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O art. 65 da LBPS é taxativo, não admitindo interpretação extensiva, porque não têm
direito ao salário-família o empregado doméstico, o contribuinte individual, o segurado
facultativo e o segurado especial. Do mesmo modo, o pensionista não faz jus ao
salário-família, seja porque os dependentes somente têm direito à pensão e ao auxílio-
reclusão (art. 18, II, LBPS), seja porque o salário-família não se incorpora ao benefício
(art. 70, LBPS).
O salário-família é devido apenas ao segurado de baixa renda (arts. 7º, XII, e 201, IV,
CF/88, redação da EC 20/98). Sua renda mensal inicial ± RMI é determinada por
cotas, na proporção dos dependentes susomencionados, sem limite de cotas, ÷ .: 15
filhos ensejam 15 cotas de salário-família. Entenda-se por baixa renda, para concessão
de salário-família, o segurado que não recebe salário mensal superior a R$ 360,00,
limite este corrigido pelos mesmos índices aplicados aos benefícios do RGPS (art. 13,
EC 20/98). A partir de maio de 2005, os valores da cota do salário-família são de R$
21,27 para o segurado com remuneração mensal até R$ 414,78 e R$ 14,99 quando a
remuneração for superior àquele valor até R$ 623,44 (art. 4º, Pt 822/05).
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O segurado que recebe acima de R$ 623,44 não tem direito ao benefício, porquanto não
é considerado de baixa renda. Como o direito ao benefício é verificado mensalmente,
ou seja, o direito tem como parâmetro a remuneração do segurado na respectiva
competência, o limite em questão tem incidência imediata, cessando os salários-
família que vinham sendo pagos aos segurados que não se enquadrem como de baixa
renda, não havendo falar em direito adquirido.
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Para efeito de concessão, considera-se parto o evento ocorrido a partir da 23ª semana
(6º mês) de gestação, inclusive no caso de natimorto (art. 236, § 2º, IN 118/05). Antes
disso, há aborto, que não é definido na lei como fato jurígeno do benefício, mas o
decreto regulamentar o juridicizou enquanto tal, desde que seja aborto não-criminoso
(art. 93, § 5º, RPS). Depois disso, é dizer, um aborto não-criminoso depois da 23ª
semana (por exemplo, de anencéfalo ou anencefálico) é considerado, para efeitos
previdenciários, antecipação terapêutica de parto, ou seja, é considerado parto e não
aborto. Finalmente, o aborto criminoso, independente do período de gestação em que
ocorra, não dá ensejo ao salário-maternidade.
à sua vigência, por expressa disposição legal que veda sua retroatividade (art. 5º, Lei
10.421/02). Nem precisava dizer isso, pois a lei é, de regra, prospectiva, e a lei
previdenciária não foge à regra, salvo expressa determinação legal. Mas foi bom dizê-
lo, para evitar o apelo à hipossuficiência, com vistas a dar à lei uma retroatividade que
ela não tem. A adoção ou pertinente guarda judicial protagonizadas por segurado do
gênero masculino, ou se referentes a criança maior de 8 anos, não ensejam o salário-
maternidade. Para garantir a plena aplicabilidade da novel regra, a mãe adotiva tem
direito ao benefício, mesmo que a mãe biológica já o tenha recebido quando do
nascimento da criança (art. 93-A, § 1º, RPS). Quando houver adoção ou guarda judicial
para adoção de mais de uma criança, é devido um único salário-maternidade relativo à
criança de menor idade (art. 93, § 4º, RPS).
até 2 semanas, mediante atestado médico específico (art. 93, § 3º, RPS). Para as
adotantes, a DIB é a data da adoção ou pertinente guarda judicial, valendo observar que
é imprescindível que conste da nova certidão de nascimento da criança, ou do termo de
guarda, o nome da segurada adotante ou guardiã, bem como, deste último, tratar-se de
guarda para fins de adoção (art. 93-A, § 3º, RPS).
INSS até a perda da qualidade de segurado, uma vez que, é bom repetir, trata-se de
benefício previdenciário e não de benefício trabalhista.
Nos termos do art. 201, IV, CF/88 (redação dada pela EC nº 20/98), a concessão do
auxílio-reclusão é restrita aos dependentes do segurado de baixa renda. Entenda-se
por baixa renda o segurado que não recebe salário mensal superior a R$ 360,00, limite
este que será corrigido pelos mesmos índices aplicados aos benefícios do RGPS (art.
