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Enzimas são um grupo de substâncias orgânicas de natureza normalmente protéica (existem

também enzimas constituídas de RNA, as ribozimas), com actividade intra ou extracelular que
têm funções catalisadoras, catalisando reações químicas que, sem a sua presença, dificilmente
aconteceriam. Isso é conseguido através do abaixamento da energia de activação necessária para
que se dê uma reacção química, resultando no aumento da velocidade da reação e possibilitando
o metabolismo dos seres vivos. A capacidade catalítica das enzimas torna-as adequadas para
aplicações industriais, como na indústria farmacêutica ou na alimentar.
Em sistemas vivos, a maioria das reacções bioquímicas dá-se em vias metabólicas, que são
sequências de reacções em que o produto de uma reacção é utilizado como reagente na reacção
seguinte. Diferentes enzimas catalisam diferentes passos de vias metabólicas, agindo de forma
concertada de modo a não interromper o fluxo nessas vias. Cada enzima pode sofrer regulação
da sua actividade, aumentando-a, diminuindo-a ou mesmo interrompendo-a, de modo a modular
o fluxo da via metabólica em que se insere.
O ramo da Bioquímica que trata do estudo das reacções enzimáticas é a Enzimologia.

Actividade enzimática

As enzimas convertem uma substância, chamada de substrato, noutra denominada produto, e


são extremamente específicas para a reacção que catalisam. Isso significa que, em geral, uma
enzima catalisa um e só um tipo de reacção química. Consequentemente, o tipo de enzimas
encontradas numa célula determina o tipo de metabolismo que a célula efectua.
A velocidade da reacção catalisada por uma enzima é aumentada devido ao abaixamento da
energia de activação necessária para converter o substrato no produto. O aceleramento da
reacção pode ser da ordem dos milhões de vezes: por exemplo, a enzima orotidina-5'-fosfato
descarboxilase diminui o tempo da reação por ela catalisada de 78 milhões de anos para 25
milissegundos.
Como são catalisadores, as enzimas não são consumidas na reacção e não alteram o equilíbrio
químico dela.
A actividade enzimática pode depender da presença de determinadas moléculas, genericamente
chamadas cofactores. A natureza química dos cofactores é muito variável, podendo ser, por
exemplo, um ou mais iões metálicos (como o ferro), ou uma molécula orgânica (como a
vitamina B12). Estes cofactores podem participar ou não directamente na reacção enzimática.
Determinadas substâncias, podem inibir a actividade de algumas enzimas, diminuindo-a ou
eliminando-a totalmente; são os chamados inibidores enzimáticos.
Pelo fato de serem proteínas com estrutura terciária ou quaternária, os enzimas são dotadas de
dobramentos tridimensionais em suas ceias polipeptídicas, o que lhes confere uma forma
característica e exclusiva. Assim, diferentes enzimas têm diferentes formas e, portanto,
diferentes papéis biológicos. Para que um enzima atue, é necessário que os substratos "se
encaixem" na enzima. Esse "encaixe", porém, depende da forma, isto é, do "contorno" da
enzima. Por isso, substratos que se "encaixam" em uma determinada enzima não se "encaixam"
em outras diferentes, e a reação não ocorre; daí a especificidade das enzimas quanto aos
substratos em que atuam. Uma vez ocorrido o "encaixe", forma-se o complexo enzima-
substrato, que se assemelha ao sistema "chave-fechadura". O local da enzima onde o substrato
se "encaixa" é denominado sítio ativo (ou centro ativo). No caso de substâncias que reagem
entre si, sob a ação catalisadora das enzimas, a reação é facilitada, tornando-se mais rápida, pois
a proximidade entre as moléculas "encaixadas" acelera o processo reativo; após a reação, a
enzima desliga-se do substrato e permanece intacta.

