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da Silva
1. Acidente do trabalho
De acordo com a legislação previdenciária brasileira (INSS), que regulamenta as questões
referentes a acidente do trabalho, doenças ocupacionais e a respectiva seguridade social referente aos
casos que geram incapacidade para o trabalho, através da Lei 3.048/99 (Regulamento da Previdência
Social) e Instrução Normativa 45/2010:
Art. 346. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício da atividade a serviço da empresa ou pelo
exercício do trabalho do segurado especial, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que
cause a morte ou a perda ou a redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.
§ 2º Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação prevista no Anexo II
do RPS, resultou das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona
diretamente, a Previdência Social deverá considerá-la acidente do trabalho.
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Introdução à Higiene Ocupacional – Sandro T. da Silva
frágil), sem a devida assistência. Com o advento do Nexo Técnico Epidemiológico, onde o CNAE
(código de atividade econômica) da empresa é cruzado com o CID de afastamento (classificação
internacional de doenças), alguns casos segundo tabela pré-estabelecida pela Previdência Social,
automaticamente passaram a ser considerados de natureza ocupacional (independente da emissão da
CAT) e, cabendo a empresa contestar caso a caso.
Figura 01 – Exposição ocupacional em ambiente insalubre, cura e retorno. Figura 02 – Exposição ocupacional em ambiente insalubre. Ação na causa
Ação no efeito (trabalhador) do problema e não na causa (ambiente). do problema (intervenção no ambiente).
2.1. Antecipação
A fase de antecipação tem por finalidade identificar os riscos que poderão ocorrer no ambiente
de trabalho, ainda em sua fase de projeto de novas instalações, métodos ou processos de trabalho, ou
modificação dos já existentes, para introduzir medidas de proteção para a sua redução ou eliminação.
Trata-se de uma análise prévia e qualitativa, podendo ser empregadas técnicas modernas de análise
de riscos.
Embora não esteja contemplada na definição de higiene ocupacional da ACGIH, a antecipação
é considerada a fase preliminar de atuação do bom profissional de Segurança e Saúde Ocupacional,
por possibilitar a resolução de problemas antes que eles de fato, se tornem problemas.
2.2. Reconhecimento
O reconhecimento dos riscos inclui (quando aplicáveis): a sua identificação; a determinação e
localização das possíveis fontes geradoras; a identificação das possíveis trajetórias e dos meios de
propagação dos agentes no ambiente de trabalho; a identificação das funções e determinação do
número de trabalhadores expostos; a caracterização das atividades e do tipo de exposição; a obtenção
de dados existentes na empresa, indicativos de possível comprometimento da saúde decorrente do
trabalho; os possíveis danos relacionados aos riscos identificados disponíveis na literatura técnica; a
descrição das medidas de controle já existentes, conforme NR 9.3.3.
Trata-se de uma análise prévia e extremamente importante, considerando-se que os riscos não
reconhecidos não podem ser avaliados nem tampouco controlados. Os dados referentes ao
reconhecimento de riscos servirão de base para avaliação e a implantação de medidas de controle.
2.3. Avaliação
Nesta etapa, aprofunda-se mais a análise do ambiente, de modo a se ter uma referência das
prioridades de implantação de medidas de controle. A avaliação pode ser qualitativa (observação,
visual) ou quantitativa (mensurável). Segundo a NR 9, item 3.4, “a avaliação quantitativa deverá ser
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realizada sempre que necessária para: comprovar o controle de exposição ou a inexistência de riscos
identificados na etapa de reconhecimento; dimensionar a exposição dos trabalhadores ou ainda
subsidiar o equacionamento das medidas de controle”.
Esta etapa da Higiene Ocupacional está diretamente relacionada à NR 15 (atividades e
operações insalubres), onde são estabelecidos parâmetros de avaliação, limites de tolerância para
exposição ocupacional (na exposição a riscos que demandam análise quantitativa) e quais atividades
necessitam apenas de avaliação qualitativa (a insalubridade é caracterizada através de laudo de
inspeção, elaborado por Engenheiro de Segurança do Trabalho ou Médico do Trabalho).
É importante mencionar que a NR 15 estabelece os critérios para o recebimento do adicional
de insalubridade, porém a avaliação deve ser criteriosa (independente do direito ao respectivo
adicional), pois ela é que vai evidenciar as prioridades de controle, a fim de resguardar a saúde e a
integridade física do trabalhador.
