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DIREITO SOCIETÁRIO

1 - PERSONALIZAÇÃO DA SOCIEDADE EMPRESARIAL.

A pessoa jurídica não se confunde com as pessoas que a compõem. Esse


princípio, de suma importância para o regime jurídico, também se aplica à
sociedade empresária. Tem ela personalidade jurídica distinta das de seus
sócios, são pessoas inconfundíveis, independentes entre si.

A personalização das sociedades empresariais gera três conseqüências:

a) Titularidade negocial – quando a sociedade realiza negócios jurídicos


(compra matéria-prima, celebra contrato de trabalho, aceita uma duplicata, etc),
embora ela faça necessariamente pelas mãos de seu representante legal, é ela
que assume um dos pólos da relação negocial. E eventual sócio que a
representou não é parte do negócio jurídico.

b) Responsabilidade patrimonial – a sociedade terá patrimônio próprio,


inconfundível e incomunicável com o patrimônio individual de cada um dos
sócios, este responderá pelas obrigações da sociedade. Somente em
hipóteses excepcionais o patrimônio dos sócios poderá ser atingido.

c) Titularidade processual – a sociedade pode demandar e ser demandada


em juízo; tem capacidade para ser parte processual. A ação referente a
negócio da sociedade deve ser endereçada contra a pessoa jurídica e não aos
seus sócios ou seu representante legal.

2 - CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES EMPRESÁRIAS

Classificam-se as sociedades empresárias segundo diversos critérios.


Cuidaremos de três classificações mais importantes. Mas antes disso vamos
enumerar os tipos de sociedades empresárias existentes no direito
empresarial:

• Sociedade em nome coletivo – N/C

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• Sociedade em comandita simples – C/S

• Sociedade em comandita por ações – C/A

• Sociedade em conta de participação – C/P

• Sociedade limitada – Ltda.

• Sociedade anônima ou companhia – S/A.

2.1 – Classificação quanto à responsabilidade dos sócios pelas obrigações


sociais.

Conforme o princípio da autonomia patrimonial, os sócios não respondem pelas


obrigações desta, se a pessoa é solvente, ou seja, possui bens em seu
patrimônio suficientes para o integral cumprimento de todas as obrigações, o
patrimônio particular de cada sócio é inatingível por dívida social. Mesmo em
caso de falência, somente após o exaurimento do capital social é que se
poderá cogitar responsabilidade por parte do sócio, ainda assim condicionada a
uma série de fatores.

A responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais é sempre


subsidiária, conforme o art. 1.024 CC e 596 CPC, que asseguram aos sócios
o direito de previamente exigirem o exaurimento do patrimônio social.

O direito brasileiro da atualidade não conhece nenhuma hipótese de limitação


de responsabilidade pessoal. Assim quando a sociedade estiver respondendo
por obrigação sua, terá responsabilidade ilimitada; também o sócio, quando
estiver respondendo por ato seu, ainda que se relacione com a vida social, terá
responsabilidade ilimitada. Apenas se concebe a limitação de responsabilidade
subsidiária. Os sócios respondem, assim, pelas obrigações sociais de forma
subsidiária, limitada ou ilimitada.

As sociedades empresárias, portanto, segundo o critério responsabilidade dos


sócios pelas obrigações sociais, dividem-se:

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a) Sociedade ilimitada – em que todos os sócios respondem ilimitadamente


pelas obrigações sociais. O direito contempla apenas um tipo de sociedade
nessa categoria. Em nome coletivo – N/C.

b) Sociedade mista – em que uma parte dos sócios tem responsabilidade


ilimitada e outra parte tem responsabilidade limitada. São desta categoria as
seguintes sociedades: em comandita simples – C/S, cujo sócio comanditado
responde ilimitadamente pelas obrigações sociais, enquanto o sócio
comanditário responde limitadamente. Na sociedade em comandita por ações
– C/A, os sócios diretores têm responsabilidade ilimitada e os demais
respondem limitadamente.

c) Sociedade limitada – em que todos os sócios respondem de forma limitada


pelas obrigações sociais. São desta categoria a sociedade limitada – Ltda. e a
sociedade anônima. Na primeira os sócios respondem até o limite do total do
capital social não-integralizado independente da responsabilidade pela
integralização do capital, nesta hipótese também se encontra o sócio
comanditário na comandita simples. Na sociedade anônima os sócios
respondem até o limite do valor não-integralizado da parte o capital social que
este subscreveu, nesta hipótese também se encontra o acionista não-diretor da
sociedade em comandita por ações.

