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Diretores �����������������������
Colunistas ��������������
Cassiano Zeferino de Carvalho Neto
Jussara Hoffmann
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Maria Irene de Matos Maluf
Caro leitor,
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Maria Taís de Melo ���������������� ���������������������
Dirigida a diretores, educadores, coordenadores e todos os Para publicar seus artigos na revista Direcional Educador, basta enviá-los para: faleconosco@direcionalescolas.com.br
profissionais que atuam na área da educação. aos cuidados do editor.
Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias,
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Vila Mariana 04102-000 São Paulo SP • Declaração de que o artigo é inédito e que não foi enviado para nenhuma outra revista da área de educação, autorizando
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faleconosco@direcionalescolas.com.br
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www.direcionalescolas.com.br
06
10
06 29
ESPAÇO
ENTREVISTA INTERDISCIPLINAR
Neide de Aquino Noffs Conhecendo um pouco
Por Luiza Oliva de Melanie Klein
Por Maria Taís de Melo
10 ARTE-EDUCAÇÃO
HISTÓRIAS
BRASILEIRAS
Poronominare
30
Currículo de Arte O ordenador do caos
e Cultura Visual Por José Arrabal
13
PONTOS &
Por Rosa Iavelberg
13 34
CONTRAPONTOS
Acesso ou permanência na escola?
Por Jussara Hoffmann
34 ATIVIDADE FÍSICA
Imaginando com a yoga
Por Wládia Beatriz
14 36
Pires Correia
ENTREVISTA INCLUSÃO
Fernando Hernández Ensinando e aprendendo
36
Por Luiza Oliva a conviver com as diferenças
16
Por Maria da Consolação Silva Soares
40
40
ARTE-EDUCAÇÃO
ESCOLA
Brincar é aprender: novos olhares
16
Viver para o coletivo: uma
sobre antigas questões mudança necessária
19
Por Vera Lúcia Bertoni dos Santos
19
Por Kátia Tarricone
43
ARTE-EDUCAÇÃO
A presença da arte no COMPORTAMENTO
contexto escolar (In) disciplina
43
20
Por Anna Rita Ferreira de Araújo Por Edna Marchini
ARTE-EDUCAÇÃO
Escola em dança: movimento,
expressão e arte 44 ATIVIDADES PRÁTICAS
22
Por Lisete Arnizaut de Vargas Aprender fazendo
22
Por Rossana Ramos
e Leila Splendore
EDUCAÇÃO INFANTIL
46
E AGORA,
Berçário: por que brincar? PROFESSOR?
Por Leila Regina de Souza
Arte-Música-Ciência: linguagens da
PÁGINA DO
PSICOPEDAGOGO 24 alma, palavras do corpo
Por Cassiano Zeferino de Carvalho Neto
Repetindo os velhos problemas
Por Maria Irene Maluf 48 LANÇAMENTOS
25 CURSO
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4 5
as diferenças? O desafio da escola não é a diferença de faixas – A trajetória institucional de seus atores-autores, trata da
Por Luiza Oliva etárias, mas as diferenças sociais, econômicas, culturais, e as metáfora de que todo profissional de educação, para exercer
Fotos Luiza Oliva de nível intelectual, as cognitivas. Se fosse apenas a introdução seu papel de qualidade, começa na categoria de ator, alguém
no Fundamental das crianças de 6 anos não seria tão complexo. que tem um script pronto, que raramente faz criações, que
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sempre tem alguém como referência ou reproduz alguma coisa. Depois do programa implantado, que retorno a senhora tem Fundamental I. A resposta que ganhou estourada foi a que a boa
Até o momento em que ele começa a se sentir seguro, e começa
a questionar o próprio script, e busca um novo script. Aí ele
dos educadores?
Eles avaliam que é muito bom ter com quem dialogar, alguém
aula é aquela em que o professor ensina. É quando o professor tem
paciência, quando tem silêncio. As crianças têm o perfil do professor
“A família mudou,
é mais autônomo e vai buscar as respostas, vai fazer cursos
específicos, especializações. Nessa passagem de ator para autor
que entende do processo ensino-aprendizagem. Até porque os
coordenadores pedagógicos são poucos: há um coordenador por
e o perfil da aula. As crianças pequenas fizeram desenhos das
atividades e de quais elas gostam mais: ganham brincar e estudar. mas a escola
há o processo de internalização do papel do psicopedagogo. escola, e ele não pode fazer tudo que deveria. E dividindo a tarefa Aparece a palavra estudar, a criança quer ir para a escola estudar.
Eu precisava fortalecer esse meu estudo e mostrar que não era com mais um, mesmo que esse um não dê conta pela quantidade de Mostraram livros, cadernos, eles adoram fazer lição. Na cidade, a não percebeu com essa
apenas uma tese, mas que era uma ação política. Fui trabalhar alunos, há um parceiro de diálogo. O diretor muitas vezes está muito escola pública tem um material pedagógico, mas os professores
na rede municipal de Ourinhos, e sistematizei a presença do preocupado em atender as questões administrativas, os quesitos não imaginavam que a criança desse a ele a conotação de lição. grandeza. Ela ainda
psicopedagogo na escola. Outro exemplo é o de São Sebastião. A legais. Para os quesitos educativos o coordenador pedagógico Ela quer estudar, ela quer aprender, e ela quer merenda. Ela gosta
rede pública da cidade vinha no modelo de atendimento clínico se sente sozinho. Hoje, na rede municipal de São Sebastião, os de comer, de brincar e de estudar e aprender. A criança pequena, cobra da mãe uma mãe
a alunos que não aprendem, de atendimento individualizado, supervisores de ensino que têm formação em psicopedagogia ouvem de 5, 6 anos, já usa essa linguagem. Ela quer ter uma perspectiva
dentro da escola. Era um trabalho de muita eficácia mas que não
atendia toda a rede, que tem 17 mil alunos. Fui convidada para
e dialogam com as escolas. Não é o supervisor de ensino que vai à
escola simplesmente para levar informações legais ou burocráticas.
bem sucedida. Provavelmente ela lide no social com aquele que
não aprende. O pai sempre acha, quando o filho é pequeno, que
que não trabalha fora, que
alterar esse modelo de atendimento, através de um trabalho de
formação de professores. Abri espaço na secretaria da saúde para
Quem faz isso é o diretor quando vai à diretoria de ensino. Quando
os supervisores de ensino saem, o fazem para acompanhar o
ele vai se dar bem. Lidar com a família na infância é um momento
muito propício, porque é muito promissor. Mas o que acontece no
faz lição de casa.”
o psicopedagogo. A educação não absorve o modelo clínico mas pedagógico: assistem as horas de trabalho coletivo, conversam Fundamental? A escola ainda está preocupada com o conteúdo,
absorve as idéias da clínica, que é a prevenção e o tratamento com os coordenadores sobre os problemas de aprendizagem, não com o conhecimento. Ela está preocupada com a nota, não
de problemas com dificuldades de aprendizagem. Ele é um staff disciplinares, sobre situações educativas. Ele é o interlocutor. Isso é com o desempenho. E ela está demorando para mudar de conteúdo Apesar dos inúmeros problemas que a escola no Brasil enfrenta,
da secretaria de educação, e que circula pelas escolas. Ele é um avanço muito grande no papel do psicopedagogo. para conhecimento e competência. O aluno precisa aprender a ter a senhora tem uma visão otimista da educação?
um assessor da secretaria de educação que tem um trabalho mobilidade para buscar informação. A competência de mexer na Eu lido com a formação de professores, tanto a formação inicial
itinerante de acompanhamento. Mas ainda não há um por escola. A escola não está sabendo lidar com as crianças e suas famílias? internet, a competência de achar a resposta, a competência de ler na universidade como a formação continuada nos municípios.
Como a lei estadual (N. R.: projeto de lei 128/2000, conhecida Vejo os professores despreparados para lidar com as famílias. Até o texto e entender, a competência de escrever pequenos bilhetes. E eu percebo um esforço muito grande das pessoas em acertar,
como Lei Claury, que estabelece a implantação de assistência porque muitos educadores têm, em relação à criança, expectativas Se ele não sabe isso não adianta ele ter acesso às informações. em querer saber o que é correto. Elas querem saber qual o
psicopedagógica ao aprendiz e à instituição) não foi aprovada, muito altas. Isto é, o professor acredita que a criança aprenda Eu pergunto para o professor: por que você ensina? Para o aluno caminho, qual o trilho a seguir. Tenho certeza que o Brasil nesse
o trabalho é feito com a verba do sozinha. Porque no passado, na escola tradicional, que era seletiva, saber mais? Para saber mais ele precisa de um bom computador e momento está se posicionando usando recursos científicos.
próprio município. as crianças aprendiam sozinhas, não precisavam de ninguém. bons programas. O aluno precisa do professor na mediação entre Hoje sabemos quantos alunos estão fora da escola, há pesquisas
Não existia psicopedagogo, a mãe não cuidava das lições do filho, o contexto em que ele vive, o saber que ele tem e a história de quantitativas. Há dados fidedignos de onde estão os problemas.
porque sabia menos que o filho e cuidava da casa. Não existia a vida dele. Ele precisa se colocar como sujeito histórico para saber Como pesquisadora, se eu tenho a clareza do problema eu
importância da escolarização como há hoje, o mercado de trabalho
“O desafio da era menos exigente, não havia tanto impulso tecnológico e as
onde buscar a informação. Vou dar o exemplo de São Sebastião:
trabalhei no Rio Grande do Norte, em Goiás, que são experiências
vou achar a solução. O verdadeiro problema é quando não
se sabe qual é o problema. Se eu tenho um fato e sei porque
pessoas tinham atividades rotineiras que aprendiam de maneira muito diferentes. No Rio Grande do Norte a maior atividade era esse fato está ocorrendo, eu tenho mais subsídios para buscar
escola não é a muito reprodutiva. O que aconteceu? O mundo mudou, com a a pesca, em Goiás era a pecuária. Em São Sebastião o povo está a solução. Nós estamos estudando, não estamos omissos. Há
evolução da tecnologia, mudanças culturais, a globalização e deixando a pesca, a poluição está chegando, há muita construção muito compromisso e muito esforço. Há clareza dos problemas.
