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Sistema de coleta seletiva dos resíduos sólidos domiciliares produzidos

na cidade de Aquidauana

Paulo Roberto Joia¹ & Maria do Socorro Ferreira da Silva¹, (¹UFMS/CPAQ) E-mail:
rjoia@terra.com.br

¹UFMS/CPAQ, Aquidauana, MS.

Resumo
Esta pesquisa tem por objetivo analisar o sistema de coleta seletiva dos resíduos sólidos
domiciliares produzidos na cidade de Aquidauana-MS. Os elementos do sistema de
coleta incluem: os catadores, a associação dos separadores, os sucateiros, a Prefeitura
Municipal e os moradores locais. Foram levantadas informações sobre a produção
domiciliar de lixo, os aspectos sócio-econômicos da população, as condições de
trabalho dos catadores e o sistema de comercialização dos sucateiros. Os resultados
produzidos foram a média diária de produção domiciliar de resíduos sólidos, a produção
diária per capita de resíduos sólidos e a proporção de produção diária de recicláveis em
relação à produção diária total de resíduos sólidos. Constatou-se que há uma forte
relação entre os produtores de recicláveis, os catadores e as empresas de reciclagem
locais. As informações levantadas servem de subsídio para o planejamento do sistema
de coleta seletiva dos resíduos, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida da
população local e a preservação ambiental do Pantanal Sul Mato-grossense.

Termos para Indexação: coleta seletiva, reciclagem, resíduos sólidos.

Abstract
This work aims to analyse the selective collect system of home urban solid waste
produced in Aquidauana city. The elements that comprise the selective collect system
are apresented. Figures for solid waste domiciliar generation, socio economic aspects of
population and waste handlers commercialization system are obtained. It conclud that
there is streght relation between all elements of the system. Informations to the selective
urban waste collection system planning are proposed.

Index Terms: recycling, selective collection, solid waste.

