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11 de maio de 2011
2
Sumário
1 Equação de Euler 5
1.1 Uma variável independente e uma dependente . . . . . . . . . . . 5
1.1.1 Parâmetro variacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.1.2 Dedução da equação de Euler . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.1.3 Identidade de Beltrami . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.2 Aplicações da equação de Euler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.2.1 Menor distância entre dois pontos . . . . . . . . . . . . . 9
1.2.2 Braquistócrona . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2.3 Superfı́cies de revolução e filmes de sabão . . . . . . . . . 13
1.2.4 Túnel em uma esfera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.3 Uma variável independente e várias dependentes . . . . . . . . . 19
1.3.1 Equações de Euler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.3.2 Propagação da luz e o princı́pio de Fermat . . . . . . . . . 20
1.3.3 Princı́pio de Hamilton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.4 Uma variável dependente e várias variáveis independentes . . . . 26
1.4.1 Equação de Euler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.4.2 Equação de Laplace . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.5 Várias variáveis independentes e dependentes . . . . . . . . . . . 28
1.6 Problemas variacionais com vı́nculos . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.6.1 Vı́nculos e multiplicadores de Lagrange . . . . . . . . . . 28
1.6.2 Exemplos de vı́nculos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
1.6.3 Equações de Euler com vı́nculos . . . . . . . . . . . . . . 31
1.6.4 Problemas mecânicos com vı́nculos . . . . . . . . . . . . . 35
1.7 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3
4 SUMÁRIO
Capı́tulo 1
Equação de Euler
5
6 CAPÍTULO 1. EQUAÇÃO DE EULER
y α=α
2 2
y
2
α=α 1
α=0
y
1 1 α=α
3
x
0 x x x
1 α=α 2
2
onde η(x) representa a deformação, portanto deve ser uma função continuamente
diferenciável (suave) em todos os pontos do intervalo x1 < x < x2 , anulando-se
nos seus extremos: η(x1 ) = η(x2 ) = 0.
Como um exemplo de parametrização consideremos os pontos fixos no plano
(x1 , y1 ) = (0, 0) e (x2 , y2 ) = (1, 0), onde o caminho ótimo seja o segmento de
reta que os une:
y(x, 0) = {(x, y)|y = 0, 0 ≤ x ≤ 1}.
Uma famı́lia de curvas suaves parametrizadas por α que conectam os pontos
fixos é (α ∈ R)
y(x, α) = αx(1 − x),
onde α = 0 fornece o caminho ótimo: y(x, 0) = 0. Logo η(x) = x(1 − x), que
satisfaz η(0) = η(1) = 0.
Observe que a deformação η(x) deve ser uma função suave no intervalo
[x1 , x2 ], ou seja, deve ser diferenciável em todos os seus pontos. No exemplo
anterior, isso significa que não podemos usar uma função como (α ∈ R)
(
2αx, se 0 ≤ x ≤ 1/2,
η(x) =
2α(x − 1), se 1/2 ≤ x ≤ 1,
Como todas as curvas parametrizadas por α devem passar pelos pontos fixos,
∂y ∂y
= 0, = 0, (1.7)
∂α x1 ∂α x2
A condição (1.4) para que a integral J seja estacionária é, portanto, simples-
mente
δJ = 0. (1.13)
Impondo essa condição em (1.12), como δy é arbitrário, concluimos que, neces-
sariamente, o termo entre colchetes deve anular-se, o que fornece a equação de
Euler 1
∂f d ∂f
− = 0. (1.14)
∂y dx ∂yx
1A equação de Euler é uma condição necessária, porém não suficiente para que δJ = 0.
