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DIREITO PROCESSUAL CIVIL I 2º.

ANO

Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Felgueiras

Dr. Miguel Sá Miranda

Bibliografia: António Montalvão Machado e Paulo Pimenta, O Novo Processo Civil, 8ª.
Edição, 2006.
Código Civil
Código Processo Civil

Aula nº. 01 – Data: 28.09.2007


Sumário: Apresentação.

Aula nº. 02 – Data: 09.10.2007


Sumário: …

3 Blocos de matéria
 Introdução
 Processual
 Tramitação

Processual Civil – Conjunto de regras e dos comandos normativos que acompanham a vida de
uma acção em tribunal desde a sua instauração até ser proferida a decisão que lhe ponha termo,
até transitado em julgado. O Direito Processual Civil não se limita a acompanhar a vida da
acção, impõe-lhe uma tramitação muito própria, tudo se sucede de acordo com as regras e
limites que devem ser respeitados e seguidos. O processo é pois um conjunto de normas
tendentes a constituir um caminho que possibilite a resolução de diferendos. O processo
significa que há um progresso e não apenas uma simples sucessão de actos, ou seja todos os
actos são progressivos e destinam-se á resolução do litígio, o processo apenas avança nunca
retrocede.

De outra maneira…

Processo civil - É uma sequência de actos destinados à justa composição, por um tribunal, de
um conflito de interesses privados.

Direito civil - É constituído pelo conjunto de normas que regulam as relações jurídicas entre
particulares ou entre os particulares e o Estado, desde que despido da sua função de soberania.

Direito processual civil -Conjunto das normas que ditam os trâmites da actividade dos tribunais
civis.

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Tribunais judiciais - São os órgãos de soberania com competência para administrar a justiça
em nome do povo. (art. 1° da Lei n° 3/99 de 13/1, Lei de Organização e Funcionamento dos
Tribunais Judiciários; art. 202°/1 da CRP

Nota: O autor é o que instaura a acção em tribunal, apresentando uma petição inicial. O réu é
aquele contra quem a acção é intentada, pode defender-se através da apresentação da
contestação.

Características do Direito Processual civil

a) Direito instrumental ou adjectivo


a. As normas do Direito Processual Civil contêm apenas os trâmites que devem ser percorridos
até se alcançar a resolução do conflito
b. Processo civil é um instrumento ao serviço da solução do conflito
c. A solução do conflito assenta em normas de Direito Civil, que é um direito substantivo
d. A acção destina-se à realização efectiva do direito substantivo
e. A forma dos diversos actos processuais é regulada pela lei em vigor no momento em que são
praticados (art. 142°/1)
b) Norma de Direito público
a. Regula o exercício de uma função do Estado, representado pelos tribunais, que são órgãos
de soberania
b. Serve um interesse público, ao assegurar por meio da justiça pública, a paz social e a
segurança dos bens
c) Disciplina uma função pública
d) Disciplina uma função jurisdicional onde o estado tem soberania, impondo subordinação
às partes que explica e justifica o carácter vinculativo das decisões judiciais.
e) Dirige-se aos interesses das partes, é bem regulamentado cada um e, todos os conflitos, é
bem e justamente compondo cada um e, todos os litígios, que se alcança um interesse
público, interesse publico de boa administração da justiça em geral e da obtenção da paz
social.
f) Direito de acção, actualmente é considerado como um simples poder jurídico de provocar a
actividade do tribunal ou mero direito à admiração da justiça.
g) Direito substantivo, ou material que prescreve, por exemplo no direito da família, os
deveres a que os cônjuges estão vinculados, (art.º 1627 CC) e qualquer destes pode obter o
divórcio se o outro violar tais deveres. No entanto, é o direito processual civil que define o
modo de materialização desse direito ao divórcio, vai reger a actuação do cônjuge quando
este recorrer ao tribunal.
h) Interesse técnico, é um conjunto de várias matérias cuja dificuldade e susceptibilidade o
tornam objecto de uma verdadeira disciplina científica. O processualista tem de saber e
dominar todos os ramos do direito civil substantivo.
i) Interesse prático, decidir só pela forma é decidir mal, decidir pela objectividade, mas com
técnica na busca desta é decidir bem. Em suma, não basta só saber muito ou exercer bem a
função, há que conjugar as duas. É necessário saber aplicar bem o direito e conhecer bem a
matéria para o aplicar.

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j) Carácter subsidiário, aplica-se a todos os outros ramos do direito processual, penal,


laboral, administrativo e tributário.

Código Processo Civil

Artigo 1º ao 466º Parte Geral


Artigo 467º ao 782º Processo Ordinário Proc.Comum ou Ordinário
Artigo 783º ao 792º Processo Sumário
Artigo 793º ao 800º Processo Sumaríssimo
Artigo 801º ao 943º Processo Executivo
Artigo 944º ao 1510º Processos Especiais

Nota: O Autor e Réu são partes e têm exactamente o mesmo estatuto de direitos e deveres.

A alçada do tribunal está ligada com o patamar limite até ao qual um determinado tribunal
decide sem possibilidade de recurso:
• 1º.Instancia ou de comarca 3.740,98 euros
• Relação 14.963,94 euros

Aula nº. 03 – Data: 12.10.2007


Sumário: …

Princípios fundamentais de Direito Processual

Princípio da igualdade das partes 3º-A CPC


As partes são postas no processo em perfeita paridade de condições, desfrutando, portanto,
idênticas possibilidades de obter a justiça que lhe seja devida. Não tem plena validade ao nível
do contencioso administrativo. No contencioso administrativo as regras que regulam a
actividade processual das partes encontram-se desequilibradas a favor da administração pública.
ARTIGO 3.º-A
(IGUALDADE DAS PARTES)
O tribunal deve assegurar, ao longo de todo o processo, um estatuto de igualdade substancial das
partes, designadamente no exercício de faculdades, no uso de meios de defesa e na aplicação de
cominações ou de sanções processuais.

Princípio do dispositivo 264º CPC


O princípio do dispositivo significa que as partes dispõem do processo, como da Relação
jurídica material. O processo é coisa ou negócio das partes. É, portanto, um duelo entre as
partes, que apenas tem de decorrer segundo certas regras.
O juiz tem de arbitrar esse confronto, controlando a observância dessas normas e assinalando e
proclamando o resultado. Por essa razão, a sentença procura declarar a verdade formal (intra-
processual) e não a verdade material (extra-processual).
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Princípio do dispositivo - consequências: O processo só se inicia sob o impulso da parte, no


caso o autor, mediante o respectivo pedido e não sob o impulso do próprio juiz.
As partes é que circunscrevem o assunto a decidir. O juiz não tem que saber se porventura a
situação das partes seria melhor acautelada se outra providência fosse solicitada ou se fosse
fundamentada de outra forma.
Tal como para instauração do processo se exige um pedido da parte, também o seu andamento
ulterior depende de solicitação das partes.
As partes podem pôr termo ao processo (desistindo da instância) e determinar o conteúdo da
sentença de mérito (confissão, desistência do pedido ou transacção).
São as partes que entregam material de facto a utilizar pelo juiz para a decisão do litígio.
Portanto, é às partes que compete proporcionarem ao juiz, mediante as suas afirmações de facto
e as provas que tragam processo, a base factual da decisão.
A apreciação das provas obedece a rígidos critérios legais. A matéria de facto não é decidida
segundo livre convicção do juiz, mas segundo aquilo que resultar da estrita aplicação dos
critérios legais.

ARTIGO 264.º· (PRINCÍPIO DISPOSITIVO)


1. Às partes cabe alegar os factos que integram a causa de pedir e aqueles em que se baseiam as
excepções.
2. O juiz só pode fundar a decisão nos factos alegados pelas partes, sem prejuízo do disposto nos
artigos 514.º e 665.º e da consideração, mesmo oficiosa, dos factos instrumentais que resultem da
instrução e discussão da causa.
3. Serão ainda considerados na decisão os factos essenciais à procedência das pretensões formuladas
ou das excepções deduzidas que sejam complemento ou concretização de outros que as partes
hajam oportunamente alegado e resultem da instrução e discussão da causa, desde que a parte
interessada manifeste vontade de deles se aproveitar e à parte contrária tenha sido facultado o
exercício do contraditório.

Deve-se igualmente observar o…


ARTIGO661.º· (LIMITES DA CONDENAÇÃO)
1. A sentença não pode condenar em quantidade superior ou em objecto diverso do que se pedir.
2 – Se não houver elementos para fixar o objecto ou a quantidade, o tribunal condenará no que vier a
ser liquidado, sem prejuízo de condenação imediata na parte que já seja líquida.
3. Se tiver sido requerida a manutenção em lugar da restituição da posse, ou esta em vez daquela, o
juiz conhecerá do pedido correspondente à situação realmente verificada.

Princípio da cooperação 266º CPC


Este princípio mereceu consagração expressa no novo CPC artigo 266º. Dele resulta que as
partes, os seus mandatários forenses (advogados e solicitadores) e o próprio juiz devem
colaborar entre si, contribuindo para se obter, com brevidade e eficácia, a justa composição do
litígio. Assim, as partes devem mostrar-se sempre disponíveis para fornecer ao tribunal
quaisquer informações e esclarecimentos que sejam solicitados, devem comparecer sempre que
sejam convocadas, devem facultar tudo o que lhes for requisitado e devem praticar os actos que
lhe forem determinados.

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ARTIGO 266.º
(PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO)
1. Na condução e intervenção no processo, devem os magistrados, os mandatários judiciais e as
próprias partes cooperar entre si, concorrendo para se obter, com brevidade e eficácia, a justa
composição do litígio.
2. O juiz pode, em qualquer altura do processo, ouvir as partes, seus representantes ou mandatários
judiciais, convidando-os a fornecer os esclarecimentos sobre a matéria de facto ou de direito que se
afigurem pertinentes e dando-se conhecimento à outra parte dos resultados da diligência.
3. As pessoas referidas no número anterior são obrigadas a comparecer sempre que para isso forem
notificadas e a prestar os esclarecimentos que lhes forem pedidos, sem prejuízo do disposto no n° 3
do artigo 519.º.
4. Sempre que alguma das partes alegue justificadamente dificuldade séria em obter documento ou
informação que condicione o eficaz exercício de faculdade ou o cumprimento de ónus ou dever
processual, deve o juiz, sempre que possível, providenciar pela remoção do obstáculo.

Princípio da aquisição processual 515º CPC


Os materiais (afirmações e provas) aduzidos por uma das partes ficam adquiridos para o
processo. Esses materiais serão por isso atendíveis, mesmo que seja favorável à parte contrária.
Qualquer uma das partes não pode renunciar às suas provas, uma vez produzidas, embora possa
delas desistir em momento anterior.
ARTIGO 515.º
(PROVAS ATENDÍVEIS)
O tribunal deve tomar em consideração todas as provas produzidas, tenham ou não emanado da
parte que devia produzi-las, sem prejuízo das disposições que declarem irrelevante a alegação de um
facto, quando não seja feita por certo interessado.

Princípio do contraditório 3º CPC


O processo reveste a forma de um debate ou discussão entre as partes, muito embora se admita
que as deficiências ou abusos da actividade das mesmas sejam supridos ou corrigidos pela
iniciativa e autoridade do juiz.
Cada uma das partes é chamada a deduzir as suas razões, a oferecer as suas provas, a controlar
as provas do adversário e a assumir uma posição sobre o valor e os resultados de umas e outras.
ARTIGO 3.º
(NECESSIDADE DO PEDIDO E DA CONTRADIÇÃO)
1. O tribunal não pode resolver o conflito de interesses que a acção pressupõe sem que a resolução
lhe seja pedida por uma das partes e a outra seja devidamente chamada para deduzir oposição.
2. Só nos casos excepcionais previstos na lei se podem tomar providências contra determinada
pessoa sem que esta seja previamente ouvida.
3. O juiz deve observar e fazer cumprir, ao longo de todo o processo, o princípio do contraditório, não
lhe sendo lícito, salvo caso de manifesta desnecessidade, decidir questões de direito ou de facto,
mesmo que de conhecimento oficioso, sem que as partes tenham tido a possibilidade de sobre elas
se pronunciarem.
4. Às excepções deduzidas no último articulado admissível pode a parte contrária responder na
audiência preliminar ou, não havendo lugar a ela, no início da audiência final.

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Outros Princípios de Direito Processual

Princípio do inquisitório
Princípio contraposto ao princípio do dispositivo.
No essencial o princípio do inquisitório traduz-se em permitir ao tribunal proceder, por sua
iniciativa, à procura de verdade material. Este princípio vigora naquelas situações em que o
legislador entendeu que não deveria deixar às partes a condução do processo, porque estão em
causa posições subjectivas merecedoras de uma tutela mais apurada.
É o caso, por exemplo, de situações em que estão em causa relações materiais que não estão
entregues à disponibilidade das partes. Exemplo paradigmático da aplicação deste princípio é o
processo penal, por razões de ordem pública e, também, de garantia dos direitos fundamentais
dos arguidos.

Princípio da auto-responsabilidade das partes


As partes conduzem o processo por sua conta e risco.
Segundo este princípio as partes conduzem o processo por sua conta e risco. São elas que têm de
deduzir e fazer valer os meios de ataque e de defesa que lhes correspondem.
A negligência ou inépcia das partes redunda inevitavelmente num prejuízo para elas próprias e
não pode ser suprida pela iniciativa e actividade do juiz.

Princípio da eventualidade ou da preclusão


Os actos processuais têm que ser praticados na fase certa. Quanto o não são ficam precludidos.
Há ciclos processuais rígidos, cada um com a sua finalidade própria e formando compartimentos
estanques. Por isso os actos que não tenham lugar no ciclo próprio ficam precludidos.
A ideia deste princípio prende-se com a necessidade de a luta processual entre as partes se
desenvolver com lealdade.
As partes devem fazer jogo franco desde o início, ou seja, devem pôr logo "na mesa de jogo
todas as suas cartas".Princípio que visa a reprimir a litigância de má-fé ou a mera má-fé
processual.

Princípio da livre apreciação das provas


O que torna provado um facto é a íntima convicção do juiz, gerada em face do material
probatório trazido ao processo e de acordo com a sua experiência da vida e conhecimento dos
homens; não a pura e simples observância de certas formas legalmente prescritas. O juiz deve,
no entanto, fundamentar a sua convicção, mesmo para seu próprio controlo. Este princípio
assume especial importância no âmbito da prova testemunhal.

Princípio da imediação
Contacto pessoal entre o juiz e as diversas fontes de prova.

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O objectivo principal é permitir ao juiz apreciar a veracidade das provas produzidas por reporte
à apreciação pessoal que faz da credibilidade da prova que é produzida. Por essa razão, a
prestação de testemunhos por escrito constitui excepção no âmbito dos processos judiciais.