Localização

Podemos encontrar enzimas em quase todas as estruturas celulares e fluidos corporais. Algumas
têm uma localização específica, de tal modo que podem servir para indicar que estamos em
presença de um tal tecido, secreção ou fragmento celular se verificar a actividade de uma dada
enzima.
Estruturas e mecanismos

As enzimas são proteínas, e podem ter um tamanho desde 62 resíduos de aminoácidos, como é o
caso do monómero da enzima 4-oxalocrotonato tautomerase, até um tamanho de 2.500 resíduos,
como é o caso da sintase de ácidos gordos. A actividade das enzimas são determinadas pela sua
estrutura quaternária. A maioria das enzimas são maiores do que o substrato sobre o qual
actuam, e só uma pequena porção da enzima (cerca de 3-4 aminoácidos) está envolvida na
catálise. A região que contém estes resíduos catalíticos, que se liga-se ao substrato e que
desempenha a reacção, é denominada de sítio activo. As enzimas também podem ter sítios onde
se ligam cofactores, que são necessários às reacções catalíticas. Algumas enzimas também
podem ter sítios de ligações para pequenas moléculas, que são produtos ou substratos, directos
ou indirectos, da reacção catalisada. Estas ligações servem para aumentar ou diminuir a
actividade da enzima, providenciando um meio de regulação por feedback.
Tal como todas as proteínas, as enzimas são formadas por longas cadeias lineares de
aminoácidos que sofrem um enovelamento que tem como resultado um produto com estrutura
tridimensional. Cada sequência única de aminoácidos produz também uma estrutura
tridimensional única que tem propriedade específicas. Cadeias individuais de proteínas podem
por vezes agrupar-se para formar um complexo proteico. A maioria das enzimas pode sofrer
desnaturação, isto é, a sua estrutura pode sofrer desagregação e inactivação pelo aumento de
temperatura, o que provoca alterações na conformação tridimensional da proteína. Dependendo
da enzima, a desnaturação pode ter efeitos reversíveis ou irreversíveis.

Especificidade

As enzimas possuem normalmente uma alta especificidade em relação às reacções que


catalizam e aos substratos que estão envolvidos nessas reacções. A forma complementar, carga
e características hidrofílicas/hidrofóbicas, são responsáveis por esta especificidade. As enzimas
exibem também elevados níveis de estereoespecificidade, regioselectividade e
quimioselectividade.
Algumas das enzimas que apresentam maior especificidade e precisão, estão envolvidas na
cópia e expressão do genoma. Estas enzimas possuem mecanismos de proof-reading (revisão).
Um destes casos é a DNA polimerase, que cataliza uma reacção num primeiro passo, para de
seguida confirmar, num segundo passo, se o produto é o correcto. Este processo em duas etapas
resulta em médias de taxa de erro muito diminutas, na ordem de uma para cem milhões de
reacções, no caso de polimerases de mamíferos. Mecanismos de revisão similares também
podem ser encontrados na RNA polimerase, na aminoacil-tRNA sintetases e em ribossomas.
Algumas enzimas que produzem metabolitos secundários são descritos como promíscuos, visto
que podem actuar num largo espectro de diferentes substratos. Tem sido sugerido que este tipo
de especificidade alargada é importante nos processos de evolução de novas vias de biossíntese.
[19]

Modelo chave-fechadura

As enzimas exibem uma elevada especificidade, e foi sugerido por Emil Fischer, em 1894, que
esse facto era devido a que tanto as enzimas como os substratos apresentam formas geométricas
complementares, fazendo com que encaixem de maneira precisa umas nos outros.[20] Este
processo é muitas vezes referido como modelo chave-fechadura. No entanto, apesar de estes
modelo explicar a especificidade das enzimas, falha em explicar a estabilização dos estados de
transição que as enzimas exibem.
Modelo do encaixe induzido

Diagramas que mostram a actividade enzimática através do modelo do encaixe induzido.

Em 1958, Daniel Koshland sugeriu uma modificação ao modelo de chave-fechadura: uma vez
que as enzimas exibem estruturas flexíveis, o sítios activo altera a sua forma de maneira
continuada através de interacções com o substrato, enquanto esse mesmo substrato vai
interagindo com a enzima.[21] Como resultado, o substrato não se liga simplesmente a um sítio
activo que é rígido. As cadeias laterais dos aminoácidos que formam o sítios activo sofrem um
reorientação de maneira a que as suas posições potenciem a acção catalítica da enzima. Em
alguns casos, como nas glicosidases, a molécula de substrato também sofre alterações de
conformação à medida que vai se aproximando do sítio activo.[22] O sítio activo continua a sofrer
modificações até que o substrato esteja completamente ligado e é neste momento em que a
conformação final e a carga são determinadas.[23]

Mecanismos

As enzimas actuam de diversas formas, todas elas baixando o valor de ΔG‡:[24]

• Baixando a energia de activação, através da criação de um ambiente no qual o estado de


transição é estabilizado (por exemplo, distorcendo a forma da molécula do substrato - a
enzima distorce o substrato, gastando energia neste passo, de modo a baixar a energia
do estado de transição da reacção catalisada, resultando numa diminuição global da
energia requerida para completar a reacção).
• Providenciando uma via alternativa (por exemplo, reagindo com o substrato formando
um complexo enzima-substrato, de existência impossível sem a presença da enzima).
• Reduzindo a variação da entropia da reacção ao orientar os substratos de forma correcta
para facilitar a reacção. Na ausência de enzima, as moléculas colidem em todas as
direcções possíveis de forma aleatória, um processo menos eficiente que na presença da
enzima. Ao considerar-se ΔH‡ isoladamente, este aspecto é negligenciado.