8 CAPÍTULO 1. EQUAÇÃO DE EULER
∂f
f − yx = C = constante. (1.15)
∂yx
df ∂f dy ∂f dyx ∂f
= + +
dx ∂y dx ∂yx dx ∂x
∂f ∂f ∂f
= yx + yxx + ,
∂y ∂yx ∂x
onde podemos isolar
∂f df ∂f ∂f
yx = − yxx − . (1.16)
∂y dx ∂yx ∂x
Multiplicando a equação de Euler (1.14) por yx obtemos
∂f d ∂f
yx − yx = 0. (1.17)
∂y dx ∂yx
Como
d ∂f ∂f d ∂f
yx = yxx + yx , (1.19)
dx ∂yx ∂yx dx ∂yx
a expressão (1.18) fornece, após um pequeno rearranjo, uma forma alternativa
da equação de Euler:
∂f d ∂f
− + f − yx = 0. (1.20)
∂x dx ∂yx
1.2. APLICAÇÕES DA EQUAÇÃO DE EULER 9
∂f
Caso f não dependa explicitamente de x, então ∂x = 0 e (1.20) reduz-se a
d ∂f
f − yx = 0. (1.21)
dx ∂yx
de tal sorte que o comprimento total de uma curva plana ligando os pontos de
coordenadas (x1 , y1 ) e (x2 , y2 ) é
Z 2 Z x2 p
L= ds = dx 1 + yx2 , (1.23)
1 x1
ax1 + b = y1 ,
ax2 + b = y2 ,
isto é,
y1 − y2
a = , (1.24)
x1 − x2
y2 x 1 − y1 x 2
b = . (1.25)
x1 − x2
10 CAPÍTULO 1. EQUAÇÃO DE EULER
onde yxα = yx (x, α), e comparar com o comprimento da curva ótima (1.26):
Z x2 q
L[y(x, 0)] = 2 ,
dx 1 + yx0 (1.28)
x1
donde ∆L ≥ 0, ou L[y(x, α)] ≥ L[y(x, 0)], a igualdade só valendo para o caso
onde α = 0. Em geral, L[y(x, α)] será sempre maior do que L[y(x, 0)], onde o
último é, de fato, um mı́nimo.
1.2. APLICAÇÕES DA EQUAÇÃO DE EULER 11
y
1 x
0 x
2
y
1.2.2 Braquistócrona
O problema da braquistócrona consiste em achar a trajetória pela qual uma
partı́cula deslizando a partir do repouso, sem atrito, e acelerada unicamente
pela gravidade, vai de um ponto a outro (num plano vertical) no menor tempo
possı́vel. Ele foi formulado pela primeira vez por Johann Bernoulli em 1696, sob
a forma de um desafio lançado aos maiores matemáticos do seu tempo. Cinco
deles enviaram suas soluções: Newton, Jacob Bernoulli (irmão de Johann), Leib-
nitz, L’Hôpital, além do próprio Johann Bernoulli. Todos eles, usando diferentes
métodos geométricos, encontraram corretamente a curva como sendo um arco de
ciclóide. Os métodos usados pelos irmãos Bernoulli para resolver o problema da
braquistócrona e assemelhados levaram, anos após, Euler e Lagrange a criarem
o cálculo variacional.
Por simplicidade, vamos supor que a partı́cula de massa m parta do repouso
da origem 1 : (0, 0) e deslize sem atrito pela curva y(x) até chegar ao ponto
2 : (x, y). O tempo necessário para percorrer o caminho ligando esses pontos é
Z 2
ds
t12 = , (1.30)
1 v
Z s
x
1 + yx2
t12 = dx. (1.31)
0 2gy
Desejamos achar a forma da curva y(x) para a qual, dados os pontos fixos
1 e 2, o tempo de percurso é mı́nimo. Este é um problema variacional para o
qual a solução é obtida resolvendo-se a equação de Euler (1.14) para a função
1/2 −1/2
f (y, yx ) = (1 + yx2 ) (2gy) . Como ela não depende explicitamente de x
12 CAPÍTULO 1. EQUAÇÃO DE EULER
onde k12 é uma nova constante de integração, que se anula pela condição de
contorno y(0) = 0. A braquistócrona, então, é determinada pelas seguintes
equações paramétricas:
k2
x(θ) = (θ − sin θ), (1.37)
2
k2
y(θ) = (1 − cos θ), (1.38)
2
que são as equações de uma ciclóide.
A ciclóide é a curva traçada por um ponto fixo num cı́rculo de raio a = k 2 /2
que rola sem deslizar por uma linha reta. Podemos interpretar o parâmetro
θ como o ângulo que o raio vetor do ponto fixo faz com um raio vetor de
referência. Num ciclo completo, portanto, o parâmetro vai de zero a 2π. Ela
foi estudada primeiramente por Galileu em 1599, que tentou achar a sua área
experimentalmente (!) cortando e pesando pedaços de metal. A área sob a curva
após um ciclo completo, dada por 3πa2 , foi encontrada por Torricelli, Fermat e
Descartes usando métodos geométricos. O comprimento de um ciclo completo
da ciclóide é 8a.
