Вы находитесь на странице: 1из 12

Análise Semiótica Comparativa: Rótulos de Vinho de Mesa

Artesanal de Pequenas Propriedades Rurais


Semiotic Analysis Comparison: Table Wine Labels Artisan of the Small Rural
Properties

Kasprzak, Luis Fernando Fonseca; Ms; Pontifícia Universidade Católica do Paraná


luis.kasprak@pucpr.br

Schirigatti, Elisangela Lobo; Ms; Universidade Federal do Paraná


contatoelislobo@gmail.com

Silva, João Carlos Garzel Leodoro da; Dr; Universidade Federal do Paraná
garzel@ufpr.br

Resumo

O artigo em questão realiza uma análise semiótica comparativa entre rótulos de duas
marcas de vinho de mesa advindos dos roteiros enoturísticos: Caminho da Colônia no Rio
Grande do Sul e do Caminho do Vinho em São José dos Pinhais no Paraná. Após a
comparação, foi analisado o rótulo do Caminho do Vinho considerando os requisitos
legais que regem o setor. O procedimento considerou os pontos de vista fundamentais: o
qualitativo-icônico, singular-indicativo e o convencional-simbólico. Percebeu-se a
necessidade de reformulação do rótulo atual visando disponibilizar mais informações
sobre o produto a fim de promover a maturidade estético-funcional da peça gráfica.

Palavras Chave: semiótica; rótulo de vinho, enoturismo.

Abstract

The article in question carries a semiotic analysis comparing the labels of two brands of
table wine coming roadmaps enoturísticos: Path of the colony in Rio Grande do Sul and
the Wine Road in São José dos Pinhais in Paraná. After the comparison, we analyzed the
label of the Way of the Wine considering the legal requirements governing the sector.
The procedure considered the fundamental points of view: the qualitative-iconic,
singular-indicative and conventional-symbolic. It was felt the need to recast the current
label aiming to provide more information about the product in order to promote the
maturity of the aesthetic and functional graphic piece.

Keywords: semiotics; label of wine,, wine tourism.


Análise Semiótica Comparativa: Rótulos de Vinho de Mesa Artesanal de Pequenas Propriedades Rurais

1. Introdução
O Rio Grande do Sul é considerado o principal pólo produtivo de uva do país com
705 toneladas ao ano e o Paraná ocupa o quarto lugar com uma produção de 104,4 mil
toneladas ao ano, ou seja, 8,7% com relação a produção total. Deste percentual 54% é
destinado a indústria vinícola que dedica 77% da produção de vinhos para o vinho de
mesa (UVIBRA, 2008).
Em São José dos Pinhais – SJP, município da Região Metropolitana de Curitiba –
RMC, os pequenos produtores rurais encontraram no Turismo Rural da Agricultura
Familiar - TRAF uma alternativa para complementar a renda familiar (MAPA, 2006). A
Colônia Mergulhão está situada na região rural e é caracterizada pela vinicultura
artesanal, uma expertise familiar trazida por imigrantes italianos que ocuparam a região
no final do século XIX (MAROCHI, 2006). Em 1998, 29 propriedades localizadas nesta
área geográfica se uniram, com o apoio do poder público, para estabelecer uma unidade
de planejamento, conhecida como Caminho do Vinho (DEPARTAMENTO DE
TURISMO SJP, 1999). A partir de então, foi composta uma rota turística apresentando o
enoturismo como atrativo principal. No total são 12 são unidades produtivas rurais
concentradas na fabricação do vinho comum de mesa. O escoamento dos produtos é
realizado através da comercialização por estas famílias no próprio local de produção e
moradia. Assim, o enoturismo, uma atividade baseada no serviço, se transformou em uma
nova forma de sustentabilidade para estas pequenas propriedades rurais (ACAVIM,
2004).
A cadeia produtiva da uva rústica e do vinho artesanal originam produtos finais
que devem, assim como os produtos industrializados em grande escala, atender as
exigências legais para garantir segurança e manter qualidade ao consumidor. A marca, o
rótulo e a embalagem formam um conjunto de elementos essenciais para a transmissão de
conceito atribuído a um produto. O design destas peças deve ser interpretado como um
importante mecanismo de agregação de valor que pode contribuir para a construção de
uma imagem de qualidade e tradição. As peças gráficas devem herdar características da
unidade visual definida no planejamento estratégico de marketing do negócio. Pois é por
meio da percepção desta unidade que o receptor constitui a primeira impressão sobre o
produto, e como portadoras de um estilo gráfico, devem ser capazes de despertar a
atenção, incentivar a aproximação do público-alvo e transmitir uma imagem eficaz.
No entanto, como a maioria das peças de comunicação, estes elementos também
podem sofrer ações estético-funcionais ao longo do tempo e podem se tornar antiquados e
defasados, principalmente com relação as exigências estabelecidas pela legislação. Por
esta razão merecem devida atenção e uma constante revisão de seus componentes e da
sua estrutura visual. Fatores estes, que justificam a necessidade de realização de estudos
que visem melhorias nesta área e sirvam de base de apoio para investimentos em prol de
uma comunicação mais eficiente. (BRASIL, 2008)
A comunicação deve transmitir informações confiáveis ao consumidor, se adaptar
às recomendações impostas pelos órgãos reguladores vigentes e contribuir no processo de
decisão durante a escolha de um produto. Este processo possui a finalidade de tornar os
produtos da cadeia produtiva mais competitivos e mais adequados aos padrões de
mercado. Segundo o Plano de Desenvolvimento Preliminar/ APL de turismo ecológico e
Rural de Manaus (AMAZONAS, 2008) o design deve fazer parte da matriz de
gerenciamento da cadeia produtiva do turismo. O produto turístico deve primar pela
9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design
Análise Semiótica Comparativa: Rótulos de Vinho de Mesa Artesanal de Pequenas Propriedades Rurais