Dinâmica e funções

Investigações recentes providenciaram novos conhecimentos sobre a ligação entre a dinâmica


interna de uma enzima e o seu mecanismo de catálise[25][26][27]. A dinâmica interna de uma
enzima é descrita como o movimento de partes internas (como aminoácidos individuais, grupos
de aminoácidos, um laço da cadeia, uma hélice alfa, folhas beta vizinhas ou até domínios
proteicos inteiros) destas biomoléculas, que podem ocorrer a diversas escalas de tempo, desde
femtossegundos a segundos. Redes de resíduos de aminoácidos de uma estrutura podem
contribuir para a catálise através de movimentos dinâmicos[28][29][30][31]. Os movimentos em
proteínas são importantes para diversas enzimas mas o tipo de reacção que elas catalisam
determina que tipos de movimento são mais importantes: pequenas e rápidas vibrações ou lentas
e significativas alterações conformacionais. Estes estudos têm consequências na compreensão
dos efeitos alostéricos, na produção industrial de enzimas e no desenvolvimento de novos
fármacos.
Regulação alostérica

As enzimas alostéricas mudam a sua estrutura aquando da ligação de determinadas moléculas.


A modulação da actividade da enzima pode ser directa, quando a molécula se liga directamente
a um local de ligação na enzima, ou indirecta, quando a molécula se liga a outras proteínas ou
subunidades que interagem com a enzima alostérica, influenciando então a sua actividade.

Cofactores e coenzimas

Cofactores

Algumas enzimas não necessitam de componentes adicionais para mostrarem uma actividade
completa. No entanto, outras requerem ligação a moléculas não proteícas para que possam
exercer a sua actividade. Os cofactores podem ser inorgânicos (iões metálicos e complexos
ferro-enxofre) ou compostos orgânicos (flavina ou heme). Os cofactores orgânicos (coenzimas)
são normalmente grupos prostéticos, que estão intimamente ligados às enzimas a que eles
prestam assistência. Os cofactores que possuem ligação forte às enzimas são distintos de outras
coenzimas, tal como a NADH, visto que não são libertados do sítio activo durante a reacção
catalisada.
Um exemplo de uma enzima que contém um cofactor é a anidrase carbónica, que é mostrada em
figura acima com um ião de zinco como cofactor.[32] Estas moléculas que possuem uma ligação
estreita com as enzimas são normalmente encontradas no sítio activo e estão envolvidas na
reacção catalítica. Por exemplo, a flavina e grupos heme estão muitas vezes envolvidos em
reações de oxidação-redução.
Enzimas que requerem um cofactor mas que não se ligam a estes, são denominadas apoenzimas.
Uma apoenzima juntamente com o(s) seu(s) cofactor(es) são denominadas holoenzimas. A
maioria dos cofactores não se ligam por covalência a uma enzima, mas estabelecem ligações
fortes. No entanto, os grupos prostéticos orgânicos podem ligar-se de maneira covalente. Um
exemplo disso é a ligação da tiamina pirofosfato à enzima piruvato desidrogenase.

Coenzimas

As coenzimas são pequenas moléculas que transportam grupos químicos de uma enzima para
outra. Alguns destes compostos químicos, como a riboflavina, a tiamina e o ácido fólico, são
vitaminas, compostos que não são sintetizados no organismo e que têm de ser assimilados
através da dieta. Os grupos químicos transportados incluem o ião hidreto (H-) transportado pelo
NAD ou NADP+, o grupo acetilo transportado pela coenzima A, os grupos formilo, metenilo e
metilo transportados pelo ácido fólico e o grupo metilo transportado pela S-adenosilmetionina.
Dado que as coenzimas são modificadas quimicamente como consequência da acção
enzimática, é útil considerá-las como sendo uma classe especial de substratos, ou substratos
secundários, que são comuns em muitos tipos de enzimas diferentes. Por exemplo, sabe-se que
existem cerca de 700 enzimas que utilizam a coenzima NADH.
As coenzimas sofrem regeneração e as suas concetrações são mantidas a um nível estável dentro
da célula. Por exemplo, o NADPH é regenerado através da via das pentoses-fosfato e a S-
adenosilmetionina é regenerada pela metionina adenosiltransferase.