13, EC 20/98). A partir de maio de 2005, a remuneração mensal não pode ser superior a
R$ 623,44 (art. 5º, Pt 822/05). Esse valor é auferido pelo último salário-de-
contribuição do segurado existente antes de sua prisão e tem como parâmetro o limite
vigente nessa data. Por exemplo, a prisão de segurado com renda mensal de R$ 450,00,
ocorrida em março de 2000, quando estava em vigor a Pt 5.188/99, que definia o limite
de R$ 376,60, não enseja direito algum ao benefício, nem mesmo a partir da Pt 727/03,
que definiu o limite de R$ 560,00, pois o limite a ser considerado é aquele da data da
prisão. [18]
Åltima, a renda a ser considerada é a do segurado, e não a dos dependentes, até porque
é a renda do segurado mesmo que serve de base de cálculo para o benefício, cujo valor a
Reforma da Previdência ± EC 20/98 quis limitar. O raciocínio contrário (levar em conta
a renda dos dependentes) [20] neutralizaria a reforma, viabilizando a continuidade de
todos os auxílios-reclusão que ela quis justamente cessar, como é o caso,
exemplificadamente, da prisão de um segurado que ganhe R$ 3.000,00 e sua esposa, do
lar, e seu filho, menor, não tenham renda alguma.
O auxílio reclusão possui natureza substitutiva (por que seu valor não pode ser
inferior ao salário mínimo), sendo devido, nas mesmas condições da pensão por
morte, aos dependentes do segurado recolhido à prisão que não receba remuneração da
empresa nem esteja em gozo de auxílio-doença, de aposentadoria ou de abono de
permanência em serviço (art. 80, ? , LBPS). Portanto, as regras da pensão por morte
são em tudo aplicáveis ao auxílio-reclusão, desde que haja compatibilidade e não exista
disposição em sentido diverso. [21] Sobre a pensão por morte, convém registrar,
escrevemos na Revista de Previdência Social nº 293, de abril de 2005, pp. 239-45,
abordando amplamente seu regime jurídico, incluindo temas polêmicos, como a
concessão do benefício a companheira ou companheiro homossexual ou homoafetivo.
A exceção fica por conta de dependente incapaz, menor ou ausente, por força do art. 79,
LBPS, hipótese em que a DIB é fixada sempre na data do recolhimento do segurado à
prisão, tendo direito aos atrasados, desconsiderada a prescrição, mas tão-só em relação
às cotas impagas a outros beneficiários, nos termos do art. 105, § 2º, RPS. Exemplo 1:
a esposa requereu auxílio-reclusão 3 anos após a prisão e a partir daí ela recebeu o
benefício integralmente; se o filho incapaz requerer auxílio-reclusão 1 ano depois (4
anos após a prisão), ele somente terá direito às cotas integrais do benefício da DR até a
DIB do auxílio-reclusão da esposa e à metade do benefício a partir da DER (DR + 4
anos). Exemplo 2: a esposa requereu auxílio-reclusão 20 dias após a prisão e recebeu o
benefício desde a DR; se o filho incapaz requerer auxílio-reclusão 1 anos depois (1 ano
após a prisão), ele não terá direito algum às parcelas atrasadas, mas terá direito à metade
do benefício a partir da DER (DR + 1 ano).
São casos de cessação do benefício: (i) a extinção da última cota individual, não se
transferindo a dependente de classe inferior; (ii) o recebimento de aposentadoria pelo
segurado; (iii) o óbito do segurado ou beneficiário; (iv) a soltura do segurado; (v) a
emancipação do dependente ou quando completar 21 anos de idade, salvo se inválido,
no caso de filho, equiparado ou irmão, de ambos os sexos; (vi) em se tratando de
dependente inválido, a cessação da invalidez (art. 299, IN 118/05).
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O Regime Geral de Previdência Social ± RGPS não se esgota na Lei 8.213/91 ± LBPS,
nem no INSS. A situação de desemprego involuntário, que também é uma das
modalidades dos denominados riscos sociais, prevista nos arts. 7º, II, e 201, II, CF/88, é
objeto de legislação específica: principalmente a Lei 7.998/90, que regula o seguro-
desemprego, o abono salarial e o Fundo de Amparo ao Trabalhador ± FAT. O abono
salarial (art. 9º) não tem natureza previdenciária, por que dispensamos sua análise neste
trabalho. O seguro-desemprego, por outro lado, tem natureza de benefício
previdenciário, sendo custeado pelo FAT, fundo contábil, de natureza financeira e
vinculado ao Ministério do Trabalho (art. 10). [24]
perda da qualidade de segurado etc. [25] Também diferente dos demais benefícios
previdenciários, que são requeridos e pagos pelo INSS, o seguro-desemprego é
requerido nas Delegacias Regionais do Trabalho ± DRT, [26] órgãos da União, sendo
pagos pela Caixa Econômica Federal ± CEF, à conta do FAT. Nessa toada, a União (e
não a CEF) tem legitimidade passiva nas demandas que versem o seguro-desemprego.
