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; PIRIS,
E.L.; FERRAZ, F.S.M.; GONÇALVES SEGUNDO, P.R. (Orgs.). Análises do Discurso: o diálogo entre as várias tendências na USP. São
Paulo: Paulistana Editora, 2009. ISBN 978-85-99829-38-7. Disponível em: http://www.epedusp.org
Resumo: Os estudos acerca da relação entre a língua e os contextos sociais mais amplos constituem, há
muito tempo, investigações caras à Linguística e fazem dessa ciência uma arena produtiva de pesquisas
que, por meio de vários paradigmas, ajudaram a repensar as teorias sobre o lugar da linguagem no
estabelecimento das representações sociais. Em se tratando da representação de identidades sociais
historicamente discriminadas, as pesquisas linguísticas contemporâneas têm oferecido um cabedal teórico-
metodológico bastante eficaz para descrever e interpretar seus fenômenos: o conjunto de trabalhos
agrupados pelo rótulo de Análise Crítica do Discurso. Em nossa pesquisa inserimo-nos nessa seara com o
intuito que revelar algumas formas da linguagem expor a imagem social de um grupo que, nos últimos
anos, tem sido focalizado e comentado nos mais diversos campos do conhecimento e da sociedade: LGBT
(lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros). A partir da esteira teórica preconizada por Theo van Leeuwen
(1997; 2008) e Norman Fairclough (1989; 2001; 2003), apresentaremos algumas formas do funcionamento
linguístico-discursivo que constrói a representação da homossexualidade em notícias impressas publicadas
no jornal Diário de Pernambuco, sediado na cidade onde há o segundo maior índice de violência por
homofobia no Brasil – Recife. Abordaremos um grupo de categorias linguísticas que, por supressão e
encobrimento, realizam a exclusão sociodiscursiva, e paralelamente social, de LGBT. Nosso objetivo maior é
contribuir para a revelação de como essas categorias funcionam estrategicamente na representação
excludente de indivíduos historicamente alijados dos seus direitos sociais.
1. Introdução
Em nosso cotidiano, desenvolvemos, por meio da linguagem, diversas estratégias de inclusão e
exclusão do outro. A Linguística, nas últimas décadas, tem posto essa discussão em sua agenda e revisado
algumas de suas teses sobre o assunto, com a intenção de repensar seus objetivos e destacar o papel da
linguagem na formação, manutenção e transformação da história, do comportamento e das relações
humanas. Em virtude disso, este artigo consiste num exemplo de como construções discursivas da exclusão
funcionam em textos do domínio público, apresentando-se como estratégias na representação da
homossexualidade em notícias do jornal Diário de Pernambuco (DP) sobre ações de auto-afirmação
organizadas pela militância de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros (LGBT) contra a homofobia e
1
Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Filologia e Língua Portuguesa (FFLCH-USP), sob a orientação da Profª Drª Maria
Lúcia da Cunha Victório de Oliveira Andrade. E-mail: iranmelo@hotmail.com.
publicadas do ano de 1999 a 2006 em Recife – capital onde, atualmente, há o segundo maior índice de
violência contra homossexuais no Brasil.
Adotamos como escopo teórico-metodológico os postulados da Análise Crítica do Discurso,
notadamente aqueles amparados na Teoria Social do Discurso desenvolvida por Norman Fairclough (1989;
2001; 2003) e na Teoria da Representação dos Atores Sociais proposta por Theo van Leeuwen (1997; 2008).
Seguindo tais esteiras teóricas, buscamos compreender como se realizam alguns mecanismos linguísticos
que, de acordo com os autores supracitados, constituem a imagem social de indivíduos e de grupos.
2. A representação de LBGT
De acordo com João Silvério Trevisan (2004), os homossexuais2 têm uma capacidade inigualável para
a subversão das convenções de poder que os controlam. Nela, segundo o autor, inscrevem-se: o deboche; a
ironia; o riso; o descaso pelo padrão de sexo (como o travestismo); o uso diferenciado da linguagem; e a
subversão coletiva, como a formação dos guetos e das mobilizações sociais a favor da homossexualidade.
