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A implementação da lei
Os movimentos anti-escolha argumentavam que a realização de abortos no SNS
iria trazer o caos aos serviços, que iria roubar recursos para dar às mulheres que queriam
abortar. Não se verificou nenhum caos. Segundo Mara, médica de Medicina Geral e
Familiar e Co-fundadora da Associação Médicos pela Escolha1 (MPE) “podemos afirmar
que a implantação da nova lei de IVG (interrupção voluntária da gravidez, ou aborto)
correu bem. Para isso foi fundamental a regulamentação detalhada. Quais os
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Associação de profissionais de saúde, e colaboradores de outras áreas, que luta pela defesa dos direitos
sexuais e reprodutivos. Em 2006 criou um movimento com o mesmo nome que fez campanha para o
plebiscito, defendendo o direito ao aborto seguro e gratuito.
estabelecimentos de saúde que podem realizar IVG, o circuito da utente, estabelecer
limites no tempo máximo de espera das várias etapas, desde o primeiro contacto da
mulher até à consulta de planeamento familiar pós-aborto. Para optimizar a qualidade
dos serviços prestados foram também realizados protocolos de actuação, quer no aborto
médico como no cirúrgico”. Segundo Mara outra questão que foi muito importante para a
implementação da lei foi a regulamentação da objecção de consciência, nomeadamente
que “o direito à objecção de consciência que é um direito individual e não colectivo, isto
é, não pode haver um Serviço de saúde objector de consciência, apenas médicos
objectores. É importante também referir que os médicos objectores têm
obrigatoriamente que referenciar a utente a um médico que não seja objector.”.
A existência do aborto medicamentoso também facilitou a implementação do
aborto pois pode ser realizado em ambulatório, não necessitando de internamento ou de
tantos recursos como o aborto cirúrgico. 95,7% dos abortos feitos no SNS foi realizada
pelo método medicamentoso. Há, inclusive, postos de saúde onde é possível realizar um
aborto através do método medicamentoso. Para que estes postos o pudessem fazer foi
apenas necessário que os médicos e enfermeiras recebessem formação, e terem que ter
disponível o acesso a uma consulta de apoio psicológico.