Introdução
Até poucas décadas, mesmos nos grandes centros urbanos, o lixo se constituía
basicamente de restos de alimentos. Com o crescimento acelerado das metrópoles e do
consumo de produtos industrializados e com o surgimento dos produtos descartáveis, os
resíduos sólidos aumentaram excessivamente e se diversificaram.
Segundo a ABNT (1987) apud D’ALMEIDA e VILHENA (2000: 29), denomina-
se lixo os restos das atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis,
indesejáveis ou descartáveis. Normalmente, apresentam-se sob o estado sólido, semi-
sólido ou semi-líquido (com conteúdo líquido insuficiente para que este possa fluir
livremente).
Segundo D’ALMEIDA e VILHENA (2000), várias são as maneiras de
classificação do lixo: pela natureza física (seco ou molhado); pela sua composição
química (orgânico ou inorgânico); pelos riscos potenciais ao meio ambiente (perigoso,
não inerte ou inerte); e pela sua origem (domiciliar, comercial, público, serviços de
saúde e hospitalar, portos, aeroportos e terminais rodoviários e ferroviários, industrial,
agrícola ou entulho).
Adotar a reciclagem significa assumir um novo compromisso diante do ambiente,
conservando-o o máximo possível. Como proposta de educação ambiental, a reciclagem
ensina a população não desperdiçar, mas a ver o lixo como algo que pode ser útil e não
como ameaça (SCARLATO, 1992).
De acordo com CALDERONI (1999), a necessidade e a importância da
reciclagem dos resíduos sólidos advêm de um conjunto de fatores, sendo que a obtenção
da matéria-prima constitui o principal fator de economia. Em seguida tem-se a
economia com a redução dos consumos de energia elétrica e de água.
Atualmente, o volume de matéria-prima recuperada pela reciclagem dos resíduos
está muito abaixo das necessidades da indústria, embora haja uma tendência de
crescimento. Mais do que uma forma de responder ao aumento da demanda industrial
por matérias-primas, a reciclagem é uma forma de reintroduzir o lixo no processo
industrial.
A implantação da coleta seletiva em pequenas comunidades, não é tão difícil,
desde que haja interesse por parte da municipalidade e a colaboração maciça dos
professores e alunos, iniciando o trabalho nas escolas levando-o depois aos domicílios
que é a base fundamental da coleta seletiva.
O objetivo da coleta seletiva é a proteção ambiental e a utilização dos bens
renováveis. O ideal é que a separação do lixo seja feita na fonte produtora, ou seja, no
domicílio, na fábrica, no comércio ou na escola. O trabalho inicial depende da
conscientização da comunidade e que, por sua vez, dependerá significativamente de
equipes de educadores ambientais e sanitaristas, inclusive com visitas domiciliares e
intensivos ensinamentos nas escolas de ensinos fundamental e médio.
Devem participar de um projeto de coleta seletiva o governo, a comunidade e os
empresários, pois é interesse de todos. Atualmente, encontram-se poucos projetos em
parceria. Para a seleção dos materiais recicláveis, a contribuição da força de trabalho
dos catadores autônomos torna-se fundamental.
A coleta seletiva é uma etapa prévia ao processo de reciclagem, insere-se com
relevância estratégica no novo momento da economia mundial, caracterizado pelo
respeito ao meio ambiente, pela participação da população e pela proposição de
políticas de desenvolvimento sustentável.
Este trabalho tem por objetivo analisar o sistema de coleta seletiva dos resíduos
sólidos domiciliares produzidos na área urbana de Aquidauana, destacando os principais
elementos que compõem o sistema (Prefeitura Municipal; Associação de Catadores;
Catadores Autônomos; Catadores do “Lixão”; Compradores de Recicláveis Locais, que
são os Sucateiros de Aquidauana e Anastácio; Compradores Ambulantes procedentes de
outras cidades; Empresas de Produtos Recicláveis de Campo Grande; e a Comunidade
em Geral, que é a geradora dos resíduos), bem como sugerir um modelo de coleta
seletiva para as cidades pantaneiras, baseado em experiências brasileiras.
Material e Métodos
Para o desenvolvimento deste trabalho faz-se necessária a realização de diversas
etapas, envolvendo: uma discussão teórica sobre a coleta seletiva e a educação
ambiental; um estudo de caso da cidade de Aquidauana com a coleta de dados primários
nos domicílios por amostragem (através de questionários e coleta de amostras da
produção de resíduos para pesagem e classificação em 378 domicílios, distribuídos em 7
setores da cidade) e com os catadores de recicláveis, além das instituições envolvidas no
sistema (sucateiros locais e de outras localidades, compradores ambulantes de
recicláveis, Prefeitura Municipal, Associação de Separadores). Os dados levantados
proporcionarão uma caracterização do sistema de gerenciamento da coleta dos resíduos
domiciliares e uma análise da situação local com a produção de materiais estatísticos
(gráficos, planilhas e tabelas) e cartográficos (mapas) para a identificação e delimitação
do território de atuação dos elementos do sistema de coleta seletiva e para a localização
dos elementos do gerenciamento dos resíduos sólidos.