1.2. APLICAÇÕES DA EQUAÇÃO DE EULER 13
y
y
2
ds
y y
1
0 x1 x2 x
onde usamos (1.22). A área total da superfı́cie será, portanto, o funcional inte-
gral Z x2 p
A = 2π y 1 + yx2 dx, (1.40)
x1
∂f p yy 2
f − yx = y 1 + yx2 − p x = a = const. (1.41)
∂yx 1 + yx2
p
Multiplicando por 1 + yx2 obtemos
p
y(1 + yx2 ) − yx2 y = y = a 1 + yx2 .
y
o
−xo 0 xo x
−yo
1 2
r r
o
R θ R
φ
x∗0
= csch1, 2 ≈ 0, 663 (1.52)
y0
donde para (x0 /y0 ) > 0, 66 a catenóide não é a solução do problema da superfı́cie
mı́nima. Há uma outra solução para o problema da superfı́cie mı́nima, devida a
Goldschmidt, que não é obtida pelo cálculo variacional, e é composta por dois
filmes circulares em cada aro [Fig. 1.5]. Como a solução de Goldschmidt é
descontı́nua, ela não satisfaz a equação de Euler (1.41). Para (x0 /y0 ) > 0, 66
apenas as soluções de Goldschmidt podem existir. Podemos encarar a situação
da seguinte forma: quando os cı́rculos estão suficientemente afastados entre si,
a solução do tipo catenóide torna-se instável, isto é, o filme de sabão se rompe.
Finalmente, por simetria o tempo total de percurso entre dois pontos na su-
perfı́cie será s r
R2 − r02 r 2
0
T = 2τ = π = 1− T0 , (1.67)
Rg0 R
onde s
R
T0 ≡ π (1.68)
g0
1.3. UMA VARIÁVEL INDEPENDENTE E VÁRIAS DEPENDENTES 19
é o tempo de percurso para uma trajetória que passe pelo centro da esfera, isto
é, com r0 = 0, conectando dois pontos antipodais na sua superfı́cie. Em geral,
os tempos de trânsito para todas as cordas são idênticos, sendo o diâmetro a
maior corda possı́vel na esfera, evidentemente, Para uma hipociclóide, porém,
na medida em que r0 ≥ 0, então T ≤ T0 , significando que o tempo de percurso
por uma hipociclóide é sempre menor do que o tempo de percurso pela corda
que une os dois pontos.
Como um exemplo numérico, supondo que a Terra seja uma esfera perfeita
onde R = 6370km e g0 = 9, 8m/s2 , temos que T0 = 2, 53 × 103 s = 42, 2min.
Para uma trajetória (num hipotético túnel) onde r0 = R/2, o tempo de per-
curso será T = 0, 0625T0 = 2, 64min. Esse valor é espantosamente baixo, con-
siderando que, como o ângulo central subtendendo os pontos inicial e final é,
de (1.61), φ = π/4,
√ um cálculo simples mostra que a corda ligando esses dois
pontos mede R 2 = 9008km, e que a profundidade máxima de um túnel ao
longo da corda seria h = R(1 − cos φ) = 1865km. Além disso, a distância entre
esses pontos ao longo da superfı́cie é s = Rπ/4 = 5000km.
Este problema tem uma história curiosa. Em 1888 Collignon apresentou
perante o Congresso da Associação Francesa para o Avanço da Ciência um
trabalho com o tı́tulo De Paris ao Rio de Janeiro em 42 minutos e 11 segundos
(provavelmente referindo-se a um hipotético túnel ao longo da corda ligando as
duas cidades). De fato, na década de 1930 especulou-se muito sobre esse tipo de
possibilidade, naturalmente limitada por vários fatores tecnológicos. Na década
de 1960 esse problema foi objeto de vários artigos [7, 8].