inovação mantendo a cultura, os valores regionais, de forma global. O design deve


merecer um estudo de concepção capaz de diferenciá-lo ou posicioná-lo
competitivamente dentre do contexto econômico local, regional e internacional.
O objetivo principal deste trabalho visa 1. Realizar uma análise semiótica
comparativa do rótulo entre duas marcas de vinho de mesa advindos de roteiros turísticos
distintos; 2. Analisar o rótulo do Caminho do Vinho considerando os requisitos legais que
regem o setor. 3. Propor sugestões de melhoria que podem contribuir com a imagem do
produto paranaense no que tange os aspectos legais e o design gráfico;

2 Material e Métodos
O trabalho propõe realizar a análise estético-funcional do rótulo de vinho colonial
de duas diferentes marcas. A análise será comparativa e englobará o rótulo de um vinho
comum de mesa comercializado no roteiro turístico Caminhos da Colónia. Este roteiro
envolve alguns empreendimentos dos municípios de Caxias do Sul e Flores da Cunha no
Rio Grande do Sul. O outro rótulo a ser considerado faz parte da rota do turismo rural
conhecido como Caminho do Vinho situado na Colônia Mergulhão, município de São
José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba.
Por uma questão ética os nomes comerciais dos produtos analisados serão
mantidos em sigilo e, para distinguir os resultados, o trabalho fará menção somente à rota
turística do qual o produto se origina. A escolha de duas propriedades de áreas
geográficas distintas considerou em primeiro plano o tempo de experiência na produção e
segundo, na comercialização do vinho por meio do turismo. O propósito de se analisar
dois extremos, considerando o tempo de experiência tem a intenção de relacionar os
pontos em comum entre os objetos de estudo e detectar os diferenciais interessantes para
a inovação.
A base teórica considerada para a análise estética está fundamentada nos estudos
da semiótica moderna desenvolvidos por Santaella (2005) cuja vertente origina-se da
arquitetura filosófica de Charles Sanders Pierce. Segundo a autora para o procedimento
de uma análise semiótica deve-se considerar três pontos de vista fundamentais e
complementares:
a. Qualitativo-icônico: São analisados os aspectos qualitativos da embalagem que
são percebíveis e causam a primeira impressão no receptor. Estão inclusos nestes fatores
visíveis: a qualidade da matéria de feitura, as cores, as linhas, o volume, a dimensão, a
textura, a luminosidade, a composição, a forma e o design. Podem transmitir qualidades
abstratas como a sensação de leveza, sofisticação, fragilidade, pureza, severidade,
elegância, delicadeza, força ou monotonia, entre outros. Durante a primeira impressão
ocorre a associação automática e incontrolável de ideias icónicas, ou seja, aquelas que
ocorrem por meio de comparações e produzem sugestões de semelhança.
b. Singular-indicativo: A embalagem será analisada como algo existente em um
espaço e tempo determinados, ou seja, será considerada na sua relação com o contexto a
que pertence. Na tentativa de responder questões que estabeleçam os traços de identidade
como as indicações de origem, ambiente de uso, faixa de usuário a que se destina.
c. Convencional-simbólico: A embalagem é analisada segundo os padrões de
design e os padrões de gostos a que estes designs atendem. A identificação do poder
representativo relaciona os seguintes quesitos: Que horizontes de expectativas culturais
eles preenchem? valores culturais agregados, status cultural da marca e como o produto

