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c
I ʹ soberania nacional
II ʹ propriedade privada
IV ʹ livre concorrência
V ʹ defesa do consumidor
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DIREITO DO CONSUMIDOR
Conclui-se, pois, que a defesa do consumidor foi tornada princí pio que deve ser
seguido pelo Estado e pela sociedade, com vistas a se atingir uma existência digna e a
justiça social. Com o princípio da livre concorrência, sobressai que o Brasil adotou o
modelo de economia capitalista de produção. O primeiro funciona c omo limite e freio
aos abusos eventualmente cometidos em nome do segundo.
O Poder Executivo pode, também, nos termos do art. 84, da CF, expedir
decretos e regulamentos para o fiel cumprimento do CDC. Exemplo disso é o Decreto
2.181/97, que criou o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor ; bem como as
portarias do Ministério da Justiça que complementam o rol de cláusulas abusivas do
art. 51, do CDC (Port. 3/01; 5/02; 24/04). Também produto do poder normativo do
Poder Executivo é o Decreto 6.523/2008, que regulamentou o p Yp °
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Nos termos do CDC (art. 2º), consumidor é ͞toda pessoa física ou jurídica q ue
adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final͟, a par da figura do
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c Y ʹ para essa corrente, consumidor é aquele que retira
definitivamente de circulação o produto ou serviço do mercado. Aquele que adquire o
objeto da relação de consumo para suprir uma necessidade ou satisfação pessoal ou
privada, e não para o desenvolvimento de outra atividade empresarial ou profissional.
Entendem os adeptos dessa doutrina que a intenção do legislador, na outorga do CDC,
era tutelar de forma especial um determinado grupo de pessoas da sociedade mais
vulnerável. Descaracterizada estaria a relação de consumo caso o adquirente dirigisse
o produto ou serviço ao exercício de atividade econômica, civil ou empresária. Não se
diferencia a aquisição do produto ou serviço para revenda ao consumidor diretamente
da transformação ou agregação ao estabelecimento empresarial. Daí não se considerar
consumidor, para essa corrente, a pessoa que compra móveis e utensílios que
compõem o estabelecimento ou os programas de computador utilizados em um
escritório, pois tais bens ingressam na atividade econômica do adquirente, integrando
o ciclo produtivo de outros bens ou serviços. É o chamado Y Y Y
, o qual desconsidera a vulnerabilidade eventualmente presente no caso
concreto. A pessoa jurídica será tratada como consumidora se o produto ou serviço
adquirido não tiver conexão, direta ou indireta, com a atividade econômica por ela
desenvolvida, devendo, ainda, demonstrar -se a vulnerabilidade perante o fornecedor.
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DIREITO DO CONSUMIDOR
A jurisprudência, por sua vez, apresenta soluções que ora estão em sintonia
com a teoria maximalista, ora com a finalista. O STJ tende a acolher a teoria finalista
temperada (aprofundada), analisando a vulnerabilidade do consumidor:
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O Novo Código Civil, publicado em 2001, traz regras e princ ípios que se
aproximam daqueles estabelecidos na legislação consumerista. Há, na verdade, certa
convergência entre os diplomas, sendo que o Código Civil tratou de mitigar o princípio,
antes quase que absoluto, da autonomia privada. A outra conclusão não se chega a
partir dos novos paradigmas adotados, como a eticidade, a socialidade e a
operabilidade, em perfeita consonância com a boa-fé e o interesse social do Código de
Defesa do Consumidor.
Correto, portanto, que a legislação consumerista se aplique àque les que, numa
relação jurídica dada, se mostrem mais vulneráveis, necessitados de proteção especial
do Estado justamente por se encontrarem em posição de desigualdade perante o
fornecedor.
-
Y Y Y Y ʹ Equiparam-se ao consumidor todas as
vítimas de um evento que dê ensejo à responsabilidade civil pelo fato do produto ou
do serviço (art. 17). O sujeito que não fez parte do negócio jurídico entre c onsumidor e
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fornecedor, mas que foi vitimado por um acidente de consumo, oriundo desse negócio
jurídico, é equiparado a consumidor e dispõe de todas as prerrogativas concedidas
pelo CDC.