diferença avanços da construção de conhecimento. E a família mudou, mas civil, que está assumindo esse papel. Se o professor não conseguir Eu acredito que a mudança ainda é lenta, perto daquilo que
a escola não percebeu com essa grandeza. Ela ainda cobra da mãe contextualizar essa situação ele não terá progresso. Lá eu dou a sabemos. Eu às vezes acho que podíamos ser mais rápidos.
de faixas uma mãe que não trabalha fora, que faz lição de casa, uma mãe que maior força para projetos educativos que são vinculados à escola Mas eu sou otimista porque lido com os jovens e os jovens não
provê toda a infra-estrutura para os filhos. O professor ainda não mas que não partem da escola. Por exemplo, a escola de surfe, a suportam esse Brasil antigo. Eles estão indignados com o que
etárias, mas as diferenças internalizou o novo perfil de família. escola para velejadores. Muitos professores ainda não absorvem
essa idéia, por que vêem a escola como produtora de conhecimento.
está acontecendo na escola, e essa indignação vai gestar uma
geração de pessoas atuantes. Não vamos ter mais professores
sociais, econômicas, Como a escola pode entender o que o aluno quer dela?
Em São Sebastião, por exemplo, pensei que se eu escutasse os
E no que o velejador vai ajudar? Pela atividade de velejar o aluno
vai querer aprender conhecimento. Aprender conhecimento
acomodados, até porque esses alunos estão indignados com as
notas baixas, com os gritos, com os pais desencontrados. Eles
culturais, e as de nível alunos eu conseguiria um diferencial, até para que os professores sem velejar é muito frustrante para eles. É a mesma visão que os querem uma coisa melhor para eles.
entendessem que escola é essa. Fizemos então um trabalho de estudantes de 11 anos têm: por que eles precisam estudar com 11
escuta da voz dos alunos, como temos a escuta dos pais e a escuta anos se eles podem esperar completar 15 anos e ir para o EJA? O
intelectual, as cognitivas.” dos professores. Perguntamos para as crianças o que é uma boa EJA, acreditam eles, é muito mais ágil e eles não perdem tempo em Contatos com Neide Noffs: nnoffs@terra.com.br
aula. Fizemos na Educação Infantil, através de desenhos, e no aulas maçantes, ao invés de ir à praia.
8 9
Currículo de Arte
ensinadas e o tratamento dado aos valores que permeiam a área de os locais de exibição, os textos, as publicações e as outras formas de
conhecimento e as poéticas estudadas. documentação da arte e ainda, as questões relativas ao acesso à arte
Um currículo de arte contemporâneo requer uma equipe que são estudadas por intermédio do currículo na educação escolar.
e Cultura Visual
reflete sobre a produção sócio-histórica da arte, nela pensando A inclusão da cultura visual junto às artes visuais ou a adoção
como corpo de conhecimento a ser interpretado para melhor de um currículo apenas de cultura visual também compõe a agenda
compreender a arte, a si e ao mundo. do ensino de Arte na contemporaneidade. Vamos defender aqui a
Concepções de arte e de educação na sociedade e, ainda, de inclusão de ambos os recortes: artes visuais e cultura visual.
Por Rosa Iavelberg sujeito da aprendizagem, são requisitos obrigatórios na tomada de Por artes visuais compreendemos o conjunto da produção
decisões a respeito de: conteúdos a serem ensinados, como serão artística histórica visual e audiovisual em sua diversidade, de todos
U m currículo não pode ser uma invenção aleatória, porque para ser bom traz
um texto contextualizado, desígnio de quem o cria em cooperação com seus
ensinados (na orientação dos modos de aprendizagem) e como será
processada a avaliação.
Outro aspecto que se pode destacar na seleção dos conteúdos
os tempos e lugares, que tem qualidade artística e estética e, por
isto, merece ser aprendido nas escolas, como direito de acesso do
aluno e dever da educação.
pares. Cada desenho de currículo espelha um conjunto de decisões e escolhas do currículo de Arte atual é uma abertura à inclusão de temas do Por cultura visual entendemos as modalidades de produção
teóricas e políticas, tanto no que se refere à abordagem dada às áreas de desejo dos alunos, afeitos a seus interesses, às suas particularidades visual que não se classificam como arte, mas como produção
conhecimento que trata, como na visão de escola e sociedade que contempla. e às culturas que trazem consigo. cultural (publicidade, HQ, webdesign, moda, videoclip, propaganda,
O currículo é um projeto que expressa desejos de mudança e transformação, Tal fato, que já constituía orientação na escola renovada com marketing), associadas, principalmente, às relações com as questões
indica uma visão prospectiva, planejada com base nos modos de aprendizagem foco na subjetividade é marcado por novos contornos que desenham sociais da atualidade presentes nestas imagens, o que consolida
- orientadores da relação com os conteúdos do ensino - na interpretação um indivíduo participativo, crítico e orientado às questões políticas uma cultura de leitura crítica das visualidades, ou seja, consciente
da realidade de cada contexto, considerando a mobilidade do conhecimento e sociais do universo da arte, parte de um todo social. em relação aos problemas sociais.
no tempo e o local onde a escola se situa como fenômenos em permanente O texto do currículo contemporâneo constrói-se e reconstrói-se Segundo Fernando Hernandez da Universidade de Barcelona,
transformação. Assim, a visão de escola que se tem e o delineamento de seu papel no dia-a-dia da escola e, frente à prática, são realizadas propostas teórico importante da cultura visual, ela refere-se também a novas
na sociedade são a espinha dorsal e a alma do projeto curricular. de modificação nos conteúdos das áreas de conhecimento e, ainda, concepções sobre a ordenação da escola, quer promover atualização,
Um currículo hoje é concebido como um trabalho de transformação da escola, nos procedimentos dos professores em função da sala de aula. interesse dos alunos e melhoria nas aprendizagens.
portanto, um texto compartilhado por seus agentes é a trama que dará suporte as Este ir e vir entre o texto do currículo e a prática educativa Nesta proposição a ordenação do currículo de Arte no formato
ações de alunos e professores. documenta a vida da escola e o contexto sóciopolítico e cultural de projetos de trabalho ou unidades didáticas abertas à interlocução
O texto curricular é aberto à criação de equipes de professores. Sua construção pode dos alunos, professores, do entorno próximo e distante e uma viva com os alunos gera uma dinâmica voltada à investigação.
acontecer em uma escola ou em um conjunto de escolas de uma região e pode-se dinâmica viva entre ação e reflexão. Pensar o currículo por projetos não deve fechar a possibilidade
observar que a tendência de elaboração de currículos nacionais diminuiu em muitos Observa-se assim, a possibilidade de um professor de arte de o professor planejar os conteúdos que julga substantivos à
países, porque nas pesquisas atuais sobre aprendizagem, se leva em consideração contemporâneo transformado, sobretudo porque as ações dos formação dos estudantes e orientar novos modos de avaliação
cada contexto e os modos individuais e compartilhados de aprendizagem na seleção alunos em sala de aula e a consideração de cada contexto modificam em formatos mais contemporâneos, menos quantitativos,
de projetos e conteúdos do currículo. a orientação de suas atividades. mais compartilhados e qualitativos, por intermédio de meios
Assim sendo, o termo grade curricular, que na escola tradicional conceituava Esta abertura e flexibilidade na ação do professor de arte no eletrônicos e portfólios.
uma estrutura fixa com conteúdos a serem ensinados, foi substituído por cotidiano da sala de aula e das escolas nos remontam à afirmação O formato de portfólio, emprestado do instrumental do artista
desenho e projeto curricular. Estes conceitos estão ligados à criação, mudança, de Perrenoud, Ensinar: agir na urgência, decidir na incerteza, que para ordenar e documentar seus trabalhos, é um documento visual
flexibilidade, mobilidade e redes de significados de cada disciplina em se refere ao papel do professor prático/ reflexivo e criador nas da trajetória ou de um recorte de sua produção, fala do seu percurso
comunicação interdisciplinar com as demais, incluindo os temas transversais, situações didáticas do nosso tempo. de criação pessoal. O portfólio do aluno, por outro lado, pode conter
questões sociais da atualidade, na sua trama. Outra imagem do currículo contemporâneo e de seus formatos de avaliação como textos e relatos das aprendizagens que
Nesta rede nenhuma disciplina é pólo principal, apesar de que professores é o diálogo que se mantém com as práticas sociais, ou reúnem processos e produtos de trabalhos de criação e também
na elaboração dos projetos didáticos as aprendizagens das áreas de seja, os conteúdos relacionam-se com os espaços extra-escolares, suas reflexões.
conhecimento ganham destaque. com o ‘mundo real’ das áreas de conhecimento. No caso da arte A escola pode ser um laboratório aberto à experimentação
Hoje, nos currículos de Arte, se expressa sensibilidade à o currículo referenda-se no universo da arte, dos artistas, dos em arte e cultura visual, um espaço onde circulam imagens de
diversidade de contextos culturais na seleção de conteúdos, críticos, dos historiadores, para gerar os conteúdos, ou seja, o fazer artistas, textos de críticos, imagens de diferentes mídias, artistas
indicam-se propostas de inclusão de todos os alunos e dos temas e o pensar sobre arte no mundo - objeto de conhecimento a ser em residência e onde ocorrem ações em parceria com instituições
sociais relevantes. aprendido na escola - é uma das matrizes da transposição didática, culturais e produtores de arte.
