C é família de todos os conjuntos fechados em X.

Consideremos mais detalhadamente um caso importante do espaço topológico: X é espaço


métrico separável com métrica d.

Proposição 1.12 B(X) = σ(B) onde B é uma base do espaço métrico separável (X, d).

Corolário 1.3 Sejam (S, Σ) espaço mensurável e (X, d) espaço métrico separável com base
B. Uma função f : S → X é hΣ, B(X)i-mensurável se e só se ∀B ∈ B f −1 (B) ∈ Σ.

Corolário 1.4 B(X) = σ(E) onde E é uma família de bolas abertas (ou uma família de bolas
fechadas).

Corolário 1.5 B(Rn ) = σ(Πn ) (Πn foi definido no fim do §1.1).

Em R definimos as famílias de intervalos seguintes:

I1 = {[a; b] : a, b ∈ R, a ≤ b}, I2 = {(a; b) : a, b ∈ R, a < b},


I3 = {(a; b] : a, b ∈ R, a < b}, I4 = {[a; b) : a, b ∈ R, a < b},
I5 = {[c; ∞) : c ∈ R}, I6 = {(c; ∞) : c ∈ R},
I7 = {(−∞; c] : c ∈ R}, I8 = {(−∞; c) : c ∈ R}.

Teorema 1.4 B(R) = σ(Ii ), i = 1, 2, . . . , 8.

Observação 1.3 É claro que B(R) contém todos os intervalos (finitos e infinitos, abertos,
fechados e semi-abertos), suas reuniões e intersecções enumeráveis, e também contém todos
os conjuntos enumeráveis e todos os comlementos dos conjuntos enumeráveis. De outro lado,
P(R) \ B(R) 6= ∅. Isto não é fácil demonstrar, e não é possível descrever conjuntos não-borelianas
de maneira construtiva.

4
Q
Proposição 1.13 Se (Xi , di ) (i = 1, 2, . . . , n) espaços métricos separáveis então B( ni=1 Xi ) =
⊗ni=1 B(Xi ). Em particular, B(Rn ) = B(R) ⊗ B(R) ⊗ . . . ⊗ B(R).
| {z }
n

Corolário 1.6 Métrica d : X 2 → R é função hB(X 2 ), B(R)i-mensurável.

Definição 1.13 Sejam X, Y espaços topológicos. Uma função f : X → Y hB(X), B(Y )i-
mensurável chama-se função boreliana.

Proposição 1.14 Cada função contínua f : X → Y nos espaços topológicos é função boreliana.

1.4 Funções reais mensuráveis


Seja (S, Σ) espaço mensurável. Diremos que a função f : S → R é mensurável se ela é hΣ, B(R)i-
mensurável.
Designemos por F o conjunto (espaço vectorial sobre campo R) de todos as funções f : S → R
e por M o subconjunto de funções mensuráveis.

Teorema 1.5 Seja f ∈ F. São equivalentes as condições seguintes:


1. f é mensurável;
2. para qualquer conjunto aberto U ⊆ R f −1 (U ) ∈ Σ;
3. para qualquer conjunto fechado V ⊆ R f −1 (V ) ∈ Σ;
4. ∀a, b ∈ R, a < b é válido {x ∈ S : a < f (x) < b} ∈ Σ;
5. ∀a, b ∈ R, a < b é válido {x ∈ S : a ≤ f (x) < b} ∈ Σ;
6. ∀a, b ∈ R, a < b é válido {x ∈ S : a < f (x) ≤ b} ∈ Σ;
7. ∀a, b ∈ R, a < b é válido {x ∈ S : a ≤ f (x) ≤ b} ∈ Σ;
8. ∀c ∈ R {x ∈ S : f (x) < c} ∈ Σ;
9. ∀c ∈ R {x ∈ S : f (x) ≤ c} ∈ Σ;
10. ∀c ∈ R {x ∈ S : f (x) > c} ∈ Σ;
11. ∀c ∈ R {x ∈ S : f (x) ≥ c} ∈ Σ.

Corolário 1.7 Uma função f ∈ F é mensurável se e só se ela satisfaz a uma das condições
4a–11a, cujas formulações quase coincidem com 4–11, só com troca seguinte: em vez de R, está
o conjunto Q de números racionais.

Vamos distinguir a convergência pontual de uma sucessão e a convergência uniforme de uma


sucessão de funções.

