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AULA CARACTERÍSTICAS FÍSICAS

Cristiano das Neves Almeida


Revisada e Ampliada: Nilo André Bernardi Filho

3 Definições Básicas

Definiremos nos próximos itens as características físicas da água e do meio


poroso, estudando as relações entre o fluido que vai escoar, o meio poroso e as
interações entre ambos.
Ao se pensar em tratar ou analisar os problemas relativos às águas
subterrâneas ou aos meios porosos, se fazem necessários conhecimentos
prévios de Mecânica dos Fluidos e Mecânicas dos Solos, uma vez que estas duas
áreas regem os fenômenos que ocorrem nos meios porosos. Desta maneira o
presente capítulo vem apresentar as principais características físicas do fluido
(neste caso particular a água) e do meio poroso, ou seja, do meio onde se
encontra armazenada a água subterrânea, também chamado de Zona de
Saturação, já que é reconhecida e demonstrada a conexão existente entre
precipitações e ocorrências de água subterrânea. Ao final de cada uma destas
caracterizações encontram-se tabelas com um resumo de suas propriedades,
onde têm-se as unidades utilizadas para cada uma destas características, bem
como outras informações.
Após tal introdução passa-se para descrição da lei de Darcy, apresentando
seus fundamentos e sua validade.

3.1 Propriedades físicas da água

O meio poroso é complexo e constituído a partir de uma mistura entre o sólido


(solos), o líquido (geralmente a água) e o gás (o ar). A água é um componente da
rocha, ao mesmo tempo que os minerais; os sólidos são formados por minerais e
substancias orgânicas e os gases são essencialmente o ar e o vapor d’água
Nesta mistura, ou seja, no meio poroso é que se processa o escoamento
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subterrâneo. Para então caracterizá-lo iniciamos com a análise das propriedades


físicas da água.

a) Densidade absoluta ou massa específica

A densidade da água é determinada através da relação entre sua massa e o


volume ocupado pela mesma, assim temos a letra grega ρ (rô) para representá-la:
ρ=m/v (Equação 2.1)
Onde:
ρ – representa a densidade da água, em kg/m3;
m – representa sua massa, em kg;
v – volume ocupado pela mesma, em m3.
Esta característica da água depende, fundamentalmente, de sua temperatura,
assim pode-se ter variações da densidade para diversas temperaturas, porém
sendo estas variações em pequena escala. Tanto que em geral para problemas
mais comuns costuma-se considerar este valor constante e igual a 1.000 kg/m3.
O gráfico 2.1 apresenta a variação da densidade com a temperatura. A curva
plotada neste gráfico pode ser ajustada por uma equação, a equação 2.2.

1005,00
1000,00
995,00
Densidade (kg/m³)

990,00
985,00
980,00
975,00
970,00
965,00
960,00
955,00
-10 10 30 50 70 90
Temper. (C)

Figura 2.1 – Gráfico da variação da densidade em função da temperatura.

ρ(T) = 999,71704 + 0,07894.T – 0,00864.T2 + 5,6752.10-5.T3 – 1,94502.10-7.T4


(Equação 2.2)
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Onde T é a temperatura da água em °C. A representação deste gráfico através


da equação tem grande utilidade na área de hidráulica computacional, onde a
cada simulação necessita-se determinar a densidade de um líquido. Ficaria
inviável calcular tal valor através de interpolação de valores extraídos de um
gráfico. Assim, a utilização de equação 2.2 em programas de computadores
facilita implementação de códigos computacionais.

b) Peso específico da água

O peso específico da água, representado pela letra grega γ (gama), é


determinado através da relação entre seu peso e seu volume. Esta característica
da água também varia com a temperatura da mesma, uma vez que esta
característica da água depende também da massa específica. Através da
equação 2.3 podemos calcular tal valor.
γ=P/v (Equação 2.3)
Onde:
P – Peso da água, em N;
v – Volume ocupado pela água, em m3;
γ – Peso específico da água, em N/m3;
O peso específico da água ainda pode ser determinado através da segunda lei
de Newton, onde o peso é igual à massa vezes a gravidade, para tanto temos
que:
P = m.g (Equação 2.4)
Onde:
P – Peso, em N;
m – Massa, em kg;
g – Aceleração da gravidade, em m/s2;
Substituindo-se a equação 2.4 na 2.3 e rearrumando os termos tem-se:
γ = (m / v) . g
Assim, chegamos a equação 2.5, que também é utilizada para calcular o peso
específico em função da massa específica da água e da gravidade.
γ=ρ.g (Equação 2.5)