Que indivíduo a escola quer formar, ou a finalidade da educação, e outra, aquela que perpassa o triângulo professor, aluno e a arte. Uma postura relativista sobre o que ensinar que navegue onde o
orienta os recortes da história da arte a serem selecionados, as técnicas Assim, as instituições culturais, os espaços de produção de arte, vento leva na sala de aula, obedecendo apenas a desejos manifestos ou
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aprendizagem da arte pode ser tão convencional e tão pouco mundos de cultura visual por onde transitam. O que não
estimulante como um ensino de matemática que tenha por foco significa para os adultos rejeitar ou celebrar esses mundos, mas
a memorização e a reprodução de algoritmos. Acredito que, em compreender melhor os jovens e favorecer-lhes a oportunidade
qualquer dimensão do saber, podem-se promover experiências que do estabelecimento de novas relações.
produzam transformações nos sujeitos e que os façam descobrir
pontos de vista apaixonantes, não apenas nas artes visuais. Há experiências de professores que utilizam os videogames em
O educador espanhol propõe um outro sentido ao ensino da Arte nas escolas aulas. Como vê particularmente os games e como o professor
A disciplina Arte (ou Educação Artística) deve permanecer pode fazer deles aliados junto aos alunos?
no currículo? Humberto Eco escreveu há alguns anos sobre a diferença entre
Continuar defendendo, a esta altura dos acontecimentos, que as artes meios visuais “apocalípticos e integradores” da cultura popular. Com
Por Luiza Oliva têm um papel essencial na educação básica, parece-me que significa relação aos videogames, penso algo semelhante ao escritor. Minha
Fotos Divulgação negar o que é evidente. O relatório da UNESCO de 2006 mostrou que posição não é de rejeição, nem de aceitação. Procuro somente
os estudantes das escolas com bons programas em arte apresentam compreender como aprendem os jovens com os videogames, se
melhor auto-estima e maior aceitação por parte da comunidade são protagonistas e como organizam suas próprias estratégias para
onde vivem. Mostrou também que essas escolas contribuem para a enfrentar novos desafios. Quando observo tais processos, passo a
saúde física, intelectual e emocional dos jovens, além de melhorar ter novas idéias para analisar as relações que constróem nas salas
C
sua competência na aprendizagem de outras línguas. Este dado foi de aula e nos museus. Esse é o meu maior interesse.
elular, iPod, MP3, internet, games. A escola precisa se adaptar entre as imagens reforçado por uma pesquisa apresentada pelo Museu Guggenheim de
a essa nova realidade das crianças e jovens de hoje. Para Fernando da arte e as da Nova York em julho de 2006. As pessoas que decidem pela ausência Num currículo baseado em projetos, e não mais em disciplinas,
Hernández, professor da Universidade de Barcelona, muitos educadores cultura popular, por das artes nos currículos escolares não têm idéia do que elas podem como o senhor propõe, qual o lugar da cultura visual?
desconhecem o que seus alunos vêem, escutam ou produzem. “Se exemplo. São essas contribuir para metodologias mais criativas em diferentes disciplinas Continuo falando em currículo para não me distanciar dos meus
desejamos trabalhar com eles, devemos conhecer os mundos de cultura “outras” maneiras e saberes, e quanto à maior autonomia dos alunos. Talvez por isto interlocutores, mas considero sem sentido e contraditório pensar
visual por onde transitam”, avalia. Hernández, que é coordenador do que me interessam mesmo deixem as artes de fora da escola: para que aumente o rol dos em projetos de trabalho em termos de currículo. Toda discussão
Mestrado em Estudos e Projetos de Cultura Visual e do Programa de especialmente. Não se excluídos e se acabe a democracia em suas sociedades. Além disso, sobre currículo - por competência ou por disciplinas - parece-me
Doutorado em Artes Visuais e Educação: um Enfoque Construcionista trata apenas de diver- em uma época de “obsessão pela avaliação”, muitos não sabem como insistir em que há algo básico e universal que todo mundo deve
daquela universidade, é autor de várias publicações relacionadas sificar as imagens com avaliar em artes e assim, diante do que não sabem, preferem agir aprender da mesma maneira e em todos os lugares. Ao invés de
à busca de uma outra narrativa para a escola – entre elas, Cultura que se trabalha. como se tal não existisse. se pensar em mediar experiências que despertem a paixão por
Visual, mudança educativa e projetos de trabalho e Tecnologias para aprender, continua-se pensando qual o método de alfabetização
transformar a Educação (ambas pela Editora Artmed). Em seu novo livro pela O senhor diz que há uma distância entre o modo como a escola a seguir ou quantas matérias se deve ensinar. Isto nada tem a ver
Em sua nova obra, Catadores da cultura visual – Proposta para Editora Mediação, o educa e como os meios da cultura visual popular e as artes com educação – com a formação de pessoas com critérios claros e
uma nova narrativa educacional, pela Editora Mediação, Hernández senhor diz que não se visuais educam. A escola não tem acompanhado o interesse capacidade de decisão – mas sim com a comercialização de livros
provoca o leitor a pensar em que medida as relações com a cultura trata de “mudar o lugar das artes visuais na educação e de visual das crianças e dos jovens? didáticos pelas editoras e com formas de controle dos adultos.
visual produzem olhares sobre o mundo, sobre nós próprios e sobre ampliar seus conteúdos”, mas sim de adquirir um “alfabetismo Muitos educadores baseiam-se em concepções de infância e
os outros, e como, no contexto educacional, essas questões podem visual crítico”. O senhor acredita que os professores, de juventude que pouco têm a ver com as crianças e jovens de Basicamente, que diferenças há entre o ensino brasileiro e o
ser problematizadas e contempladas em projetos de trabalho e de especialmente no Brasil, carentes de uma formação adequada, hoje. A psicologia do desenvolvimento, que continua sendo uma espanhol em relação à cultura visual?
investigação. Na entrevista que concedeu à Direcional Educador, tenham condições de realizar uma leitura crítica de imagens? referência dos educadores, precisa ser revisada. Há algum tempo Não sei. Não sei o acontece em termos da cultura visual na
Fernando Hernández fala da concepção do ensino de Arte na escola. Minha experiência com professores brasileiros me mostrou que são atrás soube de um seminário para formação de professores que escola no Brasil ou na Espanha, pois os dois países acolhem
representados como carentes de saber e de sensibilidade, alguém que oferecia a oportunidade de visitarem, todo dia, um lugar que fazia realidades educacionais complexas e diversas. Entretanto, mais
DIRECIONAL EDUCADOR - Para a escola é difícil dar à cultura não sabe muito, sem preparo. Poucas vezes tenho visto o resgate de parte da cultura visual dos jovens. A maioria desses educadores do que diferenças, têm algo em comum: a dificuldade de pensar
visual seu merecido espaço? Há um certo preconceito, por suas experiências e saberes, daquilo que dá sentido a suas vidas dentro se surpreendeu ao perceber que pouco ou nada sabiam sobre o a partir de uma postura de transgressão por meio da qual se
parte do professor, em trabalhar com imagens? É considerada e fora da escola. Se isto fosse ponto de partida para sua formação, que os jovens de hoje vêem, escutam ou produzem. Se desejamos poderia favorecer a educadores e estudantes aprender sobre si
uma linguagem menor (se comparada, por exemplo, com a estou certo que não seria tão difícil assumirem o papel de mediadores trabalhar com eles e com as crianças, deve-se conhecer os mesmos, sobre os outros e novos saberes.
matemática ou com a leitura/escrita)? de uma alfabetização crítica. Mas, primeiro, devem experimentar eles
FERNANDO HERNANDEZ - O problema está no conservadorismo que próprios, devem ter a oportunidade de dialogar com representações
impera na escola e que determina o que pode ser ensinado e o que deve que constituem sua maneira de perceber o mundo e a si mesmos.
ser aprendido. Isto produz um pensamento hegemônico que traz como Sobretudo, devem alcançar a autoria de suas ações, não serem apenas
conseqüência a exclusão de saberes e experiências. Esta questão é tão “subordinados” como hoje acontece em muitas situações.
ampla que exigiria uma discussão específica em torno dela. Em relação à
cultura visual, minha posição é que não significa ampliar o rol de imagens A arte é um dos caminhos para despertar nos alunos o prazer
visuais sobre as quais se trabalha na escola. Também estão em jogo os de aprender?
modos de se fazer isto, as formas de se estabelecerem relações e trocas Depende do que se pretende e do que se entende por arte. A
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ou enaltecendo o caráter integrador, ligado aos progressos da desenvolvimento da cooperação. anos, aproximadamente). Elas experimentam papéis (papai, mamãe, pequenos para envolver-se nas tarefas da casa ou da escola.