Definição 1.14 Sejam dadas uma função f ∈ F e uma sucessão de funções {fn }∞ n=1 em F.
1. Diz-se que a sucessão fn converge pontualmente (mais curto, converge) a f se ∀x ∈ S
fn (x) → f (x), n → ∞, i.e.

(∀x ∈ S) (∀ε > 0) (∃n0 ∈ N) (∀n ∈ N, n ≥ n0 ) : |fn (x) − f (x)| < ε.

2. Diz-se que a sucessão fn converge uniformemente a f se supx∈S |fn (x) − f (x)| → 0,


n → ∞, i.e.

(∀ε > 0) (∃n0 ∈ N) (∀n ∈ N, n ≥ n0 ) (∀x ∈ S) : |fn (x) − f (x)| < ε.

Para a convergência de uma sucessão de funções vamos usar a designação fn → f e para


convergência uniforme a designação fn ⇒ f . É claro que [fn ⇒ f ] ⇒ [fn → f ]. A implicação
oposta não é válida (veja Observação 1.4 em baixo).

5
Teorema 1.6 [1,p.274] Se fn ∈ M, n ∈ N e fn → f então f ∈ M. Em outras palavras, o
limite de sucessão de funções mensuráveis é também uma função mensurável.

Observação 1.4 É interessante comparar a última propriedade com a análoga para funções
contínuas. O limite uniforme de sucessão de funções contínuas em [a; b] é uma função contínua
(Teorema de Weierstrass famoso). Mas o limite não-uniforme de sucessão de funções contínuas
em [a; b] pode ser função descontínua. Um exemplo clássico: o limite da sucessão fn (x) = xn ,
x ∈ [0; 1] é função descontínua f definida por f (x) = 0 se x ∈ [0; 1) e f (1) = 1.

Definição 1.15 A função χD : S → R (onde D ⊆ S) definida pela fórmula


½
1 se x ∈ D
χD (x) =
0 se x ∈ S \ D

chama-se função característica do conjunto D.

Proposição 1.15 Quaisquer que sejam A, B ∈ P(S)

χA∩B = χA · χB , χA∪B = χA + χB − χA · χB ,
χA∆B = |χA − χB |, χA\B = χA − χA · χB .

Definição 1.16 Uma função f : S → R que tem forma




 a1 se x ∈ D1
Xn 
a2 se x ∈ D2
f (x) = ai · χDi (x) = (1)

 ...
i=1 
an se x ∈ Dn

onde ai ∈ R, Di ⊆ S (i = 1, 2, . . . , n) e ai 6= aj , Di ∩ Dj = ∅ (i 6= j), chama-se função elementar.

Definição 1.17 Uma função elementar ou uma função f : S → R que tem forma

X
f (x) = ai · χDi (x) (2)
i=1

onde ai ∈ R, Di ⊆ S (i ∈ N) e ai 6= aj , Di ∩ Dj = ∅ (i 6= j), chama-se função de contradomínio


enumerável.

Lema 1.1 Uma função de contradomínio enumerável (em particular, uma função elementar) é
mensurável se e só se na representação (1) ou (2) todos os conjuntos Di são mensuráveis (i.e.
Di ∈ Σ).

Designamos por M0 o conjunto de todas as funções elementares mensuráveis f : S → R, e


por Mσ o conjunto de todas as funções mensuráveis de contradomínio enumerável f : S → R.
Então definimos uma cadeia M0 ⊆ Mσ ⊆ M ⊆ F.
Sejam f, g ∈ F. As funções f + g, f − g, f g, f /g (se ∀x ∈ S g(x) 6= 0), max{f, g}, min{f, g},
f+ , f− , |f | definem-se pelas fórmulas

(f + g)(x) = f (x) + g(x), (f − g)(x) = f (x) − g(x), (f g)(x) = f (x)g(x),


(f /g)(x) = f (x)/g(x), max{f, g}(x) = max{f (x), g(x)}, min{f, g}(x) = min{f (x), g(x)},
f+ (x) = max{f (x), 0}, f− (x) = max{−f (x), 0}, |f |(x) = |f (x)| (x ∈ S).

Notemos que f = f+ − f− e |f | = f+ + f− .