Refração da luz
O princı́pio de Fermat pode ser usado, no âmbito da ótica geométrica, para
deduzir as leis da reflexão e da refração da luz. Vamos considerar a refração
da luz pela interface de dois meios com ı́ndices de refração n1 e n2 (supostos
homogêneos e isotrópicos). Os dois pontos fixos têm coordenadas (x1 , y1 ) e
(x2 , y2 ). Pela discussão precedente vimos que, em cada meio, a trajetória da luz
deverá ser uma linha reta. O caminho ótico total entre os pontos 1 e 2 é
q q
2 2
ℓ = ℓ1 + ℓ2 = n1 (x1 − x0 ) + y12 + n2 (x2 − x0 ) + y22 , (1.80)
onde (x0 , 0) são as coordenadas do ponto na interface entre os dois meios.
As trajetórias da luz em cada meio minimizam o caminho ótico, o que pode
ser obtido achando o mı́nimo de ℓ em relação a x0 :
∂ℓ 2(x 0 − x 1 )(+1) 2(x 2 − x 0 )(−1)
= n1 q + n2 q =0
∂x0 2 2 2 2
2 (x1 − x0 ) + y1 2 (x2 − x0 ) + y2
n1 sin θ1 − n2 sin θ2 = 0 (1.81)
22 CAPÍTULO 1. EQUAÇÃO DE EULER
que é a lei de Snell da refração, onde θ1 e θ2 são os ângulos que os raios incidente
e refratado, respectivamente, em relação à normal à interface no ponto (x0 , 0).
Observe que essa solução em si não é diferenciável nesse ponto, então ela não
pode ser considerada, rigorosamente, uma solução da Equação de Euler.
Buraco negro
∂f
f − yx = C
∂yx
p
1 + yx2 2yx
− yx p =
y 2 1 + yx2
dx 1
= q ,
dy 1
−1
C 2 y2
cuja solução é
r
1
x + C1 = − − y2 , (1.82)
C2
onde C1 é uma constante de integração. Quadrando a expressão acima chegamos
à equação de uma circunferência de raio 1/C e centro no ponto de coordenadas
(−C1 , 0).
A trajetória da luz nas proximidades do horizonte de eventos de um buraco
negro é um arco de circunferência, compatı́vel com a idéia de que a luz não
pode “escapar” do buraco negro. Um fenômeno semelhante ocorre quando há
um aquecimento desigual do ar próximo à superfı́cie. Como o ı́ndice de refração
do ar depende da temperatura local do ar, a não-uniformidade da velocidade
da luz leva, assim como no caso do buraco negro, a uma pequena curvatura
dos raios de luz próximo à superfı́cie do mar ou do gelo. Esse fenômeno leva ao
aparecimento de um certo tipo de miragem conhecido como fata morgana, carac-
terizada pelo aparecimento de imagens bastante distorcidas de objetos situados
próximo ao horizonte como ilhas ou navios, que parecem flutuar (a famosa lenda
do “holandês voador” é baseada nesse tipo de miragem).
1.3. UMA VARIÁVEL INDEPENDENTE E VÁRIAS DEPENDENTES 23
vertical
θ
z
y
centro de massa
Mg
ψ x
φ
linha nodal
I1 2 I
3
2
K(qi , q̇i ) = θ̇ + φ̇2 sin2 θ + ψ̇ + φ̇ cos θ (1.91)
2 2
Além disso, denotando por ℓ a distância entre o centro de massa do pião de
massa M e o ponto de apoio, a sua energia potencial gravitacional é
I1 2 I
3
2
L= θ̇ + φ̇2 sin2 θ + ψ̇ + φ̇ cos θ − M gℓ cos θ, (1.93)
2 2
tal que
Z Z 2 Z 2
∂J 2 ∂f
dx1 dx2 · · · dxn η +
∂α 1 1 1 ∂y
n Z 2 Z 2 Z 2
X d ∂f
+ dx1 dx2 · · · dxn η dxj
j=1 1 1 1 dxj ∂yj
Z 2 Z 2 Z 2 n
∂f X d ∂f
= dx1 dx2 · · · dxn η − .
1 1 1 ∂y j=1 dxj ∂yj
n
∂f X ∂ ∂f
− = 0. (i = 1, 2, . . . n) (1.109)
∂yi j=1 ∂xj ∂yij
Esta situação bastante geral pode ocorrer em problemas variacionais com vı́nculos,
como se verá a seguir.