[27]
O empregado tem direito ao benefício desde que: (i) tenha sido despedido sem justa
causa; [28] (ii) tenha recebido salários de pessoa jurídica ou pessoa física a ela
equiparada, relativos a cada um dos 6 meses imediatamente anteriores à data da
dispensa; (iii) tenha sido empregado de pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada
ou exercido atividade legalmente reconhecida como autônoma, durante pelo menos 15
meses nos últimos 24 meses; (iv) não esteja em gozo de qualquer benefício
previdenciário de prestação continuada, excetuado o auxílio-acidente e o abono de
permanência em serviço; (v) não estar em gozo do auxílio-desemprego; e (vi) não
possua renda própria de qualquer natureza suficiente à sua manutenção e de sua família
(art. 3º, Lei 7.998/90). A norma regulamentar determinando que o seguro-desemprego
deva ser requerido no interregno de 7 a 120 dias contados da data da dispensa
(Resolução CODEFAT 19/91) é ilegítima, pois não pode mero ato administrativo
restringir direitos concedidos pela lei ou criar prazo decadencial para seu exercício. [29]
O empregado doméstico tem direito ao benefício desde que: (i) tenha inscrição no
FGTS; (ii) tenha exercido trabalho doméstico por um período mínimo de 15 meses nos
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últimos 24 meses contados da dispensa sem justa causa, com respectiva contribuição
para a Previdência Social nesse período; [30] (iii) não esteja em gozo de qualquer
benefício previdenciário de prestação continuada, salvo o auxílio-acidente e a pensão
por morte; e (iv) não possua renda própria de qualquer natureza suficiente à sua
manutenção e de sua família (art. 6º-B, Lei 5.859/72). O seguro-desemprego deve ser
requerido no interregno de 7 a 90 dias, contados da data da dispensa (art. 6º-C, Lei
5.859/72), prazo decadencial que, ultrapassado, implica a perda do benefício, salvo
motivo legítimo (÷ .: pendência de reclamatória trabalhista). Novo seguro-desemprego
só pode ser requerido a cada período de 16 meses, contados da data da dispensa (art. 6º-
D, Lei 5.859/72). O empregado doméstico faz jus a 3 parcelas de seguro-desemprego,
pagas a partir do requerimento, sendo cada parcela no valor de 1 salário mínimo (art.
6º-A, Lei 5.859/72).
O pescador artesanal tem direito ao benefício desde que: (i) tenha registro de pescador
profissional devidamente atualizado, emitido pela Secretaria Especial de Aqüicultura e
Pesca da Presidência da República, com antecedência mínima de um ano da data do
início do defeso; (ii) comprovante de inscrição no INSS como pescador e do pagamento
da contribuição previdenciária; (iii) não esteja em gozo de nenhum benefício de
prestação continuada da Previdência Social, exceto auxílio acidente e pensão por morte;
e (iv) haja atestado da Colônia de Pescadores a que esteja filiado, com jurisdição sobre a
área onde atue o pescador artesanal, que comprove: a) o exercício da profissão de
pescador artesanal; b) que se dedicou à pesca, em caráter ininterrupto, durante o período
compreendido entre o defeso anterior e o em curso; e c) que não dispõe de outra fonte
de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira (art. 2º, Lei 10.779/03).
A Lei 10.779/03 não estabelece prazo para o requerimento. Assim, o art. 4º, Resolução
CODEFAT 468/05, determinando que o seguro-desemprego deva ser requerido no
interregno de 180 dias, contados do 30 o dia que anteceder o início do defeso, é
ilegítimo, pois somente lei em sentido estrito pode criar prazo decadencial, restringindo
direitos. O pescador artesanal faz jus a tantas parcelas (sem limite) quantos forem os
meses de duração do período de defeso, sendo cada parcela no valor de 1 salário
mínimo (art. 1º, Lei 10.779/03).