Princípio da oralidade
É muito ligado ao princípio da imediação.
Este princípio tenta garantir que o juiz tenha a possibilidade de assistir à maior parte dos actos
processuais, nomeadamente, à intervenção dos advogados, especialmente, no âmbito do
julgamento. Trata-se uma vez mais de garantir que o juiz consiga a aperceber-se do grau de
convicção que os advogados das partes põem na defesa do seu cliente.

Princípio da legalidade das formas processuais


A tramitação está fixada na lei e não à disposição do critério do juiz
Porém, a legalidade das formas processuais não é tão rígida, no nosso ordenamento jurídico, que
qualquer desvio ao formalismo legal acarrete uma nulidade do processo.A ideia essencial é a de
evitar o mais possível que uma das partes perca o processo por motivos puramente formais, ou
seja, que a forma prevaleça sobre a substância.

Princípio da economia processual


Traduz-se numa aplicação do princípio do menor esforço ou de economia de meios.
De acordo com este princípio deve procurar-se o máximo resultado processual com um mínimo
emprego de actividade, ou seja, o máximo rendimento com um mínimo custo. Por essa razão
cada processo deve resolver o máximo possível de litígios e deve, por outro lado, comportar
apenas os actos e formalidades indispensáveis ou úteis.

Princípio da celeridade processual


Prende-se com a organização dos processos, na medida em que determina que os mesmos
devem ser organizados em termos de se chegar rapidamente à sua conclusão.
As principais consequências deste princípio são:
Brevidade dos prazos processuais.
Assegurar o efectivo respeito desses prazos.
Reprimir o dolo instrumental que se traduz na utilização de expedientes de dilatórios.

Princípio da promoção alternativa, particular ou pública


A iniciativa processual pode caber aos particulares, a entidades administrativas e ao Ministério
Público.
Nos processos iniciados pelos particulares vale o princípio da liberdade de iniciativa. A
possibilidade de iniciar um processo é uma liberdade e é disponível.
Nas acções públicas deve reger o princípio da oportunidade que comporta alguma
discricionariedade na decisão de interposição da acção, pela apreciação do respectivo mérito.
Existem, no entanto, algumas matérias em que a lei vai mais longe prevendo a obrigatoriedade
do Ministério Público iniciar o processo – princípio da legalidade estrita ou da obrigatoriedade.

Princípio da garantia da assistência judiciária

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Dada a necessidade de respeitar, no seio do processo, as regras processuais que o regulam,


deixar a condução do processo às próprias partes poderia conduzir a que elas lesassem
irremediavelmente os seus direitos.
A condução do processo deve, por isso, ser feita por profissionais (advogados ou solicitadores)
que ponham a sua técnica ao serviço da parte que representam, no sentido de, por um lado,
garantirem a correcta defesa dos seus direitos e por outro permitirem uma melhor administração
da justiça. Este princípio traduz-se, por isso, em garantir às pessoas que sejam representadas por
esses profissionais nos processos judiciais em que sejam parte, mesmo quando não têm posses
para assegurar a respectiva contratação.
É nesse contexto que as pessoas mais carenciadas podem socorrer do instituto do Apoio
Judiciário, para que lhes seja nomeado um advogado que as represente na defesa dos seus
direitos.

Princípio da garantia da assistência judiciária


Este princípio comporta, ao nível do processo penal, uma outra consequência que é a de
ninguém poder ser arguido num processo sem que esteja representado por advogado. No caso
do processo penal, essa exigência vai, assim, mais longe, sendo assegurada a nomeação de
defensor oficioso, mesmo relativamente a pessoas que poderiam suportar perfeitamente o
pagamento dos honorários de advogado.
Ao nível do contencioso administrativo é obrigatório o patrocínio judiciário, ou seja, as partes
têm sempre que estar representadas por advogado, sem prejuízo de os órgãos administrativos
poderem designar um jurista não advogado para assegurar a sua representação.
No contencioso administrativo, apenas vigora o regime do apoio judiciário, na perspectiva de
que apenas as pessoas mais carenciadas têm direito a que lhes seja nomeado advogado, sem que
tenham que pagar os respectivos honorários

Princípio da vinculação do juiz ao pedido


No âmbito dos processos judiciais o juiz está impedido de condenar em mais do que aquilo que
foi pedido pelo Autor na petição inicial ou que o Réu pediu no seu pedido reconvencional.
De igual modo, está o juiz impedido de condenar em coisa diversa daquela que foi pedida.
Portanto, o juiz apenas pode condenar no que foi pedido (provimento total do processo) ou em
menos do que foi pedido (provimento parcial do processo).
No âmbito do contencioso administrativo, em concreto no que diz respeito aos processos
impugnatórios, tem-se entendido que este processo sofre algumas limitações quando está em
causa a apreciação de nulidades de actos ou de normas regulamentares, pois as nulidades são de
conhecimento oficioso, ou seja, não dependem de ser invocadas pelas partes.

Princípio da limitação do juiz pela causa de pedir


Comporta excepções ao nível dos meios processuais impugnatórios
Tal como sucede relativamente ao pedido, também quanto à causa de pedir o juiz se encontra
limitado pelos actos e factos invocados pelas partes.
Também este princípio comporta algumas limitações.
•A primeira limitação tem que ver com os chamados “factos públicos e notórios” que não
carecem de ser alegados e provados.

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•A segunda limitação tem que ver com os factos de que o juiz tenha conhecimento em virtude
do exercício das suas funções.
Ao nível do contencioso administrativo esta segunda limitação tem excepcional importância,
uma vez que quando é impugnado um acto o órgão administrativo que o praticou deve enviar
para o tribunal o processo administrativo relativo a esse acto – o processo instrutor.
Por esse facto o juiz administrativo, para além dos factos invocados pelas partes toma
conhecimento no exercício das suas funções, através do processo instrutor, de outros factos
relativos à causa, devendo, por isso, ponderá-los na sua decisão. O juiz encontra-se, contudo,
limitado a considerar os factos que tenham relevância relativamente aos vícios invocados pelo
recorrente, não podendo concluir pela existência de vícios que não foram invocados, por isso se
diz que a sentença favorável à Administração Pública é confirmativa da validade do acto
relativamente aos vícios invocados, mas não atesta plenamente a validade do acto, pois não o
analisa na sua plenitude.

Princípio da estabilidade objectiva da instância


Iniciado o processo, a matéria que nele está em causa deve manter-se inalterada até à sua
conclusão.
Esta é uma regra ou um princípio que pretende evitar a desordenação do processo, pois que
perante a alteração objectiva da instância, o processo deverá voltar ao seu início, no sentido de
que as partes deverão iniciar a discussão da causa relativamente a um eventual novo objecto.
Este princípio não é, porém, absoluto, comportando algumas excepções, nomeadamente no
contencioso administrativo.
Algumas excepções:
Quando, por não ter sido decretada, a título cautelar, a suspensão do procedimento em que se
insere o acto impugnado, este tenha seguimento na pendência do processo, pode o objecto ser
ampliado à impugnação de novos actos que venham a ser praticados no âmbito desse
procedimento, bem como à formulação de novas pretensões que com aquela possam ser
cumuladas.
O disposto no número anterior é extensivo ao caso de o acto impugnado ser relativo à
formação de um contrato e este vir a ser celebrado na pendência do processo, como também às
situações em que sobrevenham actos administrativos cuja validade dependa da existência ou
validade do acto impugnado, ou cujos efeitos se oponham à utilidade pretendida no processo.
Para o efeito do disposto nos números anteriores, deve a Administração trazer ao processo a
informação da existência dos eventuais actos conexos com o acto impugnado que venham a ser
praticados na pendência do mesmo.

Princípio da devolução facultativa ou da suficiência discricionária


O princípio da devolução facultativa significa que o juiz, em face de uma questão prejudicial,
pode optar por aguardar até que o tribunal competente se pronuncie (devolução facultativa) ou
decidir a questão com os elementos de prova admissíveis, sendo a decisão apenas eficaz no
âmbito do processo, ou seja, apenas tendo o efeito de caso julgado formal (suficiência
discricionária).
Uma questão prejudicial é a questão de que o conhecimento do objecto da acção depende da
decisão de uma questão que seja da competência de outro tribunal.

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Princípio do favorecimento do processo (ou princípio pro actione)


Este é um princípio de enorme importância, em especial no âmbito do contencioso
administrativo.
De acordo com este princípio o tribunal deverá fazer tudo quanto seja possível para apreciar o
fundo da causa, abstendo-se utilizar argumentos puramente formais para rejeitar o processo.
A importância, ao nível do contencioso administrativo, prende-se com o facto de os meios
processuais administrativos terem uma forte componente formal, nomeadamente em matéria de
pressupostos processuais, que os tribunais administrativos interpretam de forma muito restritiva
o que conduz à existência de inúmeros processos que terminam por razões formais e sem que
seja analisada a questão de fundo.
Trata-se, no fundo, de um princípio que visa uma interpretação que visa que as questões formais
sejam sempre analisadas e avaliadas na perspectiva mais favorável ao prosseguimento do
processo.

Princípio da publicidade dos processos e das decisões


Quando o considere conveniente, o tribunal pode determinar, oficiosamente ou o requerimento
e expensas do autor, que a propositura da acção seja objecto de publicidade pela forma
adequada, atendendo ao âmbito territorial da questão.
Os acórdãos do Supremo Tribunal Administrativo são tratados e divulgados informaticamente,
em base de dados de jurisprudência.
Dos acórdãos do Supremo Tribunal Administrativo e do Tribunal Central Administrativo é
enviada cópia em suporte informático à Imprensa Nacional no mês imediato ao da sua data,
para publicação em apêndice ao Diário da República, salvo os de natureza meramente
interlocutória ou simplesmente repetitivos de outros anteriores.
Os apêndices são publicados trimestralmente, inserindo, com os respectivos sumários, as
decisões proferidas nos três meses precedentes e agrupando, separadamente, as relativas ao
plenário, ao contencioso administrativo e ao contencioso tributário.
Cada grupo de decisões é reunido anualmente em um ou mais volumes, com os respectivos
índices.
As sentenças que declarem a ilegalidade de normas com força obrigatória geral ou concedam
provimento à impugnação de actos que tenham sido objecto de publicação oficial são
publicadas, por ordem do tribunal, pela mesma forma e no mesmo local em que o hajam sido
as normas ou os actos impugnados.
A publicação a que se refere o número anterior faz-se mediante extracto do qual conste a
indicação do tribunal e da entidade demandada, do sentido e data da decisão, da norma ou
acto impugnado e da forma e local da respectiva publicação.

Princípio da fundamentação obrigatória das sentenças


Assume especial importância, não só pela necessidade de o tribunal explicitar perante as partes
as razões que motivaram a sua decisão, mas porque a fundamentação é essencial para as partes,
caso não concordem com a sentença, poderem decidir-se pela interposição de recurso
jurisdicional e, acima de tudo, fundamentarem cabalmente esse mesmo recurso jurisdicional.
Ao tribunal não basta, pois decidir, é necessário que fundamente a sua decisão, quer no que diz
respeito à matéria de facto, quer no que diz respeito à decisão de direito.

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Na primeira, ou seja, relativamente à matéria de facto, explicando as provas em que assentou a


sua convicção.
Na segunda, ou seja, relativamente às questões jurídicas explicitando as normas que aplicou e os
factos que lhes subsumiu e em que termos.
Pode-se dizer que é um princípio que visa assegurar a transparência das decisões judiciais e
garantir a posição da parte que não viu a sua posição tutelada, na interposição de um eventual
recurso.

O princípio do dispositivo verifica-se em vários momentos:

 Impulso processual – Não é o estado como no processo penal mas a parte interessada
no mesmo – art-264º CPC
 Apresentação dos factos – O tribunal não tem a capacidade para julgar mais do que
aquilo que as partes alegam. Art.264ºnº3 faz referência à integração dos factos alegados;
as partes lançam os factos para o processo e o tribunal não pode altera-los ou rectifica-
los. Os factos terão, no entanto, que ser apresentados com peso e medida.
 Limites da sentença – O Juiz não pode condenar em mais do que aquilo que foi pedido.

Ao nível dos negócios jurídicos – não são possíveis em tribunal ao nível do processo penal mas
já o são ao nível do processo civil e, podem verificar-se a 3 níveis:

• Desistência do autor
• Confissão pelo réu
• Transacções entre autor e réu.

Esta última solução é aquela que se verifica no direito civil português, normalmente as partes
chegam a um acordo, até por questões de celeridade.

Princípio da cooperação – art.266ºCPC

É visto à luz de um princípio que se distingue das partes – o princípio da administração da


justiça e da paz social.

Verifica-se a dois níveis:

1. Ao nível do Juiz – o juiz deve promover actos conducentes à conciliação, o tribunal


deve apaziguar as partes.
2. Ao nível dos mandatários – a conciliação nunca se estabelece directamente entre as
partes porque não é eficaz, é através dos mandatários que se tentam as conciliações e,
daí a cooperação entre os mandatários.

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Classificação das Acções


Acções judiciais - classificação:

1. Quanto ao objecto ou ao fim


2. Quanto à forma de processo
3. Quanto aos interesses em discussão

1. Quanto ao objecto ou ao fim

ARTIGO 4.º
(ESPÉCIES DE ACÇÕES, CONSOANTE O SEU FIM)
1. As acções são declarativas ou executivas.
2. As acções declarativas podem ser de simples apreciação, de condenação ou constitutivas.
Têm por fim:
a) As de simples apreciação, obter unicamente a declaração da existência ou inexistência de um
direito ou de um facto;
b) As de condenação, exigir a prestação de uma coisa ou de um facto, pressupondo ou prevendo a
violação de um direito;
c) As constitutivas, autorizar uma mudança na ordem jurídica existente.
3. Dizem-se acções executivas aquelas em que o autor requer as providências adequadas à
reparação efectiva do direito violado.