∂f ∂f ∂f
= = = 0. (1.111)
∂x ∂y ∂z
1.6. PROBLEMAS VARIACIONAIS COM VÍNCULOS 29
df + λdϕ = 0. (1.112)
m
∂f X ∂ϕk
+ λk = 0, (i = 1, 2, . . . n) (1.119)
∂xi ∂xi
k=1
∂S ∂ϕ
+λ = 2πh + 4πr + λ(2πr)h = 0, (1.123)
∂r ∂r
∂S ∂ϕ
+λ = 2πr + λ(πr2 ) = 0 (1.124)
∂h ∂h
De (1.124) obtemos o multiplicador de Lagrange λ = −2/r que, substituido em
(1.123), fornece h = 2r, ou seja, o cilindro de menor área superficial, para um
dado volume, tem o diâmetro igual à altura.
tal que a variação correspondente seja também identicamente nula para cada
vı́nculo Z 2
δ λk (xj )ϕk (yi , xj )dxj = 0, (k = 1, 2, . . . m). (1.133)
1
Por outro lado, sabemos que também é nula a variação do funcional (1.108)
Z 2
δ f (yi , yij , xj )dxj = 0. (1.134)
1
onde definimos
m
X
g(yi , yij , xj ) = f (yi , yij , xj ) + λk (xj )ϕk (yi , xj ). (1.136)
k=1
32 CAPÍTULO 1. EQUAÇÃO DE EULER
y(x)
−a 0 a x
O problema isoperimétrico
Um dos mais famosos problemas variacionais com vı́nculo é o isoperimétrico,
também chamado “problema de Dido”: dentre todas as curvas de um dado
comprimento ℓ no semi-plano superior, ligando dois pontos fixos 1 : (−a, 0) e
2 : (a, 0), encontrar a curva que, juntamente com o intevalo [−a, a], envolve a
maior área possı́vel [Figura 1.8].
A área sob a curva y(x)
Z a
A(y, x) = ydx, (1.138)
−a
A catenária
Uma corrente ou cabo pesado de comprimento C está suspenso num plano
vertical entre os pontos de coordenadas 1 : (0, a) e 2 : (L, b) [Fig. 1.9], tal
que sua forma seja descrita pela função y(x), escolhida de forma a minimizar a
energia potencial. Seja ρ = dm/ds a densidade de massa do cabo. A energia
potencial do cabo será
Z 2 Z 2 Z 2
V (y, yx ) = dV = dmgy = ρg yds, (1.145)
1 1 1
0 x
L
p
cujo integrando é f = y 1 + yx2 .
O vı́nculo nesse problema é que a corda é suposta inextensı́vel, de modo que
o seu comprimento seja constante 2 :
Z 2 Z L p
ℓ= ds = dx 1 + yx2 , (1.147)
1 0
∂g
g − yx = C = constante
∂y
p λℓ yx
(y + λ) 1 + yx2 − − yx (y + λ) p =
L 1 + yx2
r
x θ
h
l−x
ψ
θ R
0 x
1.7 Problemas
1. Encontre a função y(x) que torna a integral
Z 1
J= (2x + 3y + yx2 )dx
0
4. Mostre que a ciclóide é uma tautócrona, por meio dos seguintes passos:
p
(a) dt = a/gdθ, onde a = k2 /2;
(b) O tempo decorrido para uma partı́cula sem atrito se deslocar do ponto de
coordenadas (0, 0), ou seja, tal que θ = 0, até o ponto mais baixo da trajetória
(onde θ = π, correspondendo a meio ciclo da ciclóide), é
r
a
T12 = π;
g
(b) O tempo decorrido para uma partı́cula se deslocar do ponto genérico (x0 , y0 ),
ou seja, tal que θ = θ0 , até o ponto mais baixo da trajetória, é
sin θ2
r Z π
a
T32 = dθ;
g θ0
q
cos2 θ0 − cos2 θ
2 2
(c) Usando a substituição de variável u = cos(θ/2)/ cos(θ0 /2), T32 = T12 , inde-
pendentemente do valor de θ0 (ponto inicial).
10. O pêndulo esférico consiste de uma massa m pendurada por um fio de compri-
mento ℓ. A massa m é livre para mover-se no espaço, cuja posição é determinada
pelos seus ângulos θ e φ (em coordenadas esféricas).
