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INTRODUÇÃO À MINERALOGIA E CRISTALOGRAFIA

Mineral: substância natural, sólida, com uma composição química específica e os


átomos que a constituem possuem uma sistemática ordem atômica tridimensional.
Como todas as substâncias que possuem estrutura atômica ordenada e regular são
chamadas substâncias cristalinas, conclue-se que os minerais são substâncias
cristalinas.
Rochas são agregados de minerais e podem ser consideradas os livros através
dos quais podemos ler a história da Terra e sua dinâmica. Os minerais são as palavras
com as quais o livro é escrito.
As duas características mais importantes dos minerais e que permitem distingui-
los e classificá-los são:

Composição: quais os elementos químicos presentes e qual a sua proporção


Estrutura cristalina: a forma como os átomos dos elementos químicos estão
empacotados.

Vamos, então, estudar essas características separadamente para podermos


entender as diferentes propriedades dos minerais e sua classificação.

1.Química dos minerais

1.1 Revisão sobre elementos químicos e átomos

Elementos químicos são as substâncias mais fundamentais nas quais a matéria


pode ser separada por meios químicos. Cada partícula de um elemento químico é
constituída por grande quantidade de partículas idênticas daquele elemento chamadas
átomos.
Átomos são as menores partículas individuais que guardam todas as propriedades
de um dado elemento. São constituídos por:
Prótons: carga positiva Densas, pequenas que se juntam no núcleo
Neutrons: eletricamente neutros
Elétrons: carga negativa Menores, movem em órbitas ao redor do núcleo
(correspondente prótons)

1O nível de energia
(2 elétrons) prótons

netrons
2O nível de energia
(6 elétrons) elétrons

Figura1: Exemplo do átomo de carbono. Núcleo com 6 prótons e 6 nêutrons. Os 6


elétrons estão distribuidos em 2 níveis de energia que correspondem à órbitas em
torno do núcleo.
1
O número de prótons no núcleo de um átomo é o número atômico (Z) que é
característico de cada elemento. Os elementos são catalogados segundo seu número
atômico, começando pelo hidrogênio H com número atômico = 1.
Os elétrons estão confinados a níveis específicos a determinadas distâncias do
núcleo e cada nível só pode conter um número máximo fixo de elétrons. Assim o nível K
só pode conter 2 elétrons, o nível L, 6; nível M, 18 e N, 32. Quando estes níveis estão
completos são estáveis, caso contrário tenderão a se estabilizar. Nessa tentativa, os
átomos, que possuem o mesmo número de prótons e elétrons e são eletricamente
neutros, poderão perder, receber ou compartilhar elétrons entre si ou com outros
elementos. Nesse caso, são chamados íons. Quando perdem elétrons tornam-se
eletricamente positivos - cátions e quando recebem elétrons tornam-se negativos -
ânions.
Raio iônico expressa a "dimensão" do íon quando este é considerado como sendo
uma esfera rígida. A relação existente entre o raio do cátion e do ânion condiciona a
geometria da estrutura cristalina a ser formada.
Valores de raio iônico de cátions são significativamente menores comparados aos
raios iônicos de ânions, exceto no caso de alguns cátions de metais alcalinos e
alcalinos terrosos → resultado da perda de elétrons da camada eletrônica mais externa
e conseqüente redução do tamanho da nuvem eletrônica.

1.2 Formação de compostos:

Compostos químicos se formam quando um ou mais ânions combinam com um ou


mais cátions numa razão específica, de tal maneira que a soma das cargas positivas
deve ser igual a das cargas negativas. Os compostos estáveis devem, portanto, ser
eletricamente neutros.
Nos compostos químicos ânions e cátions as forças que mantem os ions unidos
podem ser de diferentes naturezas, gerando os diferentes tipos de ligação que tem
grande importância nas características dos minerais. Na realidade, as ligações
químicas entre os minerais apresentam caráter intermediário ou misto entre os vários
tipos.

Ligações iônicas: quando há transferência de elétrons e dois íons, cátions e ânions,


permanecem juntos por atração eletrostática.

Ligações covalentes: quando os elétrons são compartilhados para atingir sua


estabilidade. É a ligação química mais forte.

Ligações metálicas: em metais os eletrons compartilhados não são os da última


camada e os eletrons da camada externa podem se mover de um átomo para outro.
Isto gera a alta condutibilidade térmica e elétrica apresentada pelos metais.

Ligações de Van der Waals: fraca atração eletrostática entre certos íons que já
tranferiram ou compartilham elétrons. É uma ligação muito fraca e que ocorre por
exemplo na grafita e no enxofre.

