Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
O estágio probatório é apenas o período de tempo que existe entre a posse do servidor
no cargo público e a aquisição efetiva da estabilidade. O artigo 41 da Constituição
Federal, que trata do tema, diz: “Art. 41- São estáveis após 3 (três) anos de efetivo
exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
concurso público. (...) § 4º- Como condição para a aquisição da estabilidade, é
obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa
finalidade.”
Não há nada na Constituição que conjugue a não obtenção da estabilidade com a greve
durante o estágio probatório.
Além disso, cabe lembrar que deixar de comparecer ao serviço em virtude da greve é
uma atitude protegida constitucionalmente pelo inciso VIII do artigo 5º da CF, porque
quem age assim o faz motivado por convicção íntima de que é através deste ato
(participar da greve) que o objetivo de uma categoria profissional será atingido.
Ainda que se ameace o servidor em estágio probatório de demissão, nos termos dos
incisos LIV e LV do artigo 5º da CF, é reconhecido o direito à ampla defesa e ao
contraditório como condicionantes à penalização de qualquer pessoa. Nenhum
funcionário público pode ser demitido sem ampla defesa. Essa afirmativa é reconhecida
pelo STF, que sobre o assunto aditou as Súmulas 20 e 21:
“Súmula 20- É necessário processo administrativo com ampla defesa, para demissão
de funcionário admitido por concurso.
Súmula 21- Funcionário em estágio probatório não pode ser exonerado nem demitido
sem inquérito ou sem as formalidades legais de apuração de sua capacidade.”
Portanto, ainda que em estágio probatório, fica claro que o servidor só pode ser apenado
após a existência de procedimento que lhe confira direito à ampla defesa e ao
contraditório.
1.INTRODUÇÃO
Então, por ser justa a reflexão sobre a greve dos servidores públicos, esta pesquisa
objetivou avaliar:
c)Qual a função desempenhada pelo Poder Judiciário diante das omissões legislativas
inconstitucionais;
Para este efeito, a abordagem do tema exposto foi baseada em novos paradigmas da
teoria constitucional, onde se fez aproximar a Ciência Jurídica da Ciência Política.
Assim, defendeu-se que normas que estabelecem ideais de governabilidade, ou
programas, podem ser levadas à proteção judicial, pois a interposição legislativa não se
constitui no único meio de conformação do direito à realidade social.
Traçadas estas considerações, foi empreendido, no sexto capítulo, uma reflexão aguçada
sobre os limites à atuação positiva do poder judiciário, na medida em que os princípios
da separação dos poderes e da legitimação democrática são indicados como obstáculos à
concretização daquele direito. Por não ser razoável entender assim, e fundamentar a
efetivação constitucional, foram propostos critérios seguros de intervenção judicial.
Por fim, no sétimo capítulo, considerando que a greve é um fato social exercido
plenamente, à míngua de norma regulamentadora, tornou-se imperioso que se
discutissem quais os efeitos administrativos e penais que estão sujeitos os servidores
grevistas.
Pelo exposto, em que pesem os constantes estudos acerca do tema proposto nesta
monografia, o assunto ainda não se encontra superado, e longe está desta harmonia.
Entretanto, como o Direito é uma ciência em contínua transformação, ainda há espaço
para novos debates.
2.DO DIREITO DE GREVE
Na França, havia uma praça denominada Place de Grève, onde as pessoas tornavam
públicos seus inconformismos com alguma situação, firmavam contratações de
empregados [02] e realizavam eventos diversos, como inúmeras execuções de penas de
morte, momento em que o povo parisiense se aglomerava para assistir aos espetáculos
de crueldade.
Por outro lado, segundo Sérgio Pinto Martins (2001, p. 24), a origem da palavra parece
não vir da expressão praia de areia, mas por ser a praça uma localidade em que se
acumulavam gravetos trazidos pelas enchentes do Rio Sena.
Entretanto, para não correr o risco do regresso ao infinito, é mais pertinente que se
associe o termo greve à origem mais direta. Assim, no sentido que será abordado nesta
monografia, tem sua origem direta no nome Place de Grève, um lugar em que os
trabalhadores faziam protestos relativos aos interesses operários.
A greve, por muito tempo, não foi vista com tolerância. No Brasil, o Código Penal
(Decreto nº 847, de 11 de outubro de 1890) proibiu o seu exercício, ainda que de forma
pacífica. A greve era, portanto, um delito. A liberdade de locomoção e de expressão,
intrinsecamente ligadas a esse direito, também eram limitadas.