9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design


Análise Semiótica Comparativa: Rótulos de Vinho de Mesa Artesanal de Pequenas Propriedades Rurais

está contribuindo para a construção e consolidação da marca. Incluindo a análise do tipo


de consumidor que o produto atende e que tipo de significado os valores do produto pode
acarretar neste consumidor.
Segundo Quarante (1992)1 apud Gomes Filho (2006) as três dimensões da
tricotomia dos signos são essenciais para a análise e interpretação sobre os produtos:

Figura 1 – A tricotomia dos signos.

As leis da Gestalt serão utilizadas como suporte para a articulação analítica e


interpretativa da leitura visual da forma dos objetos em questão. De acordo com a Gestalt,
os fatores de equilíbrio, clareza e a harmonia visual de uma peça gráfica ou de qualquer
manifestação visual constituem para o ser humano uma necessidade e por isso são
considerados indispensáveis na formação de imagens (GOMES Filho, 2003). Na
sequência, a análise da estrutura perceptiva do objeto ajudará extrair dados que
possibilitarão chegar a etapa final que é de interpretação conclusiva ou pregnância da
forma onde será emitido um juízo critico acerca da organização visual dos materiais.
Entende-se aqui por objeto toda manifestação visual passível de ser lida e interpretada.
A análise funcional ocorrerá concomitantemente a análise estético e envolverá a
identificação dos elementos textuais e gráficos contidas no rótulo. Na sequência será
verificado se estas informações estão de acordo com o estabelecido pela legislação
vigente no pais para a categoria de bebidas, vinhos e alimentos embalados.
Entende-se por o rótulo uma peça de comunicação que pode ser impressa
diretamente na embalagem ou presa nesta por meio de adesivo. Pode conter marca,
informações e comunicações promocionais que devem contribuir para promover o
produto no ponto de venda (COSTA & CRESCITELLI, 2003). Para Kotler (2006) além
da questão funcional, o rótulo pode desempenhar uma função estética e conter elementos
atraentes para despertar a atenção do consumidor. É responsável pelos efeitos que o
produto está apto a produzir, ou seja, pode causar a primeira impressão e julgamentos de
valor que o receptor pode ser levado a efetuar.

9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design


Análise Semiótica Comparativa: Rótulos de Vinho de Mesa Artesanal de Pequenas Propriedades Rurais

3 Resultados e discussões

3.1 Análise semiótica do rótulo Caminho do Vinho - PR

3.1.1 Do ponto de vista qualitativo-icônico

É um rótulo adesivo frontal único de categoria fotográfica, cuja estrutura possui a


dimensão de 10 cm de comprimento por 12 cm de altura. O formato é próximo da forma
quadrangular o que aumenta a percepção de achatamento visual da garrafa. A
diagramação é simples, a composição é centralizada e a maior parte da distribuição é
simétrica. O pouco conteúdo textual é caracterizado por fonte cursiva e tipos gráficos
intercalados entre maiúsculas para o princípio das palavras e minúsculas para sua
continuidade. Como o rótulo do Caminho do Vinho é generalizado e não identifica o
produtor, seu layout será apresentado na fotografia 1 para reforçar a compreensão pelo
leitor.