Tudo isso deu força e disseminou os movimentos de afirmação LGBT em todo o mundo.
Esses movimentos surgiram com pouca visibilidade na Europa do século XIX. Já no Brasil a sua
história de representação é muito recente. Apenas nas últimas quatro décadas, a militância LGBT brasileira
veio apresentando fortes ações que se assemelham às mobilizações de vários grupos considerados
excluídos na sociedade. Sobre essa questão, Trevisan (2004) e Green e Polito (2004) afirmam que, embora
a homossexualidade tenha sido (e ainda seja) alvo de grande parte dos mecanismos de exclusão social
usados historicamente e que tenha amargado, por séculos, um estatuto de estigma e preconceito, sendo
identificada como uma orientação anormal quando comparada à heterossexualidade, a partir da década de
1990, os homossexuais vêm, cada vez mais, popularizando-se na mídia e na sociedade em geral.
Conforme esses autores, o mundo assiste, hoje, a um grande movimento de visibilidade de LGBT,
através, principalmente, de políticas públicas empreendidas em vários países, como a concessão de cirurgia
para troca de sexo e a adoção de crianças por famílias homoparentais. Para eles, devido à crescente luta a
favor da liberdade de orientação sexual empreendida por vários homossexuais em todo mundo, lésbicas,
gays, bissexuais e transgêneros têm alcançado grande destaque social nas últimas décadas.
Outros indícios de que a representação social dos homossexuais vem se ampliando são as diversas
leis promulgadas, nos últimos anos, em vários Estados brasileiros, contra o preconceito e a discriminação
de orientação sexual, além do aparecimento paulatino de LGBT na imprensa, que costumeiramente é
responsável por veicular notícias sobre as diversas ações auto-afirmativas que esse grupo vem
2
O termo “homossexual” será usado, neste artigo, para denominar tanto os homens quanto as mulheres de inclinação afetivo-
sexual pelo mesmo sexo. E, para designar as categorias de orientação sexual que militam por direitos de expressarem sua
sexualidade, usaremos a sigla LGBT.
empreendendo. Tal visibilidade e seu funcionamento nos meios de comunicação de massa desperta o
interesse de diversos pesquisadores filiados às Ciências Sociais e à Psicologia Social, áreas de conhecimento
que relacionam, eminentemente, seu objeto de estudo à história, ao comportamento e às relações
humanas e que, diante desses exemplos da luta e visibilidade da homossexualidade no Brasil, podem
entender que o lugar social desse grupo tem sido, cada vez mais, definido por ações autônomas dos
próprios homossexuais em diversos domínios da sociedade.
Em contraposição a esses argumentos, nossas expectativas com a pesquisa que inicialmente
empreendemos a partir deste artigo busca descrever se, do ponto de vista discursivo, a representação
social de LGBT revela essa visibilidade como uma práxis real de inclusão na nossa sociedade, pois não
estamos convencidos de que a popularização descrita por Trevisan (2004) e Green e Polito (2004)
oportuniza, de fato, uma abertura para a inserção social dos homossexuais. Isto é, não acreditamos que a
visibilidade apresentada pelos autores constitua uma força motriz para a livre aceitação social dos desejos
homoafetivos e, consequentemente, da autonomia de LGBT em suas decisões políticas na luta contra a
homofobia.
Em virtude disso, compreendemos ser importante verificarmos de que forma toda essa visibilidade
vem se realizando por meio de práticas linguístico-discursivas que engendram a representação dessa
orientação sexual no domínio jornalístico. Afinal, em que medida a denominada visibilidade dos
homossexuais corresponde à inclusão social desse grupo historicamente desprestigiado?