Com a Constituição de 1934, houve significativo avanço no que concerne aos direitos
trabalhistas, mas nada dispôs sobre o direito de greve. Nesse momento histórico, várias
leis [03] foram criadas com o intuito de regular as relações sociais, e mitigar as tensões
entre o capital e o trabalho. Criaram-se normas de saúde e segurança do trabalho, e
órgãos administrativos especializados na composição dos conflitos laborais.
No ano de 1937, com a Ditadura do Estado Novo, iniciou-se nova fase na história
brasileira, diametralmente oposta à conseguida com a Revolução Constitucionalista de
1930. Foi sob os ideais fascistas e em pleno regime ditatorial que o presidente Getúlio
Vargas outorgou a Constituição de 1937. Este diploma, expressamente, considerou a
greve um recurso anti-social, nocivo ao capital e ao trabalho.
No campo infraconstitucional, a Lei de Segurança Nacional (Decreto-lei nº 431, de
1938), além do Código Penal de 1940 (Decreto-lei nº 2.848), tipificaram várias
condutas ligadas ao movimento paredista como crime. A Consolidação das Leis do
Trabalho (Decreto-lei nº 5.453, de 1º de maio de 1943), ao reunir as legislações relativas
ao trabalho e previdência social, deu seguimento às proibições inerentes.
Na constituição de 1988, foi mencionado, quanto aos particulares em geral, que uma lei
definirá quais serviços serão reconhecidos como essenciais, e, quanto aos servidores
públicos, mencionou-se que lei específica definirá os termos e limites em que o direito
será exercido.
O Poder Constituído editou a Lei n.° 7.783/89, que regulamentou tal direito para o setor
privado, deixando de fazer o mesmo em relação aos servidores públicos.
2.3.CONCEITO
A palavra greve tem significante relevo. A depender do que se entende por ela, o que
está fora de sua incidência conceitual terá conseqüência jurídica diversa da estabelecida
pelo ordenamento pátrio.
Assim, não se poderá reconhecer uma greve intentada por uma só pessoa, já que é um
ato, necessariamente, plurissubjetivo. Uma paralisação individual poderá ser vista como
desídia, insubordinação, revolta ou qualquer outra manifestação do pensamento, mas
nunca será uma greve.
Sobre o termo paralisação, merece esclarecer que este não é o único meio de se proceder
à greve, mas o tanto mais comum quanto o mais grave. Qualquer interferência
considerável na execução do contrato de trabalho, com suficiente força reivindicatória,
pode ser um método de realização do movimento.
Logo, pode ser mencionado outro importante elemento do conceito apresentado, que é a
temporariedade. Com efeito, o movimento só se justifica enquanto perdurar a situação
julgada insustentável pelos obreiros. Uma vez que seja findada a negociação ou
declarada a abusividade do movimento, aqueles deverão retornar às suas atividades
laborais ordinárias. Esse elemento tem como justificativa direta a máxima de que a
paralisação deverá ter uma utilidade. Portanto, razoavelmente, deve buscar um fim útil
para os participantes, enquanto trabalhadores.
2.4.FINALIDADE
A greve não é um fim em si mesmo, tem natureza instrumental, e somente deverá ser
deflagrada após a frustração das negociações com o empregador. Não sendo um fim,
pode-se dizer que o movimento, como mencionado, busca uma utilidade para seus
participantes, consistindo na criação ou afirmação de interesses, direitos ou
prerrogativas inerentes à relação de trabalho. Serão estes os objetos das reivindicações
da categoria, desde que possível juridicamente.
De acordo com suas finalidades, José Afonso da Silva classificou os tipos de greve:
Todavia, reconhecer tamanha abrangência aos fins da greve não é a melhor solução.
Parece que o constituinte, ao classificar que a greve é um direito fundamental do
trabalhador, não quis imprimir ao movimento conotações que vão além da relação
laboral. Por isso, o Comitê de Liberdade Sindical editou a súmula nº 481, cujo
enunciado prescreve que "as greves de caráter puramente político e as greves decididas
sistematicamente muito antes que as negociações sejam levadas a cabo não caem no
âmbito dos princípios da liberdade sindical".
3.1.TOPOLOGIA CONSTITUCIONAL
O direito de greve dos servidores públicos está previsto no art. 37, VII, da Constituição
do Brasil que dispunha em sua redação original:
[...]
VII – o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos
em lei complementar;
[...]
Percebe-se que a alteração consistiu apenas na exigência de edição de lei específica, não
mais necessitando de lei complementar para definir os termos e limites em que deverá
ser exercido o direito. Sobre a importância desta alteração e outros comentários
reflexivos, a abordagem será desenvolvida adiante.
O capítulo VII da Constituição do Brasil traça, em sua seção I, disposições gerais sobre
a administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios. Nesse capítulo, a Constituição não define,
expressamente, a expressão "servidor público". Entretanto, as normas são destinadas,
conjuntamente, aos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos (da
administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato
eletivo e dos demais agentes políticos).