Fotografia 1 – Rótulo do Caminho do Vinho Colônia Mergulhão – SJP/ PR.

Na fotografia prevalece o principal insumo da cadeia produtiva, ou seja, a imagem


de um cacho de uva real posicionado verticalmente e levemente a esquerda que estende-
se até os limites do papel. Esta assimetria é equilibrada pela presença de uma coluna no
canto mediano direito que possui a função de listar em coluna os tipos dos vinhos
comercializados pelo estabelecimento. Estas palavras são precedidas de pequenos
quadrados brancos resguardados para a identificação do tipo de vinho. Sendo que a
anotação é realizada manualmente pelo produtor após o envase. As folhas de parreira
preenchem o restante do espaço ao fundo e sugerem o ambiente de cultivo em tempo de
colheita. A textura é percebida pela cera natural do cacho e nas ramificações dos sulcos
da folha.

9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design


Análise Semiótica Comparativa: Rótulos de Vinho de Mesa Artesanal de Pequenas Propriedades Rurais

As cores roxo vivo e verde escuro são dominantes de fundo e se encontram


aparentemente na mesma proporção, produzindo pouco contraste e gerando uma imagem
com pouca luminosidade. As fontes apresentam preenchimento branco e contorno preto
para efeito de realce, com excessão da expressão “PRODUTO ARTESANAL” que se
apresenta em cor violeta e contorno branco na parte inferior do mesmo. A logomarca se
destaca por apresentar um tipo gráfico arredondado mais cheio, ocupando
aproximadamente 1/3 do espaço da composição e posicionando-se a frente do cacho de
uva. As serifas conferem peso e força a marca. Porém, o cacho de uva de cor violeta e
estilizado da marca trazem redundância ao contexto.

3.1.2 Do ponto de vista singular-indicativo

A embalagem analisada transmite pelo enquadramento fotográfico fechado, pela


volumetria dos bagos e pela focagem seletiva, uma leve sensação de abundância e
aglomeração. A simplicidade da foto reproduz um modelo mental que as pessoas, em
geral, podem ter sobre a fruta in natura. Este aspecto indica ao consumidor do que é feito
o produto e pode contribuir para passar a sensação de conter no interior do frasco uvas
frescas. Esta solução gráfica é frequentemente aplicada em rótulos destinados para o doce
de uva que tem o objetivo de transmitir a impressão de pureza e despertar o apetite
appeal momentâneo. O tipo de vinho é indicado por meio manual na lista de vinho

3.1.3 Do ponto de vista convencional-simbólico

Os elementos gráficos estabelecem, a primeira vista, os traços de identidade com


o caminho do vinho. Porém, o rótulo possui o mesmo padrão visual entre os produtores e
tende a reforçar a simplicidade da produção artesanal. Por um lado esta equidade é
versátil pois a peça pode ser utilizada por todos que produzem e comercializam o vinho,
inclusive para todos os tipos de vinho, com excessão do vinho de prensa.
Por outro lado, esta igualdade pode estar inibindo a manifestação histórico-
cultural das famílias envolvidas no processo produtivo. Ignorando desta forma as
indicações de origem de cada produtor e as suas respectivas particularidades no processo
de produção artesanal. Anulando assim, possíveis potenciais competitivos baseados na
tradição, ou seja, um constructo do significado de valor que o produto e serviço do
enoturismo pode acarretar neste consumidor. Já que grupo de usuários abrange os
apreciadores do vinho de mesa com perfil mais tradicional e conservador.

3.2 Análise semiótica do rótulo Caminho da Colônia - RS

O layout dos rótulos dos vinhos de mesa originados no Caminho da Colônia são
diferentes entre os seus produtores e também diferem entre os tipos de vinho dentro desta
categoria. Devido a esta variedade, o artigo tomou como base comparativa o rótulo do
vinho tinto suave de mesa apresentado na fotografia 2.