6
Lema 1.2 Se f, g ∈ M0 então f + g, f − g, f g, max{f, g}, min{f, g}, f+ , f− , |f | ∈ M0 , e se mais
ainda ∀x ∈ S g(x) 6= 0 então f /g ∈ M0 .
Se f, g ∈ Mσ então f + g, f − g, f g, max{f, g}, min{f, g}, f+ , f− , |f | ∈ Mσ , e se mais ainda
∀x ∈ S g(x) 6= 0 então f /g ∈ Mσ .

Teorema 1.7 1. Se f ∈ M então existem fn ∈ Mσ , n ∈ N tais que fn ⇒ f .


2. Se f ∈ M é função limitada então existem fn ∈ M0 , n ∈ N tais que fn ⇒ f .

Teorema 1.8 Se f, g ∈ M então f + g, f − g, f g, max{f, g}, min{f, g}, f+ , f− , |f | ∈ M, e se


mais ainda ∀x ∈ S g(x) 6= 0 então f /g ∈ M.

Corolário 1.8 M0 ⊆ Mσ ⊆ M ⊆ F é cadeia dos subespaços vectoriais de F.

Proposição 1.16 Se fi ∈ M, i = 1, 2, . . . n e g : Rn → R é uma função boreliana (em particu-


lar, uma função contínua) então a função f : S → R definida por f (x) = g(f1 (x), f2 (x), . . . , fn (x))
é mensurável.

1.5 Práticas básicas


1. Saber, entender e sentir conceitos básicos, relações entre si e proposições básicas.
2. Definir se família de subconjuntos dada é semi-anel ou anel ou álgebra ou σ-anel ou σ-álgebra.
3. Definir se conjunto dado é mensurável ou boreliano.
4. Definir se função dada é mensurável.
5. Mostrar proposições pelo tema.

1.6 Exercícios
Exercícios pelo tema 1.1
1. Seja X = {x1 , x2 , x3 }. Determine se cada das famílias E = {∅, {x1 }, {x1 , x2 }, X} e T =
{∅, {x3 }, {x1 , x2 }, X} é semi-anel ou anel ou álgebra ou σ-anel ou σ-álgebra.
2. Apresente exemplos dos sistemas de subconjuntos de X = {1, 2, 3}: semi-anel que não é anel,
anel que não é álgebra, σ-anel que não é álgebra, sistema que tem unidade mas não é semi-anel,
álgebra que não é σ-anel. Ache todas as σ-álgebras em X = {1, 2, 3} (com unidades diferentes).
3. Para família dada E ⊂ R determine se ela é semi-anel ou anel ou σ-anel ou álgebra ou σ-álgebra
(se álgebra indique unidade).
a) E é família de subconjuntos finitos e enumeráveis;
b) E = {[0; c) : c ≥ 0};
c) E = Ii ∪ {∅}, i = 1, 2, . . . , 8 (veja Teorema 1.4);
d) E = ∪8i=1 Ii .
4. Mostre que Πn é semi-anel mas não é anel.
5. Mostre que anel En não é σ-anel nem álgebra.
6. Sejam X = N e E a família de subconjuntos unipontuais (i.e. de subconjuntos que constam
de um único ponto). Descreva N(E) e σ(E).
7. Para família dada E ∈ P(P(R)) descreva N(E) e σ(E):
a) E é família de subconjuntos unipontuais;
b) E é família de subconjuntos que constam de três pontos racionais;
c) E é família de conjuntos finitos;
d) E é família de conjuntos enumeráveis;
e) E é família de conjuntos não limitados.
8. a) Demonstre as Proposições 1.1–1.6.

7
b) Mostre que pontos fixos da aplicação σ : P(P(X)) → P(P(X)) são, exactamente, σ-
álgebras com unidade X (X é conjunto não vazio). De outras palavras, σ(E) = E se e só se E é
σ-álgebra com unidade X.
c) Mostre que para qualquer conjunto X 6= ∅ e para qualquer E ∈ P(P(X)) é válido
σ(σ(E)) = (σ(E)).
Exercícios pelos temas 1.1 e 1.2
9. Demonstre as Proposições 1.7–1.10.
10. Sejam S = {1, 2, 3}, Σ1 = {∅, {1}, {2, 3}, S} e Σ2 = {∅, {2}, {1, 3}, S}. Apresente os
exemplos das funções de S para S:
a) hΣ1 , Σ2 i-mensurável mas não é hΣ2 , Σ1 i-mensurável;
b) hΣ2 , Σ1 i-mensurável mas não é hΣ1 , Σ2 i-mensurável;
c) hΣ1 , Σ1 i-mensurável mas não é hΣ2 , Σ2 i-mensurável;
d) hΣ2 , Σ2 i-mensurável mas não é hΣ1 , Σ1 i-mensurável.
11. Sejam S = {1, 2, 3}, Σ = {∅, {1}, {2, 3}, S} e função f : S → (S, Σ) dada por f (1) = 3,
f (2) = 1, f (3) = 3. Ache σ-algebra gerada por f .
12. Sejam dadas espaços mensuráveis (Si , Σi ) (i = 1, 2) e σ-álgebras Ti com unidades Si tal que
T1 ⊇ Σ1 e T2 ⊆ Σ2 . Mostre que cada função hΣ1 , Σ2 i-mensurável é função hT1 , T2 i-mensurável.
13. Sejam (Si , Σi ) (i = 1, 2) espaços mensuráveis e uma função f : S1 → S2 é definida pela
fórmula