2.4. Controle
A etapa de controle, refere-se à tomada de decisões e ações efetivas (com base nas fases de
reconhecimento e avaliação), tendo em vista manter os agentes de risco dentro de padrões
considerados “aceitáveis”. A NR 9, em seu item 3.5, determina: “deverão ser adotadas as medidas de
controle necessárias e suficientes para eliminar, minimizar ou controlar os riscos ambientais nas
situações de identificação de risco potencial à saúde (quando na implantação de projetos, novos
métodos ou processos), risco evidente à saúde (fase de reconhecimento) ou quando os resultados das
avaliações quantitativas da exposição dos trabalhadores excederem os valores limites previstos na
legislação”.
Embora no texto acima, se estabeleça a obrigação legal de intervenção em ambientes de
comprovada nocividade, todos os ambientes de trabalho devem sofrer algum tipo de intervenção na
forma de controle dos riscos, conforme a complexidade da situação de trabalho assim o exigir.
É importante que fique clara a diferença entre risco e perigo. Existe perigo na manipulação de
determinados produtos químicos ou biológicos (características intrínsecas da atividade), porém o risco
dessa atividade pode ser considerado baixo se forem observados todos os cuidados necessários e
utilizados os equipamentos de proteção adequados.
Exposição ocupacional: a situação e/ou condição de um trabalhador ou grupo de
trabalhadores que está exposto a determinado agente de risco, em função de suas atividades
profissionais.
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Exemplo:
Situação de risco Perigos potenciais Medidas de gerenciamento de risco
Armazenamento - Intoxicação - Rotulagem (escrita e visual, desenho)
de produto tóxico - Envenenamento - Armazenar longe do alcance de crianças
- Morte (Ex. no alto de um armário)
- Restringir o acesso (armário trancado)
Note-se, que no exemplo acima, embora possam ser gerenciadas as possibilidades do risco se
concretizar em um dano, não é possível eliminar totalmente as suas possibilidades (há ainda o risco de
envenenamento proposital). Isto ocorre, devido às características perigosas do produto tóxico, que são
indissociáveis, intrínsecas.
Nos ambientes ocupacionais, o princípio aplicado é o mesmo, devendo ser seguida a
hierarquia de medidas de controle, com a seguinte ordem de prioridade:
5. Riscos ambientais
Quando nos referimos aos riscos ambientais, estamos falando de situações potencialmente
capazes de causar um dano em determinado ambiente. Especificamente com relação aos ambientes
de trabalho, que são objeto de nossos estudos, temos como referência principal, a definição dada pela
NR 9, item 1.5, que conceitua: “são considerados riscos ambientais os agentes agressivos físicos,
químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza,
concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do
trabalhador”.
Portanto, estes agentes agressivos podem ter caráter determinante para o adoecimento no
meio ambiente laboral, em virtude das particularidades do trabalho executado e fatores, como:
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6. Riscos físicos
São as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como
ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não-
ionizantes, bem como o infra-som e o ultra-som (NR 9.1.5.1). Os riscos físicos se caracterizam por:
a) Exigirem um meio de transmissão (em geral o ar) para propagarem sua nocividade.
b) Agirem mesmo sobre pessoas que não têm contato direto com a fonte do risco.
c) Em geral ocasiona lesões crônicas, mediatas (tardias).
6.1. Ruídos
Som ou ruído é o nome dado a qualquer vibração que ocorre em um meio elástico, geralmente o
ar, que é perceptível ao ouvido humano, portanto um pressão sonora capaz de ser “captada” pelo
homem. De maneira geral reserva-se o nome de ruído ou barulho aos sons desagradáveis,
indesejáveis e de som à uma sensação prazerosa, desejada, como a produzida pela música. O som ou
ruído possui duas características principais:
O ouvido humano responde a uma larga faixa de freqüências (faixa audível), que vai de 16-20
Hz a 16-20 KHz. Fora dessa faixa, o ouvido humano é insensível ao som correspondente. Estudos
demonstram entretanto, que o ouvido humano não responde linearmente às diversas freqüências, ou
seja, para certas faixas de freqüência ele é mais ou menos sensível.
