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Educação Musical Coral

Vanilda L.F. Macedo Godoy


Universidade do Estado de Santa Catarina

Resumo: Esta comunicação apresenta dados de uma pesquisa realizada em 2005 com
quatro corais de Florianópolis, cujo principal objetivo foi compreender o processo de
ensino e aprendizagem coral nos grupos investigados. A pesquisa teve como base a
metodologia qualitativa que possibilitou conhecer a realidade dos corais investigados
dentro de seu contexto a partir da visão dos regentes e coralistas participantes da
pesquisa. O principal instrumento de coleta de dados foi um questionário aplicado aos
quatro regentes e outro aplicado a 80 coralistas, pertencentes aos quatro corais. Este
texto trata das relações entre regentes e coralistas dentro de um processo de ensino e
aprendizagem musical nos grupos corais. A literatura aponta que o coral é um local
onde a aprendizagem musical pode ser desenvolvida e onde o regente tem o papel de
educador musical. Os questionários buscaram verificar se os regentes se sentem
responsáveis pela educação musical dos respectivos grupos que dirigem e se os
coralistas reconhecem a si mesmos como aprendizes musicais. Os resultados mostram
que os regentes e os coralistas participantes da pesquisa vêem o coral como um
ambiente onde ocorre a educação musical e descrevem atividades realizadas nos seus
corais em relação ao processo de aprendizagem musical. Mais discussões e reflexões
são importantes e necessárias para a ampliação das potencialidades dos grupos corais
como ambientes onde ocorre educação musical e muitos indivíduos podem se beneficiar
desta experiência educativa.

Este trabalho apresenta dados de uma pesquisa realizada em 2005 com quatro
corais de Florianópolis, cujo objetivo foi compreender como se dá o processo de ensino
e aprendizagem musical nos corais investigados. Os corais participantes – todos
formados por adultos – possuem características distintas, sendo um religioso, um de
órgão público, um profissional e um que usa o espaço de uma escola, mas sem vínculo
com a mesma no sentido que as pessoas são advindas de locais diversos. Os quatro
grupos pesquisados possuem acompanhador para tocar o teclado ou o piano. Quanto à
preparação vocal, em dois dos corais este trabalho é feito pelo próprio regente; nos
outros dois, a orientação vocal é ministrada por outra pessoa.
A metodologia qualitativa serviu como base para a realização desta pesquisa. O
modelo qualitativo permitiu conhecer a realidade dos corais dentro do seu contexto e a
visão dos participantes dos corais pesquisados sobre vários aspectos musicais. O
principal instrumento de coleta de dados foi um questionário aplicado com os quatro
regentes e outro aplicado a 80 coralistas ao todo. Os dados coletados foram organizados
em cinco categorias para análise: 1) Motivos para cantar em coral; 2) O ensaio coral; 3)
Apresentações musicais; 4) Educação musical coral; 5) O estudo dos coralistas. No
presente artigo, o foco está dirigido para a categoria Educação musical coral que trata
das relações entre regentes e coralistas dentro de um processo de ensino e aprendizagem
musical nos grupos corais.