Como foi dito anteriormente, o peso específico da água varia com a


temperatura, um gráfico com características semelhantes ao apresentado na
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figura 2.1 pode ser utilizado para representar sua variação com a temperatura. E
da mesma maneira que há uma equação que vem do ajustamento dos pontos que
formam a curva da densidade, pode-se chegar a um polinômio para
representação da curva do gráfico do peso específico em função da temperatura.

c) Viscosidade dinâmica ou absoluta

A viscosidade representa, em termos físicos, o quanto um fluido tem


tendência a se deformar mais ou menos facilmente, quando submetido a forças
de coesão. A viscosidade é uma característica que também depende
fundamentalmente da temperatura do fluido. Em geral esta característica pode ser
mais facilmente analisada quando do escoamento de um fluido, de preferência um
óleo, este a temperaturas mais baixas é menos fluido, ou seja, tem mais
dificuldade para escoar, à medida que se tem um acréscimo de temperatura note-
se que o mesmo passa a escoar mais facilmente, ou seja, torna-se mais fluido ou
menos viscoso.
A determinação deste valor veio através de um experimento realizado por
Newton, onde ele detectou que num escoamento unidirecional a tensão superficial
era diretamente proporcional ao gradiente de velocidade dv/dy, para tanto tem-se
o coeficiente de proporcionalidade (µ), que é denominado de viscosidade
dinâmica. Sob forma de uma equação temos:
τ = µ .dv / dy (Equação 2.6)
Onde:
τ – Tensão superficial, em Pa;
µ – Viscosidade dinâmica, em N.s/m2;
dv/dy – Gradiente de velocidade, em s-1.

Como foi citado anteriormente, a viscosidade dinâmica varia de acordo com a


temperatura, assim representado no gráfico 2.2 esta variação através de uma
curva.
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0,003

0,0025

0,002
Visc. Dinâmica (Pa.s)

0,0015

0,001

0,0005

0
-10 10 30 50 70 90
Temper. (C)

Gráfico 2.2 – Variação da viscosidade dinâmica com a temperatura.

A curva apresentada no gráfico 2.2 também pode ser ajustada, de maneira


que podemos chegar a uma equação para representá-la. A equação 2.7 foi obtida
do ajustamento dos pontos que formam esta curva.
µ = 1,78.10-3/ (1 + 0,0337.T + 0,000221.T2) (Equação 2.7)
Onde µ é a viscosidade dinâmica e T é a temperatura do fluido em °C.

d) Viscosidade cinemática

Todas as considerações apresentadas para a viscosidade dinâmica são


validas para a viscosidade cinemática, sendo que se valor é determinado
dividindo-se a viscosidade dinâmica pela densidade absoluta, ou seja:
ν = µ/ρ (Equação 2.8)
Onde:
ν – Viscosidade cinemática, em m2/s;
µ – Viscosidade absoluta, em N.s/m2;
ρ – Massa específica ou densidade absoluta, em kg/m3.