2
átomos de Carbono

Ligações de Van der


Waals

Figura 2: Estrutura da Grafita

Pontes de Hidrogênio: Ligações eletrostáticas entre um íon H que já participa de uma


ligação e se torna positivamente carregado e íons ou parte de uma molécula
negativamente carregadas. Gelo é um exemplo de ligação entre moléculas. Este tipo de
ligação é particularmente importante em minerais que contem OH (grupos hidroxila),
como os argilominerais, principais constituintes dos solos.

+ +

Figura 3: exemplo de pontes de Hidrogênio entre moléculas de água líquida

1.3 Classificação dos minerais segundo sua composição química:

Os minerais podem ser divididos em classes com base na composição química,


particularmente no ânion ou grupo aniônico dominante:

CLASSE MINERAIS
Elementos Nativos - Au, Ag, Cu e Pt; As e Bi (raros); enxofre,
aproximadamente 20 elementos são diamante e grafita.
encontrados no seu estado nativo.
Sulfetos – inclui uma grande parte de Pirita (FeS2); calcopirita (CuFeS2); bornita
minerais de minério. XmZn, onde X= (Cu2S); covelita (CuS); galena (PbS);
elemento metálico e Z= elemento não arsenopirita (FeAsS); esfalerita (ZnS);

3
metálico. molibdenita (MoS2).
Sulfosais – existem aproximadamente Enargita (Cu3AsS4); tetraedrita (Cu12Sb4S13).
100 espécies.
Óxidos X2O e XO: cuprita – Cu2O.
X2O3: Grupo da hematita → córindon (Al2O3);
hematita (Fe2O3); ilmenita (FeTiO3).
XO2: Grupo do rutilo → rutilo (TiO2); pirolusita
(MnO2); cassiterita (SnO2); uraninita (UO2).
XY2O4: Grupo do espinélio → espinélio
(MgAl2O4); magnetita (Fe3O4); cromita
(FeCr2O4); crisoberilo (BeAl2O4).
Hidróxidos e Haletos brucita [Mg(OH)2]; gibbsita (oxihidróxido de
Al); halita (NaCl); fluorita (CaF2).
Carbonatos Grupo da calcita → calcita (CaCO3); magnesita
(MgCO3); siderita (FeCO3); rodocrosita
(MnCO3); Grupo da aragonita → aragonita
(CaCO3); cerussita (PbCO3); Grupo da
dolomita → dolomita [CaMg(CO3)2]; ankerita
[CaFe(CO3)2]; Carbonatos hidratados →
malaquita [Cu2CO3(OH)2]; azurita
[Cu3(CO3)2(OH)2.
Silicatos Vários subgrupos: quartzo (SiO2), feldspatos,
micas, etc.
Sulfatos barita (BaSO4); gipsita (CaSO4. 2H2O).
Tungstatos wolframita ([(Fe,Mn)WO4; scheelita (CaWO4)

2. Estruturas cristalinas

2.1 Número de Coordenação e poliedro de coordenação

Minerais são sólidos cristalinos e, sob certas condições, podem ser limitados por
faces planas que assumem forma geométrica regular sendo denominados cristais.

4
Atualmente, este conceito de cristal tem sido aplicado a qualquer substância sólida com
estrutura interna ordenada uma vez que faces planas são muito raras e sua ausência
não modifica em nada as propriedades fundamentais. Assim uma definição mais atual
de cristal é "sólido homogêneo com uma ordem interna tridimensional a longa
distância".
Para se estudar o ordenamento dos ions dentro de um cristal, é necessário
estudar o seu empacotamento, considerando-os como esferas. Na estrutura cristalina
dos minerais, ânions e cátions arranjam-se de forma similar. Poucos cátions possuem
raio iônico > 1 Å; ânions comuns, especialmente o O 2-, são consideravelmente maiores
que 1 Å → a estrutura cristalina em minerais pode ser considerada como um arranjo
periódico de ânions, com cátions ocupando espaços entre eles.
O tipo de espaço que um cátion irá ocupar é função do seu tamanho em relação
ao dos ânions envolvidos, sendo melhor expresso pela valor da razão entre os raios
destes íons, admitindo-se que estes atuam como esferas rígidas, com raios fixos. O
cálculo da razão entre raios iônicos segue considerações puramente geométricas.

R Sen45° = R/(R+r) = 0,707


45° 0,707(R+r) = R
r r = 0,414R
raio do cátion tem que ser
no mínimo 41,4% do raio
do ânion
6 ânions R = raio do ânion
r = raio do cátion

Figura 4: Exemplo do cálculo da razão de raios iônicos em coordenação de ordem 6.