As acções são:

 Declarativas
o O autor procura que o tribunal declare a solução, com fundamento no direito
substantivo, para um determinado caso
 Executivas
o Aquelas em que o autor requer as providências adequadas à reparação efectiva do
direito violado. É invocada a falta de cumprimento de uma obrigação constante
de documento, que constitui o título executivo. O exequente requer a
reintegração do direito violado ou a aplicação de sanções pela violação

Normalmente o processo civil abrange 2 etapas:

1. Visa obter uma ordem de comando


2. Visa dar concretização efectiva a uma ordem

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL I 2º.ANO

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No entanto nem sempre é assim, porque:

 Há acções declarativas que pela sua natureza e objectivos, não geram sentenças
condenatórias, ou seja, acções executivas.
 O réu pode, depois de condenado, cumprir por sua livre vontade a obrigação, não
desencadeando deste modo a acção executiva.
 A lei reconhece determinados documentos (títulos executivos extra judiciais), por si só,
força para desencadear a acção executiva

As acções declarativas podem ser:

 De simples apreciação
o Constituem um meio de prevenir litígios, pretendendo o autor que o tribunal
apenas declare o seu direito. São acções pouco comuns, residuais.
 Podem ser simples apreciação positiva ou simples apreciação negativa.
Destinam-se a que o tribunal aprecie um facto jurídico que é incerto,
pede-se que o tribunal esclareça o que é verdade ou não.
 De condenação
o Acção padrão, é aquela que se destina a obter a reparação de um direito violado
mediante uma condenação da parte que o violou.
 Poderá ser por pagamento de dívidas ou servir para a condenação de
prestações de facto. Estas prestações de facto podem ser positivas
(condenar a fazer uma coisa), ou negativas (condenar a não fazer uma
coisa). As acções de condenação podem ainda visar a condenação da
entrega de coisa
 Constitutivas
o O autor pretende obter, através do tribunal, um efeito jurídico novo que vai
alterar a esfera jurídica do réu. Exemplos: divórcio, investigação de paternidade.
Pedido de servidão de passagem, impugnação pauliana)
 Constitutiva extintiva – põe termo a certos efeitos jurídicos. Ex.
Casamento → divórcio
 Constitutivas modificativas – alteram alguns dos efeitos jurídicos e não o
termo. Ex. Separação
 Constitutivos ou stricto sensus – criam um efeito novo na ordem jurídica
base por sentença judicial. Ex. Servidão de passagem (art.1550º)

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Aula nº. 04 – Data: 19.10.2007


Sumário: …

2. Quanto à forma de processo – art.º 461 e SS

Classificação que condiciona a tramitação da acção. Vai definir-se no início qual é a forma de
processo; mexe com os tempos e os deveres na acção.

Art.460º - o processo pode ser comum ou especial

ARTIGO 460.º· (PROCESSO COMUM E PROCESSOS ESPECIAIS)


1. O processo pode ser comum ou especial.
2. O processo especial aplica-se aos casos expressamente designados na lei; o processo comum é
aplicável a todos os casos a que não corresponda processo especial.

O 1º passo é perceber se a acção é comum ou especial (consulta do índice do código e legislação


especial).
O artigo 460º divide o processo em duas possibilidades. O especial é todos os casos
expressamente designados na lei (art.º 460, nº.2 CPC) e legislação avulsa. O comum são todos
os casos que não se encontram expressamente designados na lei (art.º 460 e 461 CPC), este
divide-se em processos ordinários, sumários e sumaríssimos.
ARTIGO 461.º
(FORMAS DO PROCESSO COMUM)
O processo comum é ordinário, sumário e sumaríssimo.

SECÇÃO II
PROCESSO DE DECLARAÇÃO

ARTIGO 462.º
(DOMÍNIO DE APLICAÇÃO DO PROCESSO ORDINÁRIO, SUMÁRIO E SUMARÍSSIMO)
Se o valor da causa exceder a alçada da Relação, empregar-se-á o processo ordinário; se a não
exceder, empregar-se-á o processo sumário, excepto se não ultrapassar o valor fixado para a alçada
do tribunal de comarca e a acção se destinar ao cumprimento de obrigações pecuniárias, à
indemnização por dano e à entrega de coisas móveis, porque nestes casos, não havendo
procedimento especial, o processo adequado é o sumaríssimo. *
(Redacção dada pelo artigo 1.º do Decreto-Lei n.º 375-A/99, de 20 de Setembro)

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Formas de processo comum:

1. Ordinário (467º a 782º) – Forma mais solene do processo comum, aplica-se a acções
declarativas quando, não sendo especiais o valor da causa é superior ao valor da alçada
da Relação (acima de 14.963.94€)
2. Sumário (art.783º a 791º) – Aplica-se a acções declarativas que, não sendo especiais, o
valor da causa não exceda o valor da alçada da Relação, apenas podem ter valor igual ou
inferior a 14.963.94€.
3. Sumaríssimo (art.793º a 800º) – Aplica-se a acções declarativas que, não sendo
especiais, tenham um valor igual ou inferior ao valor da alçada da comarca, (3.740.98€)
e, que se verifiquem cumulativamente os seguintes requisitos:
a. Valor da causa até 3.740.98€
b. Cumprimento de obrigações pecuniárias ou indemnização por dano ou entrega
de coisa móvel
c. Parte final do 462º

Excepção enunciada na parte final do art.462º - diz respeito à aplicação do DL 269/98 de 1 de


Setembro, composto por 8 artigos e um anexo
Dois requisitos que a preenchem:
• Acção declaratória especial (ADECOPEL)
• Injunção

Esta acção especial tem que ir até à alçada da Relação (14.963.94) e resultar de obrigações
emergentes de contratos.
Outro alerta da lei dirigida ao processo sumaríssimo é que aquele decreto-lei, naqueles casos,
deve ser aplicado independentemente da forma.

Classificação executiva – actualmente, não tem formas apenas uma forma única. Isto significa
que ele apenas vai divergir quanto ao fim/objecto e não quanto à forma.

Como é que se identifica o valor da causa?

Valor da acção – 305º e seguintes – critérios gerais e critérios especiais

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ARTIGO 305.º
(ATRIBUIÇÃO DE VALOR À CAUSA E SUA INFLUÊNCIA)
1. A toda a causa deve ser atribuído um valor certo, expresso em moeda legal, o qual representa a
utilidade económica imediata do pedido.
2. A este valor se atenderá para determinar a competência do tribunal, a forma do processo comum e
a relação da causa com a alçada do tribunal.
3. Para o efeito das custas e demais encargos legais, o valor da causa é fixado segundo as regras
estabelecidas na legislação respectiva.

ARTIGO 306.º
(CRITÉRIOS GERAIS PARA A FIXAÇÃO DO VALOR)
1. Se pela acção se pretende obter qualquer quantia certa em dinheiro, é esse o valor da causa, não
sendo atendível impugnação nem acordo em contrário; se pela acção se pretende obter um benefício
diverso, o valor da causa é a quantia em dinheiro equivalente a esse benefício.
2. Cumulando-se na mesma acção vários pedidos, o valor é a quantia correspondente à soma dos
valores de todos eles; mas quando, como acessório do pedido principal, se pedirem juros, rendas e
rendimentos já vencidos e os que se vencerem durante a pendência da causa, na fixação do valor
atende-se somente aos interesses já vencidos.
3. No caso de pedidos alternativos, atender-se-á unicamente ao pedido de maior valor e, no caso de
pedidos subsidiários, ao pedido formulado em primeiro lugar.

ARTIGO 307.º
(CRITÉRIOS ESPECIAIS)
1. Nas acções de despejo, o valor é o da renda anual, acrescido das rendas em dívida e da
indemnização requerida.
2. Nas acções de alimentos definitivos e nas de contribuição para despesas domésticas o valor é o
quíntuplo da anuidade correspondente ao pedido.
3. Nas acções de prestação de contas, o valor é o da receita bruta ou o da despesa apresentada, se
lhe for superior.

Valor da alçada – LOFTJ

Nota: na resolução de casos práticos, em primeiro lugar verifica-se se o processo é comum ou


especial e, em segundo lugar, se é ordinário, sumário ou sumaríssimo.

Aula nº. 05 – Data: 19.10.2007


Sumário: …

3. Quanto aos interesses em discussão

• Jurisdição contenciosa – Os processos civis são. Normalmente contenciosos, litigiosos.


Existem normalmente duas partes com diferentes versões dos factos inconciliáveis.
Existe um interesse controvertido que coloca as partes em confronto à espera que o
tribunal lhe ponha termo.

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• Jurisdição voluntária – Existem várias espécies de processos especiais – art.1409 e


seguintes.
o São caracterizados por uma maior simplicidade da tramitação rápida porque com
um requerimento. A parte tem que indicar desde logo o rol de testemunhas.
o O direito para responder ao requerimento faz-se no prazo mínimo (10 dias –
art.153º). Nota: sempre que seja necessário reagir a qualquer coisa que não seja indicado o
prazo, o prazo a considerar é o de 10 dias seguidos
o Também ao nível de testemunhas, este processo tem limitações (art.304º)
o Nestes processos há um forte pendor do princípio do inquisitório, o Juiz tem uma
grande liberdade para trazer factos para o processo de forma a melhor o
esclarecer.
o No processo de jurisdição contencioso, o Juiz age de acordo com a legalidade.
No processo de jurisdição voluntária, o Juiz decide com fundamento na
equidade, não está tão vinculado à mera aplicação da lei.
o Nos processos de jurisdição contenciosa, a lei não admite que para casos
semelhantes a casos julgados sejam julgados de forma diferente; esta restrição já
não existe para os processos de jurisdição voluntária pois aqui não existem
sentenças mas resoluções que podem ser alterados, não são definitivas como as
sentenças.

A razão de ser destes processos tem a ver essencialmente com os interesses em discussão, em
causa.

No Processo contencioso temos o autor e o réu que se opõem um ao outro e tem um conflito um
com o outro, enquanto no processo voluntario, temos o requerente e o requerido, embora os seus
interesses sejam opostos são de menor grau (exemplo: processo de regulação do poder paternal)

Jurisdição contenciosa – autor e réu


Jurisdição voluntária – Requerente e requerido

Transito em Julgado – quando as partes tem prazo para reclamar e ninguém o fez, essa
sentença será definitiva e irrevogável. Se a lei também não permite recurso, também transita em
julgado.

Art.46º CPC – listagem dos documentos que servem de base à execução

Trabalho de grupo

Classifique as seguintes acções:

1. A pretende interpor acção judicial contra B e C para ver declarado o seu direito de
servidão de passagem sobre o prédio rústico destes cujo valor é de 750€.
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2. A e B celebram um contrato de fornecimento através do qual A forneceu a B, em


diversas ocasiões materiais de construção civil. No âmbito desses fornecimentos A
emitiu as seguintes facturas: factura 20037 de e com vencimento a 22.06.2006 no valor
de 2.350€ e factura 20038 de e com vencimento em 24.06.2006 no valor de 80.000€. a
pretende exigir o pagamento judicial destas facturas as quais não foram pagas até à
presente data.
3. A e B, celebraram contrato de compra e venda de imóvel para fins habitacionais. B não
pagou a totalidade do preço do imóvel o qual tinha o valor de 25.000€, estando
actualmente em dívida a quantia de 12.385€ que A pretende receber judicialmente.
4. A e B celebraram em 23.10.2006 contrato através do qual A emprestou a B a quantia de
3.230€. Na data prevista para a restituição da mesma, B, apesar de interpelado, não
pagou a A o capital e os juros convencionados em 5% ao ano, valor que A pretende
exigir judicialmente.
5. A e B celebraram verbalmente um contrato promessa de compra e venda de imóvel para
comércio, no valor de 25.000€. B, promitente adquirente, não pretende cumprir a
promessa e move acção judicial contra B para pedir a nulidade do contrato por falta de
forma.
6. A interpôs acção contra B, seu marido, destinado a exigir a entrega mensal por parte
deste de 50% do valor do seu salário para pagamento de despesas domésticas. B tem um
salário mensal de 403€.
7. A pretende ser indemnizado por B em virtude dos danos que este lhe causou no valor de
1.5000€ resultantes de um acidente de viação que sofreu por culpa exclusivamente de B.

Aula nº. 06 – Data: 269.10.2007


Sumário: …

Resolução dos casos práticos:

Existem vários tipos de acções que podem ser instauradas em tribunal. Para nós as
distinguirmos usamos diferentes tipos de distinção:
1. Classificação das acções quanto ao seu objecto, ou seja, quanto ao fim que visa
atingir, tornando-se indispensável atentar concretamente no pedido formulado pelo
autor. Estão previstos no art.º4 do CPC e subdividem-se em acções declarativas ou
executivas.
2. Classificação das acções quanto à forma, ou seja, no que diz respeito à tramitação
técnica e processual a que tem que se submeter. Subdividem-se em processo comum ou
especial, conforme dispõe o art.º460, nº.1 do CPC.
3. Classificação das acções quanto aos interesses em discussão, ou seja, existem acções
onde se verifica um conflito de interesses ou então onde se verifica apenas um interesse
comum.

1) A pretende interpor acção judicial contra B e C para ver declarado o seu direito de
servidão de passagem sobre o prédio rústico destes cujo valor é de 750€.

Curso Solicitadoria 2º.Ano


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DIREITO PROCESSUAL CIVIL I 2º.ANO

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a. Neste caso pratico podemos classificar esta acção como sendo uma acção
declarativa, quanto ao objecto em que o autor pretende que o tribunal profira uma
declaração final de direito que ponha termo ao conflito existente entre o autor e o
réu. As acções declarativas subdividem-se noutras subclassificações. A este caso
concreto aplicamos a classificação de acção declarativa constitutiva porque visa
autorizar uma mudança na ordem jurídica diferente daquela em que se encontrava
anteriormente (art.º4 n.º2 alínea c CPC), produzindo-se uma nova relação jurídica.
Verifica-se ainda tratar-se de uma acção declarativa constitutiva “stricto sensu”, a
acção destina-se a constituir uma servidão de passagem, proposta ao abrigo do
artigo 1550º CC. Quanto à classificação sobre a forma, verifica-se tratar-se de um
processo comum em virtude de não se encontrar expressamente designado na lei
(art.º460, n.º2 do CPC) sendo um processo declarativo comum, este pode revestir
três formas processuais diferentes (art.º461 CPC), os critérios importantes a serem
analisados serão entre o valor da causa (art.º306 CPC) e a alçada do tribunal. O
valor da acção, neste caso, não ultrapassaria os 750€, mas sim seria inferior, valor
que o autor apresenta como petição inicial. Mesmo sendo o valor inferior a
3.740,98€ o caso em questão, não apresenta os requisitos para ser classificado
como sumaríssimo por força da parte final do artigo 462 CPC, logo é um processo
sumário, pois tem valor inferior à alçado do tribunal da relação e até mesmo ao do
tribunal de 1ª. Instância, mas não observa a tramitação do processo sumaríssimo. O
processo sumário está previsto entre os artigos 783º a 791º do CPC. Quanto à
última forma de classificação das acções, ou seja, quanto aos interesses em
discussão, este caso apresenta-se como um processo de jurisdição litigiosa em
virtude de o autor pretender o reconhecimento da sua pretensão, enquanto o outro
pretende que a servidão não seja estabelecida. Este conflito das partes será
solucionado pela sentença proferida pelo juiz.
2) A e B celebram um contrato de fornecimento através do qual A forneceu a B, em
diversas ocasiões materiais de construção civil. No âmbito desses fornecimentos A
emitiu as seguintes facturas: factura 20037 de e com vencimento a 22.06.2006 no
valor de 2.350€ e factura 20038 de e com vencimento em 24.06.2006 no valor de
80.000€. a pretende exigir o pagamento judicial destas facturas as quais não foram
pagas até à presente data.
a.
3) A e B, celebraram contrato de compra e venda de imóvel para fins habitacionais. B
não pagou a totalidade do preço do imóvel o qual tinha o valor de 25.000€, estando
actualmente em dívida a quantia de 12.385€ que A pretende receber judicialmente.
a.
4) A e B celebraram em 23.10.2006 contrato através do qual A emprestou a B a
quantia de 3.230€. Na data prevista para a restituição da mesma, B, apesar de
interpelado, não pagou a A o capital e os juros convencionados em 5% ao ano,
valor que A pretende exigir judicialmente.
a.
5) A e B celebraram verbalmente um contrato promessa de compra e venda de imóvel
para comércio, no valor de 25.000€. B, promitente adquirente, não pretende

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cumprir a promessa e move acção judicial contra B para pedir a nulidade do


contrato por falta de forma.
a.
6) A interpôs acção contra B, seu marido, destinado a exigir a entrega mensal por
parte deste de 50% do valor do seu salário para pagamento de despesas domésticas.
B tem um salário mensal de 403€.
a.
7) A pretende ser indemnizado por B em virtude dos danos que este lhe causou no
valor de 1.5000€ resultantes de um acidente de viação que sofreu por culpa
exclusivamente de B.
a.

