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Palavras-chave Resumo
Papila interdentária. O objetivo deste estudo clínico foi monitorar longitudinalmente a regeneração
Cirurgia de Aumento de coroa. da papila interdentária (PI) após cirurgia de aumento de coroa. Um total de 30
Processo de reparo. dentes pré-molares, em 23 pacientes (idade media 32,5 anos) sem doença
periodontal, foi selecionado com coroa clínica curta ou com invasão do espaço
da distância biológica pela cárie, fratura dentária ou término cervical pré-exis-
tente. Os procedimentos cirúrgicos realizados foram incisão, rebatimento de
retalho total, ressecção óssea e sutura do retalho. Os parâmetros clínicos, como
presença de placa e sangramento gengival nos sítios mesial e distal do pré-mo-
lar, e presença de cratera gengival, aspecto “stippling” e “dobra” nas PI, foram
avaliados antes da cirurgia e nos períodos pós-operatórios de 1, 2, 3, 4, 5, 6
e 12 meses. Os resultados evidenciaram alterações morfológicas na PI durante
todo período pós-operatório. A porcentagem média inicial de PI com aspecto
“stippling” foi de 18,2%, reduzindo para 9,2% no primeiro mês pós-cirúrgico,
e aumentando significantemente para 80,8%, aos 12 meses. A porcentagem
média inicial de PI com cratera gengival e “dobra” de 49,0% e 63,9% aumen-
tou significantemente para 76,0% e 100,0% um mês após cirurgia, e reduziu
significantemente para 11,4% e 32,9%, aos 12 meses, respectivamente. Os
autores sugeriram a utilização da “dobra” como um parâmetro que permita ao
profissional monitorar clinicamente a regeneração da PI.
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Marly Kimie Sonohara Gonzalez, Sebastião Luiz Aguiar Greghi, Luiz Fernando Pegoraro, Ana Lúcia Pompéia Fraga de Almeida
ratinizada vestibular <2mm12; alterações sistêmi- tera gengival, aspecto “stippling” e “dobra” foram
cas que pudessem comprometer o processo de expressos em porcentagem do número de sítios
reparo10; gestante e lactante13; fumante; usuário examinados. Após obtenção dos valores percen-
de imunossupressores, anticonvulsivante ou blo- tuais, diferenças significantes foram verificadas
queadores de cálcio ; e terapia cirúrgica na área
13
pelo Teste de McNemar.
nos últimos doze meses . Após preparo inicial, a
15
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Regeneração da papila interdentária após cirurgia de aumento de coroa
Tabela 1 - Distribuição das papilas interdentárias com cratera gengival, aspecto “stippling” e “dobra” na fase pré-cirúrgica e de
controle pós-operatório de 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 12 meses, em porcentagem.
do demonstraram alterações na forma, aspecto e 76,0% no primeiro mês pós-cirúrgico. Essa de-
contorno da PI durante todo período de repara- pressão pode ocorrer devido à incisão que separa
ção após cirurgia de aumento de coroa. a PI em segmento V e L18. Apesar deste tipo de
A cratera gengival, descrita como uma depres- incisão ter sido realizado em todas as áreas pro-
são visível no tecido interdentário no sentido ves- ximais, a cratera gengival não foi evidenciada em
tíbulo-lingual , esteve presente em 49,0% das PI
10
todas as PI.
na fase pré-cirúrgica. A sua presença pode estar Isso demonstra que outros fatores relaciona-
relacionada à localização e extensão do contato dos aos procedimentos cirúrgicos (tipo de reta-
proximal mais para apical e/ou lingual; ao con- lho, recontorno ósseo e tipo de sutura), morfo-
torno convexo da superfície proximal; à desadap- logia gengival e óssea, dificuldade e habilidade
tação marginal da restauração/coroa provisória; técnica do profissional na manipulação dos reta-
ao acúmulo de placa bacteriana ou à localização lhos podem influenciar no contorno da PI nos pri-
do término cervical dentro do espaço da distância meiros meses de reparação. Por isso, a presença
biológica. A confecção de novas restaurações/ de cratera gengival pode ser considerada como
coroas provisórias com adaptação da margem um estágio inicial da formação da PI.
cervical, localização do contato mais para oclusal Nos períodos de avaliação, as crateras gengi-
e vestibular e contorno proximal plano ou ligei- vais apresentaram 3 comportamentos: algumas
ramente côncavo permitiu criar um espaço ade- PI adquiriram forma plana, outras adquiriram for-
quado para regeneração da PI. A porcentagem ma convexa e algumas, não modificaram a sua
média de PI com cratera gengival aumentou para forma côncava inicial19. A porcentagem média de
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Figura 1 - Cratera gengival. Numa vista vestibular, observam-se crateras Figura 2 - Aspecto da papila interdentária. Numa vista oclusal, as pa-
gengivais nas papilas interdentárias mesiais e distais dos pré-molares. pilas mesial do primeiro pré-molar e distal do segundo pré-molar apre-
sentam-se com aspecto liso e brilhante e a papila interdentária entre
pré-molares mostra-se com aspecto “stippling”.
Figura 3 - “Dobra” na papila interdentária. Numa vista vestibular, a Figura 4 - Numa vista proximal da papila interdentária no modelo de
papila mesial do primeiro pré-molar apresenta um contorno uniforme e gesso, a “dobra” representa um achatamento mais acentuado da sua
biselado no sentido ocluso-gengival, enquanto a papila distal exibe uma porção vestibular (linha pontilhada).
“dobra” (seta) na sua porção mais coronal.
