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A) Acelerar a chegada ao mercado dos resultados do investimento na I&D pelas
empresas
A crise cria dificuldades adicionais à valorização no mercado dos resultados dos
projectos de I&D. Mesmo depois de vencido o “risco C&T” subsistem incertezas e
dificuldades a ultrapassar para chegar ao mercado com sucesso, que são
agravados num período de crise. Esse risco de mercado é tanto maior quanto
maior é o grau de inovação do produto e a “juventude” da empresa. É preciso
passar do protótipo, que culminou o projecto de investigação, a um produto
ajustado ao mercado e às condições de produção industrial. É preciso muitas
vezes investir no reforço das linhas de produção ou criar mesmo novas, formar
trabalhadores e equipas de marketing e comercialização. A oportunidade destes
investimentos, em geral muito superiores aos efectuados na fase de I&D,
depende da percepção sobre a receptividade do mercado e sobre a capacidade de
mobilizar os capitais necessários. Na crise, os mercados poderão estar mais
deprimidos e incertos e a concorrência mais agressiva, e os financiadores mais
cautelosos, dificultando o acesso ao crédito e tornando-o mais caro.
Nunca como hoje, tivemos em Portugal, tantos projectos de I&D liderados pelas
empresas, alguns dos quais já terminados - ou a chegar à fase final. O sucesso
destes projectos no mercado dará não só um contributo para reforçar a dinâmica
da saída da crise, como será um forte estímulo a que um número ainda mais
alargado das empresas aposte na I&D como meio para melhorar a
competitividade dos seus produtos e serviços.
Com esse objectivo sugerimos as seguintes tipos de medidas e prioridades de
política.
1. Inquérito à situação e perspectivas de valorização dos resultados dos
projectos do QCA e PQ da UE anteriores e dos projectos do actual QCA mais
avançados. Identificação de problemas e formas de os superar.
2. Apoio à demonstração de resultados incluindo apoio à construção de
protótipos de demonstração e às despesas com as iniciativas de
demonstração em condições reais.
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3. Apoio a acções que diminuam o risco de mercado promovendo o apoio à
emergência de “compradores pioneiros”, com a organização de “bolsas” que
funcionam como mercados de arranque (considerar elegíveis as despesas de
compradores pioneiros para efeitos de SIFIDE). A procura pública deverá aqui
assumir particulares responsabilidades.
4. Criação de etiqueta “Inovação 2011” (a repetir nos anos seguintes com a data
ajustada) atribuída aos novos produtos que vão ser lançados no mercado
durante o ano. A atribuição deste “Selo de Inovação” dará acesso não só ao
direito ao seu uso na promoção do produto, como a uma “via rápida” nas
acções de licenciamento e certificação e nas acções de promoção nos
mercados nacionais e internacionais.
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completamente novo constitui uma oportunidade para valorizar os resultados da
I&D e difundir a inovação pelos sectores utilizadores.
Permite ainda preparar a fase seguinte, testando o mercado, aperfeiçoando a
inovação, dinamizando a criação de novos mercados e formando “on job” os
técnicos e trabalhadores que serão o coração da produção industrial na fase de
expansão pós-crise.
A reabilitação de edifícios tem de ser encarada como oportunidade para a
introdução de novos materiais estruturais e isolantes, para a actualização das
redes de energia e introdução de novas redes de informação, comunicações e
domótica, e novos sistemas de recolha selectiva de lixos e efluentes. Nos telhados
e fachadas viradas a sul, os investimentos de renovação poderão ser partilhados
com o investimento em sistemas de captação solar nomeadamente fotovoltaico,
ajudando a viabilizar ambos.
A conversão de veículos de transporte à motricidade eléctrica tem também
grande alcance a vários títulos: criação de emprego, redução das importações de
veículos e de energia, diminuição da poluição atmosférica e sonora, além de
possibilitar a redução do custo com a mobilidade. Esta conversão é
particularmente relevante nos transportes em meio urbano, em veículos com
uma intensa utilização e com percursos regulares, como será o caso das frotas
empresariais de transporte de mercadorias e passageiros (car sharing). Perfil que
casa o máximo de viabilidade económica com o máximo de impacto positivo na
balança energética e ambiental. Uma política de conversão voluntarista
relativamente aos barcos nas águas interiores terá também um forte interesse
ambiental e será factor de diferenciação para o turismo.