Desta feita, a empresa que tem por objeto social a prestação de serviços de
corretoria, por exemplo, se vender um de seus automóveis, não será considerada
fornecedor, nessa transação, por lhe faltar o requisito da habitualidade na venda de
automóveis.
O Poder Público também pode ser fornecedor de serviço quando, por si ou por
seus concessionários, atua no mercado de consumo, prestando serviço mediante a
cobrança de preço. Como, por exemplo, no fornecimento de água e esgoto,
eletricidade, etc. Os concessionários de serviços públicos, vinculados ao Estado por
meio de contratos administrativos, também são fornecedores perante os usuários
desses serviços, sujeitando-se às normas do CDC.
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em desfavor, como sói acontecer, do consumidor. Este é a parte mais fraca da relação
e deve ser protegido. Sua vulnerabilidade é presumida de forma absoluta pela lei, não
podendo essa presunção ser elidida por prova em contrário.
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Y Y
Y Y p Y Y Fundamentais para que o
consumidor possa formar a vontade a ser manifestada, por ocasião da aquisição de
produtos ou serviços. Incumbe o dever de informar e educar ao Estado, aos
fornecedores de produtos e serviços e às entidades privadas de defesa e proteção do
consumidor.
Deve ter o consumidor acesso à orientação jurídica, que pode ser gratuita (Lei
1.060/50).
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Y Y
ʹ Reconhecido princípio norteador da Política Nacional
de Relações de Consumo, sem o qual não pode o consumidor exercer de forma plena
seu direito de escolha. Imprescindível para que se harmonizem as relações de
consumo.
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precisa provar que o fato novo não ingressou em sua esfera de previsibilidade,
bastando demonstrar de forma objetiva a excessiva onerosidade para si. Tampouco se
faz necessária a prova de enriquecimento ilícito do fornecedor. Contudo, nos termos
do Código Civil, a revisão contratual exige a ocorrência de eventos extraordinários e
imprevisíveis, os quais devem ser demonstrados.
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- contribuir para a permanência das boas condições dos bens públicos através
dos quais lhes são prestados os serviços.
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- o acesso das pessoas com deficiência auditiva ou de fala será garantido pelo
SAC, em caráter preferencial, facultado à empresa atribuir número telefônico
específico para esse fim;
Como se vê, a lei não exige que o produto seja absolutamente seguro, mas, sim,
que seja minimamente seguro. Os produtos que trazem um risco intrínseco não são
considerados defeituosos, mas sua periculosidade deve ser previsível ao consumidor.
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comunicar pela imprensa aos consumidores e ao Poder Público sobre o ocorrido. Se for
o caso, o fornecedor deve providenciar a retirada do produto do mercado, para que
maiores prejuízos não ocorram, além de ressarcir as perdas e danos pelos prejuízos já
causados. Aliás, o próprio Poder Público exerce fiscalização e tem o poder de retirar do
mercado o produto que se tornar ou revelar nocivo ou perigoso.
È a obrigação que uma pessoa tem de reparar o prejuízo causado a outra, por
fato próprio, ou por fato de pessoas ou coisas que dela dependam. É uma espécie de
obrigação. Obrigação é um dever jurídico originário, enquanto que a responsabilidade
é dever jurídico sucessivo, conseqüente violação do primeiro. Com a violação de um
dever jurídico originário nasce o dever jurídico sucessivo de indenizar o prejuízo.
Dispõe o Código Civil, no art. 927, que ͞aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e
187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo͟. Ato ilícito é o praticado por
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pessoa que, ͞por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, viola direito
e causa dano a outrem͟ (art. 186).