vida social. Os jogos simbólicos manifestam-se precocemente (por volta filha), dramatizam ações (dirigir o carro, passar roupas, fazer Eles propõem-se, por exemplo, a “carregar as compras do
Diante dessa diversidade de conhecimentos e informações de um ano e meio) e suas origens coincidem com a chamada compras, cozinhar) e inventam transposições lúdicas (a panela é supermercado”, a “arrumar a cama”, a “temperar a salada” ou a
que se fundem na cultura contemporânea, é de se esperar que função simbólica, momento em que a criança mostra-se capaz transformada em chapéu, ou numa piscina para as bonecas, ou num “organizar brinquedos no armário da sala de aula”, mas nem sempre
saibamos agir em relação às brincadeiras das crianças, mas, de reproduzir uma situação “como se”, ou seja, de forma fictícia. tambor) que se enriquecem a olhos vistos. Entretanto, esses jogos possuem força ou domínio motor suficiente e, obviamente, não
infelizmente, não é o que costuma ocorrer. Diria até que, em Em geral, observam-se ações habituais realizadas fora do seu de imaginação são preponderantemente individuais (egocêntricos), conseguem desempenhar as tarefas a seu contento, ou a contento
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Coordenadora do GESTE – Grupo de Estudos em Teatro e crítico e atuação política. Artes, na linha de pesquisa em arte-educação,
inúteis, tende a mediar as suas possibilidades de “encontro” pela Educação, atriz de teatro, autora de diversas publicações Favorável a esta situação está cada vez mais a ânsia e, muitas pela Escola de Comunicações e Artes da
televisão ou por outros artefatos tecnológicos à sua disposição. relacionadas ao teatro e à educação, entre elas Brincadeira e vezes, o desespero das escolas e da sociedade em conseguirem Universidade de São Paulo. Professora de
Longe de questionar a necessidade das regras e da objetividade conhecimento: do faz-de-conta à representação teatral (Editora compreender e educar as crianças e jovens que temos hoje. Uma Arte e Educação da Faculdade de Educação
da ação docente no sentido da aprendizagem dos conteúdos Mediação). Coordena, com a professora Susana Rangel Vieira da Universidade Federal de Goiás. É autora de
geração completamente visual, carregada de informação pelos mais
da Cunha, a Coleção Educação e Arte, da Editora Mediação. Encruzilhadas do olhar no ensino das artes (Editora Mediação).
escolares, ou de condenar atitudes ou decisões familiares tomadas diferentes meios, com uma estrutura de pensamento “hiperlincada”,
E-mail: verabertoni@terra.com.br E-mail: annaritabr@yahoo.com.br
por falta de opção, abandono, excesso de zelo ou de culpa, inquieta ao extremo, além de organizada em múltiplas culturas.
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afirma que a arte do movimento deve ser incluída na educação, trazendo novas vivências e novas sensações que regulam as tensões e
pois se entende que a dança é uma arte básica da humanidade. Para enriquecem as próprias experiências. Além disso, brincar, tocar-se, dar-
este autor, o pensar é parte da corporeidade humana, assim como o se as mãos, pegar-se pelos ombros, dançar ao mesmo ritmo com um
movimentar, sentir e expressar, pois também é uma forma de estar no companheiro ou com uma companheira contribui também de maneira
mundo em uma relação dialética de trocas de significados. saudável à educação sexual.
A dança como conteúdo da cultura de movimento da Constatamos também que o relacionamento social é favorecido
humanidade, segundo PEREIRA (1997) tem um grande potencial pela prática da dança por estabelecer laços de solidariedade e
educativo. Para esta autora a educação atual como um processo companheirismo, desenvolvendo a democracia, a união entre o
fundamental de “humanização” não poderá ter uma visão grupo, o respeito às diferenças e aos limites de cada um. Estabelece
dicotomizada de homem e mundo, mas sim uma visão dialética relações entre os praticantes, suas famílias e a comunidade em
onde os dois se constroem, compreendendo o movimento com geral, estimulando sua participação e colaboração principalmente
Por Lisete Arnizaut de Vargas significado, com intencionalidade, como uma característica nas apresentações onde muitas vezes depende deles a confecção de
fundamental do ser humano, e a dança como parte da cultura de figurinos, cenários e saídas.
movimento é capaz de ser mediadora neste processo de construção A dança folclórica, que em nosso entender é de relevante importância
de um ser humano mais sensível, criativo, crítico e autônomo. para a preservação de nossas raízes, agrada grande parte dos escolares.
Desenvolver um trabalho de dança na escola como prática Estas danças representam um fator de comunhão e perpetuação
pedagógica formativa não significa buscar a perfeição ou a execução cultural, como nos mostra GIFFONI (1964), transmitindo idéias e
de danças espetaculares e brilhantismos isolados, levando em conta costumes de uma geração a outra, baseando-se em tradições, lendas,
somente a estética, a beleza plástica e a descoberta de talentos; mas cerimônias religiosas, fatos da comunidade, resgatando a memória
Escola em dança: movimento, expressão e arte sim fazer com que o contato com a linguagem corporal e gestual da
dança ajude os alunos e alunas a desenvolverem-se pela recreação
coletiva e prolongando no tempo o espírito desta comunidade.
Alegramo-nos ao constatar em nossa pesquisa que há um discurso
e pela criação. O objetivo destas atividades engloba a inclusão, teórico em sintonia com a prática de dança na escola, favorecendo
e as expressões das mais diversas sociedades, representando um e a mente entram em atividade, combinando-se reciprocamente e economia de esforços e obtenção de melhores resultados. Promove a do Instituto Porto Alegre, Especialista em
alto valor de importância no desenvolvimento da humanidade, comunicando pensamentos e emoções. melhora das funções respiratória, circulatória e ainda boa formação Danças formada pela Escola de Bailados Clássicos Tony Seitz
apresentando-se como produto e fator da cultura humana. As pessoas são diferentes e diferentes também devem ser os corporal e boa postura. Desenvolve aspectos psicológicos como a Petzhold, especialista em Dança Flamenca formada pela Escola José
Vivemos em um país de diferentes raças, múltiplas culturas, processos de formação proporcionados pela educação. Por meio da autoconfiança e a autodisciplina. Por seu caráter artístico desenvolve de la Vega, em Barcelona (Espanha). Professora da Universidade
religiões, artes e danças. As proporções continentais do Brasil abrigam dança na escola desenvolvemos aptidões, que talvez até agora não o senso estético, a expressão cênica, a educação do sentido rítmico e Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), é autora de Escola em dança
distintos modos sociais e culturais, tornando explicável tanta riqueza tenham sido valorizadas e desenvolvidas, proporcionando aos alunos musical, a sensibilidade, a criatividade e a expressão artística. Também – Movimento, expressão e arte (Editora Mediação).
E-mail: lisete.vargas@ufrgs.br
e diversidade. Somos a terra do Carnaval, da capoeira, do futebol e alunas um desenvolvimento não fragmentado. LABAN (1989) o movimento e a aceitação do próprio corpo estimulam a sensualidade,
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ficamos estarrecidos e perplexos. Como pode? Ela é um gênio? Ela • Bebês: sensoriais.
é muito diferente das outras? Não, apenas está no berçário desde • 2 aos 6 anos aproximadamente: simbólicos. Faz-de-conta, estórias
muito novinha e sempre recebeu muitos estímulos, inclusive da inventadas, personagens imaginários, personagens fantásticos que
família, que é a melhor parceria que pode haver. A sua mãe sempre levam os pequenos a ter o desejo de serem iguais a eles.
nos incentivou a que colocássemos a Aninha participando de todas • A partir dos 6 anos aproximadamente: complexidade aumentada.
as atividades que lhe fossem pertinentes e deu no que deu! Hoje Participação do grupo com regras e normas; é nesta fase que vem o
ela já está fazendo a transição “natural” para o mini-maternal e despertar para a convivência na sociedade e também nós, enquanto
sua bagagem está cada vez mais repleta de conhecimentos e adultos, desempenhamos um papel imprescindível na elaboração e
habilidades. Em tempo: ela pede para a mãe, logo que entra no manutenção das questões morais e éticas.
Berçário:
carro, colocar o CD do Phil Collins e canta junto! Vamos lembrar que hoje em dia temos jovens que estão
Por que será que ainda nos dias atuais as famílias e totalmente sem parâmetros no que diz respeito à convivência
também muitas escolas têm uma visão estreita e incorreta do cidadã, a aspectos éticos e morais.
desenvolvimento infantil? Criança aprende rapidinho tudo o 5) O faz-de-conta não deve ser abandonado nunca pois faz parte
que lhe é ensinado, tanto coisas boas como coisas ruins. Quando de todo um processo de vivência e amadurecimento do contato
“D ora, vire a Mariana para ficar de frente para você pois ela
quer participar do papo e está se entortando toda”.
de 1 metro ou 1 metro e 15 centímetros (vamos lembrar da cabeça
e das quedas). Brinquedos emborrachados, plastificados, sem pêlos,
Brincar, acima de tudo, dever ser obrigação nas escolas. Cantar,
sonhar, imaginar, contar estórias, representar, elaborar, inventar,
pesquisar, argumentar, afrontar, perguntar... verbos que são
cada vez menor, tanto dos apartamentos/casas como das áreas
de uso comum. O domínio da fala, da linguagem e da escrita é
algo fascinante e divertido, bem como o domínio corporal, dos
Mariana, 6 meses de idade, muito esperta, querendo sem tecidos que possam molhar e/ou facilitar as alergias. Não imprescindíveis numa boa instituição de ensino. movimentos e conceitos em todas as áreas. Um exemplo bem claro
compartilhar da conversa e dos gestos da berçarista com outros podem ser pequenos ou minúsculos (buracos: nariz, ouvido, boca, Você, educador, pense nisso e participe sem medos, sem vergonha, e típico é o local onde trabalho: as crianças com 2 anos de idade
adultos no ambiente. olho) que propiciem acidentes, tanto com a criança sozinha como sem constrangimentos. Todos nós aprendemos ao ter contato com já lidam, além de outras, com as relações espaciais, enquanto se
Dora, berçarista, calma, atenciosa e competente. com o colega. Muita “cantoria” como diriam nossos avós. Criança crianças e principalmente, ficamos melhores como adultos. divertem com blocos de montar, vão desenvolvendo a percepção
Esse episódio ocorreu há algum tempo no refeitório da escola precisa ouvir para depois falar, contar, interpretar e trabalhar uma Sintetizando, podemos dizer que: espacial e o equilíbrio, apreendendo vários conceitos matemáticos,
onde trabalho. Estava almoçando (fora do horário das crianças) e, série de conceitos que serão solicitados mais tarde. Cantar faz bem 1) O jogo e a brincadeira estão presentes na vida do ser humano como classificação (quantos), comparação (maiores e menores),
no mesmo espaço, aguardando o lanche e trazendo os outros bebês à alma, ao espírito, à linguagem, à escrita e a outras tantas coisas desde muito cedo e o tempo todo. O bebê brinca por reflexo e por forma (redondos, quadrados, retangulares e triangulares); além de
do berçário, estava Dora com Giovanna no colo e Mariana sentada legais! Contar estórias, mesmo que o bebê ainda não entenda, é instinto e reproduz ações que vê os adultos fazerem (mesmo que outros conceitos pertinentes à linguagem como as palavras novas
no bebê-conforto. Como ela (Dora) conversava comigo, contando- fundamental para desenvolver atenção, audição, compreensão, não saiba o significado). Do processo de imitação passa para o da ao seu vocabulário, e também entrar na fantasia com os teatros e
me como estava o desenvolvimento deles, Mariana começou a ser concentração, seqüência (começo, meio e fim), criatividade, compreensão das coisas que fazem parte de sua vida e que são os personagens que surgem a partir do que é montado.