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melhoram com uso de aparelhos ou cirurgias), as lesões induzidas pelo ruído são irreversíveis e até o
momento não tem tratamento. O ruído lesa as células que existem no interior da cóclea (localizada
numa estrutura chamada Órgão de Corti), perdendo a capacidade transmitir ao cérebro as informações
dos sons que chegam. Quando um trabalhador com audição normal começa a trabalhar num ambiente
barulhento e nele fica durante vários anos, veja o que pode ocorrer:
o Nas primeiras semanas pode sentir dor de cabeça, tontura, zumbido nos ouvidos e diminuição
reversível da audição;
o Posteriormente ocorre uma certa adaptação e estes sintomas desaparecem após alguns
meses;
o Com o passar dos anos, dependendo do nível do ruído, ele começa a ter dificuldade de ouvir
sons agudos como o barulho do relógio e dificuldade de entender as palavras, quando várias
pessoas conversam juntas;
o E, com a progressão da lesão, começa a ter dificuldade para ouvir de maneira geral,
comprometendo a comunicação. Passa a não ouvir adequadamente o que uma outra pessoa
fala e em muitos casos reaparece o zumbido ou chiado que dura muitos anos ou a vida toda.
À perda progressiva da audição induzida pelo ruído, dá-se o nome de hipoacusia ou disacusia
neurosensorial e é mais grave quanto maior for o tempo de exposição a ruído e quanto mais intenso
ele for, podendo evoluir até à surdez completa. A exposição a níveis elevados de ruído tem sido
relacionada ao aumento do número de acidentes de trabalho, a aumento da incidência de hipertensão
arterial, de gastrite e úlcera gástrica, a alterações do sono e neuropsíquicas.
6.2. Calor
A exposição ao calor ocorre em muitos tipos de atividades industriais e têm profunda influência
sobre a quantidade e qualidade de trabalho que o homem pode realizar, como também sobre a forma
em que possa fazê-lo.
O corpo humano também produz calor através de seus processos metabólicos. Tais processos
estão concebidos de forma que possam funcionar somente entre margens bastante estreitas. Para que
o organismo atue eficientemente é então necessário que o calor produzido se dissipe tão rapidamente
como se produz. Além disso, o organismo possui um conjunto de mecanismos termostáticos de
atuação rápida e sensível, que tem como missão controlar o ritmo dos processos reguladores de
temperatura.
Desta forma, podemos concluir que a sobrecarga térmica no organismo humano é resultante
de duas parcelas de carga térmica: uma carga externa (ambiental) e outra interna (metabólica). A
carga externa é resultante das trocas térmicas com o ambiente e a carga metabólica é resultante da
atividade física que exerce.
CONDUÇÃO: Troca térmica entre dois corpos em contato, de temperaturas diferentes, ou que ocorre
dentro de um corpo cujas extremidades encontram-se a temperaturas diferentes. Para o trabalhador,
essas trocas são muito pequenas, geralmente por contato do corpo com ferramentas e superfícies.
RADIAÇÃO: Todos os corpos aquecidos emitem radiação infravermelha, que é o chamado “calor
radiante”. Assim como emitem, também recebem, havendo o que se chama de troca líquida radiante.
O infravermelho, sendo uma radiação eletromagnética não ionizante, não necessita de um meio físico
para se propagar. O ar é praticamente transparente à radiação infravermelha. As trocas por radiação
entre o trabalhador e seu entorno, quando há fontes radiantes severas, serão as preponderantes no
balanço térmico e podem corresponder a 60% ou mais das trocas totais.
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SUDORESE: A sudorese permite a perda de calor por meio da evaporação do suor. O número de
glândulas ativadas pelo mecanismo termorregulador é proporcional ao desequilíbrio térmico existente.
A quantidade de suor produzido pode, em alguns instantes, atingir o valor de até dois litros por hora. A
evaporação de um litro por hora permite uma perda de 590 kcal nesse período.
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6.2.4. Aclimatação
A aclimatação é a adaptação do organismo a um ambiente quente. Quando um trabalhador se
expõe ao calor intenso pela primeira vez, tem sua temperatura interna significativamente elevada, com
um aumento do ritmo cardíaco e baixa sudorese. Além de suar pouco, pode perder muito cloreto de
sódio nesse suor. O indivíduo aclimatizado transpira mais, consegue manter a temperatura do núcleo
do corpo em valores mais baixos e perde menos sal no suor, mantendo também os batimentos
cardíacos. A aclimatação ocorre por intermédio de três fenômenos:
o Aumento da sudorese;
o Diminuição da concentração de sódio no suor (4,0 g/l para 1,0 g/l), sendo que a quantidade de
sódio perdido por dia passa de 15 a 25 gramas para 3 a 5 gramas;
o Diminuição da freqüência cardíaca, por meio do aumento do volume sistólico, devido ao
aumento da eficiência do coração no bombeamento em valores mais aceitáveis. A aclimatação
é iniciada após quatro a seis dias e tende a ser satisfatória após uma a duas semanas. É o
médico que deve avaliar se a aclimatação está satisfatória;
Faz-se necessário, correlacionar tais trocas com as variáveis mensuráveis no ambiente e com
o conhecimento da tarefa realizada.