Por outro lado, o defeito do produto pode, sim, causar dano à saúde do
consumidor. O defeito é o vício acrescido de um problema extra, alguma coisa
extrínseca ao produto, que causa um dano maior que simplesmente o mau
funcionamento, o não-funcionamento, a quantidade errada, a perda do valor pago. O
defeito vai além do produto ou do serviço para atingir o consumidor em seu
patrimônio jurídico, seja moral e/ou material. Daí se falar em acidente de consumo
somente quando o produto ou serviço apresentar um defeito. O defeito pressupõe um
vício, mas um vício não redunda, necess ariamente, em um defeito.
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I ʹ sua apresentação;
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- fornecedor aparente: aquele que apõe sua marca ou nome no produto final.
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Qualquer produto, por menor que seja o risco intrínseco a ele, deve vir
acompanhado de informações ao consumidor, alertando-o sobre os cuidados que se
deve tomar ao lidar com o produto. Não se proíbe a comercialização de produto cuja
utilização imponha riscos ao consumidor. Exige-se, tão somente, que este seja
advertido sobre os perigos a que se sujeita com o uso do produto. Nada obstante,
ocorrido um acidente de consumo, o fornecedor responde pelos danos causados ao
consumidor, salvo nas hipóteses de exclusão de responsabilidade.
Entre outros fatores, leva-se em conta a época em que o produto foi colocado
em circulação, para saber se ele é ou não perigoso. Isso porque, conforme a data em
que o mesmo foi disponibilizado para comercialização, há maior ou menor expectativa
relativa à segurança por ele oferecida. Não se cogita de produto de melhor qu alidade
(aludido no §2º), se o produto, ao ser colocado em circulação, apresentava defeito que
foi posteriormente corrigido. O §2º se refere ao produto que, incorporando avanços
tecnológicos, tem sua qualidade melhorada, embora não pudesse ser considerado
defeituoso à época em que foi disponibilizado para consumo.
Por outro lado, quando da colocação de um produto no mercado, pode ser que
não sejam conhecidos, ainda, todos os riscos envolvidos em sua utilização, em virtude
de impossibilidades técnicas e cien tíficas. Estes somente se tornam evidentes e
conhecidos após o emprego do produto por algum tempo. Nesse caso, fala -se em risco
de desenvolvimento, ligado a um defeito de criação ou concepção do produto.
Este se caracteriza por não ser perceptível na época em que o produto foi
lançado e somente se configura diante da impossibilidade absoluta da ciência em
perceber o defeito. Não se aperfeiçoa em razão da impossibilidade subjetiva de o
fornecedor notar o defeito.
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Y Y Y Y
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No caso do médico, profissional liberal que é, uma ressalva deve ser feita: o
profissional que realiza cirurgia plástica estética se compromete a produzir o resultado
desejado pelo paciente. O que interessa é o resultado de sua atividade.
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Outro ponto relativo aos médicos diz respeito à prova de sua culpa, nos casos
de responsabilidade subjetiva, as quais dependem de laudos periciais nem sempre
conclusivos. Costuma-se, em casos tais, comparar-se uma situação fática a uma
cirurgia e a situação que lhe é posterior.
Há vícios de produto por qualidade (art. 18) ou por quantidade (art. 19), e vício
do serviço (arts. 20 e 21).
O vício em questão pode ser oculto ou aparente, o que lhe dá natureza diversa
do vício redibitório tratado no Código Civil (arts. 441 a 446), que diz respeito a defeito
oculto da coisa.
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§1º. Não sendo o vício sanado no prazo máxi mo de trinta dias, pode o
consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
§3º. O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do §1º deste
artigo, sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas
puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir -lhe o valor ou
se tratar de produto essencial.
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Não tendo sido assinalado qualquer prazo para que o fornecedor sane os vícios
apresentados, deve fazê-lo imediatamente, cabendo ao consumidor a opção por uma
das cinco alternativas anteriores.
§2º. São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que
razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas
regulamentares de prestabilidade.