(a) Obtenha a Lagrangeana da partı́cula e escreva as equações de Lagrange.
(b) Considere o caso particular em que p o fio do pêndulo descreve um cone de
pequena abertura θ0 . Mostre que φ̇ = g/d, onde d = ℓ cos θ0 é a distância
vertical do plano de rotação abaixo do ponto de suspensão.
(c) Suponha, agora, que o movimento é quase-cônico, ou seja, que θ = θ0 + δθ,
onde δθ ≪ θ0 . Expandindo a equação de Lagrange em série de potências mostre
que p
θ(t) ≈ θ0 + δθ0 cos tφ̇0 1 + 3 cos2 θ0
15. Uma partı́cula de massa m está constrangida a mover-se ao longo de uma haste
sem atrito que gira com velocidade angular constante ω sobre um plano horizon-
tal. Ache a Lagrangeana, condição de vı́nculo, as equações de Euler-Lagrange.
Obtenha a posição radial em função do tempo para as condições iniciais r(0) = r0
e ṙ(0) = 0. Ache a força de vı́nculo exercida sobre a partı́cula pela haste.
42 CAPÍTULO 1. EQUAÇÃO DE EULER
Capı́tulo 2
Métodos variacionais
aplicados
e duas soluções são ortogonais se o produto interno entre elas for nulo: <
y1 , y2 >= 0.
A norma de uma solução y(x) é definida como
√
||y(x)|| = < y, y >. (2.6)
43
44 CAPÍTULO 2. MÉTODOS VARIACIONAIS APLICADOS
as soluções y(x) devem ser funções de quadrado integral, de modo que o espaço
das funções é denotado L2 [a, b]. Em geral, para funções complexas, esse espaço
é dito de Hilbert.
Para a discussão atual basta considerarmos condições de contorno de Diri-
chlet homogêneas:
y(a) = y(b) = 0 (2.8)
para as quais a equação de Sturm-Liouville só apresenta soluções aceitáveis para
determinados valores de λ = λn , denominados autovalores do operador (2.2).
A cada autovalor corresponde um e somente uma solução correspondente, dita
autofunção φn (x), e que satisfaz a equação
que, dividindo por −2, resulta na equação de Sturm-Liouville (2.1), como querı́amos
demonstrar.
Integrando por partes a primeira parcela do integrando do funcional K,
temos que
Z b Z b Z b
dy b d
pyx2 dx = pyx dx = pyx y|a − y (py )dx (2.14)
a a |{z} dx
| {z } a |{z} |dx {zx }
=u =v
=dv =du
Pelas condições de contorno (2.8) o primeiro termo do lado direito é nulo, pois
2
K[y] = − < y, L[y] > − < y, λr(x)y >= − < y, L[y] > −λ||y|| (2.17)
donde (2.18) é
Z b
J[ξ] = (pξx2 + sξ 2 )dx
a
= [p(ψ 2 + 2ψy + y 2 ) + s(ψx2 + 2ψx yx + yx2 )]dx
Z b Z b
= 2 (pψx yx + sψy)dx + (pψx2 + sψ 2 ) + J[y].
|a {z } a
=I
donde
Z b Z b
d d
I=− ψ (pyx ) − sψy dx = − ψ (pyx ) − sy dx = 0, (2.24)
a dx a dx
| {z }
=0
em vista de (2.20).
Logo, subsituindo em (2.22),
Z b
∆J = (pψx2 + sψ 2 )dx ≥ 0 (2.25)
a
∞
de modo que {φn (x)}n=1 é dita uma sequência de Cauchy.
∞
No momento, as funções {φn (x)}n=1 satisfazem as condições de contorno
mas não são necessariamente soluções da equação de Sturm-Liouville. O obje-
tivo dessa seção é mostrar, através de métodos variacionais, que o conjunto de
autofunções do operador de Sturm-Liouville é completo no sentido acima, ou
seja, que as autofunções servem de base para o espaço das soluções y(x).
Começamos substituindo a série infinita (2.26) no funcional (2.18):
* ∞ "∞ #+
X X X
J[y] = − cm φ m , L cn φ n =− cm cn hφm , L [φn ]i (2.28)
m=1 n=1 m,n
onde integramos por partes para obter o resultado final, e denotamos φnx =
dφn /dx, etc. Desta forma o funcional (2.28) pode ser escrito como uma expansão
bilinear nos coeficientes cn .