Resultados e Discussão
Já é visível em muitas cidades do Pantanal a perambulação de catadores de
recicláveis pelas ruas centrais. Esses catadores ambulantes e autônomos coletam
produtos recicláveis do comércio principalmente e de algumas residências, chegando
alguns a manter um certo tipo de "acordo" com o produtor de resíduos para a retirada do
material reciclável.
O volume de materiais recicláveis vem crescendo nos últimos anos, o que
motivou, em Aquidauana, por exemplo, a instalação de uma empresa que compra esses
produtos - a Ecipel Comércio de Sucatas Ltda. Acompanhando o crescimento do
volume de materiais recicláveis, o número de catadores em Aquidauana também cresceu
nos últimos anos. Especialmente a população mais pobre da periferia se aventura com
um carrinho de duas rodas a descer até o centro da cidade a procura de materiais.
Aquidauana e Anastácio são cidades gêmeas, separadas pelo rio Aquidauana. O
aglomerado urbano formado pelas duas cidades possuía, em 2000, aproximadamente 50
mil habitantes. As duas cidades juntas vêm gerando em torno de 35 mil quilos de
resíduos sólidos por dia, ou seja, uma média de 0,7 quilo por habitante. Os resíduos dos
municípios são, atualmente, depositados nos “lixões” das cidades, localizados em suas
periferias, sem nenhum tratamento final. Os “lixões” são visitados por crianças, adultos
e idosos que de lá retiram seus sustento, tanto em forma de materiais recicláveis para
serem vendidos, como restos de alimentos para o uso diário.
Por serem cidades de pequeno porte, o problema do "lixão" torna-se mais fácil de
solucionar. Entretanto, é necessária a colaboração da sociedade, em geral, (poder
público, empresas, professores, alunos e moradores) para que se proceda a seleção dos
materiais recicláveis antes de serem jogados nos locais de destino final.
Para o sucesso de um projeto de coleta seletiva é necessária a mobilização da
população como um todo, ou seja, uma campanha de educação ambiental para toda
comunidade envolvida, que visa ensinar ao cidadão o seu papel como gerador de lixo. A
educação ambiental é um processo transformador e conscientizador que vai interferir de
forma direta com hábitos e atitudes dos cidadãos. É uma etapa fundamental para o
sucesso de qualquer programa de coleta seletiva.
A coleta seletiva traz benefícios sociais econômicos e ambientais para a
comunidade. Em termos sócio-econômicos, constitui uma fonte de renda para os
catadores de recicláveis, que atualmente coletam os produtos nas residências dos
diversos bairros da cidade e no “lixão”, vendendo-os para terceiros. A renda desses
catadores varia de acordo com a quantidade de resíduos coletados.
Em termos ambientais, a coleta seletiva por um lado poupa matéria prima
retirada do meio ambiente, onde o produto reciclado entrará novamente no processo
produtivo e, por outro lado, contribui para a prática da educação ambiental, através de
ações de conscientização.
Recentemente, em Aquidauana iniciou-se a construção do aterro sanitário, onde
toda a produção de resíduos da cidade será depositada. Assim, esse destino dado ao
lixo, ecologicamente correto, dificultará a ação dos catadores, pois todo o material
depositado será compactado e coberto com terra diariamente. Como resultado, os
catadores começaram realizar a separação dos recicláveis antes da deposição. Por
enquanto, a coleta seletiva em Aquidauana é voluntária, praticada pelos catadores, não
sendo organizada pela Prefeitura Municipal. Por outro lado, o lixo domiciliar
composto de muito material reciclável, é coletado pela Prefeitura, que se encarrega de
seu destino final.
Em Aquidauana existem três compradores de materiais recicláveis: a Ecipel
Comércio de Sucatas Ltda; a ASSEPAR - Associação dos Separadores de Recicláveis;
e a Empresa de Reciclagem Transpantaneira Ltda. Todos estes compradores possuem
os materiais básicos como prensa e balança além de possuírem depósitos para o
armazenamento dos produtos.
A Ecipel é a empresa mais estruturada da cidade, atuando em toda a região,
comprando materiais recicláveis de Aquidauana, Anastácio, Miranda e Bodoquena. A
empresa mantém um grande depósito de sucata; possui balança, prensa e uma rede de
fornecedores de recicláveis (catadores) para os quais a empresa empresta os carrinhos,
além de comprar material de vendedores individuais.
Em Anastácio identificou-se outro comprador – a empresa Trevo Reciclagem
Ltda. - que atuava em Aquidauana e Anastácio, comprando dos catadores do “lixão”,
de alguns estabelecimentos comerciais de ambas as cidades e diretamente da
população, como comprador ambulante. Esse comprador possuía um depósito de
produtos recicláveis no bairro Guanandi, localizado na cidade de Aquidauana-MS,
para facilitar a comercialização com os fornecedores daquela cidade.
Os compradores vendiam seus materiais, em geral, para empresas localizadas em
Campo Grande como a Metap Comércio de Sucata Ltda e a Morumbi, com exceção da
Assepar que vendia seus produtos para um comprador do Estado do Paraná.
Os materiais comercializados em Aquidauana-MS eram: papel, papelão, vidro,
alumínio, ferro (sucata), plástico, PET, metal, broca, bateria, cobre, antimônio,
radiador e inox. Dentre os produtos citados, os mais comercializados eram o papelão,
o plástico e o alumínio, com preços que variavam de R$ 0,05 (papel) a R$3,00
(alumínio).
Aquidauana possuía em torno de 75 catadores que coletavam produtos
recicláveis no “lixão” da cidade, nos domicílios e no comércio. Esses catadores
coletam todos os tipos de materiais recicláveis que eram comercializados pelos
respectivos compradores.
De acordo com uma pesquisa realizada em 54 domicílios no mês de junho de
2004, no bairro Serraria, em Aquidauana, pode-se constatar que a produção de matéria
orgânica era de 82,25%, sendo superior a média brasileira. Esta alta proporção de
matéria orgânica deveu-se à elevada quantidade de folhas encontrada nas respectivas
amostras e à baixa renda familiar.
Conforme aplicação de questionário sócio-econômico: 46,3% dos domicílios
entrevistados possuíam renda inferior a três salários mínimos, 20,4% entre três e
menos que cinco salários, e 29,6% de cinco a menos que dez salários mínimos. Do
total da amostra, 3,7% não quiseram declarar a renda e não foi encontrado nenhum
domicílio com renda superior a dez salários mínimos.
A produção per capita de resíduos sólidos domiciliares do bairro da Serraria era
de 0,7 kg/hab. Este montante está dentro da média de produção brasileira que varia de
0,5 a 0,8 kg/hab (D’ALMEIDA E VILHENA, 2000). Já a média da produção
domiciliar do bairro era de 2,8 kg/domicílio. Esses domicílios possuíam em média
quatro moradores.
Os domicílios amostrados do bairro Serraria produziram 82,25 % de matéria
orgânica e 8,74% de produtos recicláveis da produção total dos resíduos sólidos
domiciliares coletados. No bairro, observou-se que quanto maior a renda familiar,
maior era a produção de materiais recicláveis e menor a produção de produtos
orgânicos. A produção domiciliar de produtos recicláveis nos domicílios com renda
familiar inferior a três salários mínimos representava 59% da produção total de
recicláveis, enquanto que os domicílios com renda familiar de cinco a dez salários
mínimos contribuíram com 29% desse total. Esta discrepância na produção de
recicláveis em relação à renda familiar estava relacionada ao fato que a coleta seletiva
era praticada no bairro, retirando produtos recicláveis nos domicílios compreendidos
nas classes de maior nível salarial.
Os outros 9,01% restantes da produção de resíduos sólidos domiciliares eram
compostos por rejeitos como lixo de banheiro e de varrição da casa.
A produção de produtos recicláveis do bairro analisado esteve abaixo da média
nacional, isso ocorreu porque os catadores de materiais recicláveis passaram em 31%
dos domicílios amostrados para coletarem materiais previamente separados pelos
moradores, o que diminuiu bastante a produção desses materiais coletada pela
Prefeitura Municipal. Esse fato mostrou também que a população estava pronta para
colaborar com um programa de coleta seletiva, tendo em vista que já estavam
separando os resíduos orgânicos dos produtos recicláveis sem, no entanto, nenhuma
campanha de conscientização.