Esta propriedade da água também varia com a temperatura, assim as


considerações sobre gráficos e ajustamentos de curvas são semelhantes ao
descrito para a viscosidade dinâmica.
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e) Compressibilidade

A compressibilidade é o efeito pelo qual o líquido estando com um volume


inicial V1 passa para um volume final V2, onde V2 < V1, ou seja, o mesmo sofre
uma redução de volume. Apesar de que na maioria dos problemas os líquidos
serem considerados incompressíveis, vale salientar que sob variações bruscas de
pressão ou temperatura esta característica merece ser observada e analisada.
Assim, a compressibilidade é definida, matematicamente, como:
∆V 1
β =− . (Equação 2.9)
V ∆p
Onde:
β – Compressibilidade, em m2/N;
∆V – Variação de volume, em m3;
V – Volume, em m3;
∆p – Variação de pressão, em N.

f) Módulo de elasticidade(Módulo de Young)

Após as definições anteriores sobre a compressibilidade torna-se fácil


entender o módulo de elasticidade, uma vez que esta propriedade é a que se
opõe à compressibilidade, de maneira que a própria formulação matemática é o
inverso do equacionamento para a compressibilidade. Esta característica tem
também influencia da pressão e da temperatura. O módulo de elasticidade mede
o quanto uma amostra pode aumentar de volume a partir de um volume inicial.
Sua determinação se dá através da equação 2.10.
1
E=− (Equação 2.10)
β
Onde:
E – Módulo de elasticidade, em N/ m2;
β – Compressibilidade, em m2/N;
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Tabela 2.1 – Resumo das propriedades físicas da água.


Propriedade Símbolo Unidade Dimensão Valor (SI)
SI Inglês (MLT) a 20 0 C
Massa específica ou
densidade absoluta ρ Kg/m3 Slug/ft3 ML-3 998,2
Peso específico γ N/m3 lb/ft3 MT-2L-2 9.789
Viscosidade dinâmica µ ou η N.s/m2 Lb.s/ft2 ML-1T-1 1,005x10-3
Viscosidade cinemática ν m2/s ft2/s L2T-1 1,007x10-6
Compressibilidade β m2/N ft2/lb M-1LT2 4,84x10-10
Módulo de elasticidade E Pa lb/ft2 ML-1T-2 2,065x109

3.2 Propriedades físicas do meio poroso

Após a apresentação das propriedades físicas da água passa-se para as do


meio poroso, que é o meio onde a água irá transitar, ou seja, movimentar-se. Boa
parte das propriedades do meio poroso é semelhante às do líquido, portanto
algumas fórmulas não serão apresentadas e sim apenas referenciadas, uma vez
que as mesmas se encontram no início deste capítulo.

a) Densidade absoluta ou massa específica

A densidade ou massa específica pode ser determinada pela mesma equação


utilizada para a água (Equação 2.1), tendo também a mesma letra grega para
representá-la ρ (rô). Porém, vale salientar aqui que a densidade de um solo pode
ser determinada através de seus três estados possíveis, a saber:
ü Estado seco – quando a umidade do solo está próxima de zero, ou seja,
não há quase água na amostra;
ü Estado úmido – quando a amostra de solo tem uma determinada
quantidade de água, mas que a mesma não preenche todos os seus
vazios;
ü Estado saturado – quando os vazios da amostra de solo encontram-se,
teoricamente, preenchidos de água em sua totalidade.
Para tanto cabe observar que, quando do momento do ensaio para
determinação da densidade deve-se ter o conhecimento do teor de umidade da
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amostra para assim poder-se ter o conhecimento de qual densidade está se


determinando.
ρ=m/V (Equação 2.11)
Onde:
ρ – representa a densidade da água, em kg/m3;
m – representa sua massa, em kg;
V – volume ocupado pela mesma, em m3.
Sendo ainda Vs = Vtotal – Vporos
Onde:
Vs – volume da amostra, em m3;
Vtotal – volume total da amostra, em m3;
Vporos – volume de poros da amostra, em m3.
Assim, pode-se notar que quando a amostra estiver saturada o volume de
poros será mínimo ou quase zero, quando houver alguma umidade na amostra a
mesma terá um volume diferente da primeira, e quando a amostra estiver seca, a
mesma terá seus poros quase que completamente vazios, ou seja, preenchidos
com ar. De maneira que a determinação da umidade se faz necessária quando da
determinação da massa específica de uma amostra de solo.