virar para olhar e ver o que estava acontecendo ao seu redor!!! linguagem, vocabulário e também, do ponto de vista psicológico fundamentais para o seu bom desenvolvimento global. Brincar, jogar, aprender, andam juntos de mãos dadas! Não
Curiosa? Também, mas acima de tudo, participante. e emocional, traz a oportunidade de lidar com conflitos internos 2) Jogar amarelinha, pular corda, brincar de bambolê, jogar bola perca a oportunidade e crescendo, você professor, não deixe
Até há alguns anos, e não muitos, as crianças que ficavam e de representação da realidade. Não tem importância que o bebê são divertidos e excelentes exercícios de coordenação (como tantos morrer o seu lado criança, disponível para a experimentação de
no berçário eram vistas como não participativas, não ativas no não responda “do jeito que você espera”. O que importa é toda a outros), bem como significam uma forma da criança conhecer a novas sensações!
ambiente e também eram tratadas como “seres não pensantes”. bagagem que está sendo desenvolvida dentro dele. Brincadeiras si própria, a seu corpo (e seus limites), fazer amigos e entender
Hoje sabemos que, além dos cuidados higiênicos, o bebê, a criança de pega-pega, ciranda, mexer com o corpo (dança, exercícios, melhor o mundo que a cerca.
de berçário, necessita e pede muito mais do que era imaginado. ginástica), produzem um efeito motor, social, cognitivo, afetivo e 3) O biólogo e pedagogo Jean Piaget, renomado pesquisador no
Criança precisa brincar, conversar, ouvir, experimentar, ver, tantos outros, estimulantes e vibrantes. estudo do desenvolvimento e comportamento humano, diz que
sentir... desde que nasce. Esta é a grande diferença da idéia que se Na Páscoa as crianças ensaiaram, com a professora de inglês, de acordo com a fase evolutiva em que a criança se encontra as Leila Regina de Souza é psicoterapeuta e psicopedagoga. Atuou por
tinha do desenvolvimento infantil. No berçário é necessário que uma música que tem como refrão o seguinte: “Easter Bunny, easter brincadeiras vão mudando e se tornando mais complexas e menos 20 anos com formação de professores na rede estadual paulista.
se tenha um ambiente propício a tudo isso, incluindo estimulação Bunny, how are you?”. Todos cantaram e participei do encantamento simbólicas, permitindo que se entre em contato com a realidade que Trabalha na área clínica e escolar. Atualmente responde pela área
física, auditiva, afetiva, mental e verbal. Para engatinhar basta um dos pais, professores e funcionários da escola. Porém, quando Ana a cerca (basta ver as crianças do Rio de Janeiro, dos famosos morros psicológica e psicopedagógica da Escola de Educação Infantil
Sapucainha, localizada no bairro da Mooca, em São Paulo.
piso adequado, de preferência os tatames, similares ou vinil com Flávia (a Aninha) do berçário, com um ano e 10 meses, cantou a comandados por traficantes, qual é a brincadeira favorita delas).
E-mail: profleilaregina@gmail.com
manta de tratamento térmico. Parede emborrachada até a altura música quase inteira e o refrão de maneira correta e compreensível 4) Existe uma ordem no desenvolvimento das brincadeiras:
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Repetindo
os velhos problemas
Por Maria Irene Maluf
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da Educação para o século XXI e a prática pedagógica Questão 5
Revendo o curso, questões em direitos humanos? Faça uma releitura do módulo cinco.
Depois, comente o trecho abaixo,
para nossa reflexão. Questão 2
refletindo sobre os saberes docentes na
educação em direitos humanos:
Releia o módulo dois, e depois escreva sua
Módulo resposta para a seguinte pergunta: “Um dos maiores obstáculos para a difusão
da educação dos Direitos Humanos é o abismo
Como fazer valer, no cotidiano escolar, o exercício da existente entre o discurso, as palavras e os fatos,
liberdade de expressão, conforme o artigo 19, da Declaração atitudes. Se um educador, se um sistema escolar
Universal dos Direitos Humanos, que nos diz que “todos têm pretende educar para os Direitos Humanos, deve
direitos à liberdade de opinião e de expressão, o que implica sempre começar por praticá-los. Não há educação
Prezado cursista: o direito de expressar suas opiniões sem ser incomodado para os Direitos Humanos, não há projeto educativo
e de receber e divulgar informações e idéias por quaisquer válido nesse campo sem profundo compromisso
Chegamos ao final de nosso Curso Livre de formação continuada a distância: Educação meios de expressão, sem restrições de fronteiras”? social para torná-los realidade.”
MOSCA, J.J. e AGUIRRE, L.P. Direitos Humanos:
em Direitos Humanos. Você deverá responder esta avaliação e enviá-la pelos Correios
pautas para uma Educação Libertadora. Petrópolis:
para a Revista Direcional Educador (o endereço encontra-se no expediente da revista). Questão 3 Editora Vozes, 1990, p.19.
Ou, se preferir, pelo e-mail faleconosco@direcionalescolas.com.br, ou ainda através Releia o módulo três, e depois escreva sua
do fax (11) 5084-3807. Você tem um prazo de 60 dias a partir do recebimento deste resposta para a seguinte pergunta:
módulo avaliativo para encaminhar sua avaliação. Após este prazo, as respostas não Questão 6
Por que o conceito de cidadania é um conceito cheio Comente criticamente o trecho abaixo,
mais serão aceitas.
de ambigüidades? publicado no módulo seis, “A formação
O envio e o aproveitamento de 70% no curso lhe darão o direito de receber em seu de educadores em direitos humanos:
domicílio um certificado de conclusão, com carga horária de 90 horas. Não esqueça perspectivas I”.
de enviar seu nome e endereço completo, junto com a avaliação. A certificação será Questão 4
concedida somente aos assinantes da revista que cumprirem os requisitos exigidos. Comente criticamente o trecho abaixo, “É fundamental que o educador compreenda
selecionado do módulo quatro de nosso a teia de relações existentes entre todas as
Só serão aceitas as avaliações que estiverem digitadas no seguinte formato:
curso. coisas, para que possa pensar a ciência uma e
Papel A4, fonte Arial 12, alinhamento justificado, entrelinhas 1,5. As questões devem múltipla, simultaneamente (...) ‘tudo se liga a
ser respondidas na ordem apresentada. “...o educador que busca se envolver com a proposta tudo’ e é no ‘aprender a aprender’ que o educador
de Educação em Direitos Humanos deve possuir uma transforma a sua ação numa prática pedagógica
postura crítica diante dos modelos de interpretação e transformadora.”
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Conhecendo um pouco
Questão 7 nove (Educação escolar como transmissão cultural,
de Melanie Klein
Por Maria Taís de Melo
No módulo sete encontramos o seguinte Educação como treinamento de habilidades, Educação
trecho: como fomento do desenvolvimento natural e Educação
M
como processo de produção de mudanças conceituais),
“Na formação de educadores em direitos humanos, escolha dois para elaborar uma síntese sobre eles,
elanie Klein foi precursora no desenvolvimento da psicanálise situação transferencial. As brincadeiras eram a seu ver equivalentes
um imenso desafio é o desenvolver outros olhares, inserindo comentários críticos e significativos, de para crianças. Em um primeiro momento de sua formação foi às fantasias, dando acesso à sexualidade infantil e à agressividade:
competências e habilidades no trato com o/a outro/a. acordo com suas percepções pessoais. discípula de Freud, para em seguida começar a desenvolver seus em torno delas podia se instaurar uma relação transferencial-
Para isso, é essencial mansidão, afabilidade e doçura trabalhos de forma independente. contratrasferencial, entre a criança e o analista.
nas relações humanas”. Melanie Klein nasceu em 30 de março de 1882, em Viena, Melanie Klein conferiu lugar capital à pulsão de morte,
De que modo você percebe esta questão? Como Questão 10 e morreu em 1960. Estudou de início arte e história na conceito que no entanto estava longe de gozar de unanimidade
é possível elaborar estratégias que nos qualifiquem No módulo dez tratamos do planejamento Universidade de Viena, porém as dificuldades econômicas que no seio do mundo psicanalítico. Radicalizando a posição de
como pessoas capazes de lidar com este desafio? participativo como proposta de ação na se seguiram à morte do pai parecem ter sido a causa de sua Freud, fez da angústia a conseqüência direta da ação da pulsão
Educação em Direitos Humanos. renúncia aos estudos de medicina, que ela decidira empreender de morte no seio do organismo. Essas considerações estavam
com o objetivo de ser psiquiatra. também presentes em sua concepção das fases ou posições por
Em setembro de 1927, durante o X Congresso Internacional que a criança passava: a posição esquizoparanóide, que traduziria
Questão 8 Elabore um texto em que você aponte os limites e
em Innsbruck, Klein apresentou uma comunicação, “Os estádios o modo de relação dos quatro primeiros meses da existência, seria
Releia com atenção o trecho abaixo, as possibilidades de colocar em prática, no cotidiano
precoces do conflito edipiano”, na qual expunha explicitamente suas caracterizada por uma união entre as pulsões sexuais e as pulsões
presente no módulo oito de nosso curso. escolar, as idéias contidas neste módulo.
discordâncias com Freud sobre a datação do complexo de Édipo, agressivas, por um objeto vivido como parcial e clivado em “bom”
sobre seus elementos constitutivos e sobre o desenvolvimento (gratificador) e “mau” (frustrador).