Diante da abrangência apontada, dá-se para ter uma idéia do que seja servidor público
para fins constitucionais. São servidores públicos os titulares de cargos, funções e
empregos públicos da administração direta e indireta de qualquer dos poderes e de
qualquer ente federativo.
[...]
Não interessa, para fins de greve, o regime que ampara cada categoria de servidores
públicos. Os mesmos podem estar amparados pelo regime legal (estatutário) ou pelo
contratual (regidos pelo Decreto-Lei n.° 5.452, de 01 de maio de 1943 - CLT). Importa,
efetivamente, qual regime jurídico a pessoa empregadora está submetida: se de direito
público ou de direito privado.
3.3.NATUREZA JURÍDICA
Neste contexto, a norma definidora do direito de greve pode ser vista sob dois aspectos:
o externo, como normas de atribuição negativa para os destinatários passivos,
impedindo ingerências na esfera jurídica do titular; e o interno, como norma que
permite o exercício positivo do direito e define uma liberdade pública.
Por este motivo, ulterior recurso à jurisdição deverá ter como pedido uma ordem ou
mandado de não-fazer, garantindo intangibilidade funcional dos envolvidos no
movimento paredista.
Como delineado, o direito de greve deverá ser exercido nos termos e limites
estabelecidos em lei específica. Neste diapasão, uma vez fixados, o poder de polícia
teria lugar apenas na contenção dos abusos cometidos.
Os limites podem ser de duas ordens: de ordem prática, que diz respeito aos cuidados
que os trabalhadores devem observar durante o movimento; e de ordem jurídico-
constitucional, que diz respeito aos limites da atuação concretizadora do direito carente
de interposição legislativa.
Por outro lado, segundo a classificação de Sérgio Pinto Martins (2001, p. 60), "é
possível dividir as limitações ao direito de greve sob o aspecto objetivo, da previsão da
lei, e sob o aspecto subjetivo, dos abusos cometidos".
Neste contexto, durante a greve, não deverá ser permitido qualquer ato que viole os
direitos e garantias fundamentais dos participantes ou de terceiros, a exemplo da
proibição do acesso ao ambiente de trabalho, mediante ameaças dirigidas aos seus pares.
Enfim, como adiante se verá, a greve tem de respeitar a supremacia do interesse público
e a necessidade de se manter intangível os serviços essenciais à dignidade e à existência
da pessoa humana.
Por outro lado, não há como generalizar a essencialidade dos serviços e sua repercussão
negativa sobre o interesse público. No plano da dogmática de realização constitucional,
não se sustenta a tese indiscriminada da existência de um princípio da supremacia do
interesse público sobre o privado. Assim, ainda quando referida supremacia do interesse
público se manifesta, constitucionalmente, legalmente ou mediada pelo juiz, como
critério de solução de colisão de interesses ou bens constitucionais, ela não poderá ser
absoluta, eis que utilizada como medida de ponderação (SCHIER, 2007).
3.4.2Princípio da continuidade dos serviços públicos essenciais
IV - funerários;
V - transporte coletivo;
VII - telecomunicações;
XI compensação bancária.
Ante o exposto, a míngua de lei específica, pode-se concluir que serviços públicos
essenciais são aqueles que, uma vez ausentes, põe em risco a vida, a saúde, e outros
direitos fundamentais dos cidadãos, mediante ofensas à ordem pública ou à segurança
nacional.
Pois bem, a negociação coletiva (Art. 7º, XXVI, da CRFB) é um dos mais eficazes
instrumentos de pacificação social e de equilíbrio dos interesses das partes envolvidas
no movimento paredista. Entende-se por negociação coletiva o procedimento
preparatório ao ajuizamento de dissídio coletivo perante a Justiça do Trabalho (Art. 114,
§ 2º, da CRFB). Tal instituto não foi expressamente assegurado aos servidores públicos,
somente para os empregados da iniciativa privada, agentes administrativos de empresas
públicas e de sociedade de economia mista, porquanto sujeitos ao regime de direito
privado.
Por outro lado, como a vedação informada não veio prevista de forma taxativa pelo
constituinte, cabe discussão sobre a relatividade do aparente impeditivo. Para tanto,
deve-se verificar, caso a caso, a existência de liberdade para deliberar sobre os assuntos
pautados.
Para a doutrina tradicional, que adota uma classificação sobre a aplicabilidade das
normas constitucionais, tem-se em conta que algumas normas constitucionais podem ser
aplicadas diretamente pelo Poder Judiciário, porquanto munidas de suficiente densidade
normativa; outras, pelo contrário, necessitam de interposição legislativa que lhes confira
plena aplicabilidade.