Aula nº. 07 – Data: 30.10.2007


Sumário: …

Pressupostos processuais

Requisitos processuais – Requisitos de natureza formal para que o tribunal se possa pronunciar
sobre o mérito da causa.

• São requisitos necessários ao regular desenvolvimento da instância de forma a permitir


que se resolva efectivamente a questão que foi levada a tribunal (através de sentença)
• Quando os pressupostos estão cumpridos, o Juiz conhece o mérito da acção
• O desrespeito pelos pressupostos processuais, impedem o Juiz de se pronunciar sobre o
mérito da acção
• Os vícios da falta de alguns pressupostos são sanáveis, ou seja, é regularizada a instância

Absolvição do réu da instância


O réu é absolvido em termos formais, o tribunal não se pronuncia sobre questões de direito, em
regra a falta de pressupostos formais. O juiz pronuncia-se sobre se o direito existe ou não, sobre
qual o réu se pronunciou (a falta de pressuposto formal, impede o tribunal de ir à questão de
fundo)

Absolvição do réu do pedido


A acção contém todos os pressupostos processuais, implica a origem do caso julgado na
sequência disso.

Patrocínio judiciário obrigatório: há casos em que a presença do advogado é obrigatória,


porém há outros casos em que isso não é obrigatório.

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Pressupostos processuais relativos às partes:

1 Personalidade judiciária

 Consiste na susceptibilidade de ser parte – art.5ºnº1


 Quem tiver personalidade jurídica tem personalidade judiciária – art.5ºnº2
 Personalidade jurídica (nascimento completo e com vida) – art.66º CC

- Qualquer pessoa maior ou menor, capaz ou incapaz pode ser parte numa causa
- As PC também têm personalidade jurídica e como tal, também têm personalidade judiciária
- Este é o pressuposto mais importante das partes, sem personalidade judiciária, não há parte no
processo
- Outras “entidades” a que o CPC atribui personalidade judiciária e que não têm personalidade
jurídica:
• Herança jacente e patrimónios autónomas semelhantes cujo titular não esteja determinado
(art.2046º CC)
• Associações sem personalidade jurídica e as comissões especiais – art.6ºb)
• Sociedades civis – art.6ºc)
• Sociedades comerciais, no tempo entre a escritura pública de constituição e o registo
definitivo – art.6ºd)
• Condomínio – art.6º e)
• Navios – art.6ºf)

Art.7º prevê também a atribuição de personalidade judiciária às:


• Sucursais, agencias, filiais, delegações ou representações em certos casos: artº7nº1 e nº2,
nestes casos podem demandar e ser demandadas.

2 Capacidade judiciária

Consiste na susceptibilidade de estar por si em juízo – art.9ºnº1, que não careça de qualquer
representação
E tem por base e medida a capacidade do exercício de direitos – art.9ºnº2, decorre da capacidade
jurídica (art.67ºCC)
O CPC também aqui estabelece a equiparação entre capacidade jurídica e capacidade judiciária.
Ou a parte pode estar por si só em juízo e tem capacidade judiciária ou, não pode e não pode.
Neste caso, a sua intervenção judicial deve ser feita através de representante legal – ati10ºnº1
CPC e a incapacidade fica sanada.
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL I 2º.ANO

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Casos previstos na lei:


• Menoridade – art.122ºCC (conjugação do art.123º CC com o art.9º2 do CPC; suprimento
– conjugação do art.124ºCC com o art.10ºCPC)
• Interdição – art.138º CC (conjugação do art.123º e 139º CC com o art.9º2 do CPC). A
interdição é decretada em acção especial instaurada para o efeito (art.944º a 958 CPC, a
sentença decreta também o representante legal – tutor art.954ºCPC). Suprimento – Tutor)
• Inabilitação – art.152ºCC. a inabilitação é também decretada por sentença (art.944º a
958º CPC; os art.954ºnº2 CPC e 153ºCC referem os actos que o curador pode praticar e
autorizar). O art.13º CPC declara que o inabilitado pode intervir em acções em que seja
parte e deve ser citado quando estiver na posição de réu, no entanto, sempre com a
orientação do curador)

3 Legitimidade

3.1. Legitimidade singular

Art.26º1 – “o autor é parte legítima quando tem interesse directo em demandar; o réu é parte
legitima quando tem interesse directo em contradizer”.

Do autor - Sempre que a procedência da acção venha a conferir uma vantagem ou utilidade ao
autor, este é parte legítima
Do Réu - Sempre que se preveja que a procedência da acção venha a conferir uma desvantagem
ao réu, este é parte legítima.

- A legitimidade consiste numa posição concreta da parte perante uma acção.


- Art.26º3 – A legitimidade apura-se pela relação controvertida, tal com ela é configurada pelo
autor na petição inicial.

3.2. Pluralidade de partes: Litisconsórcio e coligação

A lei, contempla pluralidade de partes

• Activa - Vários autores


• Passiva - Vários réus
• Dupla - Vários autores e vários réus

Esta pluralidade das partes pode ser:


• Inicial (inicio da acção) ou…
• Subsequente (quando tem lugar na pendência da causa).

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22
DIREITO PROCESSUAL CIVIL I 2º.ANO

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Litisconsórcio – (art.27º a 29º) Ocorre quando se discute em juízo uma determinada relação
jurídica que envolve diversos sujeitos, os quais, por isso, são partes na acção. Quer dizer, à
unicidade da relação controvertida corresponde uma pluralidade de partes.

Este diz-se:
Voluntário (ou facultativo) – quando a pluralidade das partes resulta da vontade do ou dos
interessados.
- Art.27º - a acção pode ser instaurada por todos ou contra todos os interessados
- Art.27º2 – prevê a hipótese de a lei ou negócio permitir que um negócio comum seja exercido
por um só ou que a obrigação comum seja exigida de um só interessado – assim, basta a
presença de um só em juízo para assegurar a legitimidade. Ex. Art.512º CC
Necessário (ou forçoso) – Não depende da vontade dos interessados, corresponde a uma
pluralidade de partes obrigatórias.
Art.28º, pode resultar da lei, do negócio e da relação controvertida.

Assim, o litisconsórcio pode ser:

• Legal – quando deriva da lei (art.28º1). Ex. Art.535º1CC; 4191º CC; 496º2CC
• Convencional – Quando a pluralidade das partes é estipulada pelos interessados (a lei
não o define a forma de tal convenção mas, entende-se que deve ser documento escrito
ou submeter-se até a forma mais solene)
• Natural – quando a intervenção de todos os interessados se mostre necessária para a
decisão a obter do tribunal produza o seu efeito útil normal.
• A violação do litisconsórcio necessário, implica a ilegitimidade da parte que litigue
desacompanhada, porque esse interesse não pode ser regulado judicialmente sem a
presença de todos os interessados.

Outra espécie de pluralidade das partes é:

Coligação – (art.30º) há pluralidade de partes e pluralidade correspondente de relações


materiais controvertidas.

O que distingue a coligação do litisconsórcio é, essencialmente, o seguinte: na coligação, há


pluralidade de partes e pluralidade correspondente de relações materiais controvertidas, no
litisconsórcio, há pluralidade de partes, mas unicidade da relação controvertida.

Situações em que se admite as coligações de autores ou de réus:

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• - Quando seja a mesma e única causa de pedir que sustenta os diferentes pedidos
art.30º1;
• - Quando os pedidos, apesar de diferentes, tenham uma relação de prejudicialidade ou
dependência – art.30º1;
• - Quando a procedência dos pedidos dependam da apreciação dos mesmos factos, da
interpretação e aplicação das mesmas regras de direito ou clausulas de contratos
análogos, apesar de a causa de pedir ser diferente – art.30º2;
• - Art.30º3

Aula nº. 08 – Data: 02.11.2007


Sumário: …

4 Patrocínio judiciário obrigatório

Este pressuposto implica que, em determinadas acções, as partes estejam representadas por
advogados. Esta representação tem como finalidade uma correcta condução processual da
acção. Mesmo nos casos em que não é obrigatório o patrocínio judiciário, as partes devem estar
representados, por exemplo por solicitadores, por estes terem conhecimentos jurídicos (técnicos)
pois, reconhece-se que as partes são leigas nessas matérias.

Assim, pode definir-se o patrocínio judiciário como a assistência técnica e profissional que os
advogados prestam às partes, tendo em vista uma adequada e correcta condução processual da
acção.

- O art.32º indica-nos quais são os casos em que é necessário advogado:


• Causas em que o valor é superior à alçada da 1ª instância, que admitam recurso ordinário
• Causas em que é sempre possível recurso, independentemente do valor
• Nos recursos
• Nas acções propostas nos tribunais superiores.

- Onde é que o Solicitador pode intervir?


• Acções até 3.740.98 (art.32 a) à contrari
• Nas causa em que não seja obrigatório a constituição de advogado (art.34º)
• Requerimentos em que não se levantem questões de direito, apenas questões de facto. Há
casos em que solicitador e advogado podem trabalhar no mesmo processo. Solicitador –
questões de facto e Advogado – questões de direito.
• Inventários, independentemente do valor.

Consequência para a falta de patrocínio obrigatório

O art.33º CPC dá-nos a resposta:

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É uma notificação, do tribunal, à parte que não tiver advogado, para o constituir dentro de um
certo prazo. Se, passado esse prazo, a parte não tiver feito nada:
- Se a falta for do autor – fica sem efeito o recurso e verifica-se a absolvição do réu;
- Se a falta for do réu – fica sem efeito a defesa

A falta deste pressuposto faz com que a acção caia na secretaria. Pode no entanto, no próprio
dia, interpor-se nova acção com o mesmo pedido, partes e demais pressupostos. Para tal, apenas
terá que se rectificar o pressuposto em falta.

5 Interesse em agir – art.449º1

O interesse em agir consiste na indispensabilidade de o autor recorrer a juízo para a satisfação


da sua pretensão. Pode dizer-se que o autor só tem interesse em agir quando não dispõe de
quaisquer outros meios (extrajudiciais) de realizar aquela pretensão.

O interesse em agir deve ser considerado porque:

A instauração de uma acção inútil sempre causa ao réu prejuízos e incómodos injustificados.
Porque a justiça, sendo um serviço do estado, só deve de funcionar quando houver motivos para
isso, quando o autor demonstre um verdadeiro interesse em agir.

Esta questão tem relevância no que toca ao pagamento das custas do processo.

Interesse em agir ≠ Legitimidade

Respeita ao interesse Refere-se ao


No próprio processo objecto da lide

Este pressuposto processual assenta na preocupação de evitar acções inúteis

Acções desnecessárias – art.º 449º n.º2 b, c, d

ARTIGO 449.º
(RESPONSABILIDADE DO AUTOR PELAS CUSTAS)
1. Quando o réu não tenha dado causa à acção e a não conteste, são as custas pagas pelo autor.
2. Entende-se que o réu não deu causa à acção:
a) Quando o autor se proponha exercer um mero direito potestativo, que não tenha origem em
qualquer facto ilícito praticado pelo réu;
b) Quando a obrigação do réu só se vencer com a citação ou depois de proposta a acção;
c) Quando o autor, munido de um título com manifesta força executiva, use sem necessidade do
processo de declaração.

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25
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d) Quando o autor, podendo logo interpor o recurso de revisão, use sem necessidade do processo de
declaração.
3. Ainda que o autor se proponha exercer um mero direito potestativo, as custas são pagas pelo réu
vencido, quando seja de protecção a este a finalidade legal da acção.

Pressupostos processuais relativos aos tribunais:

Jurisdição - É o poder exercido pelos tribunais no sentido de administrar a justiça. Incumbindo-


lhes assegurar a defesa dos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos e dirimir os
conflitos de interesses públicos e privados.

Competência - é a repartição do poder jurisdicional entre os diversos tribunais. Cada tribunal,


apesar de todos eles exercerem o poder jurisdicional, tem uma fracção dessa jurisdição, cada um
deles tem a sua própria competência.

Existem 2 tipos de competência:

• Competência abstracta através dessa determinam-se as acções que em bloco, são da


competência de certas espécies de tribunais (ex. tribunal de família, de trabalho)
• Competência concreta é o poder que o tribunal tem de julgar uma certa e determina
causa.

Quando os tribunais entram em conflito, no exercício das suas funções, esse só pode ser um
conflito de competência ou de jurisdição (115º, n.º1) – Resolução 116º, n.º1.

Relativamente à competência esta pode ainda ser:

Internacional
Em razão …

Da matéria
Competência
Da hierarquia
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Interna Do valor e da forma processos 26

Do território
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Competência internacional – art.65º - Deve ser considerada em bloco, isto é, relativamente a


todos os tribunais portugueses e não apenas em relação a apenas um, dos artigos 61º, 65º e 99º
resulta que são 5 os princípios que definem a competência internacional dos tribunais
portugueses, bastando apenas a verificação de um deles:

1. Principio da domiciliação – sempre que o réu ou um dos réus tenha domicilio em


território português – art.º65, n.º1 a)
2. Princípio da coincidência – A competência internacional dos tribunais portugueses
resulta da circunstância de a acção dever ser proposta em Portugal, segundo as regras de
competência interna, territorial estabelecidas pela lei portuguesa (art.º73). Pode dizer-se
que, por força da coincidência entre a competência territorial e a internacional, os
tribunais portugueses podem julgar quaisquer acções que devam ser propostas em
Portugal, segundo a aplicação das regras daquela competência internacional (art.º65, n.º1
b)).
3. Princípio da causalidade – Os tribunais portugueses têm competência internacional
sempre que o facto que serve de causa de pedir na acção tenha sido praticado em
território nacional, ou, tratando-se d uma causa complexa (constituída por vários
elementos), algum deles tenha ocorrido em Portugal (art.65º, n.º1 c)).
4. Princípio da necessidade – Os tribunais portugueses tem competência internacional
quando o direito invocado não possa tornar-se efectivo, sendo por meio de acção
proposta em tribunal português, ou quando a sua propositura no estrangeiro constitua
apreciável dificuldade para o autor (art.º65, n.º1 d))
5. Princípio da consensualidade – As partes podem atribuir ou privar os tribunais
portugueses de competência internacional. No primeiro caso estamos perante um pacto
atributivo de jurisdição e no segundo de um pacto privativo. Para ser valido o pacto
deve:
a. Ser escrito ou confirmado por escrito. (art.º99, n.º3 e))
b. Indicar a questão litigiosa ou a relação jurídica de onde pode emergir (art.º99,
n.º3 e))
c. Ser aceite pela lei do tribunal designado (art.º99, n.º3 b))
d. Fundar-se num interesse sério das partes (art.º99, n.º3 c))
e. Não versar sobre matéria da exclusiva competência dos tribunais portugueses
(art.º99, n.º3 d))
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27
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Competência interna (art.62º CPC e art.17º LOFTJ) - Definida a competência internacional,


o passo seguinte será a verificação de qual o tribunal português, concretamente competente para
julgar em determinada acção.