Termodinâmica

Normalmente, o substrato necessita de uma quantidade elevada de energia para conseguir


chegar ao estado de transição, decaindo depois até a um produto final. A enzima estabiliza o
estado de transição, reduzindo o valor de energia necessário para que se formem os produtos. A
linha a vermelho (cheio) representa a reacção na ausência de catalisador; a azul (tracejado), na
presença de enzima. S: nível de energia do(s) substrato(s); P: nível de energia do(s) produto(s);
G: energia de Gibbs; R: coordenada de reacção (sentidos de progressão de reacção); ΔG'º:
energia livre padrão bioquímica; ΔG‡: energia de activação (S-P: do(s) substrato(s); P-S: do(s)
produto(s)).
Tal com acontece com todos os compostos catalizadores, as enzimas não alteram a posição do
equilíbrio químico da reacção. Normalmente, na presença de uma enzima, a reacção
desenvolve-se na mesma direcção que se seria tomada se ela não estivesse presente, mas de
maneira mais rápida. no entanto, Na ausência da enzima, as reacções poderão dar origem a
diferentes produtos, porque nessas condições esses produtos são formados de maneira mais
rápida.
Para além disso, as enzimas podem executar duas ou mais reacções, de tal maneira que a
actuação numa reacção termodinamicamente favorável possa facilitar a actuação numa reacção
menos favorável. Por exemplo, a energia disponibilizada pela hidrólise do ATP é normalmente
utilizada para executar outras reacções.
As enzimas catalisam as reacções em ambos os sentidos. Elas não alteram o equilíbrio em si,
mas a velocidade em que este é alcançado. Por exemplo, a anidrase carbónica catalisa a sua
reacção nas duas direcções, dependendo da concentração dos seus reagentes.

(em tecidos; alta concentração de


CO2)
(nos pulmões; baixa concentração
de CO2)

Se o equilíbrio estiver substancialmente deslocado para uma das direcções, isto é, se for uma
reacção muito exergónica, a reacção é efectivamente irreversível. Nestas condições, a enzima só
catalizará a reacção na direcção termodinamicamente permitida.

Cinética

Mecanismo de reacção de uma enzima com substrato único. A enzima (E) liga o substrato (S) e
liberta o produto (P).
A cinética enzimática é o estudo do mecanismo pelo qual as enzimas ligam substratos e os
transformam em produtos. São utilizados dados sobre a velocidade de reacção de enzimas
através de ensaios enzimáticos.
Em 1902, Victor Henri propôs uma teoria quantitativa de cinética enzimática, mas os seus dados
experimentais tinham pouca utilidade porque não era então considerada a importância da
concentração do ião H+. Depois de Peter Lauritz Sørensen definir a escala logarítmica de pH e
introduzir o conceito de solução tampão em 1909, o químico alemão Leonor Michaelis e a sua
pós-doc canadiana Maud Leonora Menten repetiram as experiências de Henri e confirmaram a
sua equação, sendo esta cinética conhecida como cinética de Henri-Michaelis-Menten (muitas
vezes simplificado para cinética de Michaelis-Menten). Este trabalho foi desenvolvido por G.
E. Briggs e J. B. S. Haldane, que derivaram equações cinéticas usadas ainda hoje em dia.
Henri contribuiu significativamente para este campo ao teorizar as reacções enzimáticas
ocorrendo em dois passos. No primeiro, o substrato liga-se de forma reversível à enzima,
formando o complexo enzima-substrato. Este complexo é por vezes designado complexo de
Michaelis. A enzima catalisa então o passo químico da reacção e liberta o produto.
Curva de saturação numa reacção enzimática, mostrando a relação
entre a concentração de substrato ([S]) e a velocidade (V).