Capital subscrito e não-integralizado – parte do capital de responsabilidade


de cada sócio que ainda não foi aplicado na sociedade. Cada sócio deve
contribuir com parte do capital da sociedade, isso pode ser feito em qualquer
momento, logo, no momento da definição do tamanho da participação de cada
sócio. A participação de cada um é definida pelo capital subscrito por este, que,
pode ser integralizado, ou seja, realmente aplicado na sociedade de acordo
com a necessidade. Quando todo o capital é empregado por todos os sócios,
diz-se que o capital foi totalmente integralizado.

No primeiro caso de responsabilidade limitada, os sócios respondem, inclusive


pelo capital não-integralizado que não subscreveram, cabendo, nesses casos,
o direito de exigir em regresso dos outros sócios.

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Anote-se que o limite da responsabilidade subsidiária dos sócios pode ser


“zero” quanto todo o capital estiver integralizado, neste caso os credores da
sociedade poderão ter que suportar o prejuízo.

2.2 – Classificação quanto ao regime de constituição e dissolução.

Um determinado conjunto de tipos de sociedade tem sua constituição e


dissolução disciplinadas pelo CC/2002; outro grupo de tipos de societários
rege-se, nesse assunto pelas normas da Lei 6.404/76 (lei das sociedades
anônimas).

a) Sociedades contratuais – Cujo ato constitutivo e regulamentar é o contrato


social. Para a dissolução desse tipo de sociedade não basta a vontade
majoritária dos seus sócios, reconhecendo a jurisprudência o direito de os
sócios, mesmo minoritários, manterem a sociedade, contra a vontade da
maioria. Há casos específicos de dissolução desta categoria de sociedades,
como a morte ou expulsão de sócio. São sociedades contratuais: em nome
coletivo – N/C, comandita simples – C/S e limitada – Ltda. As sociedades
contratuais têm sua constituição e dissolução regida pelo Código Civil.

b) Sociedades institucionais – Cujo ato regulamentar é o estatuto social.


Estas sociedades podem ser dissolvidas por vontade da maioria societária e há
causas dissolutórias que lhes são exclusivas como a intervenção e liquidação
extrajudicial. São institucionais a sociedade anônima – S/A e sociedade em
comandita por ações – C/A. As sociedades institucionais têm sua constituição e
dissolução regidas pela Lei das S.A.

2.3 – Classificação quanto às condições de alienação da participação


societária.

Há sociedades em que os atributos individuais do sócio interferem com a


realização do objeto social e há sociedades em que não ocorre esta
interferência.

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Quando as particularidades individuais dos sócios podem comprometer o


desenvolvimento da empresa a que se dedica a sociedade, os integrantes
desta devem ter garantias acerca do perfil de quem pretenda fazer parte do
quadro associativo.

A participação societária de uma sociedade contratual e denominada cota ou


quota; no caso de sociedade institucional é denominada ação. Uma e outra
são bens do patrimônio do sócio ou acionista, não pertencem à sociedade.
Deste modo, o seu titular, o sócio, pode dispor da participação societária,
alienando-a, a exemplo da disponibilidade que tem dos demais bens de seu
patrimônio. O adquirente de uma cota ou ação torna-se sócio da sociedade e
passa a exercer os direitos que esta condição lhe confere. Nas sociedades em
que as características subjetivas dos sócios comprometem o sucesso da
empresa, garante-se o direito de veto ao ingresso de terceiro estranho do
quadro associativo. Desta forma, a alienação da participação societária para
adquirente não-sócio está condicionada a anuência dos demais sócios.

Em vista desse quadro, dividem-se as sociedades em:

a) Sociedades de pessoas – em que os sócios têm direito de vetar o ingresso


de estranhos no quadro associativo. As cotas sociais são impenhoráveis por
dividas particulares do seu titular. É possível a dissolução parcial por morte de
sócio, quando um dos sobreviventes não concordar com o ingresso de
sucessor.

b) Sociedade de capital – em que vige o principio da livre circulabilidade da


participação societária. As sociedades institucionais são sempre de capital.
Nelas as ações são penhoráveis por dívidas particulares do sócio, o ingresso e
terceiro não-sócio é livre e a morte não provoca a dissolução parcial. São
necessariamente de capital as sociedades anônimas – S/A e as comanditas
por ações – C/A.

As sociedades institucionais são sempre de capital, enquanto as contratuais


podem ser de pessoas ou de capital.