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1. Em razão da matéria – Art.º66.º - (COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS JUDICIAIS) “São da


competência dos tribunais judiciais as causas que não sejam atribuídas a outra ordem
jurisdicional. “ Por sua vez os tribunais de 1º. Instância são consoante a matéria das
causas que lhes são atribuídas, tribunais de competência genérica e de competência
especializada.
a. Genérica – Da conjugação do art.67º CPC com o art.77º1ª) LOFTJ, resulta que
os tribunais de competência genérica julgam todas as causas que não hajam de
serem instauradas nos tribunais de competência especializada.
b. Especializada – são os tribunais enunciados no art.78º da LOFTJ: Tribunais de
instrução criminal, tribunais da família, tribunais de menores, tribunais de
trabalho, tribunais de comércio, tribunais marítimos e tribunais de execução de
penas.
2. Em razão da hierarquia – Os tribunais judiciais estão dispostos hierarquicamente. Na
base encontram-se os tribunais de 1ª instância ou de comarca; um degrau acima,
encontramos os tribunais de 2ª instância ou da relação; no topo da hierarquia judicial
encontramos o Supremo tribunal de justiça.
3. Em razão do valor e da forma do processo – art.68º CPC. É pelo valor da causa e pela
forma do processo aplicável que se determina a competência dos tribunais colectivos e
singulares (art.º106 e 104º n.º2 da LOFTJ e art.69ºCPC refere a existência de tribunais
de competência específica.
a. Tribunais Colectivos (1 colectivo de Juízes) compete, designadamente julgar as
questões de facto nas acções de valor superior à alçada dos tribunais da relação,
sem prejuízo dos casos em que a lei de processo exclua a sua intervenção
(art.º106 b) da LOFTJ). Actualmente, os tribunais colectivos quase que
desapareceram, isto por força do art.646º CPC.
b. Tribunais Singulares (apenas 1 Juiz) têm competência para os processos em
que não intervenha o tribunal colectivo (art.º104 n.º2 LOTFJ), daqui resulta:
i. As acções sumárias e sumaríssimas, porque os seus valores nunca
excedem a alçada da 2ª. Instância são sempre instauradas e julgadas em
tribunal singular.
ii. Nas acções ordinárias, atento o seu valor e o previsto no art.º106
b) da LOFTJ, o julgamento da matéria de facto compete ao tribunal
colectivo. Todavia, da leitura da parte final da referida alínea e o disposto
no art.º646 n.º1 do CPC, nestas acções, a intervenção do colectivo depende
do requerimento nesse sentido.

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c. A propósito da competência em razão da forma do processo alude-se aos


tribunais de competência específica (art.º211 n.º2 1ºparte CRP; art.º64 n.º1 e n.º2
da LOFTJ). São eles as varas cíveis, os juízos cíveis, os juízos de pequena
instância cível, os juízos de pequena instância criminal e os juízos de execução
(art.º96 da LOFTJ) e, enumera-os:
i. Varas cíveis – competência prepara e julga processos Ordinários
(superiores à alçada da Relação); declarativas cíveis
ii. Juízos cíveis - competência prepara e julga processos sumários e
processos especiais cujo valor seja inferior à alçada da Relação
iii. Juízos de pequena instância cível - competência prepara e julga
processos sumaríssimos e acções especiais não previstas no CPC e que
não sejam passíveis de recurso ordinário
iv. Juízos de execução – aos quais cabe, no âmbito do processo executivo,
as competências previstas no CPC
4. Em razão do território – art.73 e SS. CPC. Artigo supletivo – art.85º CPC – O
território está dividido em distritos judiciais, círculos judiciais e comarcas, conforme o
art.º15 n.º1 LOTFJ. De acordo com o art.º21 n.º1 LOFTJ, o STJ exerce a sua jurisdição
em todo o território judicial, as relações no respectivo distrito judicial, e os de 1º.
Instancia na área das correspondentes circunscrições geográficas. De acordo com o art.º1
do regulamento da LOFTJ, e do mapa I que lhe está anexo, existem quatro distritos
judiciais: Coimbra, Évora, Lisboa e Porto. Por sua vez cada distrito divide-se em
círculos judiciais que abrangem a área de uma, ou mais comarcas (art.º66 n.º1 LOFTJ) –
Mapa II e III anexas ao regulamento. È a lei de processo que fixa os factores que
determinam, em cada caso, o tribunal territorialmente competente (art.º21 n.º3 LOFT),
constando os factores dos art.º 73 e 95º do CPC para os quais remete o art.º63 do mesmo
diploma, são entre outros os seguintes:
i. Foro real (art.º63 CPC);
ii. Foro obrigacional (art.º74 n.º1 CPC);
iii. Foro do autor (art.º75 CPC);
iv. Foro conexional (art.º76 n.º1 CPC);
v. Foro heriditório (art.º77 n.º1 CPC);
vi. Foro geral (art.º85 CPC);
vii. Foro executivo (art.º90 n.º1 CPC).

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Existe a possibilidade de as partes poderem prevenir a competência territorial do


tribunal (art.º100 n.º1 2ª.parte CPC). É a competência convencional que resulta de
um acordo sujeito aos seguintes requisitos:
1. Deve respeitar a forma do contrato (art.º100 n.º2 e 99º n.º4 CPC)
2. Deve designar as questões a que se refere ou o facto jurídico susceptível de as
originar (art.º100 n.º2 e n.º4 CPC)
3. Deve indicar o tribunal que fica sendo competente (art.º100 n.º2 CPC)
4. Não pode versar sobre os casos previstos no art.º110 n.º1 do CPC

Nota: esta competência territorial é tão obrigatória como a que resulta da lei (art.º100 n.º3 CPC)

Nota: numa situação prática, a abordagem é feita ao contrário da forma como foram expostas as
competências: competência territorial; do processo….

Assim, a determinação da competência opera-se da seguinte forma:

• A aplicação dos critérios da competência territorial


• Verificada qual a comarca em cuja área a acção deve ser instaurada, importará saber
quais os tribunais de 1ª. Instancia que aí exercem jurisdição
• Se aí houver um tribunal com competência especializada para conhecer da acção, atenta
a natureza da questão a dirimir, será ele, e só ele, o tribunal materialmente competente.
• Não existindo tribunal de competência especializada que avoque a questão, a acção deve
ser intentada no tribunal de competência genérica que aí exerça jurisdição, que é o de
comarca.
• Só assim não será se, na área da comarca em apreço, existirem tribunais de competência
específica, os quais serão competentes de acordo com as regras fixadas nos artigos 97º,
99º, 101~e 102º-A da LOFTJ.

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Aula nº. 09 – Data: 06.11.2007


Sumário: …

Falta de pressupostos relativos ao tribunal

Incompetência dos tribunais

Incompetência absoluta – art.101º a 107º


Incompetência relativa – art.108 a 114º

Em função da incompetência, existe um conjunto de normas a aplicar para um caso e outro.

Incompetência absoluta – situações que a gera:


Violação das regras quanto à competência em razão da matéria; hierarquia; competência
internacional, salvo nos factos privativos de jurisdição.

Em razão da matéria – incompetência material e podem ser levadas ao limite:

- Quando sejam conflitos jurisdicionais (tribunais administrativos Vs tribunais cíveis)


- Quando se siga por um tribunal genérico quando haja tribunal específico.

Consequência da incompetência absoluta – Absolvição do réu na instância – art.105ºCPC

Nota: Despacho liminar

Despacho liminar – 1ª intervenção do juiz no processo, numa fase de articulados.


1ª Fase – articulados; 2ª fase – saneamento; 3ª – instrução; 4ª – discussão; 5ª – julgamento.
1ª – As “partes falam” uma com a outra, por escrito. Em regra, esta fase ocorre sem a
intervenção do juiz.
No entanto, há determinadas situações, excepcionais, em que se prevê a intervenção do juiz no
processo. Através de um despacho liminar. Estas excepções, verificam-se nas providências
cautelares.
2ª – Fase em que o juiz, procura sanear tudo aquilo que não interessa ao processo – despacho de
saneamento.
3ª – Produção de prova
4ª – Audiência de discussão
5ª – Julgamento
Só depois de decorridas todas estas ases é que o juiz produz a sentença.

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Providências cautelares
Procedimentos gerais - art.381º a 392º
Procedimentos específicos – art.397º a 427º
Providência cautelar – providencia em que a outra parte não é ouvida, o juiz pode decretar o
Arresto – medida rápida de reacção, quando haja fundado receio de alienação de património do
devedor – art.406º e SS.
O arresto constitui um limite ao princípio do contraditório.

Este é um dos casos em que existe um despacho liminar do Juiz a dizer que existem condições
para que haja arresto.

Outro objectivo do despacho liminar é a possibilidade de ser medida a existência de todos os


pressupostos processuais que, quando não verificados, o juiz indefere liminarmente a
providência cautelar.

Incompetência relativa – art.108º

Infracção das regras fundadas:

1. - Valor da causa
2. - Forma do processo
3. - Divisão judicial do território (violação da competência que resulta do acordo das artes)
4. Esta última é uma incompetência porque o legislador entendeu que não deveria ser
absoluta. Trata-se de uma incompetência oficiosa, o juiz assim que dela tem
conhecimento, tem de a invocar imediatamente.

Hoje, quando a incompetência é relativa, tem um mecanismo de remessa (remeter) do processo


para o tribunal competente.

Consequência/sanção da incompetência absoluta:


- Remessa para o tribunal competente, em razão da forma e em razão da competência.
Art.288º - não inclui, na lista do nº1 a incompetência relativa, no entanto, remete claramente
para o art.105º2 que alude claramente aquela incompetência.

Competência relativa:

1. Oficiosa – art.110º - o tribunal é obrigado a conhece, mesmo que o réu não a suscite
2. Inoficiosa – O tribunal só a pode conhecer se o réu invocar esta forma de
incompetência.

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Pressupostos processuais relativos ao objecto da causa

1. Aptidão da petição inicial

A petição inicial tem que observar determinados requisitos para que possa ser considerada apta,
pois se não os cumprir, esta torna-se Inepta – art.193º que remete para o art.288º1b) – sanção:
absolvição do réu na instância.

A petição inicial deve observar determinados requisitos, sob pena de se considerar inapta, por
falta desses. Os casos de ineptidão da petição inicial constam do art.º193 n.º2 CPC

Ineptidão da Petição Inicial:


1. Quando falte a indicação do pedido – O tribunal só conhece aquilo que lhe é pedido,
daí ser importante, mesmo determinante, que o pedido se encontre formulado de forma
exacta. Se assim não acontece, o juiz não sabe o que pede o autor e o réu não pode
defender-se.
2. Quando falte a alegação da causa de pedir – Esta representa o fundamento de
pretensão de tutela jurisdicional formulada, a causa de pedir tem de ser invocada na
petição inicial, sem esta, faltará a base, o suporte da acção. Esta deve ser um relato
concreto e especifico dos factos cuja verificação terá feito nascer o direito do autor da
acção.
3. Quando o pedido não seja inteligível – Neste caso o pedido está formulado, mas a sua
formulação é de tal forma confusa que não é possível perceber qual o seu alcance.
4. Quando a causa de pedir não seja inteligível – Aqui se encontra alegada a causa de
pedir, de modo tão desadequado que não se percebe de onde deriva a pretensão.
5. Quando o pedido esteja em contradição com a causa de pedir – O pedido deve
apresentar-se como corolário lógico ou consequência daquilo que se alega como causa
de pedir. Aqui a inaptidão vai resultar de um antagonismo entre o pedido e o respectivo
fundamento.
6. Quando se aleguem cumulativamente causas de pedir incompatíveis – Permite o
art.º740 do CPC a cumulação de pedidos, sujeitando tal cumulação a certas condições,
nomeadamente a compatibilidade substancial entre os pedidos formulados

A ineptidão da petição inicial gera a anulabilidade de todo o processo (art.º143 n.º1 CPC)

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2. Não verificação da litispendência e do Caso Julgado

A litispendência e o caso julgado estão previstos nos artigos 497º a 499º do CPC. São
pressupostos processuais de índole negativa, na medida em que a verificação deles impede o
regular desenvolvimento da instância.

A litispendência e o caso julgado pressupõem a repetição de uma causa. Se as duas (ou mais)
causas estão simultaneamente pendentes, há litispendência, se uma causa é proposta depois de a
anterior ter sido definitivamente decidida, há caso julgado. Portanto o que diferencia estas duas
figuras é o momento em que se dá a repetição.
Tanto a litispendência como o caso julgado visam evitar que o tribunal venha, eventualmente, a
reproduzir ou a contradizer uma decisão anterior.

Aula nº. 10 – Data: 09.11.2007


Sumário: Falta de pressupostos relativos às partes e o seu eventual suprimento.

Falta de pressupostos processuais

Falta de pressupostos relativos às partes e o seu eventual suprimento

A falta dos pressupostos processuais relativos às partes implica que o juiz deva abster-se de
conhecer do mérito da causa e absolva o réu da instância (art. 288º n.º1 do CPC)

Personalidade judiciária
Capacidade judiciária
Ilegitimidade
Positivos Interesse processual
Patrocínio judiciário
Pressupostos
Processuais

Litispendência

Negativos Compromisso arbitral

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Falta de Personalidade judiciária

Uma vez que a falta de personalidade judiciária deriva da inexistência da pessoas jurídica, o
vício é insanável. Porém o art.º 8º do CPC prevê uma excepção

ARTIGO 8.º
Sanação da falta de personalidade judiciária

A falta de personalidade judiciária das sucursais, agências, filiais, delegações ou


representações pode ser sanada mediante a intervenção da administração principal e a
ratificação ou repetição do processado.

Falta de capacidade judiciária

É sanável, traves da representação (poder paternal e tutela) ou da autorização (cura tutela). Com
efeito o n.º1 do art.10º do CPC estabelece que os incapazes só podem estar em juízo por
intermédio dos seus representantes, ou autorizados pelo seu curador.