As enzimas podem catalisar até vários milhões de reacções por segundo. Por exemplo, a reacção
catalisada pela orotidina 5'-fosfato descarboxilase tem uma semivida de 78 milhões de anos na
ausência de enzima, diminuindo para apenas 25 milissegundos na presença desta[39]. As
velocidades de reacção dependem das condições em que as enzimas se encontram e da
concentração de substrato. Condições de alta temperatura, pH extremos ou altas concentrações
salinas desestabilizam a estrutura da proteína, desnaturando-a. Por outro lado, em geral, um
aumento na concentração de substrato tende a aumentar a actividade enzimática.
Experimentalmete, encontra-se a velocidade máxima de reacção aumentando progressivamente
a concentração de substrato, até se verificar uma velocidade constante de formação de produto.
Tal é visível na curva de saturação do gráfico à direita. A saturação acontece porque, à medida
que é aumentada a concentração de substrato, aumenta também a quantidade de enzima presente
sob a forma de complexo enzima-substrato (ES). À velocidade máxima, Vmax, todos os centros
activos estão ocupados (saturados) com substrato, ou seja, não existe enzima livre para ligar
mais substrato e a concentração de complexo ES é igual à concentração de enzima.
A actividade de uma enzima é geralmente descrita através de Vmax e também da constante de
Michaelis-Menten, KM, que representa a concentração de substrato à qual se detecta uma
velocidade de reacção igual a metade de Vmax. Cada enzima possui um KM característico para um
dado substrato; este parâmetro é muitas vezes usado para demonstrar a força de ligação de um
substrato à enzima. É também usada outra constante cinética, kcat, para descrever o
comportamento de uma enzima, representando o número de moléculas de substrato que podem
ser catalisadas por centro activo por segundo.
A eficiência catalítica de uma enzima pode ser expressa através da constante de especificidade,
igual à razão kcat/Km. A constante de especificidade relaciona-se tanto com a afinidade da ligação
do substrato à enzima como com a capacidade catalítica desta, pelo que se torna útil para a
comparação entre diferentes enzimas, ou a mesma enzima com diferentes substratos. Existe um
valor máximo teórico para esta constante, cerca de 108 to 109 M−1 s−1, denominado limite de
difusão. Considerando-se que cada colisão entre enzima e substrato resulta em catálise, a
velocidade global de formação do produto não será limitada pela velocidade de reacção da
enzima mas sim pela velocidade de difusão das moléculas em solução. Enzimas que possuam
uma constante de especificidade perto deste valor são designadas enzimas cataliticamente (ou
cineticamente) perfeitas; alguns exemplos incluem as enzimas triose fosfato isomerase, anidrase
carbónica, acetilcolinesterase, catalase, fumarase, ß-lactamase e superóxido dismutase.
A cinética de Michaelis-Menten baseia-se na lei da acção das massas, que é derivada das
assunções sobre difusão livre e sobre colisões aleatórias com base termodinâmica. No entanto,
muitos dos processos bioquímicos ou celulares não se comportam da forma prevista por estes
modelos devido à alta concentração de substâncias no meio celular, separação de fases entre
enzima, substrato e produto e restrição do movimento molecular a uma ou duas dimensões.
Nestas situações, é aplicável um modelo fractal da cinética de Michaelis-Menten.
Algumas enzimas apresentam cinética mais veloz que as velocidades de difusão, no que
aparenta ser uma impossibilidade. Diversos mecanismos foram usados como razão para explicar
este fenómeno. Uma explicação é a de algumas enzimas acelerarem a sua catálise ao captar e
orientar o seu substrato usando dipolos eléctricos. Outros modelos usam um mecanismo
quântico-mecânico de tunneling, em que um protão ou electrão podem atravessar barreiras de
activação, embora o modelo de tunneling de protões seja controverso[45][46], tendo sido no
entanto observado na triptamina. Estes modelos sugerem que a catálise enzimática seja
possivelmente melhor descrita em termos de "atravessar um barreira" em detrimento do modelo
tradicional de "passar por cima" de uma barreira energética diminuída.

Inibição

Os inibidores competitivos ligam-se de maneira reversível à enzima, prevenindo a ligação do


substrato. Por outro lado, a ligação do substrato previne a ligação do inibidor. O substrato e o
inibidor competem pela enzima. a) Reacção normal, (b) Inibição. S: substrato; E: enzima; I:
inibidor; A: centro activo. (1) O substrato liga-se à enzima; (2) A enzima liberta produtos; (3) O
inibidor liga-se à enzima; (4) O inibidor compete com o substrato.
E tudo isso faz com que todas as enzimas se modifiquem.
As taxas de reacção enzimáticas podem ser diminuídas por acção de vários tipos de inibidores
enzimáticos.
Inibição competitiva