Hoje é o dia Internacional do Orgulho de Gays e Lésbicas. Para comemorar a data, o Grupo
Articulação e Movimento Homossexual do Recife realiza encontro na sede do Sindicato
dos Servidores Públicos Federais, na rua Fernandes Vieira, nº 67, às 8h30. O tema em
discussão será Sexualidade versus Violência entre Mulheres Lésbicas. Pela manhã, a
jornalista Wilma Lessa, da Rede de Entidades pelos Direitos Humanos, fará palestra sobre
o plano de direitos humanos. Em seguida, a antropóloga Huda Stadler dirige uma oficina
sobre a violência entre esse grupo.
No fim da década de 1990, Recife ainda não era uma cidade onde ocorriam grandes eventos
organizados por homossexuais e destinados a eles mesmos. Em virtude disso, os jornais dessa região
raramente publicavam notícias cujo foco fossem LGBT. Nessa época, esses indivíduos tinham acesso
restrito ao espaço jornalístico, aparecendo apenas no carnaval – quando ocorriam alguns bailes
frequentados por vários travestis – e em meio a notícias policiais, caso houvesse assassinato de algum
deles. Desse modo, o texto acima parece destoar do que era comum se ler na época.
Considerando todo esse contexto histórico e político, podemos ressaltar um aspecto sobre a forma
como essa notícia foi escrita. Nela, há apenas o uso de três ações: o ato de o Grupo realizar o encontro e as
ações praticadas pelas convidadas para esse evento – a jornalista e a antropóloga – que, respectivamente,
“fará uma palestra” e “dirigirá uma oficina”. Portanto, exceto na primeira linha, em mais nenhum momento
aparecem representantes do Grupo, ou mesmo um indivíduo de identidade homossexual que pratique uma
ação ou tenha visibilidade no texto.
Tais informações seriam suficientes se considerarmos que esse gênero de texto trata-se de uma
nota, isto é, um tipo de notícia breve que, nesse caso, serve apenas para informar o local, horário, tema e
participantes de um encontro. Porém, como entendemos que o usuário da língua é capaz de exercer
escolhas que direcionam a interpretação do interlocutor e que o texto jornalístico é uma oportunidade de
visibilidade dos atores sociais, podemos fazer uma leitura mais crítica da construção discursiva apresentada
nessa notícia.
Se alargarmos nossa interpretação sobre esse texto e o atrelarmos ao contexto histórico em que se
encontrava a situação dos homossexuais na mídia da época, podemos perceber que, nele, a representação
de LGBT recebeu um mérito distinto daquele costumeiramente exposto sobre os homossexuais, uma vez
que estes foram noticiados por suas ações políticas, e não mais em cadernos de entretenimento e policiais.
Porém, a expressão do Grupo é, antes mesmo da metade do texto, deixada sob segundo plano em relação
às ações agenciadas pelas convidadas.
Para Fairclough (2003), quando isso acontece, podemos identificar um processo de baixa
representação e não efetiva inserção social dos atores sociais descritos. Ele afirma que, ao fazermos esse
tipo de análise, não devemos deslocar nossa interpretação de uma conjuntura histórica ampla sobre a
representação da autoria, agência e autonomia dos atores sociais representados. Logo, parece relevante
questionar qual o efeito de sentido que uma notícia como a supracitada causa para a representação de
LGBT.
Um dos estudos que melhor oferece essa percepção sustenta-se nos postulados desenvolvidos pelo
britânico Theo van Leeuwen (1997; 2008), idealizador da teoria crítica sobre a representação dos atores
sociais, cujo objetivo consiste em refletir acerca de quais são os diversos modos por que os atores sociais
podem ser representados linguisticamente. Para esse teórico, em nosso dia-a-dia, sentimos a necessidade
de categorizar pessoas e grupos por vários aspectos que os identificam culturalmente, pois, segundo ele, a
língua nos oferece muitas formas para representarmos o mundo. Essas formas compõem nosso sistema
linguístico e as usamos de acordo com os fatores que circundam nossa relação com aquilo que
representamos.