O coral como ambiente de aprendizagem musical

As razões que levam as pessoas a cantar em coral são variadas, relacionadas aos
aspectos sociais, de lazer, religiosos, emocionais, entre outros. Mathias (1986) enfatiza
os aspectos sociais e as relações humanas referentes à atividade coral, colocando que as
“pessoas que se reúnem em um grupo, têm as mais variadas motivações. Portanto, é
importante refletir sobre os comportamentos, motivos e necessidades do ser humano”
(ibid. p.22). Estes aspectos humanos coletivos, sociais, são extrínsecos à aprendizagem
musical porque estão relacionados a fatores externos à música. Embora não
pretendamos diminuir a validade destes fatores extrínsecos, acreditamos que é
importante compreender a prática coral como um espaço onde ocorre a educação
musical. Para Figueiredo (2005, p.6) é “preciso compreender a importância per se da
atividade coral, como uma experiência valiosa na construção de uma consciência
musical ampla e diversificada. Cantar em coral é, antes de mais nada, uma experiência
musical [...]”. É preciso discutir que tipo de conhecimento pode estar sendo
desenvolvido no coral para que se possa ir além das funções extrínsecas – social,
recreativa, religiosa, entre outras – à música e partir para a construção do conhecimento
musical.
Uma breve revisão de literatura mostra que vários autores sugerem que a
atividade coral envolve aprendizagem musical. Neste processo, os regentes são, de
alguma maneira, responsáveis por esta formação musical.
Figueiredo (1990) atribui ao ensaio a possibilidade de construção do
conhecimento musical. Para este autor o ensaio é um momento de aprendizagem e o
regente tem o papel de educador musical, por isso é importante que se reflita sobre a
atividade coral.
Os regentes devem se lembrar de sua função educacional. Através
desta reflexão haverá maiores possibilidades de desenvolvimento
consistente do conhecimento musical, que conduzirá, seguramente, ao
aprimoramento da prática coral. (FIGUEIREDO, 1990, p. 90)

Outros autores ainda concordam com a idéia de que o coral é um ambiente que
possibilita a aprendizagem musical e onde o regente exerce esta função educacional.
Mathias (1986) afirma que o regente possui uma função educativa quando diz que “cabe
ao regente coral realizar o papel de educador musical com os seus coralistas [...]” (p.32).
Robinson e Winold (1976) sugerem que “o regente coral precisa ser também um
educador competente” 1 (p. 45), onde a prática coral se constitui como um veículo para
o desenvolvimento das habilidades e dos conhecimentos musicais. Zander (2003)
propõe que o regente deve desenvolver também sua habilidade de ensinar, de se
comunicar, de educar musicalmente o grupo que dirige, afirmando que o regente precisa
desenvolver uma metodologia de ensino que propicie que os conteúdos musicais sejam
reconhecidos e apreendidos pelos coralistas de maneira eficaz.
Os autores apresentados concordam entre si no sentido de que o regente é um
educador. Além da formação técnica do gestual da regência é preciso que o regente
tenha sólidos conhecimentos musicais e que saiba aplicá-los com eficiência
(FIGUEIREDO, 1990; ZANDER, 2003; MARTINEZ, 2000).

Apresentação e discussão dos dados

Os dados que serão apresentados foram coletados a partir das respostas de um


questionário aplicado aos regentes e outro questionário aos coralistas. Os questionários
trataram de questões de ensino e aprendizagem musical na prática coral, buscando
verificar: a) se o regente se sente responsável pela educação musical do coro e; b) se os
coralistas se reconhecem como aprendizes musicais.
Para os regentes as perguntas do questionário envolveram tópicos como a
relação entre o regente e o educador musical, solicitando um posicionamento do regente
a respeito deste assunto. Além disso, foi solicitado aos regentes que descrevessem
atividades que realizam com seus corais com objetivo educativo.

1
No original: “The choral conductor must also be a competent educator”.
Entre as questões aplicadas aos coralistas, estavam perguntas relacionadas à sua
aprendizagem musical, solicitando que eles apontassem, por exemplo, as atividades que
são propostas pelos regentes para ensinar uma música nova e para repassar uma música
já conhecida pelo grupo. Também lhes foi solicitado indicar quais as atividades que, na
opinião deles, eram mais eficazes para o seu aprendizado musical.

Regentes
Os quatro regentes que participaram da pesquisa responderam aos tópicos
solicitados. A relação entre o regente e o educador musical foi assim comentada pelos
regentes:

‘Nos ensaios, ele [o regente] transmite conhecimentos, arte, vivência, emoção’


(Regente 1).

‘[...] são repassados conhecimentos a respeito do fazer musical, e não apenas cantar
por cantar. A técnica vocal é bem valorizada, as indicações de como ler a partitura e de como
produzir cada peça. A variação de cantar de formas diferentes a mesma música também
propicia momentos de criatividade, reforça o aprendizado’ (Regente 2).