Logo, a razão entre raios iônicos determina o número de ânions que pode se
arranjar em torno de cada cátion em uma estrutura cristalina → número de
coordenação (NC). Em uma estrutura cristalina estável, cada cátion está no centro de
um poliedro de coordenação. Muitos cátions ocorrem exclusivamente em apenas uma
coordenação particular, ao passo que outros, cuja razão R +/R- encontra-se próximo ao
limite entre tipos de coordenação diferentes, podem ter mais de um NC.

Tabela 1. Razão de raios iônicos, números de coordenação e poliedros de coordenação


correspondentes, com principais exemplos.

R+/R- mínimas NC Tipo de empacotamento Exemplos

< 0,155 2 Linear (raros) (UO2)2+, (NO2)2-


0,155 – 0,255 3 Ápices de um triângulo equilátero CO3, NO3, e BO3

5
0,255 – 0,414 4 Ápices de um tetraedro SiO4

0,414 – 0,732 6 Ápices de um octaedro Fe2+, Mg2+, Na+

0,732 – 1 8 Ápices de um cubo Ca2+, K+

>1 12 Ápices de um cubo-octaedro Metais nativos = Cu, Au, Ag

No entanto, a relação entre o raio iônico e NC na estrutura cristalina não é fixa.


Observa-se pela tabela abaixo que quando um cátion muda de um NC baixo para um
NC alto, seu tamanho efetivo aumenta. Em situação inversa, seu tamanho efetivo
diminui. Como conclusão, os íons não são sempre corpos rígidos, pois respondem com
dilatação ou contração às forças eletrostáticas externas. Um maior número de íons
vizinhos tende a distender o íons central e um número menor permite que este sofra
contração.

Tabela 2. Valores de Raios Iônicos e Números de Coordenação para íons de elementos mais
abundantes na crosta terrestre.

Íon Número de Coordenação Raio Iônico (Å)


3+ 4 0.53
Al
6 0.675
6 1.00
7 1.07
Ca2+
8 1.12
12 1.35
4 0.49
Mg2+ 6 0.72
8 0.89
Fe3+ 6 0.65
Fe2+ 6 0.77
4 0.26
Si4+
6 0.40
6 1.02
Na+
8 0.40
6 1.38
K+
8 1.51
Ti4+ 6 0.61
2 1.35
3 1.36
O2-
4 1.38
6 1.40

Vimos que numa estrutura cristalina cada cátion está no centro de um poliedro
de coordenação. Para compor um mineral, esses poliedros devem estar unidos
resultando numa ordem a longa distância. Os poliedros de coordenação podem juntar-
se através dos vértices, arestas ou faces. A junção por arestas e faces faz com que os
cátions do centro dos poliedros estejam mais próximos entre si, resultando em repulsão
e diminuição da estabilidade da estrutura cristalina. Este efeito é mais intenso para
cátions de alta carga e baixo NC (e.g., Al 3+, Si4+):. Logo, os poliedros de coordenação
6
formados em torno de cada cátion ligam-se, preferencialmente, através de seus
vértices, menos freqüentemente pelas arestas (distância cátion-cátion menor →
distorção no poliedro), e raramente através das faces.

Figura 5: Exemplo da estrutura da halita (NaCl). Razão RNa/RCl = 1,02 Å / 1,81 Å = 0,56 → 6
ânions para cada cátion. Poliedro de Coordenação = octaedro

2.2 Polimorfismo e isomorfismo

Minerais devem ter uma composição química definida. No entanto, os íons que
formam os compostos podem se organizar de maneiras diferentes. Por exemplo no
caso da grafita e do diamante, ambos são constituídos por carbono porém em arranjos
diferentes. Esses minerais são polimorfos, ou seja mesma composição e formas
diferentes.

Estrutura da grafita Estrutura do diamante

7
carbono

6: Representação da estrutura da grafita e do diamante, polimorfos do carvão, geradas pelo


software "Diamond" (Crystal Impact)

Podem ocorrer transformações estruturais entre polimorfos através de diferentes


mecanismos:
Polimorfismo por deslocamento: mudança ou reforma da estrutura cristalina pela
rotação dos componentes na estrutura, sem envolver a quebra das ligações químicas.
Este tipo de transformação pode ocorrer muito rapidamente: a passagem de quartzo de
alta T, estável a T> 600°C, para o quartzo de baixa temperatura é tão rápida (alta
cinética) que mesmo no laboratório não é possivel sintetizá-lo e preservá-lo.
Polimorfismo reconstrutivo: mudanças na estrutura dos polimorfos através de extenso
rearranjo atômico, com quebra das ligações químicas. Este tipo de rearranjo exige alta
energia, tendendo a ocorrer somente a altas P-T. Uma vez formados, os polimorfos de
alta P-T tendem a não se modificar estruturalmente e permanecem estáveis por um
longo período de tempo (i.e diamante).
Minerais de diferentes composições químicas mas com íons de dimensões
semelhantes e em proporções semelhantes podem possuir idêntica estrutura. Diz-se
que são isomorfos, isto é mesma forma. Um exemplo halita - NaCl e galena PbS.