Nesta linha, pode-se falar que a carga normativa de cada dispositivo dependerá da forma
em que foi textualmente estabelecida (técnica de positivação) e nesse ponto terá maior
ou menor normatividade, que é a pontencialidade de um dispositivo constitucional em
surtir todos os efeitos desejados pelo legislador. Ressalte-se, todavia, que a expressão
conceituada não tem o condão de obstaculizar os efeitos das normas, já que, pelo
princípio da máxima efetividade possível, as normas terão o sentido em que mais se
aproximar da eficácia geral, positiva e negativa plenas.
Ressalte-se ainda que caso um dispositivo seja dotado de baixa normatividade, ainda
assim poderá ser levado à apreciação do Poder Judiciário, que o integrará, interpretará, e
pelo princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional, oferecerá uma resposta
resolúvel ao interessado pela garantia de um suposto direito subjetivo. A exigibilidade
de um direito fundamental é total, e abrange o catálogo constitucional indistintamente.
Para essa teoria, as normas auto-executáveis seriam aquelas que bastam por si mesmas,
não necessitando de uma interposição legislativa ou atos matérias complexos para serem
plenamente aplicadas. Não necessitam de constituir ou designar uma autoridade, nem
criar ou indicar um processo especial, pois o direito nela instituído se acha armado por
si mesmo, pela sua própria natureza, dos seus meios de execução e preservação
(BARBOSA apud SILVA, 2007, p. 74). Quanto às normas não auto-executáveis, sabe-se
que estas necessitam dos atos mencionados para viabilizar a plena efetivação do
comando normativo, pois, ao estabelecerem, por exemplo, atribuições a uma autoridade,
não oferece os meios de exercê-las.
A crítica que se faz a essa classificação reside no fato de considerar as normas não auto-
aplicáveis como desprovidas de eficácia. Como se verá, a doutrina moderna adota como
princípio a máxima efetividade e a supremacia da constituição, não justificando sonegar
eficácia, ainda que mínima, a seus preceitos.
Mas esta crítica não atinge o ilustre Ruy Barbosa, apesar da classificação por ele
adotada, pois avançou em reconhecer que "não há, numa Constituição, cláusulas, a que
se deva atribuir meramente o valor moral de conselhos, avisos ou lições. Todas elas têm
força imperativa de regras, ditadas pela soberania nacional". (BARBOSA, apud SILVA,
2007, p. 75).
Para José Horácio Meirelles Teixeira (apud BILHAVA, 2005), na linha exposta acima,
toda a norma possui certo grau de eficácia, onde se lhe atribui maior ou menor
densidade normativa. Diante disso, classificou as normas como de eficácia plena e como
de eficácia limitada ou reduzida.
As normas de eficácia plena são aquelas que, desde o início de sua promulgação,
produzem, numa plenitude de execução imediata, todos os efeitos essenciais e desejados
pelo constituinte. A normatividade é suficiente à viabilização do direito ou objeto
tutelado. Já as normas de eficácia limitada são aquelas desprovidas de suficiente
normatividade, não produzindo todos os efeitos essenciais desde sua promulgação,
necessitando de interposição legislativa ou atos materiais de viabilização.
Entretanto, José Horácio Meirelles Teixeira (BILHAVA, 2005, p. 37) ressalta que não há
disposição constitucional de eficácia jurídica absolutamente nula, por isso rechaça a
classificação adotada por Ruy Barbosa. Para ele as normas de eficácia limitada
revestem-se de uma eficácia negativa, condicionando o legislador ordinário a certos
limites e diretrizes e influencia os processos de interpretação e integração de outras
normas.
Nesta classificação, são normas constitucionais de eficácia plena aquelas que, "desde a
entrada em vigor da constituição, produzem, ou têm possibilidade de produzir, todos os
efeitos essenciais, relativamente aos interesses, comportamentos e situações, que o
legislador constituinte, direta e normativamente, quis regular" (SILVA, 2007, p. 101).
Os direitos que porventura sejam originados de semelhantes normas são aptos, direta e
imediatamente, a serem usufruídos, pois originados de comandos certos e definidos.
Já as normas constitucionais de eficácia contida:
Por fim, normas constitucionais de eficácia limitada são aquelas que apresentam
aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, necessitando de providências estatais para
que possam surtir os efeitos essenciais desejados pelo Poder Constituinte. Assim, o
conteúdo desta norma somente se revela mediante ato de concretização posterior à
vigência da mesma. No entanto, como todas as demais normas constitucionais, possuem
eficácia mínima, invalidando normas posteriores ou não recepcionando as anteriores
que lhes sejam contrárias.