b) Peso específico

O peso específico do solo é a relação entre o peso do solo e seu volume


(Equação 2.3 ou 2.5), tendo também a letra grega γ (gama) para representá-la.
Porém, vale aqui salientar, que o peso específico de um solo pode ser
determinado para três estados possíveis, a saber:
ü Estado seco – quando a umidade do solo está próxima de zero, ou seja,
não há quase água na amostra;
ü Estado úmido – quando a amostra de solo tem uma determinada
quantidade de água, mas que a mesma não preenche todos os seus
vazios;
ü Estado saturado – quando os vazios da amostra de solo encontram-se,
teoricamente, preenchidos de água.
Para tanto cabe observar também que, quando do momento do ensaio para
determinação do peso específico deve-se determinar também o teor de umidade
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da amostra para assim poder-se ter o conhecimento de qual peso específico está
de determinando.
Assim temos:
γ = P / Vs (Equação 2.12)
Onde:
γ – Peso específico do solo, em N/m3;
P – Peso da amostra, em N;
Vs – Volume de partículas sólidas, em m3, ou seja:
Vs = Vtotal – Vporos
Onde:
Vtotal – Volume total, em m3;
Vporos – Volume de poros da amostra, em m3.

Assim, em análise à equação 2.12 vemos que à medida que a quantidade de


água contida na amostra de solo é maior temos uma umidade maior, e
conseqüentemente um peso maior da amostra, desta maneira temos que, o peso
específico da amostra saturada é maior que o da amostra úmida que é maior que
o da amostra seca. Em termos simbólicos temos:
γSaturado > γúmido > γSeco

c) Porosidade

A porosidade do solo é a característica que diz respeito à quantidade de poros


que uma determinada amostra de solo tem, sendo também uma das
características essenciais no que se refere a suas propriedades aquíferas. Esta
quantidade, varia de acordo com a granulometria do solo, e a disposição em que
seus grãos se encontram. Em análise à figura 2.3 podemos ver como a
granulometria e disposição dos grãos do solo estão relacionados com a
porosidade. Na figura da esquerda temos uma amostra de granulometria mais
bem distribuída que a da direita, de maneira que os grãos menores preenchem os
vazios deixados por grãos de diâmetro maiores, o que conferem a amostra da
esquerda uma porosidade menor que a da direita.
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Figura 2.3 – Influência da granulometria na porosidade de uma amostra.

Matematicamente temos que a porosidade é a relação entre o volume de


vazios (poros) e o volume total da amostra. Assim, temos:
n = Vv/Vt (Equação 2.13)
Onde:
n – Porosidade, que pode ser expressa por um adimensional ou sobre
forma de porcentagem, quando multiplicado por 100%;
Vv – Volume de vazios do solo, em m3;
Vt – Volume total do solo, em m3.
Da mesma maneira que ocorre na determinação do peso específico a
porosidade também está sujeita à quantidade de água contida no solo, assim,
temos valores de porosidades em função da quantidade de umidade no solo.
Assim, parte dos vazios da amostra poderá encontrar-se em três estados, a
saber:
ü Amostra apenas com água, ou seja, todos seus vazios encontram-se
preenchidos com água;
ü Amostra apenas com ar, ou seja, todos seus vazios encontram-se
preenchidos com ar;
ü Amostra com ar e água, ou seja, parte dos vazios encontra-se com
água e outra parte com ar.
Em função disto, temos valores de porosidades diferentes, que podem ser
representados, respectivamente, por nsaturado, nseco, númido. Sobre a ordem de
grandeza destes valores temos que:
nsaturado < númido < nseco
Isto fica claro, pois numa amostra completamente seca temos mais vazios do
que quando ela esta úmida ou saturada.
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Em qualquer tipo de formação geológica (magmática, sedimentar ou


metamórfica) os interstícios, ou poros, são caracterizados por uma forma,
tamanho e distribuição e dependem do tipo de formação geológica. Esses vazios
são classificados em primário, quando seus poros se formaram quando da
formação da rocha, ou secundário quando seus poros se formaram após a
formação da rocha, este é o caso do fraturamento, encolhimento(Shrinkage),
dissolução de material sedimentar(aquíferos Karsianos), nestes ocorre devido a
acidez, que quanto maior, mais rápida a dissolução. Também vale salientar que
com o tempo o solo pode ter sua porosidade reduzida, seja pela ação da
cimentação, da ação biológica e pelo processo de quebra dos grãos do solo, o
que provoca uma acomodação das partículas do solo. A dissolução de materiais
que aparecem no processo de sedimentação, ajudam a aumentar a porosidade.