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Cessão de quotas e Dissolução parcial

Penhorabilidade Por morte do sócio

Sociedade por Depende da anuência dos Personalístico.*

Nome coletivo – sócios – personalístico.


N/C

Sociedade de Depende da anuência dos Se sócio falecido é


sócios – personalístico. comanditado –
Comandita
personalístico;
simples – C/S
se sócio falecido é
comanditário – de capital*

Sociedade Depende do definido no Depende do definido no


limitada – LTDA. contrato social**. contrato social.

Obs: * o contrato social pode alterar a natureza. ** se o contrato social for


omisso, a cessão de quotas a terceiros estranhos pode ser obstada por sócios
com mais de um quarto do capital social.

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3 – CONSTITUIÇÃO DAS SOCIEDADES CONTRATUAIS

A sociedade empresária nasce do encontro da vontade dos seus sócios. Este


encontro, de acordo com o tipo societário que se pretende criar, será
concretizado em um contrato social ou estatuto, em que se definirão as normas
disciplinadoras da vida societária.

As sociedades em nome coletivo, em comandita simples e limitadas são


constituídas por contrato social. No caso, os sócios celebram o contrato social
com vistas à exploração, em conjunto, de determinada atividade comercial,
unindo seus esforços e cabedais para obtenção de lucros que repartirão entre
eles. Cada contratante assume perante todos os demais, obrigações. Além
disso, desse contrato resulta um novo sujeito de direito - a sociedade, perante
qual todos os contratantes também são obrigados. O dever de todos os sócios
de integralizarem a parte do capital subscrito é exemplo desse tipo de
obrigação.

4 – REQUISITOS DE VALIDADE DO CONTRATO SOCIAL

Para a validação do contrato social, a legislação elegeu determinados


requisitos. Sem estes, a sociedade não se forma validamente.

A invalidação não se confunde com a dissolução da sociedade. Diferem em


três aspectos:

a) quanto aos sujeitos – a dissolução pode ocorrer da vontade dos sócios ou


sucessores ou de decisão judicial. A invalidação decorre sempre de decisão
judicial.

b) quanto aos motivos – a invalidação decorre de sua desconformidade com


o ordenamento jurídico em vigor, na inobservância de um requisito de validade
do contrato social. A dissolução pode surgir da impontualidade no cumprimento
de obrigação (falência), inviabilidade do objeto social (CC, 1.034), dissidência
de sócio (CC, 1.077), etc.

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c) quanto aos efeitos – a dissolução opera irretroativamente e a invalidação


retroativamente. Os atos jurídicos praticados pela sociedade, não relacionados
com a sua existência propriamente dita, não serão invalidados pela invalidação
do ato constitutivo. Outrossim, a invalidação da sociedade, salvo no caso de
não-início das atividades, importará exercício irregular do comércio, mesmo
que o contrato social tenha sido registrado.

4.1 – Requisitos genéricos

A validação do contrato social depende da observância dos elementos que


validam os atos jurídicos em geral. Agente capaz, objeto lícito e possível, forma
prescrita ou não defesa em lei (art. 104, CC).

Ressalte-se que a contratação de sociedade limitada por menor, devidamente


representado ou assistido, tem sido admitida pela jurisprudência, desde que
não tenha poderes de administração e o capital social esteja totalmente
integralizado. Quanto à forma deve ser escrito, por instrumento particular ou
público, mas pode ser, de acordo com as regras a seguir esposadas,
excepcionalmente oral.

4.2 – Requisitos específicos

Os contratos sociais devem atender a requisitos específicos criados pela


legislação societária.

Todos os sócios devem contribuir para a formação do capital social com bens,
créditos ou dinheiro; e todos os sócios participarão dos resultados, positivos ou
negativos, esses requisitos decorrem do próprio conceito de contrato social
(CC, art. 981).

Portanto não é válida a sociedade que:

a) dispensa um dos sócios da contribuição para o seu capital;

b) exclua um ou alguns dos sócios dos lucros (sociedade leonina);

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c) pactuar que um dos sócios será indenizado pelos demais em caso de


falência.