De fato, a norma, tanto pelo texto e mais pela repercussão social que encerra seu
exercício, merece um mínimo de regulamentação, a fim de que sejam fixados os termos
e limites do movimento paredista. Nem todos os serviços devem sofrer com a
paralisação, como nem todos os servidores públicos podem, da mesma forma,
manifestar seu inconformismo com a condução da política trabalhista pertinente. Por
isso, classificando a norma dentro da teoria de José Afonso da Silva, deve-se considerá-
la como de eficácia limitada. Se o constituinte desejasse o contrário, teria feito apenas
remissão ao direito, a exemplo do §3º, art. 39, da CRFB/88 [10], não mencionando o
mesmo direito em diferentes dispositivos.
4.1.4.Outras classificações
À semelhança da classificação adotada por José Afonso da Silva, Maria Helena Diniz
classificou as normas constitucionais em normas supereficazes ou de eficácia absoluta
(são as cláusulas pétreas); normas com eficácia plena; normas de eficácia relativa
restringível (análogas às de eficácia contida, na classificação de José Afonso da Silva); e
as normas de eficácia relativa complementável (análogas às de eficácia limitada, na
classificação de José Afonso da Silva) de princípio institutivo ou de princípio
programático.
Ainda há que se destacar a classificação proposta por Luís Roberto Barroso em que as
normas constitucionais podem ser: de organização (organizam a estrutura funcional dos
poderes políticos); as definidoras de direitos (subjetivos); e as normas programáticas
(traçam metas para os poderes públicos).
De fato, a constituição brasileira menciona que uma lei específica deverá ser editada
para regulamentar o direito de greve, mas também, em seu §1º, art. 5º, prescreve que as
normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.(grifos
nossos).
Por outro lado, há aqueles para os quais não se sustenta a restrição, porquanto, segundo
a própria vontade do legislador, os direitos fundamentais não se limitam àqueles
expressos na Constituição. Neste entendimento, o âmbito da expressão repousa no
sentido da literalidade, abrangendo os direitos e garantias individuais, direitos políticos,
direitos da nacionalidade e os direitos sociais. Assim, todos os direitos fundamentais
têm aplicação imediata, e tal entendimento não se pode relativizar, conquanto ao se
incluir um direito como fundamental, não se poderia restringir seus privilégios de
aplicabilidade, como a sua incidência direta ou imediata.
Por ser ilógico, não poderia o julgador aplicar diretamente e de forma indistinta todas as
normas constitucionais. O magistrado não tem, por si só, o "poder de Hércules" ou de
outro personagem mitológico, e isso não ocorre devido a negações levianas, senão por
problemas de ordem superior. Diante desse fato, a solução mais racional seria pensar de
qual instrumento se deve valer o indivíduo para obter o gozo de todos os efeitos
possíveis da norma jurídica incompleta. A mera vontade do titular do direito também
não basta, o que muitas vezes se faz necessária uma interposição instrumental.
Acrescente-se que, para todas as normas constitucionais, mesmo as que não definem
direitos fundamentais, deve-se dar a máxima efetividade. Todas as normas, inclusive as
de eficácia limitada, são dotadas desse atributo principiológico, recebendo eficácia de,
no mínimo, parâmetro negativo de aplicação [13]. Vale dizer, todas elas, por menor
densidade que se tenham, são base para a harmonia do ordenamento jurídico, sendo que
não deverá haver conflito real entre as mesmas.
Nesta busca do melhor sentido para a aplicabilidade imediata dos direitos e garantias
fundamentais, ainda se pode observar que
Diante dessa constatação, a justiça assume um papel de protetor final dos direitos
subjetivos e das promessas intencionalmente demagógicas disseminadas e neutralizadas
pelos governantes. Passa-se com isso, a justificar fundadas reflexões acerca do conceito
de democracia e das restrições à atuação judicial.
Por muito tempo era difundido, com certo ar de conformismo, que as normas
programáticas dependiam, necessariamente, de uma normatividade futura ou, tratando-
se de direitos sociais, da disponibilidade financeira para integrar-lhe a eficácia.
Ressalte-se, todavia, que não são apenas essas normas que representam dispêndio
econômico; a concretização dos direitos civis de liberdade também necessita de gastos,
ainda que indiretos. Portanto, não se pode generalizar que um direito é de cunho
prestacional e outro não. Como já foi explicado, as normas necessitam de maior ou
menor gasto público para sua concretização, assumindo feições de preponderância, de
acordo com outros fatores associados (territorial, cultural etc.) [14].
Por outro lado, são as normas definidoras de direitos sociais as que mais demandam
procedimentos complexos de concretização. Exige-se, igualmente, ações
governamentais na implementação de políticas públicas. É nesse diapasão que se
originou a teoria da "reserva do possível" [15].