Tabela 2.2 – Porosidade de alguns materiais do aquífero.


Material Porosidade(%) Rendimento específico

Argila 55 3%
Argiloso 35 5%
Areia Fina 45 10%
Areia Média 37
Areia Grossa 30
Areia+Pedregulho 20 16%
Pedregulho 25 22%

c.1 Porosidade útil, efetiva ou rendimento específico


Posteriormente à definição da porosidade podemos apresentar outras
definições relativas à esta propriedade do solo, que têm um significado prático no
caso de recarga e bombeamento de aqüíferos. A porosidade útil ou efetiva é uma
destas definições, ela diz respeito à quantidade de poros que contribuem
realmente para o escoamento subterrâneo, uma vez que por meio de forças de
coesão e adesão uma quantidade da água contida nos poros não se movimenta,
ou seja ocorre o residual de liquido(chamado filme) que fica em volta das
partículas depois de drenada(umidade higroscópica residual) . Assim, a
porosidade útil é a relação entre o volume de vazios drenáveis por gravidade e o
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volume total. Na figura 2.4 temos um esquema representando o quanto de água é


drenado por gravidade e o quanto permanece na amostra inicialmente saturada.

Fig. 2.4 – Conceituação de volume drenado por gravidade (Porosidade útil)

Matematicamente a porosidade útil ou efetiva é representa por:


ne = Vd / Vt (Equação 2.14)
Onde:
ne – Porosidade útil, que pode ser expressa por um número adimensional
ou em termos de porcentagem, quando este valor é multiplicado por 100%;
Vd – Volume drenado por gravidade, em m3;
Vt – Volume total, em m3.
Ainda através do conceito de porosidade útil, podemos obter a área de poros
disponível para armazenamento, sendo igual ao produto da porosidade efetiva
pela área da seção transversal que se está considerando. Matematicamente
obtém-se:
Ap = ne.At (Equação 2.15)
Onde:
Ap – Área de poros, em m2;
ne – Porosidade efetiva;
At – Área de seção transversal considerada, em m2.
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c.2) Retenção específica


Ainda com relação aos conceitos de porosidade faz-se necessário descrever a
propriedade denominada retenção específica, também chamada de capacidade
de campo, a qual diz respeito à quantidade de água que não é drenada por
gravidade, ou seja, é o volume de água que fica armazenado, disponível, no solo
através das forças de coesão. Podemos dizer que quanto maior a área específica
de um determinado tipo de solo, maior a retenção de água por forças de
coesão.Com isso ocorrendo nem sempre o material que tenha maior porosidade
vai ser o material que irá drenar mais água, isto ocorre no caso específico das
argilas. Na figura 2.4 esta quantidade de água encontra-se representada pela
porção de água que fica retida na amostra.
Matematicamente, está quantidade de água é representada pela seguinte
equação:
V − VD
Re = (Equação 2.16)
V
Onde:
Re – Retenção específica, que é um número adimensional ou em
porcentagem, quando multiplicado por 100%;
V – Volume da amostra, em m3;
Vv – Volume de vazios, em m3
VD – Volume drenado por gravidade, em m3.
A soma das parcelas relativas à retenção específica e à porosidade útil nos dá
a porosidade (η), Ou seja:
n = ne + Re (Equação 2.17)

c.3) Porosidade efetiva do fluxo


Esta propriedade refere-se aos poros que não têm saída (dead end pores),
que apesar de serem poros, ou seja, formarem espaços vazios, estes não
contribuem efetivamente para o escoamento, pois não permitem que a água
transite livremente. Em um gráfico de porosidade x porosidade efetiva, quanto
mais uniforme for a curva, maior a porosidade e quanto menos uniforme, menor a
porosidade.
nf = Vv interligado/V ηf < ηe < η
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3.2.3 Estimativas de porosidade