3.2.1 Do ponto de vista qualitativo-icônico

9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design


Análise Semiótica Comparativa: Rótulos de Vinho de Mesa Artesanal de Pequenas Propriedades Rurais

Com relação as cores, a variação de quantidade é singular, ou seja, apresenta o


vermelho, amarelo e o dourado. Para cada tipo de vinho de mesa há uma cor específica de
rótulo mantendo-se constante o fundo. Neste caso a cor de fundo é o amarelo claro, o que
proporciona maior contraste com a garrafa. A principal característica da série é percebida
pela distinção de cor do rótulo e alguns elementos da embalagem como o lacre superior.
Com relação a forma, o rótulo adesivo possui dimensões retangulares. A estrutura
visual é vertical, menor e mais fina, adequando-se a forma da garrafa. Em vista frontal o
rótulo é posicionado centralmente e não alcança as lateralidades da embalagem primária
o que proporciona maior sutileza e realce do resultado longelíneo.

Fotografia 2 – Rótulo de vinho do Caminho da Colônia - RS

Os tipos gráficos apresentam-se todos em fontes maiúsculas, alongadas, finas,


retas e sem serifas. Com excessão da escrita do tipo de vinho (exemplo Tinto Suave)
aparecem centralizadas do meio para o final e em letras formato itálico, bem próximo à
fonte manuscrita. Próximo à base encontram-se duas linhas retas vermelhas. Uma delas
funciona como divisória e outra impõem os limites inferiores dando um certo peso ao
objeto. Em contra partida no topo há um recorte abaulado de dois níveis obtido por uma
faca de corte especial. Um brasão se acomoda no espaço interno concavo do abaulado
central. A inscrição da marca se mantém constante e muda de cor de acordo com o tipo
de vinho mantendo também traços dourados.

3.2.2 Do ponto de vista singular-indicativo

Uma faixa apresenta uma foto de um cacho de uva indicando o insumo principal
do produto comercializado. Esta imagem é composta de apenas uma cor que reforça o
tipo de vinho contido no interior da embalagem. Uma cor específica foi escolhida para
indicar cada tipo de vinho de mesa: o vermelho claro para o rosado suave, o bordo para
tinto suave e o verde para o branco suave.

9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design


Análise Semiótica Comparativa: Rótulos de Vinho de Mesa Artesanal de Pequenas Propriedades Rurais

O dourado também é aplicado no rótulo para a impressão de um brasão, nos


limites da logomarca, na palavra que define o tipo de vinho e de algumas linhas retas,
inclusive no lacre superior. São alguns detalhes que remetem um tom de elegância e
sofisticação ao produto (CHIJIIWA, 1987). É um recurso herdado das embalagens de
perfume e cosméticos, sendo muito aplicado em produtos alimentícios quando se
pretende obter um aspecto de refinamento e valor diferenciado. Assim como a fonte
principal escolhida conferem bom gosto, classe e delicadeza.
O brasão dourado estilo medieval é complementar a marca sua função indica a
família e faz a relação com a vinícola. O tipo de vinho é indicado pela escrita (Tinto
Suave) e pela cor da fotografia e da marca. A cor vermelha aplicada nestes elementos
reforça visualmente a informação que é dada pelo verbal.

3.2.3 Do ponto de vista convencional-simbólico

Um padrão de distribuição da informação pode ser observado pela tendência de


centralização das palavras e espaçamento entre linhas. O brasão confere tradição,
procedência, descendência e um aspecto de força ao produto. A linguagem gráfica do
rótulo e a simplicidade de seus componentes traduz a identidade do processo artesanal da
vinícola, ressaltando os aspectos familiares. O tom pastel presente no fundo remete a
percepção de um legível senso estético.