Na inibição competitiva, o inibidor e o substrato competem pela enzima, isto é, não se podem
ligar ao mesmo tempo à enzima. Os inibidores são muitas vezes semelhantes ao substrato da
enzima. Por exemplo, o metotrexato é um inibidor competitivo da enzima dihidrofolato
redutase, que cataliza a redução do dihidrofolato em tetrahidrofolato. A similitude entre as
estruturas do ácido fólico e desta droga são mostradas na figura adjacente. Notar que o local de
ligação do inibidor não é necessariamente o mesmo que o local de ligação do inibidor, se a
ligação de este último mudar a conformação da enzima com vista a impedir a ligação do
substrato, e vice versa. Na inibição competitiva, a velocidade máxima da reacção não é alterada,
mas níveis mais altos de concentração do substrato são requeridos para que se atinja uma
determinada velocidade, aumentando o KM aparente.

Inibição acompetitiva ou incompetitiva

Na inibição acompetitiva, o inibidor não se pode ligar à enzima no estado livre, mas somente ao
complexo E-S. O complexo E-I-S assim formado, é enzimaticamente inactivo. Este tipo de
inibição é raro, mas pode ocorrer em enzima multiméricas.

Inibição não-competitiva

Os inibidores não-competitivos podem ligar-se à enzima e ao substrato ao mesmo tempo, ou


seja, nunca se ligam ao sítio activo. Quer o complexo E-I, quer o complexo E-I-S, são
enzimaticamente inactivos. Tanto o KM aparente como o Vmax mudam neste caso, pois o inibidor
não pode ser desligado da enzima por aumento da concentração de substrato (em contraste com
o que acontece na inibição competitiva).
Em muitos organismos, os inibidores podem agir como parte do mecanismo de
retroalimentação. Se uma enzima produz um determinada substância em demasia, essa
substância poderá agir como inibidor da enzima, no início da via que a produz, causando a
redução ou paragem da produção da substância quando esta se acumula. Esta é um forma de
retroalimentação negativa. Enzimas que estão sujeitas a esta forma de regulação são muitas
vezes multiméricas e possuem sítios de ligação alostéricos para substâncias reguladoras. Os seus
gráficos substrato/velocidade não têm a forma hiperbólica mas sim forma sigmóide (curva em
forma de S)
O ácido fólico (à esquerda) e a droga anticancerígena metotrexato são semelhantes na sua
estrutura. Como resultado, o metotrexato é um inibidor competitivo de muitas das enzimas que
utilizam os folatos.
Os inibidores irreversíveis reagem com a enzima e formam ligações covalentes com a cadeia
polipeptídica. Este tipo de inactivação é irreversível. Um exemplo de inibidor irreversível é a
eflornitina, uma substância utilizada no tratamento da doença do sono. A penicilina e a aspirina
também actuam deste modo. Nestes casos, o composto liga-se ao centro activo e a enzima
converte-o a uma forma activada que reage irreversivelmente com um ou mais resíduos de
aminoácidos.

Usos de inactivadores

Os inactivadores são muitas vezes usados como medicamentos, mas também poderão actuar
como venenos. No entanto, a diferença entre um medicamento e um veneno é normalmente uma
questão de dosagem, visto que a maior parte dos medicamentos e drogas são tóxicas a partir de
certo nível. Como Paracelso disse: "Todas as coisas são um veneno e nada existe sem veneno,
apenas a dosagem é razão para que uma coisa não seja um veneno" Igualmente, os antibióticos
e outras drogas anti-infecciosas são apenas venenos que matam o agente patogénicos e não o
hospedeiro deste.

Um exemplo de um inactivador que é usado como medicamento é a aspirina, que inibe a


ciclooxigenase 1 e a ciclooxigenase 2, que são enzimas que produzem um mensageiro que age
em casos de inflamação, neste caso uma prostaglandina, suprimindo assim a dor e a inflamação.
O cianureto é um inactivador enzimático irreversível, que se combina com cobre e zinco no sítio
activo da anzima citocromo c oxidase, bloqueando a respiração celular.