4.3 – Pressupostos fáticos

Cabe também fazer menção aos pressupostos de existência de qualquer


sociedade empresarial:

a) Affectio societatis – é a disposição que toda pessoa manifesta ao ingressar


em uma sociedade empresarial, de lucrar ou suportar o prejuízo em
decorrência do negócio comum. Sem esse ânimo não haverá a própria
conjugação de esforços indispensáveis à criação e desenvolvimento do ente
coletivo.

b) Pluralidade de sócios – inexiste no direito brasileiro a sociedade


unipessoal. Assim, sempre que uma sociedade contratual reduzir-se à
unipessoalidade (por morte de um dos sócios, sucessão inter vivos ou mortis
causa, na cota social, de um ao outro único sócio, etc.), e a pluralidade de
sócios não se restabelecer no prazo de 180 dias, ela não poderá continuar
existindo e deverá ser dissolvida (CC, Art. 1.033, IV).

Cabe destacar que existem duas exceções a esse último pressuposto, são os
casos de subsidiária integral e a unipessoalidade incidental temporária.

5 – CLÁUSULAS CONTRATUAIS

O contrato social deverá prever as normas disciplinadoras da vida social. É


claro que nem tudo poderá ser previsto e exaustivamente regrado, mas, desde
que não contemple solução ilegal, o contrato social poderá dispor sobre
qualquer tema de interesse para os sócios.

Algumas cláusulas contratuais são, no entanto, necessárias para a completa


regularidade da sociedade. A lei exige que o contrato atenda a determinadas
condições para o seu registro na junta comercial. Já há outro grupo de

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cláusulas contratuais que não são indispensáveis ao registro, a sua


inexistência não impede o registro da sociedade, mas a despeito de sua
facultatividade, vinculam seus sócios e às vezes seus sucessores. Fala-se,
então em duas espécies de cláusulas, as essências e as acidentais.

São essenciais:

a) qualificação dos sócios – o contrato deverá conter o nome e a qualificação


dos sócios, compreendendo para as pessoas físicas, nacionalidade, estado
civil, profissão; para as pessoas jurídicas, nacionalidade e sua sede. Além
disso, costuma-se incluir o número do CPF ou CNPJ.

b) objeto social – a atividade explorada economicamente pela sociedade de


forma precisa e detalhada.

c) nome empresarial – o nome empresarial sob qual girará a sociedade.

d) sede – qual o município da sede da sociedade, o local onde, ordinariamente,


pode ser encontrado seu representante legal.

e) prazo de duração - a sociedade pode ser contratada por tempo


determinado ou indeterminado, determinado pela vontade dos sócios.

f) capital social e quotas dos sócios – deverá ser especificado o capital


social da sociedade, bem como o modo e prazo de sua integralização e as
cotas pertencentes a cada um dos sócios.

g) nomeação do administrador - cabe ao contrato social estabelecer a


representação legal da sociedade, nomeando o seu administrador ou
administradores. As sociedades em nome coletivo e a comandita simples, não
podem ser representadas por pessoas não-sócias, a limitada pode se nomeado
no contrato social ou em ato separado, devidamente registrado.

Cláusulas acidentais.

Como exemplos de cláusulas contratuais acidentais, que visam melhor


disciplinar a vida da sociedade, mas cuja ausência não importa irregularidade
desta, têm-se a cláusula arbitral, a de reembolso de pagamento ao sócio

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dissidente de alteração contratual, a reguladora dos efeitos da morte dos


sócios, entre outras.

Importante ressaltar que por força do art. 1º e 2º, do EOAB, é pressuposto de


validade de todos os atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas, o visto
de um advogado.

6 – FORMA DO CONTRATO SOCIAL

O contrato social deve ser escrito, mas excepcionalmente o direito admite a


forma oral.

É possível a prova da existência da sociedade entre certas pessoas por


qualquer modo, inclusive testemunhas, cartas, perícias em contas bancárias
(CC, 987). Nestes casos, a sociedade “de fato” terá sido oralmente contratada,
neste caso, inevitavelmente, irregular, posto que o registro de seu ato
constitutivo não é possível.

O contrato social poderá também ser feito por instrumento público, lavrado por
tabelião ou por instrumento particular.

Mesmo que haja na sociedade, sócio que não possa ou saiba assinar ou haja
integralização de capital com bem imóvel, o contrato social pode adotar a forma
privada. No primeiro caso, o instrumento público é dispensável se o sócio que
não pode assinar, outorgar poderes especiais por instrumento público a um
mandatário, que assinará o instrumento particular de constituição da
sociedade. No segundo caso, a dispensa de instrumento público depende de o
contrato social descrever o imóvel como exigido para fins de registro imobiliário
e conter, sempre que necessário, a outorga do cônjuge.

7 - ALTERAÇÃO DO CONTRATO SOCIAL

O ato constitutivo da sociedade empresária pode ser objeto de alteração, de


acordo com a vontade dos sócios ou por decisão judicial.