“... é preciso superar representações fragmentadas
psicossexual diferenciado dos meninos e das meninas. Em face de suas angústias, a criança desenvolve vários tipos
e distanciadas das problemáticas vivenciadas pelos Questão 11 Seus trabalhos sobre os nebulosos estados da mente de defesa e de atividades reparatórias, que constituem a primeira
aprendentes em seus cotidianos e espaços de vida Releia o módulo onze e depois responda: permanecem atuais e ainda são fundamentais nos diagnósticos e fonte da criatividade e da sublimação. A posição esquizoparanóide
nas suas comunidades. Numa perspectiva prática, a tratamentos. Foi ela quem introduziu os jogos infantis e brinquedos e a posição depressiva voltam a se fazer presentes posteriormente
pedagogia de projetos fundamenta-se no pressuposto De que modo, no cotidiano das instituições escolares, nos processos terapêuticos. Grande parte de seu foco de estudo na vida, em especial no adulto acometido de paranóia, de
de que o ato de educar é uma atividade complexa, os educadores podem nortear suas ações pedagógicas concentrou-se na infância. Criou técnicas para auxiliar crianças esquizofrenia ou de estados depressivos.
que ocorre em ‘espaçotempo’ singular, determinado na busca incessante da inserção do educando como com problemas e foi a primeira a descrever os vários estados
pelos aspectos conjunturais, estruturais e contextuais, personagem, procurando sempre contextualizar tanto psicológicos do desenvolvimento das crianças. Suas idéias e teorias Referência bibliográfica
com resultados nem sempre previsíveis e repletos de os dados quanto os atores sociais? foram contestadas diversas vezes.
NASIO, J.D. - Introdução às Obras de Freud, Ferenczi, Groddeck, Klein,
situações conflituosas conectadas aos valores e, ainda, Na sua teoria do desenvolvimento, Klein considerava que
Winnicott, Dolto, Lacan. Zahar Editor, RJ-1995.
desde o nascimento a criança possui um ego, ego primitivo, que
as diferentes posturas políticas, culturais, morais e
não é igual ao de uma criança de 6 meses, nem de um adulto,
éticas, presentes na contemporaneidade.” Um bom trabalho para todos! E
mas é capaz de experimentar ansiedade, usar mecanismos de
Como o educador, que esteja preocupado com mantenham contato!
defesa e formar relações primitivas com objetos na fantasia e na
a re
m in
n o
o
Nada de nada entendeu. sagrada e percebeu na fumaça a sombra inundariam todo o canto de chão firme.
r c a o s
- Onde estará minha filha!? Que terá de uma criança com o seu corpo de gente Sem saber o que fazer mais temia se
o
P ador do acontecido!? – Karuá pensou consigo.
Comeu seu peixe pescado e assim
matou a fome.
plenamente transparente.
- É o filho de minha filha, filho também do
moço que me apareceu nas rezas indo da Terra
afogar e assim perder o filho.
Eis que em seu desespero um estranho
gavião que tinha corpo de gente desceu em
en Por José Arrabal Sua intuição dizia que certa intensa ao Céu! Meu neto que vai nascer, um menino vôo do Céu, avançou contra seu ventre que
imensa castanheira, rocha na beira da estrada, noite para o canto em que vivia. no corpo.
também homem curandeiro de quem vivia por Não encontrou sua filha. Curandeiro,
lá, sentiu fome e foi pescar sem avisar a com magia, procurou localizá-la.
quem fosse. Nas sombras de suas rezas, viu Ceuci Dois dias ficou na ilha. No terceiro Queimando ervas, raízes e com magia
Na pescaria ficou. Escureceu, adormecida em praia junto das águas. Viu No amanhecer do dia, Karuá pôs-se a desses dias, Ceuci percebeu que as águas mais forte, Karuá daquela vez, nas sombras
não voltou. moço desconhecido indo da Terra ao Céu. cantar certa canção de magia, acendeu raiz tomavam conta da terra e que em breve de suas rezas viu seu neto aprisionado em
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poder do povo estranho que tinha corpo de erva em infusão e mais tabaco fumado, chegava um animal da floresta que vinha e A noite veio depressa. Meia-noite Nomeou os animais e também os Daí, fez-se transparente e a tudo se
gente, cabeça de gavião. muita reza com certeza. por lá ficava à espera do menino. clareou, com Sol e Lua no Céu. minerais, trazendo firme o desejo de não mesclou.
Armou-se com arco e flechas e Eis que na sombra das rezas viram No Céu, mais brilhava a Lua, noite após - Nasceu Poronominare, o ordenador permitir que os homens se transformassem Conta o povo da floresta.
transformado em lagarto correu sob as árvore imensa, um tronco que era um noite brilhava, cada vez brilhando mais. E do caos! Meu neto já está conosco! – gritou em bichos, em vegetais ou em rochas. Aqui reconto também pondo sempre
folha secas que cobriam todo o solo da mundo, que subia até o céu e se perdia nas havia justa paz entre todos ao redor da mãe alegre o avô. - Eis o sentido da vida na luta pela mais palavras, veredas, curvas, dois pontos,
imensidão da floresta. nuvens. Bem no topo desse tronco, colossal que trazia o filho no aguardo por nascer. Toda floresta sorriu. E o menino falou. justiça diante da prepotência dos que têm com meu gosto de inventar e meu prazer de
Foi libertar a criança. iacaiacá plantado no meio das águas de Eis que em certa ocasião Ceuci dormiu Disse da igualdade de tudo que tem na para nós apenas guerra sem paz! – fez ouvir narrar, criar tramas, gente, mundos, o sabor
Indo pela mata escura sem ser visto um rio que era um mar, localizaram Ceuci. uns três dias. vida, de todas as criaturas e do destino da a sua voz com renovada lição. – Quero meu da aventura de outro modo de viver, dando
por ninguém, logo alcançou a clareira dos Parecia esfomeada, magra, pele nos ossos, Ninguém ousou acordá-la. vida que é a felicidade. povo alegre, quero força e quero festa, adeus à desventura, com fé na felicidade.
carcereiros do neto e deixou com o menino perto de falecer. Num amanhecer do Sol, instante em Alimentou-se de mel, conforme o quero firmeza e dança com canções no Viva Poronominare!
as armas que então trazia. Lá chegaram de canoa, viajando sem que despertou, contou para Karuá que a sonho da mãe. coração. Quero meu povo irmão!
Pôs-se o garoto a flechar. Acertou seus parar. Duas Luas viajaram. criança nasceria na meia-noite seguinte. Criança, pôs-se de pé, principiou a Animou o dia-a-dia com mil seres
inimigos. Libertou-se da prisão. Uma das E quando por fim chegaram, gritaram - Tudo há de clarear na hora em que andar e foi cumprir sua sina de ser divino encantados, no susto e com alegria. O saci-
flechas, porém, feriu de leve o lagarto que para Ceuci, avô e neto gritando: ele nascer! – disse segura de si. – Será que entre todos. pererê , a matintapereira, macunaíma e o José Arrabal é
se tornou Karuá e às pressas fugiu de lá, da - Vamos! Pula daí que seguramos aqui! nem meio-dia! boto, caipora e curupira, o cavalo de três professor universitá-
clareira na floresta. - Vamos! Pula daí que seguramos aqui! Lembrou de sonho que teve enquanto pernas, mais a mula-sem-cabeça, anta- rio, jornalista e
escritor, autor de
- Mas quem será esse homem que antes Mais de uma vez gritaram. Mais de apenas dormia. cachorro, onça-cão, o fantasma pé-de-
contos, novelas e
era lagarto, que tratou de me salvar e por duas. Mais de três. - Sonhei que ele nasceu e sem demora A cada passo crescia e cresceu bem louça, o bandido roncador, a alamoa do
romances. Entre suas
pouco não matei!? – intrigou-se o menino, Sem coragem de pular, Ceuci se deixou cresceu. Que ao nascer alimentou-se mais que um homem. mar, o incrível familiá, João Galafuz, negro obras, sobressaem “O Nacional e o Popular
seguindo o curandeiro. tombar. Caiu no colo do pai. com favos de mel de flor trazidos por Na manhã do outro dia tinha corpo de d’água, o macaco arranca-língua, a serpente na Cultura Brasileira: Teatro” (Editora
Um correu atrás do outro. No mesmo instante seu filho voltou de mariposas e bando de beija-flores. Que gigante, olhos vivos, gestos bons, palavras boitatá, entre tantos que criou, criando a Brasiliense), “A Princesa Raga-Si”, “O Livro
Por fim, os dois se encontraram. Logo novo a seu ventre para a hora de nascer. os animais da floresta, a mata, os rios iluminadas, muitas com jeito de Sol, e, se alma de todos com suas fisionomias mais das Origens”, “Lendas Brasileiras, Vol 1/Vol.
2” e “Cacuí O Curumim Encantado” (Editora
se identificaram. e as serras, todos ficaram felizes com palavras noturnas, com jeito de luz da Lua. suas tantas histórias.