Se a falta respeitar ao representante do autor e não for sanada, é o réu absolvido da instância, se
respeitar ao representante do réu, a acção prossegue como se não houvesse defesa (art. 25º n.º2
do CPC)

Ilegitimidade

Pode ser singular ou plural. A ilegitimidade singular é, pela sua própria natureza, insanável. Por
isso conduzirá à absolvição do réu da instância (art.288º n.º1 d). A ilegitimidade plural, derivada
da violação do litisconsórcio necessário, é suprível pela intervenção em juízo dos titulares da
relação controvertida que não sejam, originariamente, partes.

Interesse em agir

A falta de interesse em agir é insanável

Falta de patrocínio judiciário obrigatório

Esta falta é sanável. Com efeito o art.33º do CPC, refere que o juiz deve convidar a parte que
viola este pressuposto a constituir mandatário, dentro de um certo prazo, caso a parte persista na
falta então:
• O réu será absolvido da instância (se a falta de patrocínio respeitar ao autor
• Ficará sem efeito a defesa se a falta respeitar ao réu
• Não terá seguimento o recurso se a falta disser respeito ao recorrente

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Aula nº. 11 – Data: 20.11.2007


Sumário: Trabalho de Grupo

Aula nº. 12 – Data: 20.11.2007


Sumário: Apresentação do trabalho de Grupo

Artigos 264º e SS do CPC

“Inicio da instância”

Começa com a petição inicial (art. 267º n.º1), quem a apresenta é o autor, com ela iniciam-
se as várias fases da acção.

Acção ordinária / sumaria, nestas formas processuais as fases são as mesmas

1. Fase 1 “articulados”
2. Fase 2 “saneamento”
3. Fase 3 “instrução”
4. Fase 4 “discussão e julgamento”
5. Fase 5 “sentença final”

1. Fase 1 “articulados”
o Art. 467º a 507º do CPC, é a primeira fase, destinada a apresentação do pleito em
juízo. As partes através das peças escritas, expõem as suas teses e formulam
pretensões, traçando assim os contornos da acção.
2. Fase 2 “saneamento”
o Art. 508º a 512º-B do CPC, nesta fase, vai haver a distinção entre as questões ou
factos que não sejam relevantes para a acção, reduzindo assim o pleito à matéria
essencial à acção. O juiz decidirá aquilo que puder ser decidido para o
prosseguimento da acção ou fá-la-á terminar.
3. Fase 3 “instrução”
o Art. 513º a 645º do CPC, se o processo não tiver terminado na fase anterior, tem
lugar a instrução, na qual se vão produzir as privas destinadas a permitir que o
tribunal forme a sua convicção quanto aos factos alegados.
4. Fase 4 “discussão e julgamento”
o Art. 646º a 657º do CPC, à produção da prova sucede a discussão, integrada por
um debate oral entre os advogados das partes, tendente à apreciação das provas
produzidas. Após isso o tribunal julga a matéria de facto.
5. Fase 5 “sentença final”
o Art. 658º a 675º do CPC, esta fase corresponde ao momento em que é proferida a
decisão que põe termo à causa.
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37
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Acção sumaríssima

Esta só tem aplicação em situações limitadas e de valor reduzido, por isso a sua tramitação é
mais simples e ligeira encerra pois duas fases:

• Articulados – Esta fase tem uma função idêntica à que apontamos a propósito dos
processos declaratórios ordinário e sumário, havendo, porem uma limitação quanto ao
número de peças, na medida em que apenas são admitidas a petição inicial e a
contestação
• Audiência final – Após os articulados, passa-se logo para a fase da audiência final, a
qual inclui a produção de prova, a discussão e decisão do pleito (sentença) proferida
imediata e verbalmente.

Aula nº. 13 – Data: 27.11.2007


Sumário: Formalismo do processo declarativo, subsidiariamente aplicado. As demais formas processuais.

Articulados

1. Normais
a. Petição inicial - São do autor, são os articulados que existem em regra.
b. Contestação - documento através do qual o réu, mostra qual o motivo da sua
discordância com a petição do autor.
2. Eventuais - O art.502º diz que tanto a réplica quanto a tréplica são condicionadas por
determinados condicionalismos e, assim, nem sempre podem existir. Nota: O réu não faz
PI nem réplica; o autor não faz contestação nem tréplica.
a. Réplica (art.º502) - Direito, que pode ou não existir, de responder à contestação
apresentada pelo réu
b. Tréplica (art.º503) - Direito de resposta à réplica apresentada pelo autor
3. Supervenientes (art.º506) - Vêm depois e fora do sítio. Em regra, o autor deve
condensar nas peças processuais os factos. Pode, no entanto, tomar conhecimento de
novos factos ou até surgirem novos factos. Nesses casos, podem então deduzir-se, em
articulado posterior ou em novo articulado esses novos factos supervenientes.
a. Conhecimentos de novos factos (superveniência subjectiva)
b. Surgimento de novos factos (superveniência objectiva)
4. Judicialmente estimulados (art.º508º nº.1 b)) – é a possibilidade que o juiz tem de
convidar as partes a especificar determinada matéria, quando entenda que a matéria
contém insuficiências ou imperfeições.

Articulados, porque articulados?


- Porque os factos são apresentados em articulados, em números
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- O que está na origem desta numeração é a simplificação e objectivação dos factos.

Nos articulados não devem constar textos “floreados”.


Não basta uma apresentação genérica do facto, mas uma descrição detalhada dos factos, ir para
além do óbvio.

Art.151º - Noção de articulados


Em regra, vai ser necessário e obrigatório a dedução em articulados, no entanto, a lei, pode não
exigir a dedução em articulados.
Em processo sumaríssimo, não é obrigatório alegar na forma articulada, o que não significa que
não se possa fazer.

Art.152º - articulados apresentados em duplicado ou tantos quantas os numero de pessoas


a que seja oposto
- Original é para o tribunal
- 1 duplicado para cada parte contrária
- 1 duplicado para a reforma do processo
- Devemos ficar também com uma cópia para nós.

Art.150º1 – apresentação das peças processuais:


- Entrega directa na secretaria
- Remessa pelo correio, registado
- Envio através de telecópia
- Envio através de correio electrónico, com assinatura electrónica
- Envio através de outro meio de transmissão electrónica de dados

Nota:
 MDDE – software dos CTT que certifica o envio do e-mail
 Habilus – programa informático de gestão de processos judiciais

Petição inicial – art.467º

É o articulado que o autor utiliza para formular o pedido de tutela jurisdicional e alegar os
fundamentos de facto e de direito.

- Inicia a instância
- É o documento mais importante da acção – se o ponto de partida estiver mal, o ponto de
chegada estará pior.
(congrega toda a matéria teórico-prática do processo)

Apresenta:
A causa de pedir – factos concretos em que o autor fundamenta a causa de pedir – se não
existirem, a PI é inepta
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Pedido – a PI é concluída com um pedido – se faltar, a PI é inepta

Art.467º Requisitos que devem constar da PI:

Petição Inicial (modelo)

1
Endereço →

2
Cabeçalho →

Narração___3____________________________________________________________
1_____________________________________________________________________
2_____________________________________________________________________
3_____________________________________________________________________
4_____________________________________________________________________
5_____________________________________________________________________
6_____________________________________________________________________

O Advogado/Solicitador
Prova
Conclusão → 4

______________________________________________________________________
5
Valor:
Junta: Procuração, documentos (art.523º1), duplicados legais e comprovativo de pagamento das
taxas de justiça.

1 Endereço:
Exmo. Sr. Juiz de direito do Tribunal da comarca de …
Juiz de direito – 1ª instância (a PI entra sempre na 1ª instancia)
Juiz desembargador – Relação
Juiz conselheiro – Supremo Tribunal de Justiça

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL I 2º.ANO

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2 Cabeçalho – art.467º1b)
Identificar o autor
Identificar o réu
Identificar o tipo de acção
José Joaquim e Maria Gonçalves, casado, com residência em ____________, NIF___________,
vem intentar,
vem propor,
vem instaurar
acção declarativa sob a forma comum ordinária
contra
Maria Isabel, solteira, maior, residente____________
Nos seguintes termos e fundamentos:

3 Narração – art.467º1c)
O mais importante, são os factos porque a sua falta vai ter consequências – ineptidão
A falta de questões de direito não tem qualquer consequência porque o juiz é que vai aplicar o
direito.

4 Conclusão – art.467º1e)
Pedido:
Nestes termos e nos mais de direito deve o réu ser condenado a: 1; 2; 3….
Nestes termos e nos mais de direito deve ser declarado nulo o contrato e, em consequência: 1; 2;
3….

Taxa inicial – é paga com a 1ª peça do processo


Taxa subsequente – no prazo de 10 dias após a marcação da audiência
Art.15º - prevê uma opção para a redução da taxa de justiça em 10%, dependendo do
compromisso da parte que opte por enviar o restante processo por via electrónica.

5 Valor – art.467º1e)
Obrigatório:
Junta (documentos anexos: procuração, documentos legais, comprovativos prévio pagamento da
taxa de justiça inicial art.º467 n.º3 CPC) –
Valor –
Vai – por correio electrónico, correio, …
O advogado
O Solicitador
______________Assinatura____________________
Carimbo (morada e Nif)

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Aula nº. 14 – Data: 30.11.2007


Sumário: Trabalho de grupo

Aula nº. 15 – Data: 07.12.2007


Sumário: …

Petição inicial
Secretaria Judicial

Recusa Recepção
(234º n.º5 conclusão)

Reclamação Distribuição
Juiz (475º)

Citação
Confirma Recusa Recebe PI

Agravo Nova PI (476º) Revelia Citação 234º

Citação urgente (art.º478) – Permite inverter, ou seja primeiro há a citação e depois a


distribuição com o intuito de resolver o prazo prescricional.

A regra é que a citação é feita oficiosamente pela secretaria (art.º234). A citação é acompanhada
da PI e todos os documentos que fazem parte dela. A citação é uma categoria especial das
notificações, é dirigida ao réu. Só há citação uma vez, a partir daí há notificações (art.º228, 234º
n.º1 e n.º4)

Se a secretaria recusa a PI, o autor tem a faculdade de, no caso de não concordar com o motivo
da recusa reclamar para o juiz e, este decide se tem razão ou não. Confere a recusa ou recebe a
PI e o processo volta ao mesmo trâmite. Se o juiz confirmar a recusa, este vai ao tribunal da
relação e pede avaliação. Se este concordar com os motivos da recusa, segue para o tribunal da
relação e pede avaliação. Se este concordar com os motivos da recusa, ao autor não resta outra
alternativa senão fazer uma nova PI. Se o tribunal lhe der razão vai a PI novamente para a
recepção seguindo curso normal. A PI tem de ser apresentada em 10 dias.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL I 2º.ANO

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Aula nº. 16 – Data: 11.12.2007


Sumário: …

A citação é o chamamento pela secretaria do tribunal. A citação é um acto muito delicado, tem
que ser muito bem feito.
Se a secretaria cita e não envia os documentos juntamente com a petição inicial, não há citação,
logo a citação é nula.
A citação do processo dirige-se ao réu e só acontece pois uma vez, daí em diante é sempre o réu
notificado (art.º229 e ss CPC).

Noção: Artigo 228º


ARTIGO 228.º
(FUNÇÕES DA CITAÇÃO E DA NOTIFICAÇÃO)
1. A citação é o acto pelo qual se dá conhecimento ao réu de que foi proposta contra ele determinada
acção e se chama ao processo para se defender. Emprega-se ainda para chamar, pela primeira vez,
ao processo alguma pessoa interessada na causa.
2. A notificação serve para, em quaisquer outros casos, chamar alguém a juízo ou dar conhecimento
de um facto.
3. A citação e as notificações são sempre acompanhadas de todos os elementos e de cópias legíveis
dos documentos e peças do processo necessários à plena compreensão do seu objecto.

Regra geral é a secretaria que efectua a citação, todavia há excepções:


ARTIGO 234.º
(REGRA DA OFICIOSIDADE DAS DILIGÊNCIAS DESTINADAS À CITAÇÃO)
1 – Incumbe à secretaria promover oficiosamente, sem necessidade de despacho prévio, as
diligências que se mostrem adequadas à efectivação da regular citação pessoal do réu e à rápida
remoção das dificuldades que obstem à realização do acto, sem prejuízo do disposto no n.º 4 e da
citação por solicitador de execução ou promovida por mandatário judicial.
2. Passados 30 dias sem que a citação se mostre efectuada, é o autor informado das diligências
efectuadas e dos motivos da não realização do acto.
3. Decorridos 30 dias sobre o termo do prazo a que alude o número anterior sem que a citação se
mostre efectuada, é o processo imediatamente concluso ao juiz, com informação das diligências
efectuadas e das razões da não realização atempada do acto.
4 – A citação depende, porém, de prévio despacho judicial:
a) Nos casos especialmente previstos na lei;
b) Nos procedimentos cautelares e em todos os casos em que incumba ao juiz decidir da prévia
audiência do requerido;
c) Nos casos em que a propositura da acção deva ser anunciada, nos termos da lei;
d) Quando se trate de citar terceiros chamados a intervir em causa pendente;
e) No processo executivo, nos termos do n.º 1 do artigo 812.º e do n.º 2 do artigo 812.º-A.
f) Quando se trate de citação urgente que deva preceder a distribuição.
5. Não cabe recurso do despacho que mande citar os réus ou requeridos, não se considerando
precludidas as questões que podiam ter sido motivo de indeferimento liminar.
6 – Não tendo o autor designado o solicitador de execução que efectuará a citação nem feito a
declaração prevista no n.º 8 do artigo 239.º, ou ficando a designação sem efeito, aplica-se o disposto
no artigo 811.º-A.

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Despacho liminar

Indeferimento liminar - O indeferimento chama-se liminar quando é proferido no limiar do


processo, antes de ter lugar a citação.

Aula nº. 17 – Data: 14.12.2007


Sumário: …

PI
467º e 267º n.º1

Secretaria
267º n.º1

Distribuição
209º
Nº.processo

Juízo Vara Secção

Até 1ª. Instancia Tribunais colectivos com


Competência superior à
1ª Instancia

Despacho do juiz
Citação
Indeferimento preliminar
Convite ao aperfeiçoamento

Citação
1ª.vez que se chama, é feita pela secretaria 234º n.º1 regra, excepção n.º4

Contestação
486º

Réplica 502º
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Prazo:

Processo ordinário 30 dias


Acção sumária 20 dias, 783º
Acção sumaríssima 15 dias 794º
Injunção 15 dias 12º n.º1
Adecopec 15 dias se o valor for menor que 3.740,98€ se for maior 20 dias

Adecopec – acção declarativa espécie de cumprimento das obrigações pecuniárias emergentes


de contratos Lei n.º 269/98

Replica:

• Ordinário – art.º582 (eventual)


• Sumario – Resposta art.º875
• Injunção (articulado eventual) – se houver oposição converte-se em adecopec
• Adecopec – Não há replica e passa do articulado para a audiência de julgamento
• Sumaríssimo – Passa dos articulados para o julgamento
• Artigo 260º - Diz como se fazem as notificações entre mandatário. O autor faz a réplica,
envia para a secretaria e de igual modo para o advogado da contraparte. 467º.