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A regra é a de que as deliberações sociais, exceto as que importem alteração


contratual, são tomadas por maioria de votos. Salvo em hipóteses
excepcionais, a vontade majoritária dos sócios é eficaz para decidir os destinos
da sociedade.

A maioria societária é definida não em função da quantidade de sócios, mas da


participação de cada um no capital. O número de sócios só importa em caso de
desempate, numa sociedade de três sócios, em que um deles é titular de
metade do capital social, ocorrendo divergência entre este e os demais,
caracteriza-se empate. Prevalecerá, contudo, a vontade desses, por serem em
maior número.

Em caso de não ser possível o desempate pelo critério de quantidade de


sócios, deverá ser observado o disposto no contrato social; se contiver cláusula
de arbitragem, resolvido. Senão, caberá ao juiz decidir, no interesse da
sociedade, fazendo prevalecer qualquer um dos votos proferidos. Não pode o
juiz escolher uma terceira solução.

Quando as deliberações importam em alterações contratuais as regras diferem


conforme a forma da sociedade contratual:

a) sociedade em nome coletivo e comandita simples – é exigida a


unanimidade para mudanças de cláusula essencial (CC, art. 999), no caso de
cláusula não essencial pode ser feita pelo voto de sócios que representem
mais da metade do capital social.

b) sociedade limitada – a alteração contratual pode ser aprovada por sócios


que representem três quartos do capital social (CC, arts. 1.071, V e 1.076, I).
este quorum de deliberação é exigido, qualquer que seja a natureza da
cláusula (essencial ou acidental). Os minoritários com até 25% podem exercer
o direito de retirada, sendo reembolsado pelo valor patrimonial de suas cotas.

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8 – INTRODUÇÃO ÀS SOCIEDADES POR AÇÕES.

Duas são as sociedades por ações ou institucionais: a sociedade anônima e a


sociedade em comandita por ações. Primeiro cuidaremos das normas relativas
à sociedade anônima ou Companhia, que são gerais para as sociedades por
ações, depois, em item próprio, as especificidades da sociedade em comandita
por ações.

9 – CARACTERISTICAS GERAIS DA SOCIEDADE ANÔNIMA

A sociedade por ações é uma sociedade de capitais, os títulos representativos


da participação societária (ação) são livremente negociáveis. Logo, são
características desse tipo de sociedade:

 Nenhum dos acionistas pode impedir o ingresso de quem quer que seja
no quadro associativo;

 Será sempre possível a penhora da ação em execução promovida


contra acionista;

 Falecendo o titular de uma ação, não poderá ser impedido o ingresso de


seus sucessores no quadro associativo, nem será lícito aos sucessores
do acionista morto, pleitear a apuração dos haveres deste;

 O herdeiro ou legatário de uma ação transforma-se, queira ou não, em


acionista da sociedade anônima;

 O capital social deste tipo de societário é fracionado em unidades


representadas por ações;

 Os acionistas respondem pelas obrigações sociais até o limite do que


falta para a integralização das ações de que sejam titulares;

 A sociedade anônima é sempre empresária, mesmo que seu objeto seja


atividade econômica civil, uma companhia constituída só por dentistas
para a prestação de serviços de odontologia pelos próprios acionistas,

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embora tenha como objeto uma atividade não empresarial, estará sujeita
ao regime jurídico-empresarial, apenas pela adoção do tipo societário
(CC, art. 982, parágrafo único; LSA, art. 2º, § 1º);

 A companhia adota sempre a denominação como nome empresarial,


que será representado pelas expressões “sociedade anônima ou
companhia” ou abreviadamente “CIA ou S/A”;

 A ação de uma companhia vale diferentemente de acordo com os


objetivos da avaliação.

10 - DIFERENTES VALORES ATRIBUÍDOS ÀS AÇÕES.

a) Valor nominal – o resultado da operação matemática de divisão do valor do


capital social pelo número de ações. O estatuto da sociedade pode expressar
este valor ou não; no primeiro caso, ter-se-á ação com valor nominal, no
segundo, ação sem valor nominal.

b) Valor patrimonial – o valor da participação do titular da ação no patrimônio


líquido da companhia. Resulta da operação matemática da divisão do
patrimônio líquido pelo número de ações em que se divide o capital social. É o
valor devido ao acionista em caso de liquidação da sociedade ou amortização
da ação.

