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MÓDULO 2

PRODUÇÃO DE TEXTOS JORNALÍSTICOS

Claudia de Souza Teixeira (UNIG, CBNB e UFRJ)

O jornal oferece aos alunos a possibilidade


de entrar em contato com diferentes gêneros de textos. Dada a sua diversidade textual, ele pode ser utilizado c
omo recurso didático em todos os níveis escolares, inclusive na
alfabetização, emque manchetes e pequenos textos, como os anúncios e classificados, ajudarão
os alunos não só a desenvolver a escrita e
a leitura, mas também a compreender a importância social da escrita.

Desde o Ensino Fundamental, é possível colocar em prática projetos que visem


à produção de um "jornalzinho" escolar com temas de interesse dos alunos e fatos relacionados à comunidade.
Poderiam, então, ser produzidas pelos alunos"colunas" como as de notícias, anúncios, recados,
quadrinhos, curiosidades, etc. A periodicidade das edições e a forma de apresentação dependerá
de fatores como as condições oferecidas pela escola e a disponibilidade de professores e alunos.
Omais importante, no entanto,
é que estes estejam conscientes da importância desses projetos para o desenvolvimento social, intelectual,
cultural, lingüístico dos educandos.

Para que os alunos possam escrever textos jornalísticos de melhor qualidade,


é necessário, porém, que os professores promovam atividades sistemáticas de produção textual em que se
associem teoria e prática. Poderão, por exemplo, serrealizadas atividades com notícias e editoriais, como se
verá adiante.

a) Atividades com notícias

As atividades com notícias poderão ser realizadas no Ensino Fundamental. Para isso,
os alunos deverão apenas estar minimamente habilitados a reconhecer e produzir narrativas. A partir daí,
o professor deverá, primeiramente, analisarnotícias,
evidenciando suas características, inclusive em termos de linguagem.
Os alunos deverão saber que uma notícia deve dar respostas a 6 perguntas: Quem?
O quê? Quando? Onde? Por quê? Como?[1]

Segue um exemplo de análise:

Estado começa a equipar salas de cinemas de R$1


Onze municípios serão beneficiados até o fim do ano

O governo do estado iniciou


a distribuição dos equipamentos para as salas populares de cinemas que serão criados em município
s do interior, com ingresso a um real. Até o fim deste ano, devem ser instaladas 11 salas.

As primeiras cidades beneficiadas são Mesquita, Belford Roxo, São João de Meriti e
Japeri. Já os municípios de Engenheiro Paulo de Frontin, Mangaratiba, Carapebus, Santo Antônio de
Pádua, Itaboraí, Duas Barras e Mendes serãoatendidos até o fim do ano.

As prefeituras oferecem os espaços e recuperam as instalações e o governo do estado fornece


os equipamentos necessários para o funcionamento das salas, como projetor, DVD
player, videocassete, uniforme, caixas acústicas, tela deprojeção e cortinas.

Em 2003, a Secretaria Estadual de Cultura realizou uma pesquisa e detectou que, dos
92 municípios fluminenses, 62 deles (67% do total) não tinham uma sala de cinema. (O Globo. 12/06/2004)

Quem? Governo do estado do Rio de Janeiro

O quê? Iniciou a distribuição de equipamentos para as salas populares de cinema com ingresso a um real.

Quando? A partir de junho de 2004 até o final do ano.


Onde? Em 11 cidades do interior e da Baixada Fluminense.

Como? As prefeituras oferecem os espaços e recuperam as instalações e o governo do estado fornece


os equipamentos necessários para o funcionamento das salas.

Por quê? Em 2003, a Secretaria Estadual de Cultura realizou uma pesquisa e detectou que, dos
92 municípios fluminenses, 62 deles (67% do total) não tinham uma sala de cinema.

O professor poderá, ainda, promover uma discussão com os alunos sobre o conteúdo da notícia: import
ância da medida do governo, conseqüências dela, interesses políticos, etc.