A partir desse raciocínio, van Leeuwen (1997; 2008) tentou esboçar um inventário sócio-discursivo
dos modos pelos quais os atores sociais podem ser representados e estabeleceu a relevância sociológica e
crítica de algumas categorias linguísticas que enquadrou nesse inventário. Uma delas tem sido motivo de
diversas pesquisas tanto no âmbito dos recentes estudos linguísticos quanto na agenda das investigações
desenvolvidas por cientistas sociais. Trata-se do processo de exclusão.
Como conceito sociológico, a exclusão revela-se de grande importância para os estudos críticos da
linguagem, pois, de acordo com van Leeuwen (1997; 2008), tem sido, por direito, um importante aspecto
para saber como os atores sociais são representados em textos escritos – se excluídos, ou não, e em que
contextos isso ocorre –, pois as “representações incluem ou excluem atores sociais para servir os seus
interesses e propósitos em relação aos leitores a quem se dirigem.” (van Leeuwen, 1997, p. 183).
No estudo sistemático da exclusão sócio-discursiva, esse autor categorizou dois tipos de exclusão: a
supressão e o ato de colocar o ator em segundo plano.
A supressão é uma forma de excluir sem deixar referência dos atores sociais em qualquer parte do
texto. Já no segundo plano, a exclusão é parcial: os atores excluídos podem não ser mencionados em
relação a uma dada atividade, mas são algures no texto.
Van Leeuwen apresenta como tipos de realização textual da supressão:
a) o apagamento do agente da passiva
Exemplo:
A comunidade GLS [...] de Pernambuco comemorou ontem, pela primeira vez no Estado, o
Dia Internacional do Orgulho Gay [...]. A celebração da data originou-se nos Estados
Unidos há 30 anos e hoje é festejada em mais de 140 países, inclusive no Brasil. (DP –
28/06/99)
Nesse tipo, como mostra o exemplo, há a utilização de um processo na voz passiva sem a explicitação
de um agente (quem festeja?). Essa categoria, conforme van Leeuwen, é um dos recursos canônicos de
apagamento, ou supressão textual, de um ator social no texto;
Com esse tipo de supressão, qual expõe o excerto, o verbo (conscientizar e tentar) funciona como
participante gramatical, ou seja, atua no papel de sujeito/ator social da ação, não sendo, portanto
explicitado quem exerce a atividade;
Conforme prometido, dez mil preservativos e 10 mil frascos de gel lubrificante foram
distribuídos ao longo do percurso. (DP – 28/07/03)
Com o apagamento do beneficiário, não é possível sabermos que ator social foi contemplado por
uma ação, como mostra o exemplo acima (para quem foram distribuídos os preservativos e os frascos de
gel?)3;
d) a nominalização de um processo
Exemplo:
O evento – que está em seu segundo ano – terá como lema Preconceito agride, eu não!. A
intenção é levar cerca de 20 mil pessoas as ruas centrais da cidade, para marcar a
passagem do Dia do Orgulho Gay, comemorado no próximo domingo. (DP – 27/06/03)
3
Esse exemplo também aponta um caso de agente da passiva ocultado.
A nominalização é o processo de transformar uma palavra que não tem função substantiva em
substantivo, ou seja, como mostra o exemplo: quem intenciosa? Ou, de quem é a intenção? A ação de ter
intenção ou intencionar, objetivar, é transformada em nome.
e) a adjetivação subjetiva
Exemplo:
Com o tema: “Direitos Iguais: Nem mais nem menos”, a IV Parada da Diversidade,
organizada por dez entidades integrantes do fórum GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e
Transgêneros), promete levar hoje à tarde, para as ruas do Recife, cerca de 25 mil pessoas
defendendo o lema “União Civil: Diga sim!”. O objetivo é dar um caráter político ao ato, de
forma a defender os mesmos direitos entre heterossexuais, lésbicas, homossexuais e
transgêneros, pelo fim da discriminação e a livre orientação sexual. O evento,
tradicionalmente festivo, contará com a presença de dez trios elétricos, apresentações de
DJs, grupos de afoxé, teatro, maracatu, além da irreverência das drags queens e go go
boys. Para uma das organizadoras da Parada, Irene Freire, o intento é chamar a atenção
das autoridades e da sociedade para a causa. (DP – 02/09/05)
(02)
A partir das 15h de hoje, as principais ruas do centro do Recife serão tomadas pela 5ª
Parada da Diversidade de Pernambuco, a chamada Parada Gay. Motivado pelas
estatísticas alarmantes sobre homicídios envolvendo gays, lésbicas e travestis, este ano foi
concedido com a temática Violência contra Homossexuais: todo mundo tem a ver com
isso. No Brasil, a cada três dias uma pessoa é vítima de crime com motivação homofóbica.