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6.3. Radiações
São ondas eletromagnéticas ou partículas que se propagam com alta velocidade e portando
energia, eventualmente carga elétrica e magnética, e que, ao interagir podem produzir variados efeitos
sobre a matéria. Elas podem ser geradas por fontes naturais ou por dispositivos construídos pelo
homem. Possuem energia variável desde valores pequenos até muito elevados (ver ilustração abaixo).
As radiações eletromagnéticas mais conhecidas são: luz, microndas, ondas de rádio AM e FM,
radar, laser, raios X e radiação gama.
Em física, radiação é definida como a propagação da energia. As radiações podem ser
identificadas:
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Efeitos Oculares: o efeito de uma exposição não protegida à radiação infravermelha é uma
das doenças ocupacionais mais antigas, relacionando uma ocupação a uma moléstia. Trata-se
da “catarata do vidreiro”, reconhecida há milênios como parte do destino dessa ocupação, se
houver exposição excessiva e sem a devida proteção. Deve-se ressaltar que esse é um efeito
crônico, que pode levar muitos anos para se desenvolver. Evidentemente, toda exposição não
protegida a fontes infravermelhas significativas, por tempo prolongado, poderá produzir o
mesmo efeito que nos vidreiros.
o Luz: a luz visível também é uma radiação não ionizante, a qual tem a peculiaridade de
impressionar a visão. Em outras palavras, nossos olhos são capazes de perceber a radiação
não ionizante (ondas eletromagnéticas) na região de 400 nanometros a 780 nanometros. A
iluminação deve ser avaliada para se verificar a adequação das condições ambientais do
trabalho, por ocasião da Análise Ergonômica do Trabalho, conforme NR 17.
o Radiação Ultravioleta: a radiação ultravioleta ocupa o espectro na região que vai de 400
nanometros a aproximadamente 100 nanometros. Está subdividida em bandas, como mostrado
a seguir:
Faixa Bandas e designações Região espectral em nanômetro
UVA Ultravioleta próximo ou do luz negra 400 – 315
UVB Eritemática 315 – 280
UVC Germicida 280 – 220
Ozônio 220 – 180
Absorção 180 – 100
o Laser: trata-se de uma sigla, que quer dizer “Amplificação de Luz por Emissão Estimulada de
Radiação”. Não é portanto, uma outra radiação, mas sim uma forma de emissão das radiações
conhecidas. Por essa razão, não aparece no espectro não ionizante de forma individualizada,
pois qualquer radiação do espectro pode, em princípio, ser emitida na forma LASER (luz,
infravermelho, microonda, UV). A radiação é monocromática (um único comprimento de onda é
emitido) e pode ser focada ou colimada, de forma a concentrar toda a energia do feixe em uma
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área tão pequena quanto a tecnologia permitir. Essa é uma das características notáveis e úteis
da radiação, ou seja, a capacidade de se produzir uma densidade de energia extremamente
elevada (por exemplo, centenas de watts em alguns micrometros quadrados).
Figura 10 – Câmara hiperbárica para descompressão, sistema Figura 11 – Câmara hiperbárica para descompressão, sistema
monopaciente. multipaciente.