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(c "
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São prazos de ordem pública, o que implica seu reconhecimento Y pelo
julgador e a impossibilidade de serem alterados por vontade das par tes.
_
Y YY
Y Y Y Y
Cumpre assinalar que o direito de reclamar por vícios ocultos caduca no mesmo
período. A diferença é o termo inicial para contagem: no caso de vício aparente, o
prazo decadencial é contado da data de recebimento do produto ou do término do
serviço; na hipótese de vício oculto, da data em que dele toma ciência o consumidor.
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É de cinco anos, conforme o art. 27, do CDC. Não se prevê nenhuma hipótese
de suspensão ou interrupção do referido prazo, aplicando -se as regras dos arts. 197 a
204, do CC.
Uma corrente doutrinária defende que os prazos do CDC, art. 27, somente têm
validade para as pretensões de natureza individual. Nas ações coletivas ou de natureza
difusa, não se fala em prescrição, dado o interesse social (Mancuso).
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Para a teoria menor, ou teoria objetiva, trazida ao Brasil por Fábio Konder
Comparato, desconsidera-se a personalidade jurídica quando houver prova de sua
insolvência, independentemente de qualquer elemento subjetivo.
É ato excepcional que somente pode ser decretado pelo juiz nos casos previstos
em lei. Tampouco é necessário que os sócios da pessoa jurídica figurem no pólo
passivo da ação, bastando requerimento na petição inicial ao durante o processo, para
que à desconsideração se proceda.
O CDC, em seu art. 28, dispõe que ͞o juiz poderá desconsiderar a personalidade
jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houve r abuso de direito,
excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou
contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência,
estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica p rovocados por
má administração. O §2º (o primeiro foi vetado) estende a responsabilidade, de forma
subsidiária, às sociedades integrantes dos grupos societários e às sociedades
controladas. As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas
obrigações decorrentes do CDC (§3º). Já as sociedades coligadas somente respondem
de forma subjetiva, devendo ser demonstrada sua culpa (§ 4º). Desconsiderar-se-á,
também, a personalidade jurídica sempre que esta constituir, de alguma forma,
obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores (§ 5º).
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Por fim, também há solidariedade entre as empresas coligadas (art. 243, § 1º,
da Lei das S.A͛s). Estas conservam sua autonomia, somente respondendo pelos
prejuízos causados pelo consumidor (estes causados por outra coligada), mediante a
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( "&
( )
- a veiculação e
- a precisão da informação.
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O que se busca é evitar a confusão de preços que possa fazer com que o
consumidor incorra em erro e conseqüente prejuízo.
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que a cláusula contratual que dispõe acerca da ͚remoção inter-hospitalar͛ deve ser
compreendida como ͚remoção em ambulância͛ genericamente ofertada na
publicidade, desconsiderando -se as limitações previstas no regulamento do plano de
saúde. O arbitramento da indenização por danos morais deve ser feito com
moderação, proporcionalmente ao grau da culpa, ao nível sócio -econômico do autor e,
ainda, ao porte econômico do réu, orientando-se o juiz pelos critérios da
razoabilidade, valendo-se de sua experiência e bom senso, atento à realidade da vida e
às peculiaridades de cada caso͟.
( "
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A publicidade pode também ser enganosa por omissão (§ 3º, do art. 37),
quando o fornecedor deixa de informar dado essencial do produto ou serviço. A
omissão relevante é aquela que, se não tivesse ocorrido ʹ ou seja, se o consumidor
tivesse ciência do dado omitido -, levaria o consumidor a não celebrar o contrato. Já
decidiu o 1º Tribunal de Alçada Civil de São Paulo que constitui publicidade enganosa
por omissão a hipótese em que o consumidor contratou prestação de serviço de
ensino para curso de especialização, que havia sido registrado no Ministério da
Educação e Cultura, mas não tinha o necessário registro no órgão de classe, o que
impediria o consumidor de ostentar a condição de especialista (1053574 -3).