Paulinas), “A Ira do Curupira” (Editora
- Sei que sou o seu avô! sua chegada à Terra. Que houve festa Banhou-se no rio Branco, banhou-se Daí foi a passos largos até o norte
Mercuryo Jovem), “O Noviço”, “Demeter, A
- Se assim é, sou seu neto! no mundo saudando o Senhor de Tudo. no rio Negro e nas águas do Amazonas. do norte.
O que é yoga no chão. Imaginando junto com elas estas situações, provocamos o
A Yoga foi descoberta pelo povo hindu. Há mais de cinco mil reflexo no corpo e na mente.
anos, este povo observava a natureza, os animais, as coisas que Os exercícios de respiração que estimulam a circulação,
haviam no mundo, tais como: árvores, montanhas, sol, lua, bichos, enviando oxigênio para o cérebro, restaurando a energia, também
rodas, pontes, e foi através desta observação que surgiram os asanas serão realizados usando sempre as imagens como guia. Aqui
(posturas/posições) do hatha yoga. Imitavam com o corpo aquilo imaginamos e nos “tornamos uma bexiga”, os pulmões se enchem
que viam acontecendo na vida. de ar e depois se esvaziam; desta maneira as crianças fazem uma
As coisas observadas e vivificadas através do corpo refletiam na respiração completa e saudável, acompanhando o funcionamento
mente. Falando-nos de força, flexibilidade, concentração, equilíbrio, de muitas “bexigas” pela vida.
conexão, relaxamento, ação, etc. As posturas como imagens ajudam a concentração e o
A palavra “Yoga” deriva da raiz sanscrita “yuj” que significa relaxamento, que tão bem trabalham a agressividade, desenvolvendo
jungir, atar, reunir, ligar, dirigir e concentrar a atenção sobre. também a memória... O efeito poderá ser refletido em outros setores
Significa ainda “união” ou “comunhão”. Como vemos, todos os da vida. As próprias relações dentro da família poderão melhorar
significados remetem à idéia de ligação, de junção de aspectos que muito pela prática conjunta da yoga entre pais e filhos.
vivem em nós: aspectos mentais, emocionais e físicos. As crianças poderão usufruir das posturas brincando com o
corpo... Conhecendo melhor os próprios corpos.
Para quem e para quê Chegamos à mente, através do corpo.
“Por não terem quase nada, as crianças precisam confiar mais Imaginar com a Yoga é também uma maneira de levar a mente
na imaginação do que na experiência”. (Eleanor Roosevelt) para outros passeios, além de telas de computadores, televisores e
A como: vivacidade, fantasia e brincadeira. pelas crianças é só ter ouvidos de ouvir criança... Aprendo com as
prática da yoga reduz a tensão, estimulando a criatividade, convivência, da necessidade do silêncio, bem como venham Nas aulas de yoga as crianças se desenvolvem esticando, crianças tudo o que os sábios ainda não sabem”. (Clarice Lispector)
através da mímica e do faz-de-conta. O corpo como experiência da a estabelecer os mecanismos para lidar com aqueles que se dobrando, ligando, equilibrando, relaxando, colaborando, brincando, Este é um trabalho realizado em conjunto com as crianças. Um
imaginação chega de forma sutil até as crianças e produz efeitos recusam a obedecer às regras. Este mecanismo se assemelha saltando, flutuando, voando... Brincar e fazer yoga podem ser trabalho com aquilo que aparece a partir do encontro. As crianças
práticos dos mais benéficos. com um jogo: o jogo, para ser divertido e fazer sentido, precisa incorporados à vida e ao jeito de ser das crianças de hoje. aprendem yoga na medida da imaginação, as posturas são feitas com
Criar um espaço lúdico de aprendizagem, não apenas de de regras. Já imaginaram um jogo de vôlei em que cada jogador Através das posturas da yoga estimula-se criatividade, memória, o corpo e com a imaginação, o mais próximo possível daquilo que a
posturas físicas, mas de posturas para a vida, é a contribuição pode fazer o que quiser? A vida social depende de que cada flexibilidade física e mental, como também se libera agressividade... criança carrega em si - o mundo mágico da fantasia. Brincamos com
que as aulas de yoga proporcionam para crianças a partir de um um abra mão de sua vontade, naquilo que ela se choca com Com o estimulo da imaginação e da sensibilidade, a criança descobre o corpo, brincamos com as posturas da yoga, tentando, inventando,
ano e meio até aproximadamente os dez anos. Através da prática a vontade coletiva. E assim, as crianças vão aprendendo as seus potenciais, aumenta a confiança em si. inovando, ajudando, respirando, sorrindo, voando, pulando,
da yoga podemos transmitir ensinamentos para uma vida mais regras da convivência democrática. Uma aula onde o ponto de A possibilidade das crianças se aborrecerem com o ritmo lento dormindo... Mostram-se capazes de fazer coisas que nem sempre
cooperativa. Como diz Rubem Alves: “O conhecimento é uma referência seja o corpo da criança que vive, admira, encanta-se, exigido pelas posturas tradicionais da yoga, que os adultos tendem aparecem no cotidiano. Algumas crianças se mostram diferentes
árvore que cresce da vida”. espanta-se, emociona-se, pergunta e brinca. a achar agradável e relaxante, dissolve-se com o trabalho dirigido nas aulas de yoga, algumas pedem para relaxar e meditar, outras se
Aproximar a yoga da vida diária e procurar criar um ambiente É urgente que técnicas para diminuir a tensão constem do especificamente para elas, estimula-as nas descobertas das sensações do soltam, divertem-se e, ainda outras, colaboram.
amigável e solidário de aprendizagem, onde a criança se sinta currículo escolar, trabalhando, entre outras coisas, a agressividade movimento, através da mímica, onde podem fazer de conta que são rãs O espaço das aulas de yoga abre possibilidade para que a criança
acolhida e segura, resulta em uma maior disponibilidade e com diferentes perspectivas. saltando, pássaros voando, barcos velejando e flechas sendo atiradas. viva outros aspectos de si. Não somos apenas um, somos muitos!
motivação para aprender e, o que não é menos significativo em O exercício da yoga vai além. Pode interagir com as crianças na A união da imaginação com a ação permite que os pássaros em nós
Ensinando e aprendendo
a conviver
com as diferenças Por Maria da Consolação Silva Soares
Relato de caso conteúdo. Conversei com a turma, sempre olhando para ele; na Meus objetivos eram fazer com que os alunos aceitassem uma permuta, ou seja, eles ajudariam Thiago no que fosse preciso e
realidade me sentia mal com a situação, ou seja, sentia que de Thiago e a intérprete, e fazê-lo se interessar em aprender o mesmo ensinaria LIBRAS àqueles que quisessem.
Ao entrar para lecionar pela primeira vez na 5ª série 02 da uma certa forma ele era excluído. Thiago (*) ficava no canto da meu conteúdo (Língua Inglesa), sem medo e confiando na sua Depois de sanado o problema, comecei a trabalhar a Língua
E.E. Engenheiro Caldas, em Caratinga (MG), composta por 38 sala, na primeira carteira, e só se comunicava com a intérprete. capacidade. Pretendia também fazer com que houvesse uma Inglesa com a turma. As metodologias usadas teriam que
alunos e entre eles um aluno surdo, percebi claramente que a Sempre fui a favor da inclusão, e vê-lo ali, para mim, foi uma permuta entre Thiago e o restante da sala, ou seja, eles o ajudariam atender a todos, incluindo o aluno surdo. Li um artigo intitulado
escola cumpria seu papel de democratizar o acesso de todos ao alegria. Sabia que não seria fácil trabalhar Língua Inglesa com e ele ensinaria LIBRAS para os colegas. “A Integração Escolar do Aluno Surdo”, e foi ali que encontrei
âmbito escolar, buscando colocar em prática a proposta da LDB, ele, mas me sensibilizei com a situação e fui à luta. Pesquisei na Para a realização desse trabalho de integração desse aluno às metodologias e técnicas para trabalhar com a situação, mas
no que diz respeito aos portadores de necessidades especiais Internet, li artigos de revistas e jornais referentes à educação minhas aulas contei com a colaboração dos 37 colegas de classe, da como não encontrei nada sobre metodologias para trabalhar
terem o direito de freqüentarem o ensino regular. Surpreendi- inclusiva, assisti a programas de televisão que tratavam de intérprete e da supervisora pedagógica da turma. Língua Inglesa com surdos, fiz algumas adaptações. Utilizei
me ainda mais com a presença de uma intérprete de LIBRAS. inclusão, principalmente relacionados aos surdos, e assim fui me Um dia cheguei na sala de aula e pedi que todos guardassem o todos os recursos possíveis que facilitassem sua compreensão,
Mais um mérito conquistado pelos surdos. Até então, não aprofundando no assunto. Afinal, queria estar preparada para material de inglês porque teríamos uma aula diferente. Os alunos principalmente materiais visuais, oportunizei ao aluno expressar
sabia que eles tinham esse direito, pois trabalhara alguns anos trabalhar da melhor forma possível com a diversidade, encarar as ficaram eufóricos porque pensaram que iriam participar de uma oralmente, por escrito e por sinais, facilitando seu desempenho,
atrás na mesma escola e fui professora de duas alunas surdas, diferenças e saber trabalhar com elas. brincadeira. Thiago estava concentrado, fazendo uns exercícios utilizei a língua escrita, a Língua Brasileira de Sinais e a Língua
que não tinham a presença de intérprete na sala de aula. Por Mas antes de iniciar meu conteúdo, tive que fazer um de matemática, e deixei que continuasse. Perguntei para eles se Inglesa de forma criativa para facilitar o aprendizado do aluno
nunca ter vivido tal experiência me sentia despreparada para trabalho diferenciado com os colegas de Thiago. As crianças não conheciam o significado da palavra exclusão Alguns se arriscaram surdo e para que os alunos ouvintes não só aprendessem o inglês,
trabalhar com elas. O máximo que pude fazer foi colocá- o aceitavam e também tinham rejeição à intérprete. Elas não a defini-la. Então pedi que uma aluna pegasse o dicionário de mas também a LIBRAS, para se comunicarem com o colega.