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o Barotraumas de ouvido médio: para funcionar corretamente, o ouvido médio trabalha como
uma caixa acústica (mantêm-se cheio de ar, com espaço para a vibração da membrana do
tímpano). Por estar desta forma, esta região é vulnerável a variação de pressão. À medida que
o mergulhador afunda, a pressão da água aumenta e empurra o tímpano para dentro,
provocando dor; se o mergulhador não tomar nenhuma atitude, o tímpano poderá se romper,
causando barotrauma do ouvido médio.
o Barotrauma pulmonar: além do ouvido e outros espaços corporais que contém ar, em
condições hiperbáricas, ocorrem mudanças na composição de gases dos pulmões. No caso do
oxigênio, por exemplo, quanto maior a pressão deste gás no pulmão, maior quantidade será
absorvida pelo sangue e dissolvida em todos os líquidos do corpo. Uma estrutura rígida, a
traquéia, vai se ramificando em ramos cada vez menores até que bronquíolos terminam de
formar os sacos alveolares. Estes mantêm grande quantidade de ar no tecido pulmonar, que é
bastante elástico. Na pressurização o pulmão é comprimido, se o indivíduo estiver com a
respiração contida (apnéia) e a pressão for excessiva, podem ocorrer lesões ao pulmão,
caracterizando o barotrauma pulmonar.
o Mal das montanhas: geralmente manifesta-se por volta de 06 a 12 horas após ascensão
rápida acima de 2500m. Apresenta sintomas como cefaléia, falta de apetite, náusea ou
vômitos, fadiga, tontura e dificuldade em dormir. Estes sintomas são inespecíficos e devem ser
analisados em conjunto.
o Edema pulmonar agudo de altas altitudes: se iniciam em geral 2 a 3 dias após chegada a
altitude (a ascensão rápida pode abreviar este tempo). Se caracterizam por falta de ar,
inicialmente aos exercícios e posteriormente mesmo em repouso, podendo evoluir até o coma
e morte. Os sinais precoces incluem aumento significativo das freqüências respiratória e
cardíaca, febre baixa e crepitação nas porções inferiores dos pulmões.
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6.5. Vibrações
A vibração pode ser definida como qualquer movimento que o corpo executa em torno de um
ponto fixo. Esse movimento pode ser regular, do tipo senoidal ou irregular, quando não segue nenhum
movimento determinado, como no sacolejar de um carro andando em uma estrada de terra.
Como todo corpo com movimento oscilatório, um corpo que vibra descreve um movimento
periódico, que envolve em deslocamento, um certo tempo, o que resulta uma velocidade, bem como
uma aceleração desse movimento. Dessa forma, o movimento pode ser descrito por qualquer um
desses parâmetros: deslocamento, velocidade ou aceleração. Outro fator importante é a freqüência
desse movimento, isto é, o número de ciclos (movimentos completos) realizado num período de tempo.
No caso de ciclos por segundo, utiliza-se a unidade Hertz (Hz).
6.6. Frio
O frio é um dos agentes físicos capazes de causar estresse e perturbações ao organismo
humano, por interferir na temperatura interna do corpo (que deve ser mantida em torno de 37ºC, afim
de que as características funcionais orgânicas sejam preservadas). Esta temperatura corresponde à
soma do calor produzido internamente (metabolismo), mais o ganho ou perda de calor do ambiente,
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sendo que no caso de perda de calor por um corpo deveremos chamá-la de taxa de resfriamento.
Uma grande diversidade de ocupações pode levar a exposições ocupacionais ao frio, tais como
trabalho a céu aberto em regiões frias, trabalho em câmaras frias ou navios frigorificados, trabalho de
embalagem e armazenagem de carne, frutas, sorvetes, pesca, mergulho e muitas outras ocupações
profissionais. Alguns fatores que mais contribuem para a hipotermia e as ulcerações causadas pelo
frio, são as exposições ao vento e à umidade. Condições de saúde podem piorar os efeitos do frio,
como alergias, problemas vasculares, fumo, bebidas alcoólicas e utilização de certos medicamentos. A
ocorrência de acidentes por queda tem maior probabilidade de acontecer em ambientes frios.
A umidade causa efeito prejudicial ao corpo em ambientes frios em razão da perda de calor. A
água é 25 a 30 vezes mais condutiva de calor que o ar, significando que o trabalhador em tempo
úmido pode perder de 25 a 30 vezes mais calor do corpo do que se tivesse seco. O vento também é
um fator importante, que aumenta a suscetibilidade do indivíduo à hipotermia devido à sua capacidade
de causar perda de calor por convecção e evaporação. Este efeito é denominado de “Fator de
Resfriamento pelo Vento”. A tabela abaixo, apresenta o efeito do resfriamento equivalente entre a
temperatura e a velocidade do ar.
o Fenômeno de Raynaud: é um dano causado pelo frio, mas pode estar associado a outras
patologias como esclerose sistêmica. O fenômeno de Raynaud também pode ocorrer pela
exposição à vibração, em operadores de marteletes pneumáticos, lixadeiras e outros.