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Por fim, de se mencionar a Lei 11.800/2008, que alterou o art. 33, do CDC,
incluindo o parágrafo único, que proíbe, de forma expressa, a publicidade de bens e
serviços quando a chamada for onerosa ao consumidor que a origina. Isso posto, os
fornecedores somente poderão anunciar seus produtos e serviços ao consumidor que
lhes telefona quando a ligação for gratuita. A razão é óbvia: o consumidor não pode
ser obrigado a pagar para ouvir publicidade. Outrossim, o Decreto 6.523/08 (referido
anteriormente) proíbe veiculação de mensagem publicitária durante o tempo de
espera para o atendimento, salvo se houver prévio e expresso consentimento do
consumidor.
( $"& ï
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Y Y Y Y ʹ basta que a exigência seja feita, não
sendo necessário, para a configuração da prática abusiva, que ela seja concretizada.
Vantagem excessiva é aquela que ofende os princípios fundamentais do sistema
jurídico a que pertence; restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à
natureza do contrato, de modo a ameaçar o equilíbrio contratual.
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Y Y Y Y Y ʹ nenhum fornecedor pode
divulgar informações depreciativas sobre o consumidor quando tal se referir ao
exercício de direito seu. Por exemplo, não pode o fornecedor informar a outros
fornecedores que determinado cliente sustou o protesto de um título, ou que já
representou ao Ministério Público ou propôs ação, etc.
Y Y Y ʹ Os produtos colocados no mercado devem
respeitar as normas expedidas pelos órgãos oficiais (ABNT, ou outras entidades
credenciadas pelo CONMETRO) que estabelecem os padrões técnicos a eles aplicáveis.
Y Y
Y Y Y Y ʹ O fornecedor não pode
deixar de estipular prazo para cumprir sua obrigação, ou fixar o termo inicial a seu
exclusivo critério. Descumprida a regra, incide a regra do art. 331, do CC, que permite
ao consumidor exigir o imediato cumprimento da obrigação.
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Por outro lado, o consumidor cobrado por quantia indevida tem direito à
repetição do indébito, por igual valor ao dobro do que pagou em excesso, mais juros
legais e correção monetária, a não ser que o engano do fornecedor seja justificável
(art. 42, parágrafo único). Note-se que a repetição do indébito se condiciona ao efetivo
pagamento do valor já pago. A mera carta de cobrança não faz nascer esse direito.
O consumidor deve ser previamente avisado de que seu nome será inscrito na
entidade que mantém o banco de dados, pela mesma e pelo fornecedor que a esta
envia seu nome. O STJ, no enunciado 358, de sua súmula, determina que ͞cabe ao
órgão mantenedor do cadastro de proteção ao crédito a notificação do devedor antes
de proceder à inscrição͟.
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Aliás, esse direito ao prévio aviso assiste ao devedor, avalista, fiador, mesmo
que seu nome já esteja inscrito no cadastro de inadimplentes. O aviso deverá ser
efetivado dias antes do registro do débito em atraso. Na prática, o consumidor é
avisado dez dias antes, em média, da referida inscrição, para, se quiser, tomar as
providências cabíveis. Objetiva o mandamento resguardar o consumidor de futuros
danos, bem como obstar-lhe o constrangimento de ser surpreendido pela negativa de
crédito em decorrência da inscrição. O descumprimento do dever de avisar
previamente o consumidor acerca da inscrição sujeita o fornecedor à responsabilidade
por danos morais, conforme já decidido pelo STJ.
As informações negativas podem ser mantidas por até cinco anos (art. 43, § 1º),
contados da data do fato ou da relação de consumo, ou do inadimplemento, e não da
data do cadastro ou registro. Os serviços de proteção ao crédito não podem manter
registros relacionados a débitos já prescritos. Confira-se o enunciado 323, do STJ: ͞a
inscrição de inadimplente pode ser mantida nos serviços de proteção ao crédito por,
no máximo, cinco anos͟. O prazo de prescrição referido é o da ação de cobrança, e não
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($ "
Os contratos de consumo são tratados no CDC, em seu Capítulo VI. São aqu eles
em que figuram como partes, de um lado, o fornecedor, e do outro, o consumidor. O
contrato de consumo que não atende às disposições do CDC é nulo. Aplicam -se,
também, as normas do CC aos contratos de consumo, contanto que não contrariem o
que dispõe a lei especial. Assim, fala-se em diálogo das fontes.