‘[o regente] contribui para o aprimoramento vocal, musical e cultural dos cantores,
bem como procura desenvolver o espírito do “grupo”, etc.' (Regente 3).

‘[...] todos os cantores se espelham no seu regente e usam seus exemplos e explicações
como se fossem a única verdade do mundo. Nós regentes temos que ter muito cuidado para não
falarmos nada de forma errada ou equivocada’ (Regente 4).

A Tabela 1 apresenta os dados apresentados pelos regentes referentes às


atividades que eles realizam com corais no sentido de conduzir a aprendizagem musical.
Estão indicadas as sínteses das respostas dos regentes com relação ao ensino de músicas
novas e de músicas já conhecidas dos grupos.
Tabela 1 – Atividades mencionadas pelos regentes

Regente 1 Música nova: ensaia os naipes; toca no piano e canta.


Música conhecida: ensaia em conjunto e corrige o que for preciso.
Regente 2 Música nova: analisa a estrutura da peça; lê a letra para contextualização;
localiza a melodia nas respectivas vozes; faz vocalização com ‘lá, lá, lá’.
Música conhecida: usa a música no aquecimento (com boca fechada e
depois com a letra); solicita que os coralistas cantem sem olhar para a
letra; forma quartetos.
Regente 3 Música nova: solicita o estudo em casa; faz ensaios de naipes e depois
trabalha em conjunto.
Música conhecida: repassa a leitura; solicita novamente o estudo em casa;
faz ensaios de naipes e trabalha em conjunto.
Regente 4 Música nova: mostra gravação da peça; faz leitura rítmica; fornece CDs
com as gravações de cada naipe para estudo em casa.
Música conhecida: mistura os naipes e faz jogral.

Coralistas
Os dados coletados a partir dos questionários aplicados aos coralistas
apresentam pontos relacionados a atividades que o regente aplica durante os ensaios. A
Tabela 2 sintetiza estas respostas, sendo que a ordem apresentada representa a
freqüência das respostas.

Tabela 2 – Estratégias e atividades mencionadas pelos coralistas

Música Nova Música Conhecida


Toca no piano; Dá os tons e o coral canta;
Canta cada voz; Toca as vozes no piano;
Coral 1 Fornece uma gravação; Canta cada voz;
Passa primeiro a letra;
Canta cada voz; Repassa no teclado;
Toca no teclado; Canta cada voz;
Coral 2 Passa primeiro a letra; Dá os tons e o coral canta;
Fornece uma gravação;
Ensaia cada voz separada e depois une;
Toca no piano; Toca no piano;
Canta cada voz; Dá os tons e o coral canta;
Coral 3 Passa primeiro a letra; Canta cada voz;
Fornece uma gravação;
Canta cada voz; Dá os tons e o coral canta;
Toca no teclado; Canta cada voz;
Coral 4 Fornece uma gravação; Toca no piano;
Passa primeiro a letra;

Ao responderem sobre quais das atividades eram mais eficazes para a sua
compreensão, os coralistas apresentaram as seguintes atividades, que estão listadas em
ordem decrescente de freqüência:
- Passagem das vozes com o instrumento e com a voz do regente, ouvindo as
partes de cada naipe separadamente para depois cantar com todo o grupo.
- Atenção nos gestos do regente.
- Detalhamento das peças antes de serem cantadas, incluindo a leitura da letra
quando em idioma diferente, discussão de aspectos estéticos das peças e leitura rítmica.
- Técnica vocal.
- Gravações para o estudo em casa, além da audição da música original.
- Repetição da música até aprender.
- Diálogo sobre o que se vai fazer em cada ensaio para que os coralistas possam
compreender o processo.