Existem várias formas de se calcular:


a) Total
No ano de 1.994, Fetter chegou a seguinte fórmula:
n = 100 [1 - ρb/ρs]
onde: ρb – dry bulk density(densidade aparente)
ρs – particle density ~ 2.650 Kg/m3
Já Luckner, chegou a uma função gráfica
n = f (U)
U = d60/d10 à coeficiente de uniformidade
d60 diâmetro dos grãos para 60% de passagem nas peneiras
d10 idem para 10%
Se : U < 5,0 - o material é uniforme
U > 5,0 - o material é não uniforme
Beims definiu a forma de estimar sem gráfico:
n = 0,21 ( 1 + 1/V2/3 )
b) Útil

Fetter montou este gráfico triangular (areia, silte e argila) para estimar a
porosidade.
Em 1.969, Marotz, fez esta determinação através do rendimento específico
ne = 0,045 ln K + 0,462 ,
onde: K é a condutividade hidráulica, determinado em (m/s)
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c) Efetiva
 U 
n f = n1 − 
 12 

3.2.4 Saturação e umidade

A saturação de um solo na verdade ocorre quando todos os poros existentes


num determinado solo são preenchidos por água, na prática isto não vem a
ocorrer, porém para efeito de cálculo / simulação considera-se que o solo pode
atingir a umidade de saturação.
A umidade, já citada anteriormente, é a propriedade que trata da quantidade
de água disponível no solo, sua determinação se dá através da relação entre a
quantidade de água existente no solo e o volume total da amostra, o que pode ser
expresso matematicamente através da equação 2.18.
SW = VW / Vvazios (Equação 2.18)
Onde:
SW – Teor de umidade, que pode ser expresso através de um número
adimensional ou em termos de porcentagem, quando multiplicado por 100%.
Vágua – Volume de água contida na amostra, em m3;
VVAZIOS – Volume da amostra, em m3. 0<Sw<1,0(saturado)
Nos aquíferos trabalhamos com a água dentro dos poros somente:
- gravimétrica:
θ = Mw/Ma (massa de água/massa total de sólidos)
- volumétrica:
θ = VW/Va, 0 < θv < η (em %)

3.2.5 Módulo de Elasticidade / Compressibilidade

Estas 2 propriedades têm comportamento semelhantes ao da água, conforme


descrito no item 2.15 e 2.16, porém aqui vale salientar que estas 2 características
dependem fortemente da estrutura do meio poroso, ou seja, tanto do material que
compõe o meio como a maneira que este material encontra-se depositado. Assim,
quando da retirada da água que permeia o meio poroso, pode haver uma
compressibilidade no meio. Podendo haver uma compactação ou cimentação do
meio ou a própria quebra de parte da estrutura do meio poroso, dependendo da
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disposição do material. Já no momento de recarga do meio poroso por água


poderá vir a ocorrer o fenômeno da elasticidade, pois os espaços que estavam
preenchidos por ar serão agora ocupados por água, havendo assim uma
expansão do meio poroso. As fórmulas para quantificar estas 2 propriedades
encontram-se a seguir.
l
E = ∆σ . (Equação 2.19)
∆l
Onde:
E – Módulo de elasticidade, em N/m2;
∆σ – Variação de tensão, em N;
l – Comprimento, m;
∆l – Variação do comprimento, em m.
1
α= (Equação 2.20)
E
Onde:
α – Compressibilidade, em m2/N;
E – Módulo de elasticidade, em N/m2;

Tabela 2.3 – Resumo das propriedades físicas do meio poroso.