Mas o que se quer, aqui, afinal, é demonstrar que o constituinte tanto desejou imprimir
eficácia aos direitos prestacionais [16] que ofereceu duas garantias: a ação direta de
inconstitucionalidade por omissão e o mandado de injunção.
Por isso, vê-se que a aplicação das normas ditas de eficácia limitada não é, somente pela
leitura do texto constitucional, ineficaz. O judiciário poderá superar qualquer obstáculo
à efetivação de um direito, seja ele oriundo de uma norma de eficácia plena, contida ou
limitada. A eles, portanto, cabem, valendo-se das técnicas hermenêuticas, demonstrar
com argumentos convincentes o acerto ou desacerto de uma vontade concretizadora.
[...]
Não se quer desmerecer a lei como instrumento jurídico de conformação das normas à
realidade social. Não obstante sua importância, ela não é necessária quando se trata de
direito fundamental. A norma dita como de eficácia limitada, longe de encerrar uma
negação a um direito subjetivo, corresponde apenas a um mandado de cautela. Assim,
apesar de a Constituição prescrever que a greve será exercida nos termos e limites de
uma lei específica, ela não quis negar o direito em si, mas desejou imprimir maior
segurança jurídica ao seu exercício.
Uma objeção que pode ser feita a esta discussão é que, por ter sido desenvolvida numa
forma digressiva, acabou-se por escolher a teoria de que a norma definidora do direito
de greve é de eficácia contida, com todos os efeitos ensinados por José Afonso da Silva.
Entretanto, esta crítica simulada não teria fundamento.
Apesar de o enfoque adotado guardar semelhanças com os ensinamentos tradicionais,
vê-se que há uma sensível diferença: na norma de eficácia contida, a restringibilidade
não é constitucionalmente desejada, mas permitida; enquanto que, pelo enfoque
adotado, a norma é plenamente aplicável, mas a restrição de seu alcance não é só
possível, mas constitucionalmente desejada. Resume-se, então, num misto dos efeitos
da norma de eficácia contida com o intuito cautelar da norma de eficácia limitada.
[...]
Quando se falou em concreção faticamente possível, quis-se sustentar que, bastando ser
viável, no mundo fático, o exercício de um direito fundamental, é-lhe assegurada a
fruição nos limites desta mesma possibilidade.
Por fim, a única ressalva que se faz é que, ante a inexistência de limites predefinidos, o
titular do direito fica numa posição de desvantagem e incerteza, principalmente sobre as
conseqüências jurídicas das opções tomadas durante o movimento. Num eventual
processo disciplinar, à míngua de regulamentação, haverá, logicamente, maior espaço
discricionário para o administrador [19].
Para o Supremo Tribunal Federal, mesmo sendo a greve um direito de defesa (liberdade
pública), há necessidade de uma atuação concretizadora por parte do legislador, para
que se imprima juridicidade ao fato social da paralisação coletiva, e estabeleça a
regularidade de seu exercício.
O Judiciário (como poder público que é) deve tomar para si a responsabilidade pela
proteção da autoridade normativa e pela efetividade das normas constitucionais,
suprindo as insuficiências que obstaculizam o gozo dos direitos. Para tanto, a
Constituição do Brasil forneceu dois valiosos instrumentos de controle das omissões
inconstitucionais: o mandado de injunção (inciso LXXI, art. 5º, da CRFB/88); e a ação
direta de inconstitucionalidade por omissão (§2º, art. 103, da CRFB/88).
Assim, pela classificação proposta por José Afonso da Silva, a normas suscetíveis de
omissão inconstitucional são as de eficácia limitada, uma vez que somente estas
dependem de interposição legislativa para produzir todos os efeitos jurídicos essenciais
e desejados. As demais normas constitucionais são dotadas de aplicabilidade imediata,
independentemente da superveniência de legislação regulamentadora.
Desta forma, não é todo tipo de inércia que pode acarretar omissão legislativa
inconstitucional. A omissão inconstitucional deve ser violadora de uma imposição
específica e concreta, não sendo juridicamente relevante a omissão sobre um dever geral
de legislar. A menção deve ser expressa, com ressalvas do tipo: "nos termos da lei", "na
forma da lei", "lei disporá" etc.
Entretanto, em que pese as menções acima declinadas, nem sempre a constituição fixa
prazo para a edição da norma reclamada. Quando isso ocorre, não resta claro o termo
inicial da inconstitucionalidade.
Trata-se de uma ação de controle abstrato que não objetiva solucionar dissídios
individuais. Nesta ação, o judiciário deixa de resolver a lide, e expede ordem
mandamental no sentido de outro órgão efetivar a norma constitucional violada. É o que
se verifica dos termos do §2º, art. 103, da Constituição do Brasil:
[...]