Considerações
As respostas dos regentes indicam que os mesmos reconhecem sua função de
educadores, concordando com a literatura da área que discute as funções do regente
(FIGUEIREDO, 1990; MATHIAS, 1986; ROBINSON e WINOLD, 1976; ZANDER,
2003). Os regentes pesquisados sentem que exercem influência sobre os cantores do seu
grupo e por isso há a necessidade de terem cuidado com o que falar e como agir.
Cada regente utiliza estratégias que visam o aprendizado musical dos coralistas,
mostrando a sua preocupação com a condução da aprendizagem musical. As estratégias
apontadas por estes regentes como exemplos de sua atuação frente aos corais são
diferentes para cada um. Tocar no instrumento de teclado e cantar para os coralistas as
suas vozes, a técnica vocal, as gravações para estudo, e orientações gerais sobre as
peças musicais são tipos de estratégias mencionadas por estes regentes que também são
relatadas pelos coralistas. Estes últimos, por sua vez, demonstram perceber que fazem
parte de um processo educativo em seus corais quando reconhecem estratégias de
ensino aplicadas por seus regentes. As atividades mais eficientes apresentadas pelos
cantores em relação ao ensino musical nos corais mostram que há uma compreensão de
que existe um conhecimento sendo mediado pelos regentes e diferentes meios para se
chegar à assimilação de tais conhecimentos.
A literatura aponta para a função educacional do coro e sobre a necessidade de
que o regente esteja preparado para conduzir os ensaios de maneira a garantir uma
aprendizagem musical e fugir do mero treinamento ou ficar só na parte social ou
recreativa. É importante que a educação musical coral seja abordada mais amplamente
nos cursos de bacharelado onde se formam regentes, e também nos cursos de
licenciatura, onde a regência é normalmente oferecida como parte da formação do
educador musical. Teixeira (2005) enfatiza “a necessidade de uma abordagem sobre a
didática coral durante a formação superior” (p. 150).
Acreditamos que mais deve ser discutido, escrito e refletido sobre a prática
coral, como sugere Teixeira (2005, p. 11): “ainda são escassos os estudos que
examinam a formação e a atuação do educador musical/regente inserido em diferentes
espaços”. Consideramos, então, que este tópico tem grande importância para a educação
musical em contextos não-formais. A atividade coral é um espaço onde ocorre educação
musical e muitos indivíduos podem se beneficiar desta experiência educativa.
Os aspectos vistos neste trabalho não esgotam as possibilidades de estudos sobre
o ensino e aprendizagem musical na prática coral. Existem muitos outros elementos
presentes na realização coral que merecem ser abordados e discutidos. Para isso é
preciso que sejam feitas mais pesquisas nesta área no sentido de ampliar a produção de
material e difundir o conhecimento acerca desta prática musical que é o canto coral.

Referências:

BOGDAN, Robert; BIKLEN, Sari. Investigação qualitativa em educação: uma


introdução à teoria e aos métodos. Tradução de Maria João Alvarez, Sara Bahia dos
Santos e Telmo Mourinho Baptista. Porto – Portugal: Porto Editora, 1994.

FIGUEIREDO, Sergio Luiz Ferreira. O ensaio coral como momento de aprendizagem:


a prática coral numa perspectiva de educação musical. Porto Alegre: UFRGS, 1990.
[Dissertação de mestrado]
FIGUEIREDO, Sergio Luiz Ferreira. A prática coral na formação musical: um estudo
em cursos superiores de licenciatura e bacharelado em música. In: Congresso da
ANPPOM, 15, 2005, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: UFRJ, 2005. [CD-rom]

MARTINEZ, Emanuel. Regência Coral: princípios básicos. [colaboradores: Denise


Sartori; Pedro Goria; Rosemari Brack]. Curitiba: Dom Bosco, 2000.

MATHIAS, Nelson. Coral: um canto apaixonante. Brasília: Musimed, 1986.

ROBINSON, Ray; WINOLD, Allen. The choral experience: literature, materials, and
methods. New York: Harper’s College Press, 1976.

TEIXEIRA, Lúcia Helena Pereira. Coros de empresa como desafio para a formação e a
atuação de regentes corais: dois estudos de caso. Porto Alegre: UFRGS, 2005.
[Dissertação de mestrado]

ZANDER, Oscar. Regência coral. 5ª ed. Porto Alegre: Movimento, 2003.

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