Depois do trabalho conjunto de análise de algumas notícias, poderão ser realizadas


as seguintes atividades:

a) pedir que os alunos recortem notícias de jornal e respondam as


6 perguntas e/ ou redijam comentários sobre os fatos narrados;

b) o professor fornece respostas para as 6 perguntas e pede que os alunos escrevam notícias;

c) o professor pede aos alunos que façam pesquisas (de campo, em jornais e revistas, através de entrevistas,
etc.) e depois redijam notícias baseadas nos dados colhidos.

É importante que, de alguma forma, os textos dos alunos sejam divulgados.


Poderão ser lidos para a turma ou afixados em murais, por exemplo.

Uma proposta interessante, realizada com alunos da 6ª série, foi


a produção de notícias a partir do livro "extraclasse". Os alunos haviam lido Romeu e Julieta (adaptação) e
foram levados a produzir a notícia do casamento daspersonagens[2]. Um dos textos produzidos por duas
alunas, apresentado abaixo, apesar de simples, demonstra que elas compreenderam as características básicas
da notícia:

O casamento proibido

Romeu Montecchio e Julieta Capuleto se casaram, ontem, às escondidas.

O casamento ocorreu à meia-noite, na cela de Frei Lourenço, em Verona. Os dois se casaram


às escondidas, pois seus pais jamais aceitariam essa união.

Talvez, com essa união, volte a haver paz na cidade de Verona, e entre essas famílias inimigas. (Verona,
12/07/1600)

É importante destacar, por fim, que devido ao fato de


os alunos estarem mais acostumados com narrativas literárias,
de início, eles poderão ter dificuldades em escrever um texto mais direto como o da notícia.

b) Atividades com editoriais

No final do Ensino Fundamental e no Ensino Médio,


o professor poderá utilizar editoriais para desenvolver a habilidade dos alunos em produzir textos dissertativo-
argumentativos. Para isso, os alunos precisarão apenas conhecer ascaracterísticas desse tipo de texto e
a diferença entre fato e opinião.

O trabalho deverá partir da análise de alguns editoriais, em que o professor esclarecerá


os alunos sobre algumas questões como o tipo de linguagem utilizada e as técnicas de argumentação.

Deve-se ter o cuidado de não repetir conceitos tradicionais,


encontrados em manuais de redação, que não correspondem à realidade. No editorial atualmente, embora se
obedeça à norma culta, em termos de vocabulário, dependendo dojornal,
podem ser encontrados termos coloquiais; termos estes que costumam ser "proibidos" nos textos dissertativos.
Por ser um texto opinativo, os critérios de impessoalidade e
de objetividade jornalística não podem ser seguidos à risca. Alémdisso, diferentemente do que se ensina,
a tese nem sempre aparece
no início do texto. Primeiramente podem vir os fatos e depois os comentários e opiniões.
Estas nem sempre são polêmicas, pois tendem a refletir os pontos de vista dos leitores.Como se
pode observar, através da leitura de editoriais,
o professor poderá também discutir com seus alunos questões relativas à linguagem jornalística e
às formas de argumentação.

Uma proposta interessante é a produção de editoriais a partir de notícias ou reportagens.


O professor deverá primeiro mostrar um exemplos como o que será apresentado abaixo:

Candidaturas são impugnadas depois de teste de alfabetização

da Agência Folha, em Bauru

O juiz eleitoral de Itapetininga Jairo Sampaio Incane Filho, 38, impugnou 20 dos
80 candidatos a prefeito e vereador das cidades de Itapetininga, Sarapuí e Alambari, na região de
Sorocaba (87 km a oeste de São Paulo).

A impugnação foi motivada pelo fato de os candidatos terem sido reprovados em um teste de
alfabetização realizado pelo juiz, no Fórum de Itapetininga.

Incane Filho disse que fez o texto com base na exigência contida na Lei Complementar nº 64/90,
de 1992, do TRE (Tribunal Regional Eleitoral), que proíbe analfabetos de
serem candidatos a cargos eletivos.

O juiz afirmou que convocou os 80 candidatos que disseram ter 1º grau incompleto e
mostraram dificuldades no preenchimento dos documentos para o registro de suas candidaturas.