X
J[y] = Amn cm cn (2.30)
m,n
onde definimos Z b
Rmn = hφm , r(x)φn i = φm r(x)φn dx. (2.32)
a
∞
Sendo dado o conjunto completo de funções {φn (x)}n=1 , os coeficientes Amn
e Rmn são conhecidos a priori, de forma que os valores estacionários de K ficam
determinados pelas condições variacionais
∂K
= 0, (j = 1, 2, . . .) (2.34)
∂cj
∂K X
= (Amn − λRmn )(cm δnj + δmj cn )
∂cj m,n
X X
0 = (Amj − λRmj )cm + (Ajn − λRjn )cn
m n
X
0 = [(Anj + Ajn ) − λ(Rnj + Rjn )]cn
n
∂ K̂
= 0, (j = 1, 2, . . . N ) (2.43)
∂ĉj
Se desejamos que este sistema tenha soluções não-triviaix, ou seja, que ĉj 6=
0, então o determinante dos coeficientes deve ser nulo:
que satisfaz as condições de contorno φ̂1 (±1) = 0, de modo que a solução apro-
ximada é
ŷ(x) = ĉ1 φ̂1 (x) = ĉ(1 − x2 ). (2.48)
O funcional (2.40) é, em vista de (2.12), dado por
Z 1
K̂[ŷ] = ŷx2 − λ̂ŷ 2 dx
−1
Z 1
2
= 4ĉx2 − λ̂ĉ2 (1 − x2 ) dx
−1
2 8 16
= ĉ − λ̂ (2.49)
3 15
temos que
5
= 2, 5
λ̂ =
2
Naturalmente esse problema tem uma solução exata, que é
πx
y(x) = cos
2
que, derivada duas vezes, fornece
π 2 πx πx
yxx = − cos = −λy = −λ cos ,
2 2 2
2.4. O MÉTODO DE RAYLEIGH-RITZ 51
exata
aproximada
0,8
0,6
y(x)
0,4
0,2
0
-1 -0,5 0 0,5 1
x
0.5
0.4
0.3
0.2
J3(x) 0.1
−0.1
−0.2
−0.3
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
x
que satisfaz as condições de contorno, pois φ̂1 (0) = 0 e φ̂1 (1) = 0; de modo que
ŷ = ĉx3 (1 − x) e montamos o funcional (2.49):
Z 1h i
K̂[ŷ] = p(x)ŷx2 + s(x)ŷ 2 − k̂ 2 r(x)ŷ 2 dx
0
Z 1
9
= xŷx2 + ŷ 2 − k̂ 2 r(x)ŷ 2 dx
0 x
Z 1 h i 9
2 2 2
= ĉ2 x 9x4 (1 − x) − 6x5 (1 − x) + x6 + [x6 (1 − x) − k̂ 2 x7 (1 − x) dx
x
0
1 1 2
= ĉ2 − k̂
8 360
Aplicando
√ a condição variacional ∂ K̂/∂ĉ = 0 chegamos ao autovalor aproximado
k̂ = 45 = 6, 708.... Comparando esse resultado com a menor raiz da função
de Bessel, que é 6, 380..., vemos que o erro cometido é de 5, 14%.
Embora δ não seja uma diferencial autêntica, ela satisfaz às mesmas propri-
edades de cálculo de uma diferencial, de forma que podemos realizar operações
elementares sobre funcionais, como
dentre outras, que podem ser demonstradas a partir da definição (2.54). Por
exemplo,
∂(c1 J1 + c2 J2 )
δ(c1 J1 + c2 J2 ) = dα
∂α α=0
∂J1 ∂J2
= c1 dα + c2 dα
∂α α=0 ∂α α=0
= c1 δJ1 + c2 δJ2 ,
∗
já que y 6= 0. Logo λ = λ , portanto é sempre real, como querı́amos demonstrar.