Réplica 15 dias

Réu Secretaria

Tréplica 503º 15 dias termina a fase


dos articulados, o juiz não intervêm nesta fase

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45
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Os prazos processuais:

o Interrompem-se nas férias judiciais, só decorrem nestas as acções especiais (2 meses).


o Fins-de-semana e feriados contam nos prazos.
o Quando acaba o prazo num sábado (por exemplo), transfere-se para o dia útil seguinte

Contestação – Modo de defesa do réu, comporta duas formas

1. Directa – Defesa por impugnação (art.º 487 CPC) refutar os factos deve ser feita por
escrito.
a. Oposição jurídica art.º487 n.º2 2ª.parte – aceita-se os factos mas não se aceita a
conclusão jurídica que o autor quer tirar desses factos.
b. Oposição factual
i. Negação directa – “é falso, não devo nada”
ii. Negação indirecta – nega-os indirectamente, integrando-os numa outra
panorâmica.
iii. Simples desconhecimento
2. Indirecta – Defesa por excepção (art.º 487 CPC)
a. Excepção dilatória (art.º487 e 494)
b. Excepção peremptória
i. Modificativas – por exemplo a concepção de uma moratória (tempo) ao
réu/devedor para pagamento
ii. Impeditivas – Constituem impedimento do direito de autor os vícios dos
negócios jurídicos (dolo, coacção, simulação, etc.)
iii. Extintivas – o pagamento, renuncia, etc. extinguem o direito de autor.

2
3

Narração___4____________________________________________________________
1_____________________________________________________________________
2_____________________________________________________________________
3_____________________________________________________________________

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O Advogado/Solicitador

______________________________________________________________________

1 N.º do processo

2 Endereço
Exmo. Sr. Juiz do Tribunal (decretaria – injunção)

3 Parte que propõe


1º Réu, 2º réu; A-autor, R-Reu.
António, réu nos autos, vem constar nos seguintes termos e fundamentos

4 Narração
1º Excepções dilatórias
2º. Impugnação
3º Excepções peremptórias

4 Pedido
Depende da forma de defesa
“Nos termos em que a acção deve ser julgada improcedente e não julgador devendo ser o réu
absolvido da instancia ou absoluto pedido.”
Junta (documentos anexos: procuração, documentos legais, comprovativos prévio pagamento da
taxa de justiça inicial e documentos)

Principio: concentração da defesa na contestação (art.º489), aliado a este princípio temos


dois:

o Preclusão – todos os meios de defesa são invocados pelo réu na contestação ficam
prejudicados não podendo ser alegados mais tarde
o Eventualidade – dado o risco de preclusão, o réu há-de dispor todos os seus argumentos
defensionais de modo a que cada uma delas seja atendido no caso d qualquer das
anteriores proceder.

Há casos em que a defesa deve ser feita fora da contestação, a regra é que toda a defesa deve ser
deduzida na contestação (art.º489 n.º1 1ª.parte). As excepções constam da 2º.parte desse artigo.
E os incidentes a que a lei manda deduzir em separado, é por exemplo uma suspeição do juiz,
quando se suspeita da imparcialidade deste. Há que garantir a imparcialidade da decisão. Quem
decide estes incidentes são os juízes dos tribunais superiores. Outra excepção é a prevista no
n.º2 do mesmo artigo quando os factos sejam supervenientes.

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Ónus da contestação – (art.º490) o réu tem de tomar posição perante os articulados na petição
(dizer verdadeiro ou falso) salvo as excepções do n.º2 (é falso por causa disto…)

Aula nº. 18 – Data: 18.12.2007


Sumário: …

Reconvenção – O réu pode aproveitar a contestação para formular os pedidos contra o autor
(241º). O réu é o reconvinte sendo o titular de uma pretensão autónoma contra
o autor (reconvindo) e faz valer nesse processo, havendo, uma inversão de
posição das partes. Esta pretensão não se aplica no processo sumaríssimo,
porque neste processo não existe um terceiro articulado.
A reconvenção tem carácter facultativo, porque o pedido corresponde a uma acção
própria, o réu pode optar entre fazê-lo valer em convenção ou deduzi-lo em
separado.
Para que a reconvenção seja admissível é necessário, se verifiquem os requisitos
previstos no artigo 274º nº 2 a), ex. quando o pedido do réu emerge de um facto
jurídico, o réu deduz uma reconvenção contra os seus próprios factos jurídicos
ou, com os argumentos do autor. Quando emerge da defesa/meios de defesa.
Artigo nº 274º nº 2 b), o autor deve-me 1.500,00 e eu devo-lhe 3.000,00, então eu só lhe
darei 1.500,00 que é a diferença.
Artigo nº 274º nº 2 c), acções de divórcio litigioso.

As formas de defesa de um pedido reconvencional são (artº 274º):

1. Tem que se ver se a reconvenção está de acordo com o 274.


Ex. A é uma empresa de contabilidade, B é possuidor de documentos de A.
O facto jurídico tem a ver com a posse. O réu deduz que numa altura fez um contrato
com A e este violou-o, que tinha sanções e pediu a condenação de A em
45.000,00. Mas não se verifica nenhuma situação do nº 2 do 274º
Art.º 308º nº 2 – soma o valor da reconvenção. Ex: pedi na acção 2.000,00, e nessa
audiência o autor pede 3.500,00.
Quem é que tem de pagar as custas? É o autor, uma vez que o valor que ele pede é
superior ao do réu, ele paga o que excede. O réu só paga as custas, se for
estabelecido no processo.

Requisitos de natureza processual (são cumulativas, têm que se verificar todos)

• Competência do Tribunal (art.º 98º) – a lei determina aos tribunais vários âmbitos de
competência. Deste modo, para que o réu possa deduzir reconvenção, é necessário que o
tribunal onde o processo está pendente se revele competente para conhecer também de
questão reconvencional (98º nº 1).

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48
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• Forma do Processo (art.º 247º nº3) – exige que tanto o pedido original como o
reconvencional tenham a mesma forma de processo. Esta exigência tem como objectivo
impedir que o excerto da acção reconvencional no processo pendente possa causar
perturbações e embaraços à sua normal e previsível tramitação. A forma é, em regra,
determinada pelo pedido do autor, segue-se que o processo só será idóneo para se
instituir, discutir e julgar a causa reconvencional se existir coincidência entre a forma do
processo aplicável à acção e a forma do processo aplicável à reconvenção.
Se estivermos numa acção comum ordinária ou sumária, é admissível reconvenção se
esta couber a forma comum de processo, qualquer que seja o seu valor.
Se a acção for de inventário, não é possível uma reconvenção para exigir da cabeça do
casal, o valor de uma dívida. Isso porque o inventário é um processo especial e a dívida é
comum. Existe uma incompatibilidade.

A reconvenção resulta do valor. Podem ser pedidos independentemente.

Há que ter em conta três considerações:

• O réu pode reconvir ainda que não se defenda do pedido do autor


• A reconvenção pode ser deduzida a título eventual, isto é, para ser atendida
apenas no caso de a acção proceder.
• A reconvenção pode ser deduzida não apenas contra o autor, mas também
contra quem se possa vir a colocar ao lado dele, através da intervenção
principal provocada (pelo réu). Art.º 325º e 326º.

O que acontece quando não há contestação?

PI→Contestação→Réplica→Tréplica→Saneamento→Instrução→Discussão→Julgamento +
sentença ═►Processo Normal

Caso não haja contestação, o processo é concluso ao juiz e dá-se a revelia do réu, isto é, o
réu está fora do processo. Esta pode ser absoluta, relativa, operante e inoperante.

1. A revelia absoluta é quando o réu não constitui mandatário nem intervém no processo
(483º).
2. Na revelia absoluta o juiz verifica a citação, se estiver mal feita o juiz repete, até que esta
esteja bem feita, porque se não repete sempre o artigo 483º. Se o juiz conclui que a
citação está bem feita dá-se a revelia prevista no art.º 484º
3. A revelia relativa verifica-se quando o réu embora não contando, constitui mandatário
no processo ou intervém de algum modo na acção.
4. Tanto na revelia absoluta como na relativa existe possibilidade de conhecimento. No
entanto, na absoluta primeiro analisa-se se ele verdadeiramente teve conhecimento ou
não.

Curso Solicitadoria 2º.Ano


49
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5. A revelia operante (484º nº 1), implica a confissão, semi-plena dos factos articulados
pelo autor. Na petição inicial, admitindo os factos alegados pelo autor, segue-se para a
discussão jurídica da causa e depois existe uma sentença.
6. Confessados os factos por ausência da contestação, terminam os articulados (art.º 484º nº
2).
7. Na revelia inoperante (485º), são os casos excepcionais:
a. Basta que um dos réus conteste a acção, para os factos por ele impugnados não
poderem ser considerados como confessados em relação aos seus co-réus reveis.
Contestando um dos réus, o processo segue a tramitação normal.
b. Ex. Acção proposta contra B, que é incapaz, B não contesta e diz respeito ao
contrato da incapacidade. Se ele não contestar, verifica-se a alínea b) e a revelia é
inoperante e o processo segue todas as fases. Quando é citado editalmente e ele
não apareceu, segue-se a tramitação normal do processo. Isto porque o réu pode
não ter o conhecimento efectivo da acção que perde contra si. Deste modo, o
legislador entendeu por bem não sujeitar o réu revel por regime da revelia
operante.
c. Direitos indispensáveis
d. Direitos indispensáveis

A diferença entre a revelia absoluta e a relativa é a presença no processo.

Aula nº. 19 – Data: 08.01.2008


Sumário: …

Saneamento - Tem por objectivo a verificação da regularidade da instância, detectada alguma


regularidade susceptível de sanção, promover-se-á o respectivo suprimento.
Se a irregularidade for insanável ou não for sanada, o processo termina nesta fase. Se a instância
for regularizada, o mérito da causa pode ser apreciado.

A fase de saneamento só existe no processo ordinário e sumário, não existe no


sumaríssimo. Este processo só tem duas fases: os articulados e a audiência. Também existem
alguns processos especiais.

Esta comporta várias possibilidades alternativas e facultativas.


Antes desta fase é o despacho pré-saneador (art.º 508º e SS).

Esta fase tem como objectivo a verificação da regularidade da instância (265º nº 2).

Na fase dos articulados, o processo é concluso ao juiz. Depois surge a fase do saneamento. O
artigo 508º tem uma parte obrigatória e facultativa. O nº 2 deste artigo, é a forma obrigatória. O
nº 1 a) também é, pois suprimento da falta de pressupostos processuais sanáveis. O nº 2 por sua
vez é o suprimento da irregularidade dos articulados, o juiz verifica se os factos estão correctos
e convida, por exemplo o autor a clarear os factos novamente na PI que não estavam explícitos.
Curso Solicitadoria 2º.Ano
50
DIREITO PROCESSUAL CIVIL I 2º.ANO

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O nº 3 por sua vez, afirma que o despacho pré-saneador é facultativo, este pode ser proferido
para convidar as partes a suprir insuficiência ou imprevisões que existam na matéria de facto
exposta nos articulados. Este artigo não é muito utilizado.

Esta fase processual comporta o despacho pré-saneador, a audiência preliminar, o despacho


saneador e a selecção da matéria de facto.

Audiência Preliminar

Havendo ou não despacho pré-saneador, a tramitação da acção declarativa ordinária comporta,


por via de regra, a realização de uma audiência preliminar. Os objectivos estão previstos no 508º
e ss.
Em processo ordinário, em regra haverá lugar a audiência preliminar, a não ser que o juiz
entenda que a causa é tão simples que não é necessária a audiência, ou seja, não é necessária
com base na simplicidade da causa.
Em processo sumário, a regra é que não haverá lugar para audiência preliminar, a não ser que o
juiz entenda que a cláusula é complexa e é necessário, audiência preliminar.
No processo sumaríssimo não há audiência preliminar porque não há fase de saneamento.

Artigo 508º-A nº 1 a) – tentativa de conciliação das partes, procurando a situação de equidade


mais adequada aos termos do litígio (509º). Compete ao juiz ponderar acerca da oportunidade
processual desta tentativa de conciliação. Se entender que a oportunidade se verifica logo no fim
dos articulados, pode, marcar uma audiência preliminar para esse fim. Porém, se a audiência for
marcada apenas para tentar a conciliação das partes, assumir-se-á uma “tentativa de
conciliação”.

Artigo 508-A nº 1 b) – a audiência preliminar pode pôr termo à acção. As excepções dilatórias
referidas nesta alínea, são as que tenham sido formalmente suscitadas pelas partes nos
articulados e aqueles que o juiz possa (e deva) conhecer oficiosamente (495º). A audiência
preliminar implica para as partes preparação, trabalho. Têm que preparar a defesa que
apresentarão perante o juiz. Muitas vezes a audiência preliminar seria para medir qual a parte
que fica mais convencida da decisão dele.

Artigo 508-A nº 1 c) – o juiz tenta reduzir o conjunto de factos ao mínimo possível de acordo
das partes. Isto em relação à primeira parte desta aliena.

Despacho Saneador (510º) tem três partes:

Artigo nº 508-A nº 1 d) – proferir o despacho saneador, o qual deve ser ditado directamente
pelo juiz para a acta da audiência. Trata-se de um despacho oral proferido para os fins previstos
no 510º.

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51
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Artigo 510º nº 1 a) – conhecer as excepções dilatórias e nulidades processuais. O formato de


um despacho saneador normal é um despacho do juiz. As partes têm capacidade judiciária,
personalidade judiciária, legitimidade e o tribunal é competente. Terá irregularidades
insanáveis.
Matéria assente (depende do que está na matéria assente pode concluir que já se ganhou a acção
ou não.... Assim a audiência formal pode já não servir para nada.
1._____________
2._____________
3._____________
Base instrutória
1._____________?
2._____________?
3._____________?

Tem pontos de interrogação, pois não se sabe se são certas.


art.º 508-A nº 2 - a) indicar provas;
b) Indicar a data de audiência final
c) As partes podem requerer a audiência da prova.

Aula nº. 19 – Data: 11.01.2008


Sumário: …

Despacho saneador

Articulados → Saneamento → Audiência Preliminar (508-A)

Pré-saneação (508º)

Audiência Preliminar

Em regra, no processo sumário não há audiência preliminar, no processo ordinário há audiência


preliminar (servia para fazer uma tentativa de conciliação – 509º).