_
Y
A força obrigatória dos contratos faz com que estes sejam a lei entre as partes.
Daí vem a intangibilidade dos contratos, pelo que se veda a alteração unilateral de
suas cláusulas.
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Nada obstante, já decidiu o STJ que, nos contratos bancários, ͞é vedado aos
juízes de primeiro e segundo graus de jurisdição julgar, com fundamento no art. 51 do
CDC, sem pedido expresso, a abusividade de cláusulas nos contratos bancários͟.
Entendeu a Corte Superior que a instituição financeira tem seu direito cerceado na
hipótese de a nulidade ser declarada Y (!).
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Por sua vez, cláusulas incompatíveis com a boa-fé ou equidade impõem que o
julgador perquira sobre a intenção das partes ao firmarem o acordo. Tem sido esse o
fundamento da nulidade de cláusulas inseridas nos contratos de seguro-saúde que
limitam o tempo de internação do segurado em UTI. STF, 302: ͞é abusiva a cláusula
contratual de plano de saúde que limita no tempo a internação hospitalar do
segurado͟. Igualmente, a cláusula de eleição do foro inserida em contratos de adesão
tem sido considerada abusiva, por dificu ltar ao consumidor o acesso à justiça,
colocando-o em posição exageradamente desvantajosa. No que atina aos contratos de
de automóveis, cujo atrelamento à variação cambial do dólar é permitida, a
recente jurisprudência do STJ entende que ͞os encarg os decorrentes da abrupta
mudança ocorrida na cotação do dólar americano dividem-se entre arrendante e
arrendatário, metade para cada um, a partir de janeiro de 1999͟.
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Y Y ʹ Vedada a chamada ͞cláusula mandato͟, que
impõe representante para concluir ou realizar outro negócio pelo consumidor. É
comum nos contratos bancários, em que o consumidor nomeia seu procurador o
próprio banco, que, em nome do devedor, emita, por exemplo , letra de câmbio e
assinatura de nota promissória. Comuns, também, os casos em que as empresas de
cartão de crédito, diante da inadiimplência do devedor, e munidas de ͞cláusula
mandato͟, contraem empréstimos perante terceiros para quitar o valor da fatura
devida. Tal contrato é realizado em nome do devedor, mas a sua revelia, podendo
comprometê-lo ao pagamento de juros mais altos e outros encargos, daí a justificativa
de sua proibição. A despeito dessa lógica irretorquível, o STJ reconheceu a legalidade
de cláusula mandato, que permite à administradora buscar recursos no mercado para
financiar o usuário inadimplente das empresas administradoras de cartão de crédito.
Para essa Corte, ainda, as administradoras de cartão de crédito são instituições
financeiras, às quais não se aplica a limitação dos juros prevista no Decreto 22.626/33.
STJ, 283: ͞as empresas administradoras de cartão de crédito são instituições
financeiras e, por isso, os juros remuneratórios por elas cobrados não sofrem as
limitações da Lei de Usura͟.
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sem a devida autorização. Fica comprometido o próprio objeto do contrato, que é nulo
de pleno direito.
O controle das cláusulas abusivas se faz pelo Poder Judiciário, por intermédio
de sua interpretação e conformação às hipóteses do art. 51. O legitimado a provocar a
manifestação jurisdicional é do próprio consumidor, de entidade que o represente ou
do Ministério Público, uma vez que ͞é facultado ao consumidor ou qualquer entidade
que o represente requerer ao Ministério Público que ajuíze a competente ação para
ser declarada a nulidade da cláusula contratual que contrar ie o disposto neste Código
ou de qualquer forma não assegure o justo equilíbrio entre direito e obrigações das
partes (art. 51, § 4º). De se notar, por fim, que o controle das cláusulas abusivas
independe de relação de consumo efetiva, bastando que o fornecedor ofereça o
produto ou serviço mediante contratos ou condições gerais potencialmente lesivas aos
consumidores.