Ainda nos transportes pode-se melhorar a segurança com a introdução de
“tecnologias de segurança activa” quer nas infra-estruturas, quer nos veículos. No
caso dos veículos, a iniciativa não passa necessariamente pelo investimento ou
pelos subsídios públicos, mas pela legislação dos seguros e ajustamentos sobre a
legalidade dos meios de prova sobre as responsabilidades nos acidentes (por
exemplo vídeo de imagens do acidente em momentos imediatamente anteriores).
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Também na actualização do parque industrial, o retrofitting dos equipamentos
pode ser um meio para, com investimentos mais limitados, aumentar a
produtividade, a qualidade de produção e a segurança no trabalho. O interesse
estratégico do “retroffiting” dos equipamentos industriais, consiste também na
porta que abre para o desenvolvimento da indústria nacional de bens de
equipamento, em particular da sectores mais sofisticados como os da
instrumentação, automação e robótica. O “retrofitting” dos equipamentos
constitui um atalho para o desenvolvimento das indústrias de “meios de
produção” que é um “elo” chave da cadeia de inovação.
A politica publica tem aqui dois grandes eixos de intervenção: adaptar os
regulamentos dos programas de apoio ao investimento, para que o investimento
em “retrofitting” seja elegível; a intervenção através de regulamentação e da
própria actuação do Estado como cliente.
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B.3) Investimentos de uso partilhado. Outra forma de acelerar a chegada ao
mercado dos resultados de I&D, com custos naturalmente ainda elevados na fase
inicial, é a de promover o seu uso partilhado por vários utilizadores, que permita
ainda o alargamento do mercado e os ganhos de economias de aprendizagem na
produção. Já no passado foi por este tipo de utilização que se introduziram novos
bens de equipamento (Exemplo: Laser Shops) e muitos bens de consumo
duradouros (Exemplo: Máquinas de lavar roupa). O acesso partilhado a novas
tecnologias de produção pode ser particularmente relevante para PME. O acesso,
desta forma, a novos bens de consumo duradouros pode ser importante em
particular para grupos de consumidores com mais baixo poder de compra.
Em alguns casos a sua adopção de soluções de uso partilhado pode ser ao mesmo
tempo de interesse geral, por exemplo quando permita a redução significativa do
impacto ambiental.
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impacto simultaneamente na melhoria das condições sociais e no reforço da
competitividade internacional, ao viabilizarem o lançamento de novos produtos,
com maior valor acrescentado e competitividade assente na diferenciação pela
inovação O potencial impacto destes investimentos será maior nos casos em que
se possa tirar partido de “economias de rede”, nomeadamente nas Redes de
Conhecimento, nas Redes de Informação e Comunicações, nas Redes de
Transporte e Logística. Investimentos deste tipo orientados para objectivos com
impacto social “legitimam” uma forte intervenção pública, nomeadamente do
lado da procura.
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“dormitórios” nas principais regiões metropolitanas, nomeadamente através das
novas possibilidades de trabalho cooperativo à distância numa gama cada vez
mais alargada de actividades desde a arquitectura à saúde e à formação, não só
no âmbito nacional, mas permitindo também articular o desenvolvimento
regional com estratégias de internacionalização de serviços avançados.
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pela criação de “nós relais” de distribuição de proximidade que diminuam
os custos da “última milha”, tirando partido do potencial de eficiência e
comodidade possibilitados pela tecnologia RFID articulada com a
informação on line:
Localizados em sítios nevrálgicos como
- Parques de estacionamento
- Estações intermodais de transportes interurbanos (rodoviários,
ferroviários, fluviais)
Possibilitando a resolução de três tipos de problemas:
- entrega de mercadorias ao comércio local durante todo o dia, minorando
o impacto na fluidez do trânsito, com recolha/entrega de proximidade
feita por pequenos veículos eléctricos.
- a comodidade das compras nos centros das cidades revitalizando-os, pela
sua transformação em “centros comerciais a céu aberto”, com recolha
das diversas compras feitas por cada consumidor num único local junto
de parques de estacionamento ou interfaces inter-modais.
- a melhoria da competitividade da logística das entregas das compras feitas
pela NET. Porque quanto mais competitiva é a compra pela Net mais
importante é a rapidez e a competitividade da entrega dos produtos
comprados. A entrega em locais de proximidade pode ser um bom
compromisso relativamente à entrega ao domicílio em termos de
comodidade e custo.
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C.3) Tirar partido da capacidade C&T nacional para viabilizar investimentos com
forte impacto social
Lino Fernandes
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