O valor nominal, quando existe, é previsto nos estatutos, já o patrimonial se


pode conhecer pelas demonstrações contábeis que a sociedade anônima está
obrigada a levantar ao término do exercício social. Quando esses instrumentos
estão defasados no tempo, a lei estabelece mecanismos para sua atualização
(LSA, art. 45, §§ 1º a 4º).

O valor patrimonial da ação corresponde à parcela do patrimônio liquido


atualizado da sociedade cabível a cada ação.

c) Valor de negociação – é o preço que o titular da ação consegue obter na sua


alienação. O valor pago pelo adquirente vai depender de vários fatores:
perspectiva de rentabilidade, patrimônio líquido, desempenho do setor,
conjuntura macroeconômica, etc.

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d) Valor econômico – é o calculado, por avaliadores de ativos, através de


técnicas específicas, e representa o montante que é racional pagar por uma
ação, tendo em vista os mesmos fatores do item anterior.

e) Preço de emissão – é preço pago por quem subscreve a ação, à vista ou


parceladamente. Destina-se a mensurar a contribuição que o acionista dá para
o capital social da companhia, bem como o limite de sua responsabilidade
subsidiária.

Este último é fixado pelos fundadores na constituição da sociedade e pela


assembléia geral ou pelo conselho de administração, quando do aumento do
capital social com emissão de novas ações.

Se a companhia tem o seu capital social representado por ações com valor
nominal, o preço de emissão das ações não poderá ser inferior ao seu valor
nominal. E se for superior, a diferença, chamada ágio, constituirá reserva de
capital, que poderá posteriormente, ser capitalizada.

A fixação do preço de emissão de ações emitidas por força de aumento do


capital social deve obedecer a determinadas regras previstas em lei (art. 170, §
1º):

 Não se pode impingir aos antigos acionistas uma diluição injustificada do


valor patrimonial de suas ações;

 Sempre que as novas ações forem subscritas por preço inferior ao valor
patrimonial das existentes, este sofrerá uma redução;

 Esta redução poderá ser justificada ou não, se a companhia realmente


precisa de capital, os acionistas deverão suportar a diluição, se não, não
se justifica a diluição;

 O acionista de companhia com ações com valor nominal encontra-se


mais protegido da diluição;

 A doutrina tem apontado facilidade e economia na emissão de novas


ações para a sociedade por ações sem valor nominal, posto que seria
dispensável a substituição dos certificados sempre que o capital social e
o valor nominal das ações fossem aumentados.

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11- CLASSIFICAÇÃO.

As sociedades anônimas se classificam em abertas e fechadas, conforme


tenham, ou não, admitidas à negociação na Bolsa ou no mercado de balcão, os
valores mobiliários de sua emissão. Essa classificação é meramente formal.

É requisito para admissão de valores mobiliários no mercado de autorização da


Comissão de Valores Mobiliários – CVM que, junto com o Banco Central,
exerce a supervisão e o controle do mercado de capitais, de acordo com as
diretrizes traçadas pelo Conselho Monetário Nacional – CMN.

A Bolsa de Valores é uma entidade privada, resultante da associação de


sociedade corretoras, que exerce um serviço público, com monopólio territorial
e tem sua criação controlada pelo Banco Central e seu funcionamento
fiscalizado pela CVM. Esta só opera com mercado secundário, ou seja, para
venda e aquisição de valores mobiliários. A emissão de novas ações, não
poderá ser feita na Bolsa, só no mercado de balcão.

Mercado de Balcão compreende toda operação relativa a valores mobiliários


realizada fora da Bolsa de Valores, por sociedades corretoras, instituição
financeira ou sociedade intermediária autorizada, opera com mercado primário
também, para subscrição de valores mobiliários.

Outro critério de classificação das companhias é sua nacionalidade. É


considerada nacional a companhia constituída conforme a legislação brasileira
e com sede de administração localizada no Brasil, sendo irrelevante a
nacionalidade do capital ou dos seus acionistas.

12 – CONSTITUIÇÃO.

Existem três níveis distintos sobre constituição das companhias:

a) Requisitos preliminares.

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I) subscrição de todo o capital social por, pelo menos, duas pessoas. Contrato
plurilateral irretratável complexo, em que uma pessoa se torna titular de ações
emitidas por uma sociedade anônima.

II) realização como entrada, de no mínimo, 10% do preço de emissão das


ações subscritas em dinheiro. Na subscrição a prazo em dinheiro, pelo menos
1/10 do preço da ação deve ser integralizado como entrada. Em se tratando de
instituição financeira, a porcentagem sobe para 50%.