($ ' %
Y Y ʹ a informação visa dar ao consumidor subsídios para que possa
decidir pela contratação ou não.
= Y Y ʹ tais acréscimos dizem respeito, por exemplo,
ao IOF, o índice de correção monetária aplicado, taxas bancárias, etc.
51
DIREITO DO CONSUMIDOR
Proíbe-se também a cláusula que faculte ao fornecedor ficar com o bem objeto
de alienação fiduciária em caso de resolução contratual. Este deve ser vendido em
leilão fidedigno e o valor pago pelo consumidor que requereu a rescisão deve ser
devolvido, com as devidas retenções pelo fornecedor.
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DIREITO DO CONSUMIDOR
aquele percebida (evitando-se o enriquecimento ilícito), caso ele tenha sido sorteado e
utilizado o bem objeto do contrato. Desconta -se também o valor atinente ao prejuízo
que o inadimplente causou ao grupo, o qual deve ser devidamente demonstrado, bem
como as despesas relativas à administração do consórcio, eis que a administradora
prestou o serviço de administração durante o período em que o consumidor esteve
atado ao contrato. Novas regras para o funcionamento dos consórcios foram
estabelecidas pela Lei 11.795/2008: o art. 30, por exemplo, permite ao consorciado
excluído e não contemplado o direito à restituição da importância paga ao fundo
comum do grupo. O valor a ser devolvido calcula -se com base no percentual
amortizado do valor do bem ou serviço vigente na data da assembléia de
contemplação, mais os rendimentos da aplicação financeira a que estão sujeitos os
recursos dos consorciados enquanto não utilizado pelo participante. A devolução se
dá, também, nos moldes do sorteio mensal, devendo o desistente participar do grupo
até que ocorra o sorteio mensal para devolução dos valores (art. 24).
- juros moratórios ʹ nos contratos não regidos por legislação específica, estes
poderão ser convencionados até 1% ao mês.
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DIREITO DO CONSUMIDOR
( (
O CDC define o contrato de adesão como aquele cujas cláusulas tenham sido
aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo
fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar
substancialmente seu conteúdo.
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DIREITO DO CONSUMIDOR
Da resolução desse tipo de contrato trata-se nos arts. 474 e 475, do CC. A
cláusula resolutória se reserva para as hipóteses de inexecução contratual por uma das
partes, com ou sem culpa. De acordo com o CC, todos os contratos têm, ainda que
tacitamente, uma cláusula resolutória, uma vez que, havendo inadimplemento de uma
das partes, a outra pode requerer a rescisão contratual.
(( # ï
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DIREITO DO CONSUMIDOR
A teor do art. 55, § 3º, podem ser formadas comissões permanentes para a
elaboração, revisão e atualização das normas emanadas da União, dos Estados e do
DF.
- multa;
- apreensão do produto;
- inutilização do produto
- intervenção administrativa;
- imposição de contrapropaganda.
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No tocante às #
ï!
ï, a par da
responsabilidade do fornecedor perante o consum idor que suportou prejuízos, aquele
pode ser sancionado administrativamente com a apreensão, a inutilização do produto;
a cassação do registro do produto junto ao competente órgão; a proibição de sua
fabricação; a suspensão de seu fornecimento ou a revogação de concessão ou
permissão de uso. É o caso, por exemplo, de um medicamento que se revele perigoso
aos consumidores, caso em que a autoridade administrativa pode aplicar uma ou mais
sanções administrativas.
