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Vocês talvez saibam que um plano, de uma brutalidade sem precedentes, acaba de ser imposto a
Portugal pela “Troika” composta pelo Fundo Monetário Internacional, a Comissão Europeia e o
Banco Central Europeu.
Nenhum aspecto da vida e das conquistas dos trabalhadores portugueses escapará a este plano
de destruição. Nós vamos dar-vos as exigências brutais da “Troika” que estão contidas neste
plano:
Aumento dos impostos e das taxas sobre os produtos e serviços de primeira necessidade
— “Reduzir a despesa pública em medicamentos farmacêuticos para 1,25% do PIB, até ao final
de 2012 e para cerca de 1% do PIB até ao final de 2013” (Sistema de Saúde).
— “Em relação aos regimes de saúde dos funcionários públicos, o custo orçamental global dos
sistemas existentes – ADSE, a ADM (Forças Armadas) e SAD (Serviços de Polícia) – será
reduzido em 30% em 2012 e em mais 20% em 2013. Outras reduções a um ritmo semelhante
seguir-se-ão nos anos subsequentes, por forma a serem auto-financiados em 2016. Os custos
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orçamentais desses regimes será reduzido, diminuindo a contribuição patronal e ajustando a
abrangência dos benefícios de saúde” (§ 3.51).
— “Fornecer uma descrição detalhada das medidas destinadas a alcançar uma redução de
200 M€ nos custos operacionais dos hospitais em 2012 (…), incluindo a redução no número de
pessoal de gestão, como resultado da concentração e racionalização dos hospitais estatais e dos
centros de saúde” (§ 3.71).
— “Continuar com a reorganização e racionalização da rede hospitalar por meio da
especialização e concentração de serviços hospitalares e de emergência (…). Estas melhorias
vão proporcionar cortes adicionais nos custos de exploração em pelo menos 5 por cento em
2013” (§ 3.76).
— “O Governo irá promover uma evolução salarial compatível com os objectivos de fomentar a
criação de emprego e melhoria da competitividade das empresas (…). Para esse efeito, o
Governo irá:
1) comprometer-se que, durante o período do programa, qualquer aumento no salário mínimo
terá lugar apenas se justificar pela evolução do mercado económico e laboral e acordadas
no âmbito da revisão do programa;
2) definir critérios claros para serem seguidos para a extensão das convenções colectivas e
obter compromissos quanto a eles. A representatividade das organizações de negociação
(…) deverá figurar entre estes critérios. (…) Para esse efeito, o Governo encarregará a
autoridade estatística nacional de recolher dados sobre a representatividade dos parceiros
sociais” (§ 4.7).
— “O Governo vai apresentar um projecto de Lei, até ao final de 2011, ampliar as condições sob
as quais a renegociação de arrendamento residencial sem termo pode ocorrer, incluindo a
limitação da possibilidade de transmissão do contrato para parentes de primeiro grau; (…)
reduzir, para os senhorios, o período de aviso prévio de rescisão de contratos de arrendamento;
prever um procedimento extrajudicial de despejo por quebra de contrato, visando a redução do
tempo de despejo para três meses” (§ 6.1).»
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Na introdução deste documento é explicado como é que o Governo português estará sob a
vigilância permanente do FMI e das instituições da União Europeia.
Todos os trimestres, o pagamento da “ajuda”, às fatias, será condicionado pelo cumprimento do
Governo. “O pagamento trimestral da ajuda financeira através do Mecanismo Europeu de
Estabilização Financeira (MEEF) será sujeito a revisões trimestrais que condicionarão toda a
aplicação do Programa. A primeira revisão terá lugar no 3º trimestre de 2011. A 12ª e última
revisão terá lugar no 3º trimestre de 2014. O pagamento das tranches da ajuda será função da
observância dos critérios quantitativos de aplicação” (do Programa).
Mais adiante, é indicado que “se as normas fixadas não tiverem sido observadas ou forem
susceptíveis de não ser observadas, serão tomadas medidas suplementares. As autoridades
comprometem-se a consultar a Comissão Europeia, o BCE e o FMI sobre a adopção de políticas
que não sejam compatíveis com o presente Memorando. Elas fornecerão igualmente à Comissão
Europeia, o BCE e o FMI todas as informações solicitadas que estiverem disponíveis para avaliar
os progressos durante a execução do Programa (…). Antes do pagamento de cada tranche de
ajuda, as autoridades deverão apresentar um relatório sobre o cumprimento das condições
fixadas.”
Três dos principais partidos políticos (dois partidos de direita e o Partido Socialista) – que se
apresentam ao sufrágio dos eleitores nas eleições legislativas de 5 de Junho – já aceitaram os
termos deste plano. Outros partidos falam da sua “renegociação”.