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o Enregelamento de membros: é uma lesão comum causada pela exposição ao frio intenso ou
contato com objetos extremamente frios. Ocorre quando a temperatura do tecido cai abaixo de
0°C. Os vasos sanguíneos podem ficar lesados gravemente e de maneira irrecuperável, e a
circulação sanguínea pode se interromper no tecido afetado. Nos casos mais leves, o sintoma
é uma inflamação da pele (bolhas), seguida por uma dor leve. A pele enregelada é suscetível à
infecção, podendo chegar à gangrena.
o Hipotermia: em ambientes frios, a temperatura interna do corpo geralmente não cai mais do
que 1°C a 2°C abaixo da temperatura normal de 37°C em virtude da facilidade do corpo de se
adaptar. No entanto, no frio intenso sem a proteção adequada, o corpo é incapaz de
compensar a perda de calor, e sua temperatura interna diminui. A sensação de frio, seguida de
dor nas partes expostas do corpo, é o primeiro sinal de estresse pelo frio. Quando a
temperatura do corpo cai abaixo de 35°C, ocorrem fortes tremores e isto deve ser considerado
como aviso de perigo para os trabalhadores. Situação pior ocorre quando o corpo fica imerso
em água fria. Conforme o frio aumenta ou o período de exposição se prolonga, a sensação de
frio e dor tende a diminuir por causa da perda de sensibilidade que o frio causa. Em seguida, o
trabalhador sente fraqueza muscular e adormecimento. Isto é chamado de hipotermia e
normalmente ocorre quando a temperatura central do corpo cai abaixo de 33°C. Outros
sintomas de hipotermia incluem a percepção reduzida e pupilas dilatadas. Quando a
temperatura do corpo atinge 27°C, o trabalhador entra em coma. A atividade do coração pára
ao redor de 20°C e, a cerebral, a 17°C. A vítima de hipotermia deve ser aquecida
imediatamente, sendo removida para ambientes quentes ou por meio de cobertores. Abaixo,
quadro representativo dos sinais clínicos progressivos da hipotermia.
TEMPERATURA
INTERNA (ºC) SINAIS CLÍNICOS PROGRESSIVOS DA HIPOTERMIA
37,6 Temperatura retal "normal"
37 Temperatura oral "normal"
36 Aumento da taxa metabólica para compensar a perda de calor
35 Tremor máximo
34 Vítima consciente e respondendo com pressão sangüínea normal
33 Severa hipotermia abaixo desta temperatura
32 Consciencia nublada, dificuldade de obter a pressão , pupilas dilatadas mas reagindo à
31 luz, cessação dos tremores
30 Progressiva perda da consciencia, aumento da rigidez muscular, pulso e pressão difíceis
29 de obter, decréscimo da taxa respiratória
28 Possível fibrilação ventricular com irritabilidade miocardial
Cessam movimentos voluntários, pupilas não-reativa à luz, reflexos de tendões e
27 superficiais ausentes
26 Vítima raramente consciente
25 Fibrilação ventricular pode ocorrer espontaneamente
24 Edema pulmonar
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21 Risco máximo de fibrilação ventricular
20 Parada cardíaca
18 Vítima de hipotermia acidental mais baixa
17 Eletroencefalograma isoelétrico
9 Paciente de hipotermia induzida artificialmente mais baixa
6.7. Umidade
Entendemos por umidade o conteúdo de água em uma substancia ou material. No caso da
umidade do ar, a água esta misturada com o mesmo de forma homogênea no estado gasoso, ou seja,
a umidade do ar é a concentração de vapor de água (água no estado gasoso) na atmosfera.
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7. Riscos químicos
São as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via
respiratória, nas formas de poeiras, fumos, neblinas, névoas, gases ou vapores, ou que, pela natureza
da atividade de exposição, possam ficar em contato ou ser absorvidas pelo organismo através da pele
ou por ingestão (NR 9.1.5.2).