III) depósito das entradas em dinheiro no Banco do Brasil ou estabelecimento


autorizado pela CVM. Este depósito deverá ser feito pelo fundador até 05 dias
do recebimento das quantias, em nome do subscritor e em favor da companhia
em constituição. Concluído o processo, a companhia levantará o montante
depositado. Se este processo não acabar em 06 meses do depósito, o
subscritor é que levantará a quantia paga.

b) Modalidades de constituição.

I) por subscrição pública:

- onde os fundadores buscam recursos junto aos investidores.

- Tem início com o registro na CVM, que deve ser instruído com o estudo de
viabilidade econômica e financeira do empreendimento. Caso a autarquia
vislumbrar a invialibilidade ou temeridade da empresa, o único caminho é a
negação do registro.

- Deverá contratar instituição financeira para intermediar a colocação das


ações no mercado. Concedido o registro, as ações serão oferecidas ao público
investidor, os interessados poderão subscrever diretamente assinando o
boletim ou lista de subscrição ou por carta. Sendo em dinheiro a subscrição, o
investidor pagará a entrada.

- Quando todo o capital estiver subscrito, os fundadores convocarão a


assembléia de fundação para avaliar os bens oferecidos para a integralização,

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e se for o caso, deliberar sobre a constituição da companhia. Nessa


assembléia todo tipo de ação dará poder de voto. Confirmado a observância de
todos os requisitos legais e não se opondo subscritores representativos de
mais da metade do capital, será proclamada a sua constituição, elegendo-se os
administradores e fiscais. O projeto de estatuto somente poderá ser alterado
por deliberação unânime dos subscritores.

II) por subscrição particular:

- é significativamente mais simples. Poderá ser processada por deliberação


dos subscritores reunidos em assembléia de fundação ou por escritura pública.
- No primeiro caso todos deverão assinar o projeto de estatuto, no segundo,
todos assinarão escritura pública.

c) Providências complementares.

I) É dispensável a escritura pública para incorporação de imóveis para a


formação do capital social.

II) O subscritor poderá ser representado por procurador com poderes especiais,
na assembléia de fundação ou na escritura pública.

III) A denominação da companhia, enquanto não concluída a constituição deve


conter a expressão “em organização”.

IV) As instituições financeiras e os fundadores que participarem da constituição


têm responsabilidade por todos os prejuízos decorrentes da inobservância de
algum preceito legal, e os fundadores responderão, solidariamente, pelos
danos decorrentes de culpa ou dolo em atos anteriores à constituição.

V) Os fundadores deverão entregar aos primeiros administradores eleitos os


papéis, documentos e livros pertinentes à constituição da companhia ou de
propriedade desta.

VI) Serão registrados e publicados os atos constitutivos da companhia. Se


houver incorporação de bens ao capital social, deverá ser providenciada a sua

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transferência (se bem imóvel no registro civil, se marca ou patente, o registro


no INPI).

13 –VALORES MOBILIÁRIOS

AÇÕES

São valores mobiliários representativos de unidade do capital social de uma


companhia, que conferem a seus titulares um complexo de direitos e deveres.

Classificam-se as ações por critérios de espécie e forma. A espécie diz respeito


ao conjunto de direitos conferidos aos titulares. A forma, por sua vez, leva em
conta o ato jurídico que opera sua transferência de titularidade.

Quanto à espécie são as ações:

a) Ordinárias – aquelas que conferem aos seus titulares os direitos que a


lei reserva ao acionista comum, são ações de emissão obrigatória e o
estatuto não precisa disciplinar está espécie de ação, já que delas
decorrem apenas os direitos comuns de qualquer acionista. Só podem
ser divididas em classes em companhias de capital fechado, como é o
caso de previsão de conversibilidade em ações preferenciais, exigência
de nacionalidade brasileira para acionista ou direito de eleger, em
separado, membros dos órgãos de administração (art.16, LSA).

b) Preferenciais – conferem um complexo de direitos diferenciado, como


por exemplo, a prioridade da distribuição de dividendos ou no reembolso
do capital, com ou sem prêmio. Podem ou não dar direito a voto. Para
ser negociada no mercado de capitais, devem conter pelo menos um
dos 03 direitos definidos na LSA, art. 17, § 1º. O máximo dessas ações
sem direito a voto é de 50% das emitidas. Dividem-se em classes de
acordo com os direitos e restrições nos termos estipulados no estatuto.