Mas sobretudo, é feita pressão sobre as organizações sindicais – e, em particular, sobre a UGT e
a CGTP – para que lhe dêem o seu aval. O Congresso Confederação Europeia dos Sindicatos
(CES), que começa na próxima semana em Atenas, arrisca ser, deste ponto de vista, um
momento importante na tentativa de atar as nossas organizações à aceitação deste plano.
«Ninguém está autorizado a falar em nome do povo português – como o fazem Sócrates,
Passos Coelho ou Paulo Portas – para aceitar este plano de destruição de Portugal, elaborado
pela “Troika” e imposto pelo capital financeiro e pela Banca, com o objectivo de que o Governo, a
sair das eleições de 5 de Junho, o aplique.
Ninguém está autorizado a falar em nome dos trabalhadores, como fazem os partidos que
condenam o plano da “Troika”, mas só propõem como saída a sua “renegociação”.
A CGTP condena o plano da “Troika” e apela a manifestar contra ele. Este posicionamento
pode ser um ponto de apoio para a mobilização que leve à derrota deste plano. Mas, os
trabalhadores esperam uma posição clara: RETIRADA DO PLANO DA “TROIKA”!
O povo português, os trabalhadores portugueses, não vão, nem podem aceitar, estes planos
destruidores que eliminariam Portugal como nação soberana!
Os trabalhadores não vão, nem podem aceitar, que os seus salários sejam reduzidos, que
os despedimentos sejam liberalizados, que os seus direitos sejam espezinhados!
Os aposentados não vão, nem podem aceitar, a redução das suas pensões, não vão aceitar
– depois de dezenas de anos de trabalho – passar o resto da sua vida a ter que mendigar!
Os professores não vão, nem podem aceitar, que dezenas de milhar de entre eles não
tenham emprego, que a Escola conquistada com o 25 de Abril seja desmantelada!
Os jovens não vão, nem podem aceitar, que o seu único futuro seja a imigração ou a
miséria!
Os trabalhadores da Banca não vão, nem podem aceitar, que os dirigentes dos seus bancos
inundem a Comunicação Social com mentiras sobre o tráfico das contas, para tentar camuflar o
desvio que fazem da riqueza produzida pelo trabalho do povo.
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Trabalhadores, jovens, aposentados,
Existe actualmente outra saída realista que não seja exigir a retirada do plano da “Troika”?
Existe actualmente outro meio para conseguir essa retirada que não seja fazer um apelo, a
todos os sectores dos trabalhadores, para que se reúnam em assembleias-gerais para decidir
rejeitar todas as medidas anti-operárias e anti-populares que resultam deste plano?
Existe actualmente outro meio para conseguir a unidade com as nossas organizações
sindicais – em todas as empresas, cidades, locais de trabalho e de estudo – que não seja com
base no compromisso solene de opor-se, por todos os meios democráticos (incluindo a greve) a
todos os despedimentos, à baixa dos salários, a redução das pensões de aposentação, ao fecho
de escolas e de hospitais?
Existe actualmente outro meio para conseguir esse compromisso solene das Direcções
nacionais das nossas organizações, que não seja exigir em conjunto a retirada, pura e simples,
desse plano – primeiro passo para reconquistar a nossa soberania nacional contra os ditames da
“Troika”?
Renacionalização da Banca, sem qualquer indemnização, e colocação do
dinheiro ao serviço do aparelho produtivo, sob o controlo das comissões de
trabalhadores democraticamente eleitas!
Este é o caminho para retomar com a Revolução de Abril de 1974!»
Estas são, em nossa opinião, as questões cruciais com que a classe operária e o povo português
estão actualmente confrontados. E não somente em Portugal. Temos conhecimento de que todas
as nações da Europa estão, actualmente, ameaçadas por planos do mesmo tipo que são
impostos directamente aos governos – que os aceitam – pela “troika” FMI-CE-BCE.
É por isso que queremos informar todos os participantes no Encontro de Genebra – qualquer que
seja o seu continente – que também propusemos aos trabalhadores e militantes de toda a Europa
que se reúnam numa Conferência europeia de urgência, a realizar em Lisboa (capital de Portugal)
nos próximos dias 18 e 19 de Junho.
Porque, como é dito na Carta de convite para esta Conferência: “Não nos venham dizer que
não podemos salvar-nos, que ficaríamos isolados no nosso país. Nós sabemos isso melhor
do que ninguém. É por essa razão que dirigimos este apelo a todos os trabalhadores da Europa.
Os trabalhadores espanhóis sabem que – após a Grécia, a Irlanda e Portugal – são os próximos
da lista. Os trabalhadores franceses e alemães sabem que as exigências dos seus bancos
nacionais, as exigências do capital financeiro, também os ameaçam directamente.
Se o povo português se levantar de novo, terá ao seu lado os trabalhadores e os povos da
Europa para derrubar a ditadura do capital financeiro e dos seus representantes – as
instituições da União Europeia e o FMI – para abrir caminho à União livre das nações
soberanas da Europa, emancipadas da exploração e da opressão.”
Fraternalmente