3.5 Análise legal do rótulo Caminho do Vinho - PR

O vinho do estudo em questão é embalado na ausência do cliente e pronto para ser


oferecido aos consumidores. Portanto deve seguir as orientações do Regulamento
Técnico para Rotulagem de Alimentos Embalados, anexo a Portaria Ministerial nº 371 de
04 de Setembro de 1997. Este documento define que rótulo é “toda inscrição, legenda,
imagem ou toda matéria descritiva ou gráfica que esteja escrita, impressa, estampada,
gravada em relevo ou litografada ou colada sobre a embalagem do alimento.” (BRASIL,
1997)
Segundo o Regulamento de produtos embalados, o vinho não necessita que o
rótulo apresente uma lista de ingredientes como visto na redação do item 6.2.1 “com
exceção de alimentos com um único ingrediente (por exemplo: açucar, farinha, erva mate,
vinho, etc.)”. Porém, no processo primário de fabricação todo vinho é seco e transforma-
se em suave ou doce adicionando-se determinadas quantidades de sacarose na
composição, aplicando-se, neste caso, a informação obrigatória. O produto advindo do
Caminho da Colônia descreve a seguinte citação “COMPOSIÇÃO: FERMENTADO DE
UVAS E AÇUCAR”.
A rotulagem de produtos alimentícios que se apresentam em forma líquida deve
constar a quantidade nominal ou conteúdo líquido em unidades do Sistema Internacional
(SI). Conforme esta disposição, nenhum dos rótulos apresenta a expressão
“CONTEÚDO” seguido da quantidade e somente um deles especifica a unidade de
volume “750ML”. A importância desta especificação conscientiza o consumidor de que
ele está adquirindo no Caminho do Vinho uma garrafa contendo uma capacidade útil
aproximada de 750 ml e não de 1.000ml. Neste caso, o não esclarecimento deste item

9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design


Análise Semiótica Comparativa: Rótulos de Vinho de Mesa Artesanal de Pequenas Propriedades Rurais

pode contribuir para que o cliente construa uma percepção de relação custo/ benefício
maior, o que despertaria uma sensação de falsa vantagem na aquisição do produto.
Ambos os rótulos analisados apresentaram a identificação da origem, indicando o
nome e o endereço do fabricante e do produtor, conforme o caso, assim como o país de
origem e a cidade. Contudo, apenas uma delas identifica a razão social e o número de
registro do estabelecimento junto a autoridade competente.
Os vinhos, vinhos licorosos, vinhos espumantes, vinhos aromatizados, vinhos de
frutas e vinhos espumantes de frutas fazem parte de produtos que não precisam por lei
indicar a data de validade mínima. Entretanto, a lei não esclarece se esta imposição se
aplica ao vinho artesanal e seus subprodutos ausentes de conservantes. O que torna
coerente indicar a expressão: “VALIDO ATÉ...” ou “VALIDADE...” acompanhada do
dia e do mês para produtos que tenham duração mínima não superior a três meses.

4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

As recomendações expostas neste trabalho possuem o sentido de servir como


princípios argumentativos para a implantação de futuras melhorias para a cadeia
produtiva do vinho de mesa artesanal. As ações em geral são simples e a maioria de
âmbito estético-funcional formuladas a partir da análise semiótica comparativa e análise
com base nas leis do setor.
Percebe-se a necessidade de reformulação do rótulo atual visando disponibilizar
mais informações sobre o produto a fim de promover a maturidade estético-funcional da
peça gráfica. Vislumbrando as questões ambientais, sociais, económicas e
mercadológicas, a fim de construir uma imagem baseada na transparência ao consumidor.
Um exemplo seria a definição de procedimentos que envolvam responsabilidade
ambiental como a logística de retorno no final do ciclo do produto. A embalagem
primária pode ser reciclada e o consumidor pode ser encorajado na separação deste
resíduo sólido para a coleta seletiva através da menção do ícone da reciclagem no rótulo.

Figura 2 – Ícone da reciclagem

Outro quesito interessante seria o planejamento de ações que podem visar o


retorno da embalagem no ponto de venda: o recolhimento de garrafas vazias, metodologia
de refil ou troca do vasilhame no varejo. Neste último, recomenda-se a aplicação das
palavras “EMBALAGEM RETORNÁVEL”. A presença da palavra “FRÁGIL” pode
alertar o consumidor e indicar a necessidade de transportar o produto com mais cuidado,
evitando impactos fortes. A identificação do lote no rótulo ou na embalagem seria um
outro item que poderia contribuir na interpretação de processos de qualidade,
principalmente no rastreamento do produto em questão.