Riscos químicos, podem ser definidos como os riscos causados pelas substâncias químicas
presentes no ambiente de trabalho, os quais, em função das condições de utilização, poderão entrar
em contato com o corpo humano, interagindo em ação localizada, como no caso de queimadura ou
irritação da pele, ou em ação generalizada, quando for levado pelos fluidos internos, chegando aos
diferentes órgãos e tecidos do organismo.
c. Grupo III - Substâncias de efeito extremamente rápido: correspondem aos agentes químicos
que têm indicados limites valor teto, os quais não podem ser ultrapassados, em momento algum
durante a jornada de trabalho (ex.: ácido clorídico, dióxido de enxofre e formaldeído).
e. Grupo V - Asfixiantes simples: são representados por alguns gases em altas concentrações no
ar, atuam no sentido de deslocar o oxigênio do ar, sem provocar efeitos fisiológicos importantes.
Entende-se por asfixia o bloqueio dos processos tissulares, pela falta de oxigênio (ex.: acetileno,
argônio, hélio, hidrogênio, metano).
f. Grupo VI - Poeiras: são substâncias químicas sólidas provenientes da segregação mecânica das
substâncias no estado sólido; podem ser altamente nocivas, dependendo da sua dimensão,
podendo causar pneumoconiose. A NR 15, em seu Anexo 12, prevê três agentes: asbestos
(amianto), manganês e seus compostos e sílica livre.
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Introdução à Higiene Ocupacional – Sandro T. da Silva
a. Gases: substâncias que em condições normais de temperatura e pressão (25ºC e 760 mmHg),
encontram-se no estado gasoso, podendo ser liquefeito por resfriamento ou aumento de pressão
(ou ambos). Ex. monóxido de carbono, dióxido de carbono, nitrogênio.
b. Vapores: substâncias que em condições normais de temperatura e pressão (25ºC e 760 mmHg),
encontram-se no estado líquido ou sólido, passando ao estado gasoso por modificações de
temperatura ou pressão (ou ambos). Ex. benzeno, tolueno, acetona.
I. Gases e vapores Irritantes: são substâncias que produzem inflamação nos tecidos com os
quais entram em contato direto, tais como a pele, a conjuntiva ocular e as vias respiratórias. O
modo de ação é determinado principalmente, por sua solubilidade (mais solúveis em água
atacam principalmente o nariz e a garganta; menos solúveis, efeito mais sentido nos pulmões).
Podem ser subdivididos em:
I.I. Irritantes primários: são aqueles cuja ação principal sobre o organismo é a irritação local e que,
de acordo com o local de ação, distinguem-se em:
o Ação sobre os brônquios: substâncias com moderada solubilidade em água que, quando
inaladas, penetram mais profundamente no sistema respiratório concentrando seu ataque
nos brônquios. Ex: anidrido sulfuroso e cloro;
o Irritantes atípicos: substâncias que, apesar da baixa solubilidade ocasionam ação irritante
também nas vias respiratórias. Ex: acroleína e gases lacrimogênios.
I.II. Irritantes secundários: substâncias que, apesar de possuírem efeito irritante, têm uma ação
tóxica generalizada sobre o organismo. Ex: gás sulfrídico.
II. Gases e vapores anestésicos: substâncias que devido à sua ação sobre o sistema nervoso
central, apresentam efeitos anestésicos; algumas destas substâncias, transferidas dos pulmões
para a corrente sanguínea e, a partir daí, para os outros órgãos internos, podem penetrar através
da pele. Os gases e vapores anestésicos podem ser classificados em:
II.I. Anestésico primário: substâncias que não produzem outro efeito além da anestesia, mesmo
que o trabalhador seja submetido a exposições repetidas, em baixas concentrações. Ex:
aldeídos, cetonas, ésteres e os hidrocarbonetos alifáticos – butano, propano, eteno e outros.
II.II. Anestésico de efeitos sobre as vísceras: substâncias que podem acarretar danos ao fígado e
aos rins dos trabalhadores expostos. Ex: hidrocarbonetos clorados – tricloroetileno, tetracloreto
de carbono e percloroetileno.
II.III. Anestésico de ação sobre o sistema formador do sangue: substâncias que se acumulam,
preferencialmente, nos tecidos graxos, medula óssea e sistema nervoso. Ex: benzeno, tolueno e
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xileno). Vale ressaltar que o benzeno é a substância com maior ação nociva; sua exposição
prolongada, mesmo a baixas concentrações, pode ocasionar anemia, leucemia e câncer.
II.IV. Anestésico de ação sobre o sistema nervoso: substâncias que devido à sua alta solubilidade
em água, apresentam eliminação lenta pelo organismo; daí, a sua manifestação mais acentuada
no sistema nervoso. Ex: álcool etílico e metílico.