 a1 se
 x ∈ D1
f (x) = a2 se x ∈ D2

 ...
an se x ∈ Dn
onde ai ∈ S2 e S1 = qni=1 Di . Se Di ∈ Σ1 , i = 1, 2 . . . , n então f é hΣ1 , Σ2 i-mensurável. Mostre!
14. Sejam dadas o conjunto não vazio S é o conjunto F de todas as funções f : S → S. Descreva
os subconjuntos de F seguintes:
a) subconjunto de todas as funções h{∅, S}, {∅, S}i-mensuráveis;
b) subconjunto de todas as funções hP(S), P(S)i-mensuráveis;
c) subconjunto de todas as funções h{∅, S}, P(S)i-mensuráveis;
d) subconjunto de todas as funções hP(S), {∅, S}i-mensuráveis.
15. Sejam dadas espaço mensurável (S, Σ) e uma função f : S → N. Mostre que f é hΣ, P(N)i-
mensurável se e só se ∀n ∈ N f −1 (n) ∈ Σ.
16. Descreve σ-algebra gerada por família de todas as funções f : R → hZ, P(Z)i.
17∗ . Nas condições da Proposição 1.10 demonstre que Σ é σ-álgebra gerada por família de n
projectores Proj : S → (Si , Σi ) (i = 1, 2, . . . , n).
Exercícios pelos temas 1.1, 1.2 e 1.3
18∗ . Demonstre Teoremas, Proposições e Corolários do §1.3.
Indicação. Para demonstração da Proposição 1.12 use que no espaço métrico separável cada
conjunto aberto pode ser representado como reunião não maior que enumerável de conjuntos de
base.
Para Corolário 1.4 use que no espaço métrico separável a família de bolas abertas é uma base.
Para Corolário 1.5 use que em Rn a família de paralelepípedos n-dimensionais abertos é uma
base.
Para Corolário 1.4 use que I2 é uma base em R.
Para Proposição 1.13 use a propriedade seguinte:
Q se (Xi , di ) (i = 1, 2, . . . , n) espaços
Qmétricos
separáveis e Bi é uma base de (Xi , di ) então ni=1 Bi é uma base do espaço métrico ni=1 Xi .

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19. Mostre que cada conjunto finito e cada conjunto enumerável é boreliano em Rn . É verdade
que Q ∈ B(R) ?
20. Mostre que cada dos conjuntos dados é boreliano em Rn :
(a) {x ∈ R : x4 ∈ Q} (n = 1);
(b) {x ∈ R : sen x ∈ R \ Q} × [−π; 1) (n = 2).
(c) {(x, y, z) ∈ R3 : x 6∈ Q, 1 < ln(x2 + y 3 + z 4 ) < 2} (n = 3).
21. Se X, Y espaços topológicos, D ∈ B(X) e f : D → Y é uma função contínua então
B(D) = B(X) ∩ D e f é boreliana (i.e. hB(D), B(Y )i-mensurável).
22. Verifique se função dada f : D(f ) → Rn (D(f ) ⊆ Rm ) é função boreliana.
a) f (x) = Ax onde A é n × m-matriz;

b) f (x, y, z) = ( sen (xyz), 2 − y − 3 + ln(z + 2))> (m = 3, n = 2);
c) f (x, y) = (cos(1/x), sen (1/y))> (m = n = 2).
23. Seja (X, d) espaço métrico com métrica
½
1 se x 6= y
d(x, y) =
0 se x = y