9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design


Análise Semiótica Comparativa: Rótulos de Vinho de Mesa Artesanal de Pequenas Propriedades Rurais

Por outro lado, recomenda-se um reforço de ações sociais de conscientização que


alertem sobre as bebidas que podem causar dependência alcoólica como a inserção de
expressões “VENDA E CONSUMO PROIBIDOS PARA MENORES DE 18 ANOS” e
“BEBER COM MODERAÇÃO”.
A Lei Nº 11.7052 de 19 de junho de 2008 estabelecida para inibir o consumo de
bebida alcoólica por condutor de veículo automotor, considera as bebidas potáveis que
contenham álcool em sua composição, com grau de concentração igual ou superior a ½
G.L. (meio grau Gay-Lussac) como bebidas alcoólicas. A Lei no 7.678, de 8 de
novembro de 1988, que define sobre a Produção, circulação e comercialização do vinho,
classifica o vinho de mesa como aquele com graduação alcoólica de 10º a 13º G.L. (dez a
treze graus Gay Lussac). Portanto é inteligente contribuir com a Lei seca adicionando a
advertência escrita “SE BEBER NÃO DIRIJA” ou escrever “É CRIME DIRIGIR SOB A
INFLUÊNCIA DE ÁLCOOL, PUNÍVEL COM DETENÇÃO” como devem fazer os
locais em que se vende bebida alcoólica.
A indicação nutricional poderia relacionar informações sobre as restrições
alimentares. Pode-se considerar em respeito a pessoas portadoras de doença celíaca a
adição da expressão “NÃO CONTÉM GLÚTEN” e para os casos de portadores de
diabetes “INGREDIENTES: FERMENTADO DE UVA E AÇÚCAR.”
Quando não possuir conservantes o produto deve adicionar o “PRAZO DE
VALIDADE:” seguido do período conveniente para o consumo. Bem como
recomendações de conservação ou de uso como “APOS ABERTO CONSUMIR EM...”
ou na presença de conservantes mencionar o tipo de conservante e a frase “VÁLIDO
POR TEMPO INDETERMINADO”. Mesmo não sendo obrigatório em lei, é interessante
disponibilizar informações sobre a data de fabricação: dia, mês e ano expressos em
algarismos, podendo o mês ser expresso através das três primeiras letras. Outra
informação importante é especificar a quantidade de líquido em unidade de medida
padrão. Este esclarescimento pode conscientizar o consumidor de que ele está adquirindo
no Caminho do Vinho uma garrafa contendo uma capacidade útil aproximada de 750 ml
e não de um litro, onde a relação custo/ benefício seria maior.
Com relação a comunicação cliente-produtor, seria interessante a disponibilização
do endereço do site do Caminho do Vinho no rótulo. O local virtual funcionaria também
como uma extensão do rótulo onde o consumidores encontrariam mais informações sobre
o produto e serviços da propriedade rural. Além disso, a adição de um e-mail funcionaria,
como uma ferramenta útil na promoção da marca e na aproximação com o cliente.
O rótrulo contribui para a construção e consolidação da marca do caminho.
Contudo suas características não remetem as preocupação com os valores culturais
agregados e o status cultural da marca. Portanto, recomenda-se um design mais
persuasivo com a inclusão de elementos gráficos direcionados ao estilo colonial e o
resgate da história familiar com ênfase nos aspectos culturais individuais. Um produto
artesanal não significa que ele deva apresentar deficiência nos elementos visuais ou
elaborado sem maiores preocupações estéticas. Por isso o espaço do rótulo deve ser
aproveitado coerentemente para reforçar ideias, fornecer informações sobre o tipo de
produto reforçar a qualidade no processo de fabricação e conservação do produto.

Notas

9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design


Análise Semiótica Comparativa: Rótulos de Vinho de Mesa Artesanal de Pequenas Propriedades Rurais

1
QUARANTE, Danielle. Diseño industrial 1: elementos introductórios. Peru, Barcelona: Ediciones
CEAC, 1992. v. 1-2.

2
Esta Lei altera a Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997, que ‘institui o Código de Trânsito Brasileiro’, e
a Lei no 9.294, de 15 de julho de 1996, que dispõe sobre as restrições ao uso e à propaganda de produtos
fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, nos termos do § 4o do art.
220 da Constituição Federal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMAZONAS. Núcleo de Arranjos Produtivos Locais. Plano de desenvolvimento


preliminar APL de turismo Ecológico e Rural. Manaus, 2008.