II.V. Anestésico de ação sobre o sangue e o sistema circulatório: substâncias em especial aquelas
pertencentes ao grupo dos nitrocompostos de carbono, que, em decorrência de sua utilização
industrial, podem ocasionar alteração na hemoglobina do sangue. Ex: nitrotolueno, nitrito de etila,
nitrobenzeno e anilina.
o Poeiras: são partículas sólidas produzidas pelo rompimento mecânico de sólidos, como
ocorre em processos de moagem, atrito, impacto etc., ou por dispersão secundária, como o
arraste ou agitação de partículas sedimentadas, como, por exemplo: poeira de sílica,
carvão, talco, farinha etc.
o Névoas: são partículas líquidas produzidas por ruptura mecânica de líquidos, como, por
exemplo: névoas de água, de ácido sulfúrico, alcalinas, de pintura, névoas de lagoas de
aeração forçada no tratamento de efluentes.
o Fibras: são partículas sólidas produzidas por ruptura mecânica de sólidos, que se
diferenciam das poeiras porque têm forma alongada, com um comprimento de 3 a 5 vezes
superior ao seu diâmetro.
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determinam exposições excessivas. Outras vezes, desconhecidas impurezas estão presentes nos
produtos químicos, ou são produzidos diferentes compostos na atmosfera por decomposições ou
interações.
A intensidade da exposição depende, entre outros fatores, da concentração do agente tóxico
no local de trabalho, do tipo e intensidade de trabalho, da duração diária de exposição ao longo da vida
profissional, da frequência da exposição pelo trabalhador e das condições ambientais (umidade,
ventilação e temperatura). Algumas possíveis características dos efeitos tóxicos:
o Efeito tóxico agudo: é o que ocorre ou se desenvolve rapidamente após uma única
administração (ou múltipla em 24 horas) de um agente químico.
o Efeito tóxico crônico: é o que decorre de exposições prolongadas, mas a baixas doses do
agente químico. Os efeitos tornam-se perceptíveis somente dias, meses ou mesmo anos após
cessada a exposição.
o Efeito tóxico local: é o que ocorre no sítio do primeiro contato entre o organismo e o agente
químico.
o Efeito tóxico sistêmico: é o que requer absorção e distribuição do agente químico, para um
sítio distante da sua via de penetração, onde produzirá o efeito nocivo.
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auditivo externo, mucosa gengival e bucal, mucosa do reto e da vagina, além dos anexos pêlos e
unhas.
O tecido cutâneo representa 16% do peso corporal, com uma área de 1,80 m2 e espessuras
que variam desde 0,15 mm nas pálpebras, até 0,8 mm nas palmas das mãos e 1,4 mm nas plantas
dos pés. A via cutânea é constituída principalmente pela epiderme e derme.
A epiderme corresponde à região
mais externa e possui uma cobertura
hidrolipídica, composta por água e eletrólitos
(suor), secretados pelas glândulas
sudoríparas e por gordura, constituída
principalmente por ácidos graxos, secretados
pelas glândulas sebáceas. A camada córnea
constitui-se na principal barreira à penetração
de agentes químicos. Esta proteção pode ter
suas características alteradas por agentes
químicos que interferem nesse mecanismo de
formação das ligações.
Após a epiderme, situa-se a derme,
que é constituída pelo tecido conjuntivo,
encontrando-se neste local as glândulas
sudoríparas e sebáceas, folículos pilosos, Figura 15 – Sistema tegumentar (estrutura da pele).
vasos sanguíneos e linfáticos.
A permeabilidade cutânea pode ser alterada por uma série de fatores e condições, dentre as
quais destacamos:
A rica vascularização da derme permite uma rica absorção dos agentes químicos que
conseguem chegar até ela. O tecido subcutâneo (situado após a derme) é rico em lipídios, e além de
servir como reserva energética, funciona como amortecedor de choques. Do contato do agente
químico com o tecido, quatro efeitos podem ocorrer:
o A epiderme, com a película de gordura e suor, atua como barreira efetiva, e o agente químico
não é capaz de altera-la ou danifica-la.
o O agente químico reage com a superfície cutânea, provocando irritações;
o O agente químico penetra, reage com proteínas teciduais e produz sensibilização, reação
alérgica; e
o O agente químico se difunde na epiderme, glândulas sebáceas, sudoríparas, folículos pilosos,
e ingressa na corrente sanguínea para posterior ação sobre os sistemas;
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