3. Conceito de retículo espacial e cela unitária

O fato mais importante e fundamental relativo a uma substância cristalina é que as


partículas de que é composta estão dispostas de maneira ordenada. Seria importante
definir que tipos de unidades se repetem tridimensionalmente e como seria a geometria
do arranjo destas unidades.

8
A geometria do arranjo das unidades que definem uma determinada estrutura
cristalina pode ser imaginada como pontos que se repetem ao longo de direções e
distâncias definidas, de forma que todos os pontos tenham vizinhanças idênticas. Um
conjunto de pontos gerados por operações de translação geram um retículo.

Figura 7. Padrões de translação de pontos possíveis para formar um retículo bi-dimensional.

O arranjo regular tridimensional destes pontos no espaço é conhecido como


retículo espacial. Em termos geométricos existem somente 14 tipos de retículos
espaciais, denominados de retículos de Bravais (Auguste Bravais, 1848), pois outras
combinações não se adequariam aos parâmetros que os retículos exigem, ou seja, que
a vizinhança em torno de cada ponto seja idêntica aquelas em torno de todos os outros
pontos da estrutura. Os retículos diferem entre si pelos comprimentos relativos das
arestas e pelos ângulos entre elas. Quando os retículos possuem pontos só nos
vértices são considerados primitivos (P), com pontos também nos centros das faces

9
extremidades (C), ponto também no centro da cela (I) e com pontos também no centro
de todas as faces.

Primitivo (P) Corpo Centrado (I) Face Centrada (F)


CÚBICO OU ISOMÉTRICO

TIPO P TIPO I TIPOS P ou C TIPO R


TETRAGONAL HEXAGONAL TRIGONAL/
ROMBOÉDRICO

TIPO P TIPO I TIPO C TIPO F


ORTORRÔMBICO

TIPO P TIPO C TIPO P


MONOCLÍNICO TRICLÍNICO

Figura 8: Os 14 retículos espaciais de Bravais

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A unidade mais simples de um retículo espacial é um paralelepípedo
denominado cela unitária, onde se encontram representados todos os íons da estrutura
cristalina e suas respectivas relações geométricas. Os nós (pontos) de uma cela
unitária podem ser representados por grupos aniônicos (CO32-, SiO44-, PO43-), cátions
(Ca2+, Mg2+, Fe2+), átomos (Cu, Au) ou H2O. A distribuição destes pontos é idêntica para
todas as celas da estrutura cristalina. Esta é a idéia de arranjo interno ordenado da
definição de mineral. Podemos considerar a cela unitária um tijolo com o qual vai ser
construída a estrutura cristalina de um mineral.
A cela unitária é análoga à fórmula química: esta última fornece a razão de
combinação entre os elementos em um composto, reduzido ao menor denominador
comum, enquanto a primeira fornece o menor paralelepípedo que contém todos os íons
e todas as suas relações geométricas na estrutura. Logo, pode haver uma fórmula por
cela unitária, ou várias, mas o número é sempre inteiro.

Figura 9: Diferentes formas externas produzidas por empilhamento sistemático de celas


unitárias cúbicas

4. Os cristais

Cristal é uma forma poliédrica regular, limitada por faces lisas, a qual é assumida
por compostos químicos, devido à ação de forças interatômicas, quando passa, sob
determinadas condições, do estado líquido ou gasoso para o estado sólido. Os líquidos
e os gases tomam a forma do recipiente que os contem mas os sólidos tomam uma das
diversas formas geométricas regulares. Essas formas vão ser o reflexo de seu arranjo
interno, ou seja do empilhamento das celas unitárias. A forma geométrica externa dos
cristais depende também do meio ambiente onde se formaram: temperatura, pressão,
velocidade de crescimento, direção do movimento da solução, etc.

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Uma vez que a estrutura interna de um dado mineral é constante e as faces
externas estão a ela relacionadas, conclui-se que as faces também devem ter uma
relação definida entre si. Este fato foi observado desde 1669 por Steno dando origem a
seguinte lei: "os ângulos entre as faces equivalentes de cristais da mesma substância,
medidos à mesma temperatura, são constantes". Na natureza os cristais são de
tamanhos e formas muito variados porém, devido a esta lei, a morfologia cristalina é
uma ferramenta auxiliar na identificação de minerais.

4.1 Eixos cristalográficos

Para podermos estudar e classificar os cristais usamos conceitos geométricos.