las na primeira carteira e falar de frente e pausadamente, interagiam com ele, e achavam que a presença da intérprete português e lesse em voz alta a definição. Em seguida, perguntei Os recursos utilizados foram: “flash cards” do vocabulário
olhando para elas, porque as duas faziam leitura labial; mas, poderia fazer com que se saísse bem nos testes. Eles não se eles sabiam o que era inclusão; aí nem palpite arriscaram. Não ensinado, atividades mimeografadas e xerocadas, cartaz do alfabeto
mesmo assim, pude observar, com clareza, que as duas é que sabiam que ela só o auxiliaria na interpretação dos conteúdos satisfeita com a reação da turma, perguntei o que era antônimo e em LIBRAS e brincadeiras das quais Thiago pudesse participar.
deveriam adaptar-se à realidade e à estrutura existente. Fiquei explicados. Fiquei sabendo, através da orientadora pedagógica, todos responderam que era o oposto. Uma aluna, então, chegou à Hoje, nas minhas aulas, explico a matéria e sempre que surge
preocupada, mas consegui, com toda inexperiência, fazer com que as crianças estavam reclamando e, de uma certa forma, se conclusão de que exclusão era o antônimo de inclusão e aí não foi uma oportunidade Thiago vai à frente e ensina LIBRAS para os
que elas alcançassem um rendimento satisfatório. rebelando contra ele (chegaram a fazer um abaixo assinado para mais necessário consultar o dicionário e nem explicar mais nada. colegas. Quando fui ensinar sobre animais selvagens e domésticos,
Hoje a realidade com a qual me deparo é outra, mas a a retirada da intérprete da sala). Mas Thiago ficava tranqüilo Eles ficaram me olhando em silêncio. Foi quando relatei a eles que expus os “flash cards” no quadro e coloquei as fichas com os nomes
insegurança me parecia a mesma; o aluno surdo numa sala e gostava dos colegas. Por não escutar, não sabia do que se já sabia da implicância e reclamações contra Thiago. Pedi para dos animais, voltadas para baixo. Os alunos escolhiam uma ficha,
regular ainda me preocupava, mesmo sabendo que havia um tratava. Era uma situação desconfortante. O quadro se agravou definirem o que estavam fazendo com o colega, usando as palavras pronunciavam o nome do animal e colavam debaixo da gravura.
suporte (a intérprete), porque os questionamentos atuais eram: quando comecei a fazer o primeiro curso de LIBRAS oferecido exclusão e inclusão. Eles se entreolharam e ficaram em silêncio. Estava ansiosa para chegar a vez de Thiago, para ver se ele tinha
• Como ensinar a Língua Inglesa para um aluno surdo? pela UNEC (Centro Universitário de Caratinga). As dificuldades Com a ajuda da intérprete explique a causa da surdez de Thiago entendido minha aula e para ouvi-lo emitir o som da palavra em
• Como sensibilizar os demais colegas desse aluno, para as de interação da turma aumentaram. Foi aí que percebi que teria e perguntei se na sala alguém tinha algum parente ou amigo com inglês. Para minha surpresa ele foi até à frente, escolheu uma ficha,
reais necessidades especiais deste? que tomar providências. Aquele aluno não podia ficar isolado qualquer tipo de necessidade especial. Todos tinham. Perguntei a colou no lugar correto e depois emitiu o som da palavra, em inglês.
• Qual seria meu verdadeiro objetivo enquanto mediadora e nem os colegas podiam excluí-lo como estavam fazendo. eles se gostariam de vê-los sendo tratados com indiferença. Eles Depois de terminada a brincadeira, convidei Thiago para ensinar
dessa questão? Busquei novamente em livros e artigos de revistas especializadas responderam que não. A intérprete disse a eles que Thiago gostava o nome dos animais em LIBRAS para os colegas e a partir daí
Quando me apresentei como professora de inglês, percebi em educação uma maneira de trabalhar a inclusão. Sabia que de todos porque não escutava o que eles estavam tramando contra surgiram várias brincadeiras, em especial a de mímica, que todos
que ele estava ansioso porque tinha medo de não aprender meu não seria fácil, mas encarei o desafio. ele, mas sentia que a turma o tratava com indiferença. Propus a eles gostam. E assim, ele tem aprendido, embora com dificuldade, o que
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vem a ser seu terceiro idioma, ou seja, o inglês. Tenho a convicção Objetivo Geral • Ensinar em vários ambientes, não apenas na sala de aula.
de que ele nunca será um falante fluente da Língua Inglesa, mas • Realizar jogos que possam favorecer e realizar o intercâmbio
saberá o vocabulário e o significado dele. Sempre estou levando Adaptação do aluno surdo à realidade da escola, da comunicativo, entre o aluno surdo e os ouvintes.
“flash cards” relacionados à matéria ensinada, assim não só Thiago, metodologia aplicada no conteúdo da língua inglesa e sensibilizar • Fazer perguntas e dar tempo da criança surda elaborar sua
mas toda a turma tem fixado melhor as palavras e frases. Instalei, os colegas, da importância da inclusão na sociedade globalizada. resposta, auxiliando-a quando necessário através da Língua
também, no meu computador uma fonte em LIBRAS e as crianças Brasileira de Sinais.
adoram fazer exercícios para descobrirem as palavras, em inglês, Objetivos Específicos
que formam debaixo do alfabeto manual; fazem frases, também em Referências bibliográficas
inglês, utilizando o alfabeto e trocam entre eles para que possam • Conscientizar os alunos ouvintes sobre a importância da inclusão
decifrar o que o colega escreveu, com isso eles aprendem inglês e no desenvolvimento do colega surdo, enquanto cidadão. ANTUNES, Ana Paula G. S. Azevedo. “O espaço” do surdo nas
o alfabeto em LIBRAS. • Mostrar aos alunos ouvintes a importância da aceitação, da escolas públicas do ensino fundamental da mesorregião de
Hoje os alunos da 5ª 02 vêem Thiago com outros olhos. Presidente Prudente (SP).<http://www.igeo.uerj.br/VICBG-2004/
solidariedade e cooperação, e o quanto isso poderá auxiliar o colega
Passaram a respeitá-lo e a ajudá-lo. Eles o auxiliam naquilo que Eixo4/E4_093.htm>
surdo no seu aprendizado.
CAVALCANTE, Meire. A escola que é de todas as crianças. Revista
é necessário, se interessam em aprender seu idioma (LIBRAS), o • Concretizar as mudanças metodológicas viáveis, que deram
Nova Escola, São Paulo. Edição 182, p. 40-45, maio, 2005.
que o deixa muito feliz e orgulhoso. Gostam de estar com ele. subsídios ao processo ensino aprendizagem do aluno surdo.
LACERDA, Cristina B. F. de. (1997) O processo dialógico entre
Ele, por sua vez, realiza todas as atividades propostas. Gosta de • Despertar a atenção do aluno surdo para o aprendizado da Língua
aluno surdo e educador ouvinte: examinando a construção de
ir ao quadro fazer exercícios, participa das brincadeiras e, mesmo Inglesa, e conseqüentemente o seu desenvolvimento cognitivo, sem
conhecimentos. In: A significação nos espaços educacionais:
com dificuldades para falar, emite sons de algumas palavras em interferir no desenvolvimento da turma.
interação social e subjetivação. Campinas (SP): Papirus
inglês. Participou junto com os demais colegas da Feira Cultural • Oportunizar ao aluno a se expressar oralmente, por escrito
MANTOAN, Maria Tereza Eglér. Inclusão Escolar: O que é? Por que
da Língua Inglesa, realizada na escola, mostrando aos visitantes, tem a ganhar com suas presenças. Com isso as crianças que sempre e por sinais, facilitando seu desempenho e conseqüentemente
é? Como fazer? 1ª ed. São Paulo: Moderna, 2003.
junto aos colegas, o trabalho feito por eles. freqüentaram classes de ensino regular e que só ouviram falar da seu sucesso.
MOROSTEGA, Vera Lúcia. “A inclusão do portador de necessidades
Foi sanado o problema de exclusão na turma e hoje eles diversidade na literatura, possam vivenciá-la. A escola tem como papel • Oportunizar ao aluno surdo ler, escrever no quadro, levar recado
especiais em âmbito social e escolar”. http://www.pedagobrasil.
aceitam o trabalho da intérprete e até pedem para ela ensinar os prioritário praticar a inclusão, a responsabilidade e a sociabilidade e para outros professores, como os demais colegas.
com.br/educacaoespecial/ainclusaodoportador.htm
sinais que eles não sabem, para conversarem com Thiago. Ajudam- fazer com que as crianças façam o mesmo. Só assim teremos um • Oportunizar ao aluno a se expressar oralmente, por escrito
PASCHOALINI, Renata. “Entrevista sobre inclusão escolar”.<http://
no no que é necessário e adoram fazer papel de intérprete, mesmo mundo mais justo e isento de preconceitos. e por sinais, facilitando seu desempenho e conseqüentemente
intervox. nce.ufrj.br/~elizabet/entrevis.htm
não sabendo todos os sinais. Eles se viram e conseguem fazer com seu sucesso.
SKLIAR, Carlos. A surdez, um olhar sobre a diferença. Porto Alegre.
que o colega os entenda. Por sua vez, Thiago tem se desenvolvido (*) O nome do aluno surdo foi trocado para preservar sua identidade.
Editora Mediação, 1998.
bem no meu conteúdo.