(( ) #"
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DIREITO DO CONSUMIDOR
A prática dos crimes contra o consumidor deve ser investigada por meio de
inquérito policial, via de regra, daí a determinação de serem criadas delegacias de
polícia especializadas nos atendimentos dos consumidores vítimas de infrações penais
de consumo.
A par dos tipos previstos no CDC, outros crimes contra o consumidor existem:
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DIREITO DO CONSUMIDOR
Y _ Y
Y
Y Y Y Y Y Y Y Y Y
Y Y Y Y Y Y Y Y
Y Y Y Y Y Y Y
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DIREITO DO CONSUMIDOR
É, também, crime omissivo próprio, que não admite tentativa. O núcleo do tipo
é Y Y e Y Y . O elemento subjetivo é o dolo do agente.
Não há previsão de modalidade culposa.
Y YY
Y Y Y Y Y Y Y Y
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DIREITO DO CONSUMIDOR
Pratica o crime o fornecedor ou qualquer pessoa por este contratada com o fito
de realizar a cobrança ilegal. O sujeito passivo é o consumidor efetivo.
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Do direito básico do consumidor à informação, decorre que a ele deve ser dado
acesso às informações existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de
consumo arquivados sobre ele, bem como de suas respectivas fontes. É esse direito o
bem jurídico tutelado pelo tipo em questão.
Crime que depende de dolo do agente e que se consuma com a prática do ato
que impeça ou dificulte o acesso do consumidor às informações desejadas. Discutível é
a prática da tentativa, posto que se trata de crime formal.
A doutrina estabelece como razoável o prazo de cinco dias úteis para que a
correção dos dados seja efetivada.
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Segundo o art. 75, do CDC, quem concorrer para os crimes ali estabelecidos
incide nas penas cominadas na medida de sua culpabilidade, bem como o diretor,
administrador ou gerente da pessoa jurídica que promover, permitir ou por qualquer
modo aprovar o fornecimento, oferta, exposição a venda ou manutenção em depósito
de produtos ou a oferta e prestação de serviços nas condições pelo CDC vedad as.
- quando cometidos:
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Poderá ser concedida fiança, que será determinada pelo juiz ou pela autoridade
que presidir o inquérito, no valor de cem a duzentas mil vezes o valor do BTN, ou
qualquer outro índice que venha a substituí-lo. Conforme a situação econômica do
indiciado ou do réu, a fiança pode ser reduzida à metade de seu valor mínimo, ou
aumentada em vinte vezes.
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- Ministério Público;
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- no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando o âmbito for
local; ou
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dos danos, há competência concorrente entre a Capital dos Estados e o DF. Sendo
circunscrito apenas no âmbito local, a competência é a do foro do lugar respectivo.
Atingindo vários municípios, a competência será do foro da Capita l do Estado.
ʹ Permitido pelo art. 94 do CDC. Proposta a ação, o juiz mandará
publicar edital, para que as vítimas se habilitem como co -autoras da ação.
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De acordo com o art. 103, do CDC, a sentença fará coisa julgada nos seguintes
casos:
Y Y Y ʹ Conforme o art. 104 do CDC, ͞as ações coletivas
(interesses difusos ou coletivos) não induzem litispendência para as ações ind ividuais,
mas os efeitos da coisa julgada Y You Y a que aludem os incisos II e
III do art. 103 não beneficiarão os autores das ações individuais, se não for requerida
sua suspensão no prazo de trinta dias, a contar da ciência nos autos d o ajuizamento da
ação coletiva͟.
Dessa forma, o particular lesado que move ação individual contra o fornecedor
deverá requerer a suspensão de seu processo, no prazo de 30 dias, para que possa se
beneficiar da ação coletiva cujo objeto seja a defesa de int eresses coletivos ou
individuais homogêneos. Julgada improcedente a ação coletiva, e não tendo feito a
decisão coisa julgada material, a ação individual retoma seu curso. Não suspendendo
sua ação, o particular ficará excluído da eficácia da ação coletiva, podendo ou não
ocorrer contradição entre os julgados.
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