Propriedade Símbolo Unidade Dimensão


SI Inglês (MLT)
Massa específica ou
densidade absoluta ρ Kg/m3 slug/ft3 ML-3
Peso específico γ N/m3 lb/ft3 MT-2L-2
Porosidade útil φe ou ne

Retenção específica Re
Teor de umidade θ
Módulo de elasticidade E N/m2 lb/ft2 ML-1T-2
Compressibilidade α M2/N ft2/ft M-1L1T2
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3.3 Parâmetros do sistema fluido + solo (interação entre água e solo)

3.3.1 Carga hidráulica


Energia de um fluido, e é dada pela equação de Bernuille:
Ε = p/γ + z + v²/2g
Em águas subterrâneas a velocidade é dada em cm/dia, já que o
escoamento é bastante lento, sendo dado por uma ordem de grandeza da
velocidade do fluido de 10-7 m/s. Portanto v²/2g é praticamente igual a zero, e
sendo a carga hidráulica, ou carga piezométrica dada por:
h = p/γ + z, onde z: é carga de posição e γ é carga de pressão.
Portanto podemos definir potencial hidráulico como:
Φ = h.g

3.3.2 Condutividade Hidráulica (Lei de Darcy)

O marco inicial dos estudos sobre as águas subterrâneas veio à tona com o
estudo experimental do engenheiro Henry Darcy. Na cidade de Dijon, na França,
ele conseguiu chegar a lei que leva seu nome. Tal feito se deu através de estudos
experimentais, onde, através de um conduto preenchido de material granular, ele
simulou o transporte da água através do meio poroso, realizando medições do
volume de água transportado através deste conduto. Ao mesmo tempo ele
realizava medições de pressão entre 2 pontos. O esquema apresentado na figura
2.5 mostra o como o experimento foi montado.

Figura 2.5 – Esquema do experimento montado por Darcy.

Através deste experimento, Darcy chegou a conclusão que a vazão por este
conduto é diretamente proporcional à área de sua seção transversal, à diferença
de pressão entre 2 pontos, e inversamente proporcional ao comprimento (L) da
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coluna do meio porosos que a mesma percorria, tudo isto multiplicado pela
constante de proporcionalidade, denominada de condutividade hidráulica. Sua
fórmula apresenta-se a seguir:
(h2 − h1 )
Q = K . A. (Equação 2.21), sendo (h1-h2)/L o gradiente hidráulico
L
Onde:
Q – É a vazão, em m3/s;
K – Constante de proporcionalidade ou condutividade hidráulica, em m/s;
A – Área da seção transversal, em m2;
(h1 – h2) – Diferença de pressão entre os pontos 1 e 2, em m;
L – Comprimento, em m;

a) Validade da lei de Darcy

A lei de Darcy é valida para escoamentos com velocidade muito baixa, que
caracteriza os escoamentos laminares, ou seja, para o número de Reynolds (Re)
menor que 1, já para outro autores este limite poder chegar até 10. Para os
escoamentos em meios porosos, como é o caso dos escoamentos das águas
subterrâneas, pode-se aplicar a lei de Darcy, uma vez que este escoamento se
classifica como laminar. Porém vale salientar em alguns casos de escoamentos
de águas subterrâneas a velocidade pode ser maior, aumentando assim o número
de Reynolds, estes caso são: escoamento em grandes fraturas existentes em
determinados tipos de rochas; escoamento em caminhos criados em rochas
calcáreas; e nas proximidades de filtros de poços com vazões relativamente
grandes.
Re = v D/ν,
onde: v – é a velocidade aparente
D – é o diâmetro do tubo
ν - é a viscosidade cinemática do fluido

b) Velocidade de Darcy

Através do conceito de que a vazão é igual à área vezes a velocidade (Q =


A.v) podemos determinar a velocidade de Darcy. Assim, temos:
(h2 − h1 ) Q (h − h1 )
Q = K . A. à = K. 2 à
L A L
SHS 5896 - Águas Subterrâneas – Características físicas 19

(h2 − h1 )
v = K. (Equação 2.22)
L
Uma observação importante deve ser feita, já que está velocidade (v) não
representa a velocidade real do escoamento, ou seja, está não é velocidade real
através dos poros. Porém quando aplicamos o conceito de porosidade útil ou
efetiva através da equação 2.15 podemos determinar a equação para a
velocidade de Darcy através dos poros, ou seja, a real velocidade entre os poros.
Assim, temos:
Q Q
v= →v= (Equação 2.23)
Ap A.ne