ASSOCIAÇÃO CAMINHO DO VINHO COLÔNIA MERGULHÃO - ACAVIM.


Disponível em <http://www.sjp.pr.gov.br/caminhodovinho/acavim.php> Acesso em 12
maio 2009

BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Lei Nº 7678, de 08 de


Novembro de 1988. Produção, circulação e comercialização do vinho. Disponível em
<www.agricultura.gov.br> Acesso em 28 jul 2009.

BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Decreto Nº 99.066, de 08 de


março de 1990. Regulamenta a Lei Nº 7678 de 08 de Novembro de 1988. Disponível em
<http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-consulta> Acesso em 27 jul 2009.

BRASIL. Ministério da Justiça. Secretaria do Direito Econômico. Lei Nº 3.078, de 11 de


setembro de 1990.Código de defesa do consumidor. Disponível em
<www.mj.gov.br/dpdc/cdc.htm> Acesso em 28 jul 2009.

BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Portaria Nº 371, de 04 de


Setembro de 1997. Regulamento técnico para rotulagem de alimentos embalados.
Disponível em <http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-consulta> Acesso em 27 jul
2009.

BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Decreto Nº 8.918, de 14 de


julho de 1994. Padronização, classificação, registro, inspeção, produção e fiscalização de
bebidas. Disponível em <http://extranet.agricultura.gov.br> Acesso em 27 jul 2009.

BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Decreto Nº 2.314, de 04 de


Setembro de 1997. Regulamenta a Lei Nº 8918 de 14 de Julho de 1994. Disponível em
<http://extranet.agricultura.gov.br> Acesso em 26 jul 2009.

CHIJIIWA; H. Color Harmony: A guide to creative color combinations.


Massachusets: Rockport Publishers, 1987.

COSTA; A. R.; CRESCITELLI; E. Marketing promocional para mercados


competitivos. São Paulo: Atlas, 2003.

9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design


Análise Semiótica Comparativa: Rótulos de Vinho de Mesa Artesanal de Pequenas Propriedades Rurais

GOMES Filho, J. Gestalt do Objeto: Sistema de leitura visual da forma. 5 e. São


Paulo: Escrituras Editora, 2003.

GOVERNO ESTADO DE AMAZONAS. Núcleo Estadual de Arranjos Produtivos. Plano


de desenvolvimento Preliminar. APL de Turismo Ecológico e Rural. Manaus, ago. 2008.

KOTLER, P. Administração de marketing. 10 e. São Paulo: Prentice Hall, 2000.

MAPA. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Estatística/agronegócio


brasileiro. Disponível em: <www.agricultura.gov.br>. Acesso em: 20 jun 2009.
MAROCHI, M. A. Imigrantes 1870-1950: Os europeus de São José dos Pinhais. 2 e.
Curitiba: Travessa dos Editores, 2006.

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS. SECRETARIA DE


INDÚSTRIA, COMÉRCIO E TURISMO – DEPARTAMENTO DE TURISMO. Roteiro
Rural Caminho do Vinho. São José dos Pinhais, s/d.

SANTAELLA, L. Semiótica Aplicada. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.

STERNBERG, R. J. Psicologia Cognitiva. Porto Alegre: Artmed. 2000

TEIXEIRA, A. M. et al. Legislação e rotulagem de vinhos finos tintos comercializados


na cidade de Pelotas – RS. Revista Brasileira de Agrociência, Pelotas, v. 13, n. 1,
p.119-121, jan-mar, 2007.

UNIÃO BRASILEIRA DE VITIVINICULTURA – UVIBRA. Dados estatísticos.


Disponível em <http://www.uvibra.com.br/dados_estatisticos.htm> Acesso em 02 jul
2009.

VALDUGA, V. A mudança da mentalidade como estratégia para a competitividade:


Caso das vinícolas da Serra Gaúcha. In: Seminário de Pesquisa em Turismo do
Mercosul, 4., Caxias do Sul, 2006.

9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design

Вам также может понравиться