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COLÉGIO PEDRO II – UNED DUQUE DE CAXIAS

Disciplina: Filosofia Série: 3ª Turma: ________


Professor: ROMMEL LUZ
Nome: __________________________________________________ Nº. ______

Theodor Adorno: Indústria cultural e anti-esclarecimento


(extratos de textos)

1. Conceito de Esclarecimento (Aufklärung)

“Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a
incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa
menoridade se a causa dela não se encontra na sua falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de
si mesmo sem a direção de outrem. Sapere aude! Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do
esclarecimento.
A preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois que a natureza de há
muito os libertou de uma direção estranha, continuem no entanto de bom grado menores durante toda a vida. São também as
causas que explicam por que é tão fácil que os outros se constituam em tutores deles. É tão cômodo ser menor. Se tenho um
livro que faz as vezes de meu entendimento, um diretor espiritual que por mim tem consciência, um médico que por mim
decide a respeito de minha dieta, etc., então não preciso de esforçar-me eu mesmo. Não tenho necessidade de pensar,
quando posso simplesmente pagar; outros se encarregarão em meu lugar dos negócios desagradáveis. A imensa maioria da
humanidade (inclusive todo o belo sexo) considera a passagem à maioridade difícil e além do mais perigosa, porque aqueles
tutores de bom grado tomaram a seu cargo a supervisão dela. Depois de terem primeiramente embrutecido seu gado
doméstico e preservado cuidadosamente estas tranquilas criaturas a fim de não ousarem dar um passo fora do carrinho para
aprender a andar, no qual as encerraram, mostram-lhes em seguida o perigo que as ameaça se tentarem andar sozinhas. Ora,
este perigo na verdade não é tão grande, pois aprenderiam muito bem a andar finalmente, depois de algumas quedas. Basta
um exemplo deste tipo para tornar tímido o indivíduo e atemorizá-lo em geral para não fazer outras tentativas no futuro.
É difícil portanto para um homem em particular desvencilhar-se da menoridade que para ele se tornou quase uma
natureza. Chegou mesmo a criar amor a ela, sendo por ora realmente incapaz de utilizar seu próprio entendimento, porque
nunca o deixaram fazer a tentativa de assim proceder. Preceitos e fórmulas, estes instrumentos mecânicos do uso racional,
ou antes do abuso, de seus dons naturais, são os grilhões de uma perpétua menoridade. Quem deles se livrasse só seria capaz
de dar um salto inseguro mesmo sobre o mais estreito fosso, porque não está habituado a este movimento livre. Por isso são
muito poucos aqueles que conseguiram, pela transformação do próprio espírito, emergir da menoridade e empreender então
uma marcha segura.” (Immanuel Kant. Resposta à pergunta: que é Esclarecimento?)

“No sentido mais amplo do progresso do pensamento, o esclarecimento tem perseguido sempre o objetivo de livrar
os homens do medo e investi-los na posição de senhores.” (Adorno. Dialética do Esclarecimento)

2. Exterioridade da técnica e heteronomia do objeto estético.


A técnica, na indústria cultural, permanece externa ao objeto, pois diz respeito sobretudo à sua reprodução e
distribuição mecânicas, ao contrário do que acontece na verdadeira arte, onde a técnica está relacionada à ordem interna do
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objeto. Se, na arte verdadeira, a obra é autônoma, pois é determinada por critérios internos à própria obra, na indústria
cultura, há heteronomia, pois a obra obedece a critérios e padrões externos a ela mesma, ditados por imperativos técnicos
de reprodução e distribuição. As contínuas “novidades” da indústria cultural são falsas inovações. Trata-se de dar novas
roupagens ao sempre igual, ao contrário da singularidade irreprodutível da verdadeira obra de arte. As múltiplas
“tendências” e “estilos” dos produtos da indústria cultural são apenas um artifício que pretende esconder em diferenças
superficiais o fato de que são todos produtos estandardizados, produzidos segundo critérios mecânicos de reprodução e
distribuição. Assim, o consumidor desses produtos pensa desfrutar de liberdade por poder escolher entre objetos que lhe são
oferecidos todos por essa mesma indústria, e que são todos produzidos segundo os mesmos princípios heterônomos. A
liberdade da criação (que Schiller encontrava não apenas no artista, mas também naquele que contemplava a obra de arte,
pois, seja na criação, seja na contemplação, ambos davam forma à obra) é substituída pela liberdade de escolha, a
autonomia pelo mero livre-arbítrio.