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PI com cratera gengival reduziu significantemen- base até o seu vértice, quando observada numa
te para 11,4% aos 12 meses. Dessa forma, as vista vestibular. Contudo, 63,9% das PI apresen-
crateras gengivais apresentam uma tendência de taram um contorno vestibular com “dobra” na
reparação, sem interferir no restabelecimento da sua porção mais coronal, na fase pré-cirúrgica.
saúde gengival . A sua presença nos períodos
10
Este sinal clínico na PI representa uma marca ho-
pós-operatórios tardios deve ser analisada cuida- rizontal bem definida e localizada apical ao seu
dosamente, pois pode representar a área do col vértice da PI. Num modelo de gesso, a “dobra”
devido à proximidade com o contato proximal . 8
corresponde a um achatamento mais pronuncia-
Mesmo que o aspecto “stippling” seja uma do na sua porção vestibular (Figura 4). A sua
característica clínica que nem sempre está pre- presença na fase pré-cirúrgica poderia estar re-
sente na gengiva inserida saudável , este estudo 8
lacionada ao término cervical invadindo espaço
procurou avaliar o seu comportamento durante da distância biológica, contorno proximal ina-
processo de reparo. No primeiro mês pós-cirúr- dequado ou desadaptação marginal das coroas
gico, esse aspecto foi evidente em 9,2% das PI, provisórias. Após um mês da cirurgia, todas as
demonstrando que os procedimentos cirúrgicos PI apresentaram “dobra”. Isso demonstra que a
realizados não alteraram essa característica te- “dobra” pode ser um sinal clínico esperado du-
cidual. Durante reparação, houve um aumento rante o estágio inicial de formação da PI após
gradual do aspecto “stippling” nas PI (80,8%). cirurgia de aumento de coroa, ao contrário da
Isso sugere que as PI restabeleceram suas ca- presença da cratera gengival e ausência do as-
racterísticas saudáveis após maturação do tecido pecto “stippling”. Aos 12 meses, houve redução
conjuntivo gengival ou que refletiram a localiza- significante na porcentagem de PI com “dobra”
ção do contato proximal. Quando dois dentes para 39,2%. O seu desaparecimento pode ser
adjacentes não apresentam contato proximal ou explicado pelo deslocamento coronal do tecido
quando da perda de um dente, a gengiva inseri- gengival, para restabelecer a altura total da PI.
da está presente em toda a extensão vestíbulo- Fatores como aumento da rugosidade superfi-
lingual . No presente estudo, como os contatos
8
cial das restaurações/coroas provisórias durante
proximais foram localizados mais para oclusal, todo o período de avaliação clínica, permitindo
distantes do vértice gengival, 80,8% das PI mos- acúmulo de placa; subcontorno proximal que re-
traram aspecto “stippling”. Na presença da área sultou na localização do contato mais para oclu-
do col, relacionado ao contato proximal, o epité- sal; e regeneração incompleta da PI podem estar
lio que cobre o tecido conjuntivo gengival não é relacionados com a presença da “dobra” ao final
ceratinizado8 e, portanto, não apresenta aspecto de 12 meses.
“stippling”. Diferente de se estabelecer medidas médias
A PI clinicamente normal e saudável revela fixas da distância da crista óssea até contato
um contorno uniforme e biselado desde a sua proximal para prever a regeneração da PI3,11, o
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presente estudo procurou avaliar parâmetros sugerem que a persistência da “dobra” na PI após
que permitam ao profissional compreender os cirurgia de aumento de coroa representa um sinal
fenômenos clínicos da regeneração da PI após clínico da regeneração incompleta da PI.
cirurgia a retalho.
Nenhum relato ou estudo clínico tem sido Conclusões
encontrado na literatura sobre a presença da Os eventos clínicos que ocorrem durante a
“dobra”, ou qualquer alteração morfológica na PI regeneração da PI após cirurgia de aumento de
após cirurgia de aumento de coroa. O processo coroa envolvem, principalmente, alterações no
de regeneração da PI pode ser compreendido cli- contorno vestíbulo-lingual do tecido interdentá-
nicamente como migração coronal do tecido gen- rio. A “dobra” pode ser considerada como um
gival
6,15
, associado às alterações morfológicas no parâmetro clínico que permita ao profissional
sentido vestíbulo-lingual. Dessa forma, os autores monitorar a completa regeneração da PI.
The aim of this clinical study was to longitudinally observe the regeneration of the interdental papilla (IP)
following surgical crown lengthening. A total of 30 premolars from 23 patients (mean age 32.5 years)
without periodontal disease were selected, which presented short clinical crown or loss of biological
width due to caries, tooth fracture or preexisting cervical preparation. The surgical procedures comprised
incision, full-thickness flap, osseous resection and flap suture. The clinical parameters included presence
of plaque and gingival bleeding at the mesial and distal aspects of the premolar and presence of gingival
crater, stippling aspect and “folding” of the IP, before surgery and at postoperative periods of 1, 2, 3, 4,
5, 6 and 12 months. The results revealed morphological changes in the IP throughout the postoperative
period. The initial mean percentage of IP with stippling aspect was 18.2%, was reduced to 9.2% at the
first postoperative month, and significantly increased to 80.8% at 12 months. The initial mean percentages
of IP with gingival crater and “folding”, namely 49.0% and 63.9%, were significantly increased to 76.0%
and 100.0% at one month after surgery and significantly reduced to 11.4% and 32.9% after 12 months,
respectively. The authors suggested utilization of “folding” as a parameter that allows the professionals to
clinically observe the regeneration of the IP.
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