Os testes com os candidatos foram feitos individualmente. Seus nomes são mantidos em sigilo.
''Pedi a todos que lessem e interpretassem um texto de um jornal infantil. Em seguida,
pedi que cada um redigisse um texto, expondosua lógica'', disse.

Segundo Incane Filho, erros gramaticais não foram levados em conta. ''Apenas observei se
o candidato tem condições de entender um texto, pois uma vez eleito, ele vai ter de trabalhar com l
eis e documentos.''

A assessoria de imprensa do TRE informou que o tribunal transmitiu uma recomendação aos
juízes para que ''em caso de dúvida'', façam ''um teste de alfabetização'' nos candidatos.
(Folha de São Paulo. 19/07/96)

ANALFABETOS

O juiz eleitoral de Itapetininga impugnou 20 de


80 candidatos a prefeito ou vereador das cidades de Itapetininga, Sarapuí e Alambari
(interior de São Paulo e relativamente próximas
à capital) pela simples razão de que nãoconseguiram ler e entender corretamente um texto publicad
o em jornal infantil. E isso no Estado mais rico da União,
o que leva a imaginar o que deve ocorrer nas imensas regiões menos desenvolvidas do país.

Isso significa que 25% dos candidatos testados foram


considerados analfabetos. Erros gramaticais não foram levados em conta, apenas a capacidade de c
ompreensão de um texto simples escrito.

Parece mais do que óbvio que, sem negar a conquista democrática que representou
o direito de voto para o analfabeto, para exercer funções executivas ou legislativas
é necessário pelo menos poder ler e compreender um texto. Deoutra forma, quem exercerá
o poder de fato será um assessor sem nenhum mandato eletivo, ou seja, ferindo
o princípio da delegação popular do poder.

Infelizmente, o Brasil está ainda muito longe de atingir os níveis minimamente desejáveis de
erradicação do analfabetismo. Em que pese o sucesso de alguns poucos projetos isolados,
o número de brasileiros que não sabem ler – eisso segundo os pouco rígidos critérios do IBGE –
é pouco inferior a 25%, ou seja, quase um quarto da população do país.
Como indicam diversos estudos dos mais variados organismos multilaterais,
o investimento em educação é acima de tudo um investimento na melhoria
das condições de vida do país, seja em termos de
produtividade como em termosde desenvolvimento humano.

O fato de até as pessoas que almejam cargos eletivos como prefeito ou vereador serem incapazes de compr
eender o que está escrito num jornal infantil mostra o quanto o Brasil ainda tem
a fazer no campo da educação básica. Revela também o quão imatura ainda é a jovem democracia brasileira.
(Folha de São Paulo. 22/07/96)

Depois, trará uma notícia ou reportagem e, após um debate, proporá


aos alunos que produzam um editorial baseado nela. Num outro momento, pedirá aos alunos para retirarem
do jornal notícias ou reportagens e, a partir delas, escreveremeditoriais.
As atividades poderão ser feitas individualmente ou em dupla. É importante que os trabalhos sejam mostrados
à turma, como por exemplo, através de murais.

Além de melhorar a qualidade dos textos em termos formais,


o trabalho com editoriais associados a notícias e reportagens acarretará
o aumento do conhecimento de mundo dos alunos; o que se refletirá na maior informatividade de seustextos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CEREJA, W.R. e MAGALHÃES, T.C. Texto e interação:


uma proposta de produção textual a partir de gêneros e projetos. São Paulo: Atual, 2000.

CHIAPPINI, L. e CITELLI, A. (coord.). Aprender e ensinar com textos não escolares. São Paulo: Cortez, 1997.

FARIA, M.A. O jornal na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2000.

SANTOS, M.L. A expressão livre no aprendizado da língua portuguesa. São Paulo: Scipione, 1993.

[1] Pode-se partir de pequenas notícias para outras mais longas, em que os alunos aprenderiam, por exemplo,
o que é um lide.

[2] Poderá também ser sugerido como tema a morte do casal, por exemplo.

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