(DP – 01/09/06)
No excerto (01), em alguns momentos, os termos relacionados aos homossexuais são suprimidos
para dar lugar a nomes que indicam suas ações, como em:
“Para uma das organizadoras da Parada, Irene Freire, o intento é chamar a atenção das
autoridades e da sociedade para a causa”.
Ao usar os termos “objetivo” e “intento”, o jornalista transforma em nome aquilo que poderia ser
representado como ação, que apresenta um ator e um agente explícito (alguém objetiva e intenta). Como
essas, muitas práticas de encobrimento e supressão são feitas nos textos aos quais tivemos acesso, e em
diversos deles foi possível encontrar os mecanismos preconizado por van Leeuwen. Como são os casos dos
excertos: (02), onde o verbo “colocar” não possui agente, caracterizando um exemplo de forma infinitiva
sem participante gramatical; e (03), que apresenta dois verbos em voz passiva (“motivado” e “concedido”)
sem haver agente de sua ação.
Em várias notícias, como as apresentadas acima, atores sociais – representantes do movimento LGBT
– são, mesmo que parcialmente, excluídos de processos discursivos que servem para noticiar suas ações
políticas. A realização das categorias postuladas por van Leeuwen em diversos textos comprova isso.
Essa reflexão nos remete à discussão inicial deste artigo, que aponta para como esse grupo é inserido
nos textos jornalísticos. Do ponto de vista discursivo há ressalvas ao caráter includente da visibilidade que
LGBT possuem na mídia. Percebemos que somente uma estruturada análise de como se organizam as
formas linguísticas de representação social desses indivíduos nos jornais, assim como postulam Fairclough e
van Leeuwen, é capaz de elucidar qual o grau de inclusão social por meio do discurso que a
homossexualidade possui através nesse domínio.
5. Considerações finais
A partir da perspectiva de que as hegemonias são produzidas, contestadas e transformadas através
da linguagem, acreditamos, como defende Fairclough (1989), que um determinado discurso pode passar de
marginal a dominante, desde que saiba engendrar as práticas legitimadas que sustentam as relações de
dominação. Portanto, intentamos que este trabalho tenha se apresentado como uma contribuição ao
modo de olhar os discursos públicos e que nossa teorização tenha apontado algumas características
discursivas de como funciona a exclusão sócio-discursiva.
Nosso objetivo esteve alicerçado no estudo de estratégias discursivas que constroem, por meio da
linguagem verbal, a identidade de um grupo considerado, historicamente, de minoria (os homossexuais),
pois compreendemos que tais estratégias podem, bem como afirma Pedro (1997:35) “recolocar os papéis e
rearranjar as relações sociais entre os participantes; podem, digamos, dar aos atores sociais papéis ativos
e/ou passivos”. Desse modo, este trabalho se define de caráter político dentro de uma perspectiva de
ciência explicitamente comprometida com um papel investigativo das práticas sociais.
Entretanto, sabemos que nosso recorte representa apenas um fragmento de um vasto e diversificado
universo de publicações sobre a relação entre discurso e prática social, contudo, projetamos nossa
proposta na direção de, ao menos, ajudar a refletir sobre a importância de se atrelar a análise linguística
aos estudos dos fenômenos sociais de um modo geral, tendo em vista o propósito de desestabilizar o
senso-comum sobre as práticas discursivas públicas.
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