Ache B(X).
24∗ . Sejam (S, Σ) espaço mensurável, (X, d) espaço métrico separável, f, g : S → X funções
hΣ, B(X)i-mensuráveis e a função h : S → R é definida pela fórmula h(s) = d(f (s), g(s)). Mostre
que h é função hΣ, B(R)i-mensurável.
25∗ . Sejam (X, d) espaço métrico separável, f : X → X uma função boreliana e a ∈ X. Mostre
que função g : X → R dada por g(x) = d(f (x), a) é função boreliana.
26∗ . Sejam X e Y espaços topológicos. Mostre que B(X) é σ-algebra gerada por família de
funções contínuas de X a Y (consideradas como funções de X a (Y, B(Y )).
Exercícios pelos temas 1.1, 1.2, 1.3 e 1.4
27. Demonstre Lemas, Teoremas, Proposições e Corolários do §1.4.
28. Seja (S, Σ) espaço mensurável. Descreva M nos casos seguintes: (a) Σ = {∅, S}; (b)
Σ = P(S); (c) Σ = B(Rn ); (d) S = R, Σ é σ-algebra gerada por conjuntos unipontuais; (e)
S = R, Σ = σ(P(N)); (f) S = {1, 2, 3}, Σ = {∅, {1}, {2, 3}, S}.
29. Seja (S,PΣ) espaço mensurável, fn ∈ M Pe Dn ∈ Σ tal que S = q∞ n=1 Dn . Demonstre que
função f = n=1 fn χDn definida por f (x) = ∞

n=1 fn (x) · χD n (x) (x ∈ S) é mensurável.
30. Verifique se cada das funções dadas f : R → R será contínua ou boreliana ou elementar ou
de contradomínio½ enumerável?
1 se x ∈ Q
(a) f (x) = (função de Dirichlett);
0 se x ∈ R \ Q
(b) f (x) = [x] (parte inteira do número real);
(c) f (x) = sign
½ (x);
1/x se x = 6 0
(d) f (x) = ;
π − 1 se x = 0

 cos x se x ∈ R \ Z
(e) f (x) = 1/n se x = n ∈ Z \ {0} ;

0 se x = 0
31. Verifique se ½cada das funções dadas f : R2 → R será contínua ou boreliana?
(x2 + y 2 )/(xy) se xy 6= 0
(a) f (x) = ;
0 se x = 0 ou y = 0
½
x + y se x, y ∈ Q
(b) f (x) = .
0 se no caso contrário

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32∗ . Seja (S, Σ) espaço mensurável e fn ∈ M, n ∈ N.
(a) Mostre que conjunto dos pontos x ∈ S em quais existe finite limn→∞ fn (x) é conjunto
mensurável. P
(b) Mostre que se existe soma finita f (x) = ∞
n=1 fn (x) (x ∈ S) então f ∈ M.
33∗ . Seja R = R ∪ {∞} ∪ {−∞} = [−∞; ∞]. Coloquemos pela definição B(R) = σ(B(R)) ∪
{∞} ∪ {−∞}. Seja (S, Σ) espaço mensurável. Uma função f : S → R hΣ, B(R)i-mensurável
chama-se mensurável. Demonstre as propriedades seguintes:
(a) f : S → R é mensurável se e só se restrição de f em conjunto f −1 (R) é função hΣ, B(R)i-
mensurável e é valida uma das condições f −1 (∞) ∈ Σ ou f −1 (−∞) ∈ Σ;
(b) f : S → R é mensurável se e só se é valida uma das condições 1–11, 4a–11a (veja Teorema
1.5 e Corolário 1.7) e uma das condições f −1 (∞) ∈ Σ ou f −1 (−∞) ∈ Σ;
(c) se fn : S → R são mensuráveis (n ∈ N) então são mensuráveis também as funções sup fn ,
inf fn , limfn , limfn definidas pelas fórmulas

(sup fn )(x) = supn∈N fn (x), (inf fn )(x) = inf n∈N fn (x),


(limfn )(x) = limn→∞ supk≥n fk (x), (limfn )(x) = limn→∞ inf k≥n fk (x).

34. Existe função f : R → R não boreliana tal que |f | seja função contínua? Justifique a
resposta.
35. Existe função f : R → R boreliana tal que sen (3f (x) + 2) − cos2 f (x) seja função não
boreliana? Justifique a resposta.
36. Demonstre que se função f : R → R é diferenciável então f e f 0 são funções borelianas.

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