Não havendo audiência preliminar o despacho saneador é feito fora, este é o único elemento
importante na fase de saneamento.
Normalmente, tem 10 dias para instaurá-lo, isto se não houver audiência preliminar. Se houver,
tem 30 dias a contar do fim dos articulados.
O despacho saneador pode acabar com o processo, sendo um despacho saneador sentença. Esta
vai acabar com a notificação do autor ao réu.

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52
DIREITO PROCESSUAL CIVIL I 2º.ANO

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A notificação é feita, ou:

• Na audiência preliminar, porque as partes estão presentes, é-lhes dito directamente (isto
quando há audiência preliminar);
• No caso de não haver audiência preliminar, quando se vai directamente para o despacho
saneador, é por via postal.

Depois começa a correr um prazo de 10 dias para reclamação, para as partes, dizerem se
concordam com o despacho saneador. È feita para o juiz. É de 10 dias porque o artigo 511º nada
diz, por isso aplica-se o prazo geral (153º).

Imaginemos que as duas partes reclamam, depois disso onde se entrega a reclamação? (artº229º)

Artigo 150º - Apresentação ao juiz dos actos processuais

Depois da contestação, é a notificação feita pelas partes e não pela secretaria. A notificação é
feita segundo o artigo 150º. Após isto, decorrem mais 10 dias para a outra parte se pronunciar da
reclamação da parte.
Decorrem sempre pelos menos 20 dias para se decidir a reclamação.
Consequentemente, o juiz vai fazer um despacho de modo a concordar ou não com a
reclamação. Se concordar, vai modificar o despacho saneador (não tem prazo).
Há 15 dias para indicar ao tribunal as provas, a base instrutória que está no despacho (512º).
È possível existir uma fase de saneamento só com um despacho saneador ou pré-saneador, sem
audiência preliminar.
No entanto, já não é possível haver uma fase de saneamento só com audiência preliminar uma
vez que o despacho saneador é obrigatório. Pode haver, sim, uma fase de saneamento apenas
com despacho pré-saneador. O processo sumário é igual ao ordinário.

Quantos articulados tem o processo sumaríssimo? Tem dois, e ambos são obrigatórios.
Quantos articulados tem o processo sumário? Tem três, dois obrigatórios e um facultativo.
O ordinário tem quatro, dois obrigatórios e dois facultativos.

Artigo 3º - Principio do contraditório

Nº 4 – audiência preliminar ou final, resposta em audiência.

Instrução (prova)

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53
DIREITO PROCESSUAL CIVIL I 2º.ANO

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Articulados → Saneamento → Instrução

A fase da instrução só vai servir para demonstrar factos da base instrutória. Os factos são
materiais, isto é, ocorrência da vida real. Têm que demonstrar na peça factos materiais que
demonstram esses requisitos.

Direito Probatório Formal – normas que disciplinam a utilização de meios de prova em juízo,
indicando o modo de requerer as provas, de as produzir e de as valorar. Este direito é regulado
no artigo 513º a 645º do CPC.

Direito Probatório Material – pontos relativos ao ónus da prova, à admissibilidade dos meios
de prova, à força probatória de cada uma delas. Este direito é regulamentado no 341º e ss do
CC.

Regra dos meios de prova:


O ónus de prova cabe a quem alegar os factos. O autor tem de provar os factos de direito que
alega. O réu tem que provar os factos extintivos do direito do autor, não tem que provar nada,
tem ainda de fazer a contra prova.

516º do CPC – a dúvida significa que não se fez prova. Gerando a dúvida não há certeza.
513º CPC – objecto da prova – a prova incide sobre as questões de facto integradas na base
instrutória. Tais questões correspondem aos factos articulados pelas partes, que sejam relevantes
para o desfecho da lide e estejam em controvérsia.

É sobre estes pontos de facto invertidos que versará a actividade instrutória, sendo justamente
sobre eles que se pronunciará o tribunal (653 nº 2).

A base instrutória é estruturada a partir das alegações feitas pelas partes nos seus articulados.

Meios de prova:
• Presunções legais (349º a 351º do CC)
• Testemunhal (352º a 396º do CC)
• Reconvenções
• Documental (362º a 387º do CC)
• Prova por confissão (352º a 361º do CC)
• Pericial (388º a 389º do CC)
• Prova por inspecção (390º a 391º do CC)

No que respeita à força vinculativa destes meios de prova, temos o chamado principio da livre
apreciação de prova em tribunal, em que o critério de decisão se é verdadeira ou não, incumbe

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no poder de decisão do juiz, o juiz é que decidirá (tem liberdade de apreciar) e o juiz tem a
liberdade de apreciação de prova.

Particulares de prova documental:

Nos próprios articulados, os documentos devem aprovar aquilo que se alega, juntamente com o
articulado. Se não o fizer nunca mais o posso fazer.
Se se juntou quando não devia ter juntado, a sanção é uma multa (523º), este artigo impõe que
os documentos sejam apresentados com o articulado em que se alegam os factos
correspondentes.
524º - Apresentação em modelo posterior – este artigo apresenta duas situações em que é
admissível a junção de documentos posteriormente.
528º - Documentos em poder da parte contrária.
544º - Impugnação da genuidade de documento – a impugnação deve ser feita no prazo de 10
dias contados da apresentação do documento ou da notificação da junção.

Para haver réplica são necessários três (562º) requisitos:

• Excepção
• Reconvenção
• Acção de simples apreciação negativa (prazo 15 dias)

Se não for uma réplica, mas apenas prova documental por impugnação, o prazo é de 10 dias
(544º).

Como é que pratico qualquer acto no processo sem ser através de articulado? Fazendo um
requerimento – carta a dizer que venho impugnar através dos seguintes fundamentos.....
Sempre que não há peça autónoma, faz-se um requerimento comprovatório.

Imaginemos que B impugna os documentos que A juntou na PI, mas não há mais articulados
depois da contestação, por isso aplica-se o nº 1 do 544º, ele tem 10 dias. Como é que ele vai
impugnar o que B disse se não há mais articulados? Faz um requerimento carta. Assim A pode
impugnar os documentos que B juntou à contestação.

Sempre que há articulados seguintes, faz-se através de um requerimento.

Principio da oficiosidade – O tribunal na maior parte da prova tem o poder de oficiar as


provas. Ex: queria pedir uma prova pericial mas já passou o prazo. Posso pedir ao tribunal para
o fazer e este oficiosamente pode faze-lo.

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Aula nº. 20 – Data: 15.01.2008


Sumário: …

Princípio da cooperação (519º) – consiste em cooperar, para descobrir a verdade, respondendo


ao que lhe foi solicitado, submete-se às inspecções, facultando o que for requisitado e
praticando os actos que forem determinados. A recusam da colaboração é sancionada (519º nº
2).

Artigo 519º nº 2
1 – Multa
2 - Utilização de meios correctivos????
3 – Inversão do ónus da prova
4 – Liberdade do tribunal apreciar a recusa

2 – Significa que o tribunal pode obriga-lo a fazer o teste, ex. teste de ADN

Produção da antecipação de prova: a prova documental é a única obrigatória

Articulados → Saneamento → 512º → Instrução



Documental

Pode haver necessidade de antecipar a prova, dando-se o nome de produção antecipada da prova
(521º)

Podemos começar um processo com a produção antecipada da prova, avançada para a escolha
de factos, tendo a prova destes já feita. Os factos que vou alegar na acção já se encontram
produzidos.

Prova por depoimento das partes (552º)

As partes, em processo civil não falam, isto é, não têm que ir a tribunal, estar presente nos
julgamentos.
O depoimento das partes constitui uma excepção à regra de processo civil. Acontece não porque
a parte quer falar, mas sim porque a outra parte quer chamá-la. Por outras palavras, quando A
tem factos para provar e chama R para ouvir esses factos e comprava-os como sendo
verdadeiros.
Ex. A celebrou com B um contrato de prestação de serviços, A prestou-lhe serviços mas B não
pagou. A interpôs acção contra B mas este contestou porque não prestou serviços. A chama o R
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para este provar, com o objectivo de o réu confessar a produção desses factos. Não podemos
pedir depoimento de prova de factos alegados pela outra parte.

Inconvenientes:
Se as partes não forem ingénuas e honestas vão para lá mentir.

O depoimento pode ser requerido ou oficiosamente determinado (522º)


Artigos 553º nº3, 556º nº 3 a), 253º, 559º e 357º nº 2 CC

O interrogatório feito pelo juiz incidirá sobre os factos que constituem o objecto de depoimento
(560º)

Prova pericial:

Tem por fim a percepção ou apreciação de factos por meio de perito, quando sejam necessários
conhecimentos especiais que o julgador não possua (ex. engenheiros técnicos).
O tribunal no caso de uma matéria de engenharia, pede o parecer/opinião a peritos, neste caso,
os engenheiros técnicos (568 nº 1).

A perícia pode ser:

• Individual – quando é efectuada por um perito


• Colegial – quando é efectuado por três peritos (um de uma parte, outro da outra parte e
um do tribunal) – 569º nº 1. Traduz-se na elaboração de um relatório. Os peritos devem
responder a um determinado conjunto de perguntas, quando estão a fazer um
questionário pericial. A prova pericial é uma percepção técnica de factos, não visa
apurar se os factos são verdadeiros ou não.

Prova por inspecção (390º CC)

Tem por fim a percepção directa de factos pelo tribunal da causa. O tribunal tem a possibilidade
de inspeccionar coisas ou pessoas. (art.º 612º, 613º e 615º)

Prova testemunhal (616º)

Pretende-se que o depoente revele ou exponha as suas percepções sobre os factos controvertidos
ou carecidos de prova. Podem depor como testemunhas todas as pessoas previstas no 616º nº 1.

632º, 633º e 645º - as testemunhas apenas podem falar sobre os factos que lhe são invocados. A
lei prevê dois tipos de incidentes no âmbito de prova documental.

• Contradita (640º) – acontece quando eu digo à testemunha, que o seu depoimento não
tem admissibilidade. È o solicitador ou o advogado que contradiz a testemunha.
• Acareação – é normalmente improdutiva. Consiste em confrontar testemunhas com
depoimentos diferentes (642º)
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Esta pode ocorrer tanto a propósito de depoimentos testemunhais, como destes e do depoimento
da parte.
Exige que se crie em diálogo, debate entre as partes envolvidas. Mas, em Portugal, a Acareação
é um pouco maltratada na medida em que o tribunal não permite que haja uma fonte diálogo,
uma pressão. As testemunhas não envolvem o seu depoimento. Então, a Acareação não é levado
nenhum. Quando é o juiz a conduzir a Acareação, não há progressos. Ser os mandatários das
partes a conduzir seria mais útil. De outra forma, a Acareação é muito cordial e inútil.

Outros meios de prova:


• Fotografias ajudam a fazer prova. “uma imagem vale mais que mil
palavras”, é o que acontece ao expor uma situação ao juiz, ele imagina um
cenário à sua maneira. Mas muitas vezes não é bem aquilo, aquela
imagem.
• Imagem
• Vídeo

Aula nº. 21 – Data: 18.01.2008


Sumário: …

Audiência Final

I – Prova
II – Discussão sobre a matéria de facto – alegações de advogados e solicitadores
III - Decisão sobre a matéria de facto – resposta aos quesitos (perguntas que estão abertas desde
a fase instrutória)
IV – Discussão sobre a matéria de direito – aspecto jurídico da causa (os advogados fornecem
ao tribunal um projecto de sentença)
V – Sentença – resolve o litígio que lhe foi apresentado pelas partes

Artigo 646º e SS

A secretaria fixa a data e hora da audiência através de um Despacho, a partir da


notificação deste começa a correr um prazo de 10 dias da taxa de justiça subsequente (13º
e 14º - custas judiciais) quem não pagar não pode fazer prova. A taxa não está escrita no
despacho.
No dia aprovado, as partes têm de ir a tribunal só se for requerido no Despacho que vão
ser alvo de depoimento de parte, caso contrário basta apenas o advogado, estão também
presentes as testemunhas e os peritos, quando necessários.
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Motivos de adiamento:
• Impedimento do tribunal (ex. não há salas)
• O mandatário falta
• A falta de uma única testemunha em que a parte não prescinda dela
• Junção de documentos (que depois pode decorrer um prazo para a outra parte os
analisar).

Após a chamada, as partes tentam conciliação, se esta for conseguida as partes ditam o acordo
para a acta e o juiz homologa o acordo.
Se não houver acordo, vai tudo para a sala e os mandatários têm de vestir a toga, o juiz usa a
peca e o funcionário judicial uma capa.

Em regra, os julgamentos são feitos por um juiz singular, a não ser que as partes, por acordo
requeiram a intervenção dos tribunais colectivos (3 juízes – 1 presidente e dois juízes ala). A
gravação da audiência faz suprimir o tribunal colectivo.
A ordem das actas que decorrem da audiência está expressa no nº 652º nº 1, 2 e 3.
Feita a prova, o juiz dá a palavra a um dos mandatários para alegar. O objectivo final das
alegações é criar linhas de convicção.
Depois das alegações, o juiz fixa um prazo para atribuir as “respostas aos quesitos”, pode ser
marcada uma nova sentença ou então estas ficam disponíveis na secretaria. Este passo é muito
importante, pois uma grande parte das decisões já foi tomada, por isso é bom para os
mandatários já prepararem os clientes.
Após a resposta, há prazo para discussão dos aspectos jurídicos da causa, raras vezes isto
acontece, pois o juiz muitas vezes nem lê.

A sentença (658 e ss) é o passo final e conclusivo do processo, pode ser lida ou então redigida
e notificada às partes pelo correio, o juiz tem 30 dias a contar do momento em que o processo
lhe é entregue pela secretaria.

Esta divide-se em três partes:


 I Parte – Relatório – descrição dos elementos gerais da acção desde o inicio
 II parte – Fundamentação – definição dos factos (matéria assente encontrada na fase de
saneamento mais a matéria de factos provados) e as opções feitas em termos de
aplicação do direito fundamentado.
 III parte – Decisão – o juiz responde concretamente aos pedidos que lhe foram feitos ao
longo do processo, define o regime de custas e notifica as partes.

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Nas acções que não admitem recurso esta decisão é


inabalável, por isso é necessário mostrar todos os
“trunfos” no início.

Perante uma sentença que me é desfavorável e não posso fazer recurso, passo por exemplo, a
requerer a nulidade da sentença (regime ingrato) – artigo 666º e ss.

Artigo 666 e ss:


• Rectificação de erros materiais (667º)
• Nulidade da sentença (668)
• Esclarecimento de alguma ambiguidade ou obscuridade (669º)
• Reforma quanto a custas ou multas (669º)
• Lapso do juiz que o proferiu (669º nº 2 a)).

Estas são feitas para o próprio juiz que proferiu a sentença.

Matéria para exame:


Tudo o que está no livro e ainda a injunção (DL 269/98 de 01 de Setembro)

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