Se x e y forem funções definidas num certo intervalo I ⊆ R, podemos cons-
truir funcionais sobre esse intervalo a partir dos produtos internos e dos opera-
dores acima definidos:
Z
J[y] = < y, F [y] >= y ∗ (x)F [y(x)]dx, (2.68)
ZI
N [y] = < y, G[y] >= y ∗ (x)G[y(x)]dx, (2.69)
I
tal que podemos definir um novo funcional como a razão destes dois:
J[y]
ω[y] = . (2.70)
N [y]
J[y + δy] = < y + δy, F [y + δy] >=< y + δy, F [y] + F [δy] >= (2.71)
= < y, F [y] > + < y, F [δy] > + < δy, F [y] > + < δy, F [δy] >
| {z }
=<δy,F [y]>∗
Finalmente, usando o fato dos autovalores λ serem reais (o que provamos há
pouco), observamos o cancelamento de todos os termos na expressão acima, de
forma que δω = 0, como querı́amos demonstrar. Juntamente com a implicação
no sentido inverso, concluimos que a razão dos funcionais J[y] e N [y] é esta-
cionária somente se λ for o autovalor correspondente à equação generalizada
(2.63).
O tratamento dado no inı́cio deste capı́tulo à equação de Sturm-Liouville
pode ser encarado como um caso particular deste teorema. Nesse caso especı́fico,
F é o operador de Sturm-Liouville L[y] e G[y] = r(y)y, cuja razão é estacionária
quando λ for o autovalor correspondente da equação de Sturm-Liouville (2.3).
56 CAPÍTULO 2. MÉTODOS VARIACIONAIS APLICADOS
V(x)
Eo
−a 0 a x
que deverá também ser uma função dos parâmetros c1 , c2 , . . .. Nós tornamos
esse funcional estacionário (na verdade, um mı́nimo) impondo as condições va-
riacionais
∂<H>
= 0, (j = 1, 2, . . .) (2.87)
∂cj
que fornecem valores ótimos que, substituidos em < H >, tornam este um
mı́nimo. Dessa forma < H > [ψ̂] é um limite superior para a energia do estado
fundamental, pois < H > [ψ̂] ≥ E0 , a igualdade só ocorrendo se a função-
tentativa for a própria autofunção do estado fundamental.
exata
aproximada
0,8
0,6
ψ
0,4
0,2
0
-1 -0,5 0 0,5 1
x
Oscilador harmônico
1
V (x) = mω 2 x2 , (2.96)
2
~2 d 2 1
H=− 2
+ mω 2 x2 . (2.97)
2m dx 2
ψ(x) → 0, se |x| → ∞.
2
ψ̂(x) = e−αx , (2.98)
2.6. PROBLEMAS 61
V(x)
Eo
0 x
~2 α 1 1
< H > [ψ̂] = + mω 2 (2.101)
2m 8 α
Aplicando a condição variacional (2.87)
∂<H> ~2 1 1
= − mω 2 2 = 0, (2.102)
∂α α0 2m 8 α
2.6 Problemas
1. Mostre que o operador de Sturm-Liouville é
62 CAPÍTULO 2. MÉTODOS VARIACIONAIS APLICADOS
2. Demonstre que:
(a) os autovalores do operador L são reais;
(b) as autofunções de L correspondentes a autovalores distintos são ortogonais
8. Você pode usar o método variacional para obter a energia do primeiro estado
excitado do oscilador harmônico (n = 2). Use a função tentativa
2
ψ̂(x) = xe−βx
9. Considere uma partı́cula sujeita ao potencial V (x) = λx4 . Use o método varia-
cional para estimar a energia do estado fundamental, usando a função tentativa
2
ψ̂(x) = e−αx
2
~
Compare seu resultado com a solução exata desse problema: E0 = 1, 06 2m k1/3 ,
2
onde k = 2mλ/~ .
2.6. PROBLEMAS 63
10. O método variacional na mecânica quântica pode ser generalizado para três
dimensões. Os funcionais (2.82) e (2.83) serão dados por
Z 2
~
J[ψ] = < ψ(r)|Hψ(r) >= d3 r (∇ψ ∗ · ∇ψ) + V (r)ψ ∗ (r)ψ(r)
2m
Z
3 ∗
N [ψ] = < ψ(r)|ψ(r) >= d rψ (r)ψ(r)
[6] S. Gasiorowicz, Quantum Physics, 3rd. Ed. (Wiley, New York, 2003)
65