Como são objetos tridimensionais, definem-se 3 eixos, denominados eixos
cristalográficos que passam pelo centro do cristal.
+c
β
-b α -a
γ
+a +b

-c
Figura 10: Os 3 eixos cristalográficos

Tais eixos tem uma denominação e uma orientação determinada, de modo que se
torne uma linguagem universal. Um eixo é vertical (c) e os outros 2 (a e b) ficam no
mesmo plano. Esses eixos tem sinais positivo e negativo como pode ser visto na figura
9. São sempre referidos na seguinte ordem: a, b, c.

4.2 Sistemas Cristalinos e índices de Miller

Os sistemas cristalinos, que agrupam todas as formas possíveis de cristais, são


descritos em função dos eixos cristalográficos: seus comprimentos e os ângulos que
formam entre si. Considerando-se os 3 eixos perpendiculares entre si, podemos ter:
a) 3 eixos iguais, denominados a1, a2 e a3 → sistema cúbico ou isométrico
b) o eixo vertical é diferente dos outros dois → sistema tetragonal
c) os 3 eixos são diferentes → sistema ortorrômbico
Variando o ângulo entre os eixos
d) o eixo vertical diferente e γ = 120° → sistema hexagonal. [Este sistema também
é descrito com 4 eixos sendo 3 iguais e no mesmo plano: a1, a2 e a3 e o terceiro,
perpendicular ao plano, tem comprimento diferente. Os eixos a formam ângulos
de 120° entre si considerando-se as extremidades positivas]
e) os 3 eixos são diferentes e γ é diferente de 90°→ sistema monoclínico.
f) Os 3 eixos são diferentes entre si e os 3 ângulos→ sistema triclínico.

Na Tabela abaixo estão sintetizadas as características dos seis sistemas


cristalográficos.

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SISTEMAS CARACTERÍSTICAS
Cúbico (isométrico) a=b=c α = β = γ = 90°
Tetragonal a=b≠ c α = β = γ = 90°
Ortorrômbico a≠ b≠ c α = β = γ = 90°
Hexagonal a=b≠ c α = β = 90° γ = 120°
a1, = a2 = a3 ≠ c
Monoclínico a≠ b≠ c α = β = γ ≠ 90°
Triclínico a≠ b≠ c α ≠ β ≠ γ ≠ 90°

É freqüentemente encontrado na literatura um tipo de notação para descrever as


faces cristalinas que são os índices de Miller que se baseiam em matemática simples.
Cada face é descrita por 3 números (4 no sistema hexagonal) inteiros que são o inverso
do intercepto com os eixos, reduzidos pelo mínimo denominador comum.
Exemplo: Cálculo dos Índices de Miller

a = 0.5 b=0,75 c=1,0


ou
a = 1/2 b = 3/4 c=1

inverso: 2, 4/3, 1

redução ao menor número inteiro (


multiplicar pelo denominador 3):
6,4,1

índice = (641)

Calcule o índice de Miller do plano abaixo. Note que o plano não corta o eixo b.

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4.3 Elementos de Simetria e classes cristalinas

Os elementos de simetria que podem estar presentes num cristal são planos,
eixos e centro. Estes podem ou não estar combinados num mesmo cristal.

Plano de simetria: qualquer superfície plana que ao passar pelo centro do cristal
o divide em duas partes que são imagens especulares uma da outra.

Figura 11: Os nove possíveis planos de simetria

Sistema cúbico = 9 planos Sistema tetragonal = 5 planos

Figura 12: Exemplos de planos de simetria presentes em cristais dos sistemas cúbico e
tetragonal

Os planos de simetria são sempre possíveis faces cristalinas. Isso quer dizer que
embora nem sempre estejam presentes nos cristais naturais há sempre a possibilidade
de que outras faces sejam expressas num cristal. Assim, embora uma forma cúbica não
apresente nemhuma face octaédrica existe sempre a possibilidade de que ela se forme
em determinadas condições.

14
Exemplo de um cristal no sistema
cúbico com faces cúbicas e
octaédricas.

Eixos de simetria: linha passando pelo centro do cristal em torno da qual pode-se
girar o cristal de modo que haja repetição de uma forma após um giro completo. De
acordo com o número de repetições quatro tipos de eixos são possíveis:
• eixos senários ou hexagonais: repetição a cada 60° de rotação
• eixos eixos quaternários ou tetragonais: repetição a cada 90° de rotação
• eixos ternários ou trigonais: repetição a cada 120° de rotação
• eixos binários: repetição a cada 180° de rotação
Podem também existir eixos de inversão onde os motivos se repetem invertidos
e recebem a mesma notação do eixo rotacional normal.