Quanto à forma são:

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Antes da MP que deu origem a Lei 8.021/90, poderiam ser classificadas como
nominativas, endossáveis, ao portador ou escriturais. Com a nova redação do
artigo 20 da LSA, podem ser:

a) Nominativas – circulam mediante registro no livro próprio da sociedade


emissora, são documentadas em um certificado, cujos requisitos são
fixados em lei (art.24). poderá a companhia contratar os serviços de
guarda e escrituração dos livros por instituição financeira autorizada pela
CVM, chamado de agente emissor de certificados. Neste caso será
exclusiva desse agente, essa função. A lei confere também, a algumas
instituições financeiras, o serviço de custódia de ações, recebendo em
depósito, como valores fungíveis, as ações de cada espécie, classe e
companhia. Nesse caso a companhia representa o titular no
recebimento de dividendos e ações bonificadoras, bem como o exercício
de direito de preferência da subscrição de novas ações.

b) Escriturais – São mantidas, por autorização ou determinação dos


estatutos, em contas de depósito em nome de seu titular, são
desprovidas de certificado e sua circulação se opera por lançamento da
operação nos registros próprios da instituição financeira depositária, a
débito da conta de depósito do alienante e a crédito da conta de
depósito do adquirente.

Os estatutos da companhia fechada podem estabelecer limites à livre


circulação das ações representativas do seu capital social, desde que, não
impeçam a sua negociação nem sujeitem o acionista ao arbítrio dos órgãos de
administração ou à minoria dos acionistas (art. 36). O exemplo mais corrente
de aproveitamento dessa faculdade do legislador encontra-se na previsão do
direito de preferência para a compra de ações reconhecido aos demais
acionistas

A circulação das ações de capital aberto não poderá sofrer qualquer tipo de
restrição por parte dos estatutos.

DEBÊNTURE.

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Título representativo de um contrato de mútuo em que a companhia é mutuaria


e o debenturista o mutuante, representam um direito de crédito perante a
companhia com condições fixadas em uma escritura de emissão que
determinará se o debenturista terá seu crédito corrigido ou não, suas garantias
e época de vencimento.

Quando as debêntures forem admitidas no mercado ou distribuídas, é


obrigatória a nomeação de agente fiduciário que pode ser pessoa física ou
instituição financeira autorizado pelo Banco Central, esta nomeação será feita
na escritura de emissão. As debêntures podem ter cláusula de conversibilidade
em ações e podem ser nominativas ou escriturais.

Podem ser de 04 espécies:

a) Com garantia real em que um bem pertencente ou não à companhia é


onerado (imóvel, por exemplo);

b) Com garantia flutuante, confere um privilégio geral sobre o ativo da


companhia que concederá preferência sobre credores em caso de
falência;

c) Quirografária, cujo titular concorre com os demais credores sem


garantia, na massa falida;

d) Subordinada ou sub-quirografária em que o titular tem preferência


apenas sobre acionistas, em caso de falência.

PARTES BENEFICIÁRIAS

São títulos negociáveis, sem valor nominal e estranho ao capital social que
conferem a seus titulares direito eventual, consistente na participação no lucro
da companhia emissora.

 Não podem ser maiores do que 10% dos lucros da sociedade.

 Poderão ser alienados ou atribuídos, poderá ser onerosa (em


pagamento a prestação de serviços) ou gratuita.

 Só podem ser emitidas por companhias de capital fechado.

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 Terão duração estabelecida pelos estatutos, nunca superior a 10 anos


se atribuídos gratuitamente, salvo se emitidos em favor de sociedade ou
fundação beneficente de empregados da companhia, caso em que o
prazo de duração será livre.

 Podem ter cláusula de conversão em ações, devendo ser constituída


uma reserva especial para capitalização.

 Só poderá ser feito alteração dos estatutos que restringir ou modificar


vantagens conferidas aos titulares das partes beneficiárias, com
aprovação de metade, no mínimo, dos titulares reunidos em assembléia.

BÔNUS DE SUBSCRIÇÃO

Pouco comum no mercado de capitais brasileiro, são títulos de investimento


que confere a seus titulares o direito de subscreverem ações de companhias,
num futuro aumento de capital. O titular não estará dispensado do pagamento
do respectivo preço de emissão. São criados pela sociedade para alienação
onerosa ou atribuição como vantagem adicional aos subscritores de suas
ações ou debêntures.

NOTAS PROMISSÓRIAS

São títulos de crédito destinados à captação de recursos com restituição em


curto prazo (30 a 180 dias de vencimento). Conhecido como comercial paper,
somente pode ser negociado com endosso em preto com cláusula de garantia.

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