Nos termos do parágrafo acima, duas conseqüências são extraídas: para o Poder
Legislativo, apenas ser-lhe-á dada ciência da mora regulamentar; enquanto, no que
concerne ao órgão administrativo, ser-lhe-á fixado prazo de até trinta dias para adotar as
providências necessárias à efetivação da norma, sob pena de responsabilidade.
A imperfeição técnica do instituto até os dias atuais continua sendo objeto de severas
críticas na doutrina e na jurisprudência. Um instituto inovador imperava maior
regramento constitucional para que fosse possível sua plena aplicação. Desta maneira,
não se chegaria ao absurdo de um mecanismo de viabilização de direitos necessitar ser
viabilizado. Houve, por isso, quem negasse sua auto-aplicabilidade, até que o Supremo
Tribunal Federal firmou-se no sentido contrário.
5.3.1.Legitimidade e competência
Quanto à legitimidade passiva, há aqueles que entendem que deve figurar neste pólo a
pessoa natural ou jurídica, pública ou privada, que suportará os efeitos da decisão
judicial; enquanto há aqueles para quem o pólo passivo deve ser integrado pelo Poder
Público omisso, responsável pela elaboração da norma reclamada.
Não há, neste entendimento, razão que assista à inclusão do Poder Público omisso, pois
não será ele a pessoa diretamente interessada nos efeitos da decisão, sendo que, ao se
fixar critérios de competência, o constituinte não desejou apontar a polaridade passiva
do mandado de injunção.
5.3.2.Cabimento
Pode-se dizer que os direitos e liberdades estão previstos no art. 5º, enquanto as
prerrogativas inerentes à nacionalidade estão nos arts.12º e 13º, as inerentes à soberania,
no art. 1º, parágrafo único, e, por fim, as prerrogativas inerentes à cidadania, previstas
nos arts. 14º e 15º, todos da CRFB/88.
A corrente mais restritiva sustenta que a parte final do art. 5º, LXXI, ao se referir a
prerrogativas "inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania", restringe o alcance
da expressão "direitos e liberdades constitucionais" a estes bens jurídicos. Uma segunda
corrente restringe a expressão "direitos e liberdades constitucionais" ao direitos e
garantias fundamentais do Título II do texto. A terceira corrente, a que se adota, entende
que os direitos, liberdades e prerrogativas tuteláveis pela injunção não são apenas os
constantes no Título II da Carta Maior, que se refere aos direitos e garantias
fundamentais, mas qualquer dispositivo da Constituição, tendo em vista que inexiste
qualquer restrição no art. 5º, LXXI, do texto. Entende-se que o mandado de injunção
protege direitos e liberdades constitucionais e prerrogativas, esta sim, inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania. (PIOVESAN, 2003, p. 139/140).
Neste contexto, podem ser objeto de mandado de injunção os direitos sociais, ainda que
não previstos no Título II, da CRFB/88.
O óbice aos direitos sociais, típicos direitos de exigir prestações positivas do Estado,
constitui na insuficiência da edição de norma regulamentadora para operacionalizá-los.
Há, de regra, que se implementar políticas públicas e gerar despesas orçamentárias.
Contudo, mesmo para aqueles que excluem os direitos sociais da tutela injuncional,
alegando não compreenderem na expressão "direitos e liberdades constitucionais", sabe-
se que, quanto ao direito de greve, argumentos favoráveis à exclusão não se justificam.
O direito de greve, como direito de defesa, é uma liberdade pública e, assim, deve
integrar a tutela injuncional dentro da expressão referida.
Desta maneira, percebe-se que o constituinte não pretendeu reduzir o objeto da proteção
a alguns direitos e liberdades constitucionais, somente. O único fator lógico de restrição
não se encontra na topologia dos dispositivos constitucionais, mas na escolha daqueles
que se viabilizam apenas com a edição de uma norma regulamentadora. Ou seja, o
constituinte optou por afastar o Judiciário, ao menos em sede de mandado de injunção,
do controle das políticas públicas mediante interferências orçamentárias.
5.3.3.Efeitos da decisão
Todavia, a imperfeição técnica com que o constituinte tratou do instituto permitiu que
algumas dúvidas pairassem sobre seus possíveis efeitos jurídicos. No entanto, por não
acrescentar ao fim desta pesquisa monográfica, não serão aqui abordadas todas elas,
mas apenas a classificação proposta por Alexandre de Moraes (2001, p. 177). Para ele,
podem-se resumir os variados entendimentos doutrinários em três correntes: concretista
geral (efeito constitutivo erga omnes); concretista individual (efeito constitutivo inter
partes), de aplicação direta ou intermediária; e corrente não concretista (efeito
meramente declaratório).