“O conceito de técnica na indústria cultural tem somente o termo em comum com seu correspondente na obra de
arte. Na arte, a técnica se refere à organização da coisa em si, à sua lógica interna. A técnica da indústria cultural, pelo
contrário, na medida em que diz respeito mais à distribuição e reprodução mecânica, permanece sempre externa à própria
coisa. A indústria cultural encontra um suporte ideológico precisamente no fato de que cuida em bem aplicar, com total
consequência, suas técnicas aos produtos. Ela vive por assim dizer como parasita de uma técnica extra-artística, da técnica
de produção de bens materiais, sem dar-se conta do que a objetividade desta comporta para a forma intra-artística, mas
também sem respeitar a lei formal da autonomia estética. Daí resulta a mistura, tão essencial para a fisionomia da indústria
cultural, de streamlining, de precisão e de nitidez fotográfica, de um lado, e de resíduos individualistas, de atmosfera, de
romantismo forjado e já racionalizado, de outro.
(...) O que na indústria cultural se apresenta como progresso, o continuamente novo que ela exibe, continua sendo o
revestimento de um sempre igual; em todos os lugares a verdade esconde um esqueleto que não mudou mais do que não
mudou a própria motivação do lucro, desde que este passou a dominar a cultura. (...) Cada produto apresenta-se como
individual; a individualidade mesma contribui para o fortalecimento da ideologia, na medida em que se desperta a ilusão de
que o que é coisificado e mediatizado é um refúgio de imediatismo e de vida.” (Adorno. Resumé sobre indústria cultural)

3. Estandardização e mentalidade das massas.


Os produtos da indústria cultural são estandardizados, isto é, padronizados. Processo esse tornado possível pelas
técnicas de reprodução e distribuição.
A indústria cultural promove a integração de seus consumidores a partir da reprodução e disseminação (propiciada
pelos instrumentos da técnica e pela concentração econômica e administrativa) de uma mentalidade tomada como imutável.
O objetivo maior da indústria cultural não é o lucro, não é a venda de seus produtos, mas a assimilação de seus produtos. É o
assentimento abrangente e não reflexivo que constitui seu principal objetivo.
Os critérios de orientação dados pela indústria cultural são conformistas, são os do status quo. E, com isso, seus
produtos pretendem escapar à reflexão crítica, buscando uma concordância e assimilação passivos por parte de seus
consumidores. O imperativo categórico, a lei que governa as condutas, promovido pelos produtos da indústria cultural é a
submissão, não o uso livre da razão. Por isso, a indústria cultural promove o anti-Esclarecimento, enquanto a verdadeira
arte, para Adorno, assim como para Schiller, é um agente do Esclarecimento.
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“Os interessados inclinam-se a dar uma explicação tecnológica da indústria cultural. O fato de que milhões de
pessoas participam dessa indústria imporia métodos de reprodução que, por sua vez, tornam inevitável a disseminação de
bens padronizados para a satisfação de necessidades iguais. O contraste técnico entre poucos centros de produção e uma
recepção dispersa condicionaria a organização e o planejamento pela direção. Os padrões teriam resultado originariamente
das necessidades dos consumidores: eis por que são aceitos sem resistência. Na verdade, o que o explica é o círculo da
manipulação e da necessidade retroativa, no qual a unidade do sistema se torna mais coesa. (...) Por enquanto, a técnica da
indústria cultural levou apenas à padronização e à produção em série, sacrificando o que fazia a diferença entre a lógica da
obra e a do sistema social. Isso, porém, não deve ser atribuído a nenhuma lei evolutiva da técnica enquanto tal, mas à sua
função na economia atual. A necessidade que talvez pudesse escapar ao controle central é já recalcada pelo controle da
consciência individual. A passagem do telefone ao rádio separou claramente os papéis. Liberal, o telefone permitia que os
participantes ainda desempenhassem o papel do sujeito. Democrático, o rádio transforma-os a todos igualmente em
ouvintes, para entregá-los autoritariamente aos programas, iguais uns aos outros, das diferentes estações. Não se
desenvolveu nenhum dispositivo de réplica e as emissões privadas são submetidas ao controle. Elas limitam-se ao domínio
apócrifo dos ‘amadores’, que ainda por cima são organizados de cima para baixo. No quadro da rádio oficial, porém, todo
traço de espontaneidade no público é dirigido e absorvido, numa seleção profissional, por caçadores de talentos,
competições diante do microfone e toda espécie de programas patrocinados. Os talentos já pertencem à indústria muito antes
de serem apresentados por ela: de outro modo não se integrariam tão fervorosamente. A atitude do público que,
pretensamente e de fato, favorece o sistema da indústria cultural é uma parte do sistema, não sua desculpa.” (Adorno.
Dialética do Esclarecimento)