A2 A3 A4 A6

Cubo: 3A4, 4A3, 6A2

3 eixos de inversão
quaternários

Figura 13: Eixos rotacionais de simetria e sua representação. Exemplos do sistema


cúbico: a) eixos rotacionais b) eixos de inversão.

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Foi demonstrado que existem somente 32 combinações possíveis dos elementos de
simetria dando origem às 32 classes de cristais, agrupadas segundo o sistema
cristalino.

5. Estrutura dos silicatos

Como o oxigênio é o elemento mais abundante na crosta terrestre, grande parte dos
minerais são constituídos de vários cátions ligados ao O2-. O raio iônico do O2- é
geralmente bem maior (1,30 Å) do que os raios iônicos dos cátions com os quais se liga
na estrutura dos minerais.
Depois do O2-, Si e Al são os elementos mais abundantes na crosta terrestre. As
razões dos raios iônicos destes elementos com o O2- são: Si4+ = 0,30 e Al3+ = 0,47. O
Si4+ adequa-se à coordenação tetraédrica (NC= 4) localizando-se nas posições centrais
de tetraedros. O tetraedro de coordenação com Si4+ no centro e 4 O2- nos ápices
constitui-se no bloco construtor básico (SiO44-) dos principais constituintes da crosta
(95% em volume) e manto da Terra, ou seja, os silicatos.
A coordenação do Al3+, por outro lado, adequa-se tanto à tetraédrica como à
octaédrica (NC= 6) podendo ocorrer em ambos os tipos de coordenação em vários
minerais, inclusive nos silicatos. A grande maioria dos cátions que ocorrem em minerais
na crosta e, particularmente nos silicatos, seguem a coordenação octaédrica
A fórmula geral dos silicatos é:

Xm Yn (ZpOq) Wr

Na+ = 8 – 6 Fe2+ Si4+ OH


Ca2+ = 8 – 6 Fe3+ Al3+ F
K+ = 8 – 12 Mg2+ 6 Cl
Ti4+
Mn4+
Al3+

p e q dependem do grau de polimerização da estrutura do silicato.

Os silicatos são classificados com base nas formas pelas quais os tetraedros de
(SiO4)4- unem-se entre si ou a outros cátions, ou seja, se polimerizam. A tabela 4
apresenta os tipos de silictos, sua estrutura em função da forma de polimerização, a
fórmula do ion complexo resultante e o principais minerais de cada tipo de silicato.

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6. Propriedades físicas do minerais

As propriedades físicas dos minerais dependem de sua composição química e


estrutura cristalina. Reconhecer em amostras de mão minerais comuns da crosta
terrestre, principalmente os formadores de rocha, é possível com base em propriedades
de simples determinação, juntamente com algumas propriedades exclusivas e únicas
de alguns minerais (e.g. magnetismo):

Densidade relativa:

É um número que exprime a relação entre o peso de um mineral e o peso de um


volume igual de água destilada a 4°C. Depende dos seguintes fatores
a. Massa atômica dos principais elementos constituintes do mineral, ou seja, da
composição química. Esta dependência pode ser claramente observada para
minerais isomorfos (veja tabela abaixo).
b. Distância inter-iônica → menor a distância entre íons (comprimento de ligação) na
estrutura cristalina, maior a densidade do mineral. A distância inter-iônica, por sua
vez, é dependente do raio iônico dos elementos presentes na estrutura cristalina do
mineral (veja tabela abaixo).
b. O ambiente de formação do mineral → O aumento da temperatura faz com que
ocorram vibrações ou oscilações dos íons na estrutura cristalina. Estes íons
necessitarão de mais espaço na estrutura para que as oscilações possam ocorrer.
Os íons se tornarão efetivamente maiores, sem haver mudança de massa atômica,
resultando em minerais com baixa densidade. O efeito da pressão faz com que os
íons na estrutura cristalina se aproximem e ocupem maior massa em um volume
menor, resultando em minerais com densidades mais altas. Quanto mais eficiente
for o empacotamento, mais íons (mais massa) haverá em um determinado volume e
mais denso será o mineral. Logo, conforme esperado, minerais polimorfos formados
sob condições de alta pressão são mais densos do que seus equivalentes de baixa
pressão. De forma similar, polimorfos de baixa temperatura são mais densos do que
seus equivalentes de alta temperatura.