Onde:
v – velocidade real através dos poros, em m/s;
Q – vazão calculada através da equação 2.22, em m3/s;
Ap – área dos poros, em m2;
A – área da seção transversal, em m2;
ne – porosidade efetiva.

c) Condutividade hidráulica

A condutividade hidráulica (K) definida, inicialmente na lei de Darcy, como


sendo o coeficiente de proporcionalidade leva em conta características de todos
os componentes que formam o meio poroso, a saber: porosidade, massa
específica, viscosidade, granulometria do solo, maneira como os grãos estão
dispostos no solo, entre outras características. Diante deste conjunto de
propriedades é que se pode saber se o líquido escoa mais facilmente ou não por
entre os poros, ou seja, no meio poroso. Como podemos ver, o escoamento no
meio poroso é regido por características do meio (solo) e do líquido (água), que
se agrupam na propriedade denominada condutividade hidráulica. Na tabela 2.4
encontram-se alguns valores de condutividade hidráulica.
SHS 5896 - Águas Subterrâneas – Características físicas 20

Tabela 2.4 – Condutividade hidráulica de alguns materiais.


Material Condutividade (cm/s)
Argila 10-9 -10-6
Silte, silte argiloso 10-6 -10-4
Areia argilosa 10-6 -10-4
Areia siltosa, areia fina 10-5 -10-3
Areia bem distribuída 10-3 -10-1
Cascalho bem distribuído 10-2 -10-1

Matematicamente, a condutividade pode ser expressa em função dos 2 meios


que a influencia, assim temos:
k .ρ .g
K= (Equação 2.24)
µ
Onde:
K – Condutividade hidráulica, em m/s;
k – Permeabilidade intrínseca do meio poroso, em m2;
ρ e µ – Massa específica e viscosidade dinâmica do fluido;
g – Gravidade, em m/s2.
3.3.2.1 Tipos de velocidade no meio poroso
q – velocidade aparente (fluxo) (Darcy)
q = Q/A, A = πr²
onde Q é a vazão e A a área total e a água esta passando só nos poros
A velocidade real é maior pois a área real, onde o fluido passa, é só entre
as partículas, mas consideramos, para cálculo, a área da seção. Definimos
portanto a velocidade média de deslocamento, v, como sendo:
v = q/n
Podemos tambem definir a velocidade da partícula, que é a definição da
velocidade através da trajetória a ser vencida, que é através de curvaturas
existentes: vp = v π/2

3.3.2.2 Estimativa do limite do escoamento laminar

It = 0,667 K (m / s ) ,
onde: It é o gradiente do limite de escoamento laminar
SHS 5896 - Águas Subterrâneas – Características físicas 21

3.4 Referências:

Baptista, M.B. Coelho, M.M.L.P, Cirilo, J.A., 2001, “Hidráulica Aplicada”,


Associação Brasileira de Recursos Hídricos, 23, 12:2197-2206.

Parker, J.C. and Lenhard, R.J., 1974, “Água Subterrânea e Poços Tubulares”,
CETESB, 23, 12:2197-2206.

Parker, J.C. and Lenhard, R.J., 1987, “Mecânica dos Fluidos”, Water Resources
Research, 23, 12:2197-2206.

Parker, J.C. and Lenhard, R.J., 1987, “Hidráulica Aplicada”, Water Resources
Research, 23, 12:2197-2206.

Castany, G, Barcelona, 1.971, “Tratado pratico das águas subterraneas”, Editora


Omega; capítulo 8, complexo solo-ar e porosidade.

Chiossi, N.J., 1.975, “Geologia Aplicada à Engenharia”, Editora do Grêmio


Politécnico – USP; capítulo 15, vazios e porosidade

Streeter, V.L., 1.977, “Mecânica dos Fluidos”, Editora McGraw-Hill do Brasil Ltda;
capítulo 1, propriedade dos fluidos e definições.

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