Funções biológicas

As enzimas exercem uma grande variedade de funções nos organismos vivos. São
indispensáveis para a transdução de sinais, na regulação celular, muitas vezes por acção de
cinases e fosfatases.[51] Através da sua acção podem gerar movimento, como no caso da miosina
que hidroliza ATP, gerando contracções musculares. Também movimentam carga através da
célula, através da acção do citoesqueleto.[52] Algumas enzimas são ATPases (funcionam como
bombas iónicas), que se localizam na membrana celular, estando envolvidas do processo de
transporte activo. Algumas funçõe smais oxóticas são operadas por enzimas, como é o caso da
luciferase que gera luz nos pirilampos.[53] Os vírus podem conter enzimas que auxiliam na
infecção de células (HIV-integrase e transcriptase reversa) ou na libertação celular de vírus
(neuraminidase no vírus influenza).

Uma importante função das enzimas tem lugar no sistema digestivo dos animais. Enzimas como
as amilases e proteases, quebram grandes moléculas como o amido e proteínas,
respectivamente, em moléculas de menores dimensões, de maneira a que estas possam ser
absorvidas no intestino. O amido não é absorvível no intestino, mas as enzimas hidrolizam as
cadeias de amido em moléculas menores tais como a maltose e a glucose, podendo desta
maneira ser absorvidas. Diferentes enzimas actuam sobre diferentes tipos de alimento. Nos
ruminantes, que possuem uma dieta herbívora, bactérias no sistema digestivo produzem uma
enzima denominada celulase que quebra as paredes celulares das células vegetais.

As enzimas podem trabalhar em conjunto, seguindo uma ordem de actuação específica. Desta
maneira podem formar vias metabólicas. Nestas vias, uma enzima processa o produto da acção
de outra enzima como o seu substrato. Após a reacção catalítica, o produto é depois entregue a
outra enzima. Por vezes, mais do que uma enzima pode catalisar a mesma reacção, em paralelo.
Isto permite uma regulação mais complexa:

As enzimas determinam que passos é que ocorrem nessa vias metabólicas. Sem a presença de
enzimas, o metabolismo não progride através dos mesmo passos, nem é suficientemente rápido
para que sirva as necessidades da célula. De facto, uma via metabólica tão importante como a
glicólise não poderia existir sem a presença de enzimas. A glucose, por exemplo, pode reagir
directamente com o ATP para dar origem a um produto fosforilado em um ou mais carbonos.
Na ausência de enzimas, este processo é tão lento que se torna insignificante. No entanto, se a
enzima hexocinase for adicionada, estas reacção lentas continuam a ser efectuadas, mas a
fosforilação do carbono número 6 ocorre de maneira tão rápida que, se a mistura for testada
pouco tempo depois, a glicose-6-fosfato o único produto significativo. Consequentemente,
pode-se dizer que a rede de vias metabólicas existentes dentro de cada célula depende do
conjunto de enzimas funcionais que estão presentes.

Controle da atividade

A atividade enzimática na célula é controlada de cinco principais modos:

1. A produção da enzima (transcrição e tradução dos genes que codificam a enzima)


pode ser aumentada ou diminuída pela célula em resposta a mudanças no ambiente
celular. Esta forma de regulação genética é designada como indução ou inibição da
expressão enzimática. Por exemplo, as bactérias podem desenvolver resistência a
antibióticos como a penicilina porque são induzidas enzimas (β-lactamases) que
hidrolisam o anel beta-lactâmico presente na estrutura do antibiótico e essencial para a
sua actividade biológica. Outro exemplo é a importância das enzimas hepáticas
citocromo P450 oxidases, envolvidas no metabolismo de desintoxicação de
xenobióticos.
2. As enzimas podem encontrar-se compartimentadas, com difentes vias metabólicas (ou
partes de vias metabólicas) ocorrendo em diferentes compartimentos celulares. Por
exemplo, os ácidos gordos são sintetizados por um conjunto de enzimas no citoplasma,
no retículo endoplasmático e no complexo de Golgi e usados por um conjunto diferente
de enzimas como fonte de energia na mitocôndria, através da β-oxidação[54].
3. As enzimas podem ser reguladas por inibidores e activadores. Por exemplo, os
produtos finais de uma dada via metabólica são frequentemente inibidores das enzimas
que catalisam os primeiros passos da via (normalmente o primeiro passo factualmente
irreversível), regulando assim a quantidade de produto final produzido pela via. Este
tipo de regulação é denominado mecanismo de feedback (ou autoalimentação) negativo
porque a quantidade de produto final é regulada pela sua própria concentração. Na
prática, o feedback negativo ajusta a velocidade de síntese de metabolitos
intermediários da via de acordo com a necessidade da célula. Este mecanismo ajuda na
distribuição económica e eficiente de compostos, evitando a produção excessiva de
produtos finais. Tal como outros mecanismos homeostáticos, o controlo da actividade
enzimática ajuda na manutenção de um ambiente interno estável em organismos vivos.
4. As enzimas podem ser reguladas através da sua modificação pós-traducional. Este
tipo de modificação inclui a fosforilação, a miristoilação e a glicosilação. Por exemplo,
a fosforilação de diversas enzimas, como a glicogénio sintase, em resposta a um sinal
da insulina, ajuda no controlo da síntese ou degradação do glicogénio e permite a
resposta celular a variações da glicemia[55]. Outro exemplo é a quebra da cadeia
polipeptídica da quimotripsina, uma protease digestiva que é produzida numa forma
inactiva (quimotripsinogénio) no pâncreas e transportada então para o estômago, onde é
activada. Este mecanismo evita a digestão de tecidos pancreáticos (ou outros) pela
quimotripsina antes de entrar no tracto digestivo. Este tipo de precursor inactivo de uma
enzima é denominado zimógeno.
5. Algumas enzimas tornam-se activas quando são colocadas num ambiente diferente
(por exemplo, de um ambiente citoplasmático redutor para um ambiente periplasmático
oxidativo). Um exemplo encontra-se na hemaglutinina dos vírus Influenza (vírus da
gripe), que sofre uma mudança conformacional quando encontra o ambiente acídico de
vesículas da célula hospedeira, provocando a sua activação[56].