Tabela 4: Valores de massa atômica e densidade de alguns minerais comuns

Mineral Composição Massa atômica Densidade (g/cm3)


Olivina
Forsterita Mg2SiO4 Mg= 24,31 3,22
Faialita Fe2SiO4 Fe= 55,85 4,41
Carbonato
Calcita CaCO3 Ca= 40,08 2,71
Siderita FeCO3 Fe= 55,85 3,95
Espinélio
Cromita FeOCr2O3 Fe + 2Cr= 159,85 5,09
Magnetita Fe3O4 3Fe= 167,55 5,20
Silvita – KCl 74,6 3,14 2,0
Halita – NaCl 58,5 2,75 2,2
Periclásio – MgO 40,3 2,07 3,6

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Na prática, a avaliação da densidade para identificação expedita de minerais é
feita pela comparação do peso da amostra com outra de valor conhecido, como a do
quartzo que é 2,65. Uma outra forma simples seria pesando o mineral no ar e imerso
em água e usando a relação: densidade relativa = Par/(Par-Págua).
A densidade relativa é um importante auxílio na determinação de cristais raros e
pedras preciosas onde não pode haver danos à amostra.

Hábito

É a aparência externa mais feqüente numa espécie mineral, a qual é o reflexo de


seu arranjo interno ordenado e, também, das condições de cristalização.
Principais hábitos de cristais isolados: equidimensional e prismático
Principais hábitos de agregados cristalinos: acicular, lamelar, fibroso, dendrítico,
drusiforme, radiado, botrioidal, etc

Figura 14: Alguns hábitos e ocorrências de minerais comuns

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Brilho e Cor

O brilho e a cor resultam da interação da luz visível (350 – 750 nm do espectro


eletromagnético) com a matéria cristalina. A luz branca que o olho humano vê, é uma
mistura destes comprimentos de onda. A luz incidente na superfície de um mineral pode
sofrer transmissão, espalhamento, reflexão, ou absorção.
Luz incidente Luz refletida

Luz espalhada

Refração

Luz emitida
(fluorescência) Luz transmitida

Figura 15: Interação da luz com a matéria condensada causa reflexão, refração, espalhamento e
absorção. Parte da luz absorvida pode ser reemitida como fluorescência. (Klein & Hurbult,
1993)

O brilho é a aparência geral da superfície de um mineral à luz refletida. Existem


dois tipos de brilho: metálico e não metálico, com os intermediários sendo denominados
sub-metálicos. Os minerais metálicos são inteiramente opacos à luz. Os não metálicos
são em geral claros e transmitem a luz. Na descrição do brilho de minerais não
met;alicos usam-se vários termos como: vítreo, resinoso, nacarado (como a pérola),
gorduroso, sedoso, adamantino.

Cor

A cor é uma propriedade importante que depende da absorção seletiva da luz


refletida ou transmitida. Para alguns minerais, a cor é diagnóstica (enxofre nativo,
minerais de brilho metálico), ao passo que para a grande maioria é a propriedade que
mais pode variar e, como conseqüência, não pode ser considerada por si só
diagnóstica.
Variação na cor pode ser devida a diferentes fatores sendo um dos mais
significativos mudança na composição química. Íons que estão presentes na estrutura
de um mineral podem absorver a luz de forma diferente → a presença de metais de
transição (e.g. V, Cr, Mn, Fe, Co, Ni, and Cu) como íons principais ou como impurezas
em óxidos e silicatos é a principal causa da cor ou mudança de cor nestes minerais.
Alguns exemplos: Fe2+ → cor verde na olivina e cor avermelhada da granada; Cr3+ →
substituindo Al3+ no berilo (Be3Al2Si6O18) gerando a esmeralda; Al3+ no córindon (Al2O3) –
rubi.

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Ruptura: Clivagem e Fratura.

As formas pelas quais os minerais sofrem ruptura sob a ação de uma força
depende da orientação e distribuição das ligações químicas na estrutura cristalina.
Se as ligações químicas não apresentarem a mesma força ao longo de todas as
direções na estrutura cristalina, o mineral tenderá a se romper ao longo de planos
cristalográficos definidos, particularmente onde se concentrarem as ligações mais
fracas → clivagem. Em minerais que têm apenas um tipo de ligação (e.g. NaCl) a
clivagem ocorre ao longo de planos onde a densidade de ligações químicas for menor.
Se a força de ligação for a mesma ao longo de todas as orientações cristalográficas a
ruptura não ocorrerá ao longo de planos definidos → fratura.

Figura 16: Principais tipos de clivagem: a) cúbica. b) octaédrica. c) dodecaédrica. d)


romboédrica. e)prismática e pinacoidal. f) pinacoidal.

Dureza.

É a resistência superficial ao risco. Controlada também pelos tipos de ligação


presentes na estrutura dos minerais. Na maioria das espécies minerais da crosta
terrestre, a estrutura cristalina apresenta tipos de ligações químicas diferentes ou com
forças de ligação diferentes. A força de ligação Si-O é igual para todos os silicatos,
porém a dureza nos silicatos varia amplamente (e.g. talco-1; quartzo-7): a dureza não é
controlada pela ligação Si-O, mas sim por ligações diferentes e entre outros íons.