Conclusões
Em Aquidauana, o sistema de coleta seletiva dos resíduos sólidos domiciliares é
feito de modo não planejado.
Os catadores atuam livremente pelas ruas da cidade. A coleta é feita com base na
disponibilidade dos produtores de resíduos de separar os materiais, sem nenhum
compromisso. Alguns estabelecimentos comerciais procuram vender diretamente seus
resíduos para os sucateiros locais e outros entregam para catadores “cativos”, que com
isso procuram manter o local “limpo”.
A Assepar não está correspondendo às expectativas de se tornar uma associação
de separadores e procura se firmar muito mais como um “sucateiro”, o que dificulta a
entrada de novos associados e dispersa uma parte dos associados.
As empresas locais procuram agir basicamente com os principais fornecedores
de recicláveis, especialmente os comerciantes, não estabelecendo planos de ação para
agir diretamente com os moradores.
A Prefeitura Municipal, a responsável pela coleta dos resíduos sólidos
domiciliares, não possui um programa de coleta seletiva. Com a implantação do aterro
sanitário e a aquisição de caminhões compactadores para a coleta dos resíduos, a
separação dos recicláveis será prejudicada. Como sugestão, propõe-se a programação
de campanhas de educação ambiental junto aos moradores em parceria com os
catadores e sua associação, que por sua vez deve manter laços mais estreitos com os
sucateiros locais para que o ciclo do lixo seja completado da seguinte forma: gerador
(morador), catador (separador/catador associado), comprador/vendedor (sucateiro);
assim, todo material recolhido na cidade passa a ser vendido para grandes sucateiros
que por sua vez vendem para os recicladores (indústria de reciclagem), sendo estes
dois elementos localizados fora da cidade.

Referências Bibliográficas
CALDERONI, S. Os bilhões perdidos no lixo. 3.ed. São Paulo: Humanistas:
FFLCH/USP, 1999.
D’ALMEIDA, M. L. O., VILHENA, A. Lixo municipal: manual de gerenciamento
integrado. São Paulo: IPT: CEMPRE, 2000.
SCARLATO, F. C. Do nicho ao lixo: ambiente, sociedade e educação. São Paulo:
Atual, 1992.

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