“O consumidor não é, como a indústria cultural gostaria de fazer acreditar, o soberano, o sujeito dessa indústria, mas
antes o seu objeto. O termo mass media, que a indústria cultural cunhou para si, desloca o seu acento para o inofensivo.
Aqui não se trata em primeiro lugar das massas, nem das técnicas de comunicação enquanto tais, mas do espírito que essas
técnicas insuflam, a voz de seu senhor. A indústria cultural abusa na sua consideração para com as massas a fim de duplicar,
consolidar e reforçar sua mentalidade pressuposta como imutável. Tudo que poderia servir para transformar essa
mentalidade é por ela excluído. As massas não são o critério em que se inspira a indústria cultural, mas antes a sua
ideologia, ainda que esta última não possa existir sem a elas se adaptar.
(...) A cultura que, na sua acepção mais verdadeira, não se limitou nunca a obedecer aos homens, mas que também
sempre levantou um protesto contra as condições enrijecidas em que os homens viviam e nisso lhes respeitava; essa cultura,
por sua assimilação total aos homens, torna-se integrada a essa condição esclerosada; assim, ela avilta os homens ainda uma
vez. Os produtos do espírito estilizados pela indústria cultural não são também mercadorias, mas o são integralmente. O
deslocamento é tão grande que provoca fenômenos absolutamente novos. Finalmente, a indústria cultural não tem mais
necessidade de perseguir diretamente e em qualquer lugar os interesses de lucro dos quais partiu. Esses interesses se
objetivaram na própria ideologia da indústria cultural e às vezes se emanciparam da obrigação de vender as mercadorias
culturais que, de qualquer maneira, devem ser absorvidas. A indústria cultural transforma-se em public relations, a saber, a
fabricação de um simples assentimento, sem relação com os produtores ou objetos de venda particulares. Procura-se o
cliente para lhe vender um consentimento geral e acrítico; faz-se reclame para o mundo, assim como cada produto da
indústria cultural é seu próprio reclame.” (Adorno. Resumé sobre indústria cultural)

4. Contemplação estética versus consumo de produtos


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Enquanto a obra de arte verdadeira permanece alheia ao interesse imediato e é apenas objeto de nossa fruição, de
uma contemplação cujo deleite provém da beleza do objeto, o produto da indústria cultural é feito para ser consumido, ele
não demanda atenção ou concentração. Não pode, portanto, ter os efeitos libertadores que Schiller via nas verdadeiras obras
de arte.
“A estandardização estrutural busca reações estandardizadas. A audição da música popular é manipulada não só
por aqueles que a promovem, mas, de certo modo, também pela natureza inerente dessa própria música, num sistema de
mecanismos de resposta totalmente antagônico ao ideal de uma individualidade numa sociedade livre, liberal. Isso não tem
nada a ver como simplicidade e complexidade. Na boa música séria, todo elemento musical, mesmo o mais simples, é ‘ele
mesmo’; e, quanto mais altamente organizada é a obra, menor é a possibilidade de substituição entre os detalhes. (...) o
complicado na música popular nunca funciona como ‘ele mesmo’, mas só como um disfarce ou um embelezamento atrás do
qual o esquema sempre pode ser percebido.
(...) A composição escuta pelo ouvinte. Esse é o modo de a música popular despojar o ouvinte de sua
espontaneidade e promover reflexos condicionados. Ela não somente dispensa o esforço do ouvinte para seguir o fluxo
musical concreto, como lhe dá, de fato, modelos sob os quais qualquer coisa concreta ainda remanescente pode ser
subsumida. A construção esquemática dita o modo como ele deve ouvir, enquanto torna, ao mesmo tempo, qualquer esforço
no escutar desnecessário. A música popular é ‘pré-digerida’.
(...) A música popular precisa ir simultaneamente ao encontro de duas demandas. Uma é a de estímulos que
provoquem a atenção do ouvinte. A outra é a de material que recaia dentro da categoria daquilo que o ouvinte sem
conhecimentos musicais chamaria de ‘música natural’: isto é, a soma total de todas as convenções e fórmulas materiais na
música, às quais ele está acostumado e que ele encara como a linguagem simples e intrínseca à própria música.” (Adorno.
Sobre música popular)

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