Envolvimento em doenças

Uma vez que controlo da actividade enzimática é essencial para a homeostase, qualquer
alteração em genes que codifiquem enzimas (mutações ou delecções) poderá ter como efeito o
aparecimento de doenças genéticas. A importância das enzimas é demonstrada pelo facto de que
uma doença letal pode ser causada pelo mau funcionamento de um único tipo de enzima entre
as milhares que estão presentes no corpo humano.

Um exemplo disso é que o acontece com o tipo mais comum de fenilcetonúria. Uma mutação
num único aminoácido da enzima fenilalanina hidroxilase, que cataliza o primeiro passo na
degradação da fenilalanina, resulta na acumulação da fenilalanina e dos produtos associados.
Isto pode causar atraso mental se a doença não for tratada.[57]

Outro exemplo acontece quando mutações em genes que codificam enzimas envolvidas no
reparo de DNA causam síndromas de cancro hereditário, tal com a xerodermia pigmentosa.
Defeitos nestas enzimas podem causar cancro, visto que o corpo fica com uma habilidade menor
para reparar mutações no genoma. Isto causa uma lenta acumulação de mutações e resulta no
desenvolvimento de muitos tipos de cancro no paciente.

Nomenclatura

A determinação do nome das enzimas é normatizada por um comitê especializado, o


Nomenclature Committee of the International Union of Biochemistry and Molecular Biology
(NC-IUBMB).

Classes de enzimas

Catalisam reacções de oxirredução, transferindo electrões, hidretos (H-) ou


Classe 1 Oxirredutases
protões (H+).

Classe 2 Transferases Transferem grupos químicos entre moléculas.

Classe 3 Hidrolases Utilizam a água como receptor de grupos funcionais de outras moléculas.
Formam ou destroem ligações duplas, respectivamente retirando ou
Classe 4 Liases
adicionando grupos funcionais.

Classe 5 Isomerases Transformam uma molécula num seu isómero.

Formam ligações químicas por reacções de condensação, consumindo


Classe 6 Ligases
energia sob a forma de ATP.

A partir destas categorias principais, as enzimas ainda são subdivididas em outras categorias,
podendo ser identificadas pelo seu número da EC; por exemplo, EC 5.4.2.2 é a
fosfoglicomutase.

Aplicações

Enzimas digestivas tais como a amilase, protease e lipase, reduzem os alimentos em


componentes menores que são mais facilmente absorvidos no tracto digestivo.

As enzimas contribuem enormemente para inúmeras indústrias. Enzimas de processamento


alimentar tais como a glucoamilase podem reduzir o alimento em glicose.

Uma aplicação industrial é a produção de antibióticos em larga escala. Encontram-se também


determinados tipos de enzimas em produtos de limpeza, para ajudar a digerir gorduras e
proteínas presentes em nódoas.

Também são usadas em investigação laboratorial e na medição de concentrações de substâncias


com interesse clínico (Patologia Clínica, análises clínicas).

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