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Mineral Dureza Íon NC Raio (Å)
Grupo da Olivina
Forsterita – 7 Mg 6 0,80
Mg2SiO4
Faialita - Fe2SiO4 6,5 Fe2+ 6 0,86
Óxidos
Córindon – Al2O3 9 Al 6 0,61
Hematita – Fe2O3 6 Fe3+ 6 0,73
Haletos
Halita – NaCl 2,5 Na 6 1,40
Silvita – KCl 2 K 6 1,46

Raio Iônico é outro fator que controla a dureza → em minerais isoestruturais,


quanto maior a distância cátion – ânion, menor será a dureza, uma vez que as forças
eletrostáticas na estrutura cristalina são proporcionais ao inverso do quadrado da
distância cátion – ânion F= Q1 . Q2/ d2 . Exemplo: comparar o mineral halita NaCl (r=
1,10Å; d= 2,5) e periclásio MgO (r= 0,80; d= 6).
Os polimorfos de alta pressão têm dureza maior que os equivalentes de baixa
pressão, pois nos primeiros há mais íons por unidade de volume, portanto mais
ligações por unidade de volume, sendo as distâncias inter-iônicas menores.
Exemplo: calcita – d= 3 e aragonita – d= 4;

As variações de dureza são medidas através de uma escala relativa "escala de


dureza de Mohs" - para a qual foram escolhidos 10 minerais comuns. Para determinar a
dureza de um mineral é necessário achar quais dos minerais da escala ele pode riscar
e por quais ele é riscado.

Escala de Mohs:
1. Talco 6. Feldspato
2. Gipsita 7. Quartzo
3. Calcita 8. Topázio
4. Fluorita 9. Córindon
5. Apatita 10. Diamante

Esta escala é aproximadamente linear até o córindon, mas a dureza do diamante


é 5 vezes maior que a do córindon.
Outros parâmetros utilizados para medir a dureza de forma relativa:
Unha – 2 – 2,5
Cobre – 3 – 3,5
Canivete – 5 – 5,5
Vidro - 5.5

Comportamento com a deformação

Minerais podem se comportar de várias formas quando sujeitos à ação de uma


força externa: minerais podem apenas se quebrar → comportamento rúptil ou frágil,
como a maioria dos silicatos e óxidos; podem ser sécteis, ou seja, cortados por uma
lâmina; ou podem se deformar plasticamente → comportamento dúctil, como a maioria

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dos elementos nativos, tais como, ouro e cobre. Nestes a ligação metálica implica na
existência de uma nuvem de elétrons que podem se mover na estrutura sem haver
repulsão eletrostática. Como resultado, estes minerais são maleáveis.

Outras Propriedades.

O magnetismo é uma propriedade única e, portanto, diagnóstica de alguns


minerais: a magnetita (Fe3O4) é fortemente magnética e a ilmenita (FeTiO 3) fracamente
magnética. Os metais de transição, principalmente o Fe, Co e Ni, são os responsáveis
pelo magnetismo em minerais e rochas. O magnetismo nestes casos é devido à
presença de elétrons não compartilhados na sub-camada 3d. Estes permanecem não
compartilhados mesmo quando o átomo do metal combina-se na estrutura de um
mineral. Pares de elétrons compartilhados em um orbital resultam em campos
magnéticos que se cancelam, porém elétrons não emparelhados em orbitais geram
campo magnético, o qual em alguns casos, e.g. magnetita e pirrotita, conferem um
magnetismo permanente (minerais ferrimagnéticos).

Figura 17. As propriedades magnéticas de minerais.

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Existem outras propriedades diagnóstica para alguns minerais, porém que
exigem o uso de equipamentos mais sofisticados. Por exemplo, minerais que contêm U
ou Th são radioativos e facilmente detectados através de um contador Geiger (e.g.
uraninita - (UO2), torita - ThSiO4 and carnotita [K2(UO2)(VO4)2.nH2O].

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Dana, J.D. & Hurbult Jr, C.S. - várias edições - Manual de Mineralogia - Livro
Técnico/EDUSP
Ernst, W.G. - várias edições - Minerais e Rochas. Série de textos Básicos em
Geociências. Ed. Edgard Blücher.
Klein, c & Hurbult Jr, C.S. - 1993 - Manual of Mineralogy. John Wiley & Sons.
Skinner, B.J & Porter, S.C.- várias edições (1989 - 1995) - The Dynamic Earth. Na
introduction to Physical Geology

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