5.3.3.1.Declaratório
Como visto, esta corrente não inovou, e firmou-se no sentido de valorizar o dogma da
separação dos poderes em detrimento do texto expresso da constituição, e
principalmente, em detrimento dos direitos fundamentais. Dizer que o alcance
constitutivo e viabilizador do mandado de injunção estão fora da sistemática
constitucional brasileira (que consagra a "separação dos poderes" como princípio
fundamental da República e como cerne imutável da constituição), é menosprezar a
força normativa dessa mesma constituição, e atentar contra os direitos fundamentais,
que também se classificam como cláusula pétrea. Essa corrente restritiva nega, em tese,
e por presunção, o que a constituição autorizou expressamente.
Para esta corrente, o Judiciário deve atuar, subsidiariamente, como se fosse o próprio
Poder Legislativo. Seria editada uma norma geral e abstrata até que viesse uma outra do
Poder originariamente responsável.
Esta posição, sim, colide com o princípio da "separação dos poderes", na medida em
que o julgador produz norma da mesma natureza que o legislativo.
Fácil perceber que esse efeito não foi o pretendido pelo constituinte, pois se assim o
desejasse, teria emprestado essa natureza à ação direta de inconstitucionalidade por
omissão. O Mandado de Injunção não é instrumento de controle abstrato da
constitucionalidade das leis, mas instrumento viabilizador (concretizador) de direitos
subjetivos.
Como se não bastasse a ponderação acima, esse entendimento contraria a mutabilidade
temporal das normas, conquanto, ao se normatizar, abstrata e genericamente, mediante
decisão judicial, o regulamento estaria protegido pelos efeitos da coisa julgada material.
Para este entendimento, a decisão injuncional gera efeitos apenas para as partes do
processo, salvaguardando os interesses de terceiros. A decisão judicial, nesta hipótese,
declara a mora legislativa e, no mesmo ato, constitui a norma regulamentadora faltante,
viabilizando o direito do requerente.
Ainda há quem opte por fixar o prazo para o Poder omisso elaborar a regulamentação, e
permanecendo este inerte, que o judiciário estabeleça as condições necessárias ao
exercício do direito por parte do autor. Esta é a posição do Ministro Néri da Silveira, do
Supremo Tribunal Federal (MORAES, 2001, p. 179). Denomina-se concretista
individual intermediária. O efeito constitutivo da decisão judicial é protelado, sendo
viável ainda que se estabeleça, desde logo, as condições de exercício do direito, para
após inércia do Poder competente, transite em julgado a decisão judicial, com a
conseqüente produção dos efeitos constitutivos pertinentes. Esta última solução
continua ser classificada como intermediária, mas com a vantagem de que não necessita
que os autos retornem conclusos para o julgador. O efeito seguirá automaticamente.
Ainda que não seja de efeito erga omnes, o mandado de injunção poderá repercutir
sobre número indeterminado de pessoas, ou uma coletividade, pois a Constituição não
diferenciou quais espécies de direitos são sindicáveis, de forma a abranger os direitos
difusos, coletivos e individuais homogêneos. É o que ocorre com o direito coletivo de
greve.
Pelo exposto, de acordo com esta corrente que se afigura a mais sensata, o mandado de
injunção objetiva, no caso concreto, viabilizar um direito (ou liberdade) obstaculizado
pela ausência de norma regulamentadora, beneficiando a parte impetrante e,
eventualmente, beneficiando terceiros que se encontram na mesma situação jurídica
daquela.
Já se mencionou que após a edição da EC nº 19/98, a redação do inciso VII, art. 37, da
CRFB foi modificada, deixando de constar a exigência da lei complementar, para se
exigir a edição de uma lei específica, que definirá os termos e limites ao exercício do
direito de greve.
Sob o ponto de vista das espécies normativas, tem-se que a lei complementar é, seguida
pela emenda constitucional, a lei de maior dificuldade em se editar. Exige-se para essa
espécie quórum de maioria absoluta (art. 69, CRFB).
Quanto à lei específica, não se encontra menção a esta espécie no rol do art. 59, da
CRFB/88 [24]. Diante desse fato, poder-se-ia imaginar a criação de mais uma espécie
normativa. Não é o caso. Lei específica é lei ordinária. Veja a lição de Sérgio Pinto
Martins:
O legislador teria feito melhor se mencionasse: lei ordinária específica, para que não
pairassem dúvidas a respeito. Entretanto, quanto a isto, sabe-se que é ponto pacífico, e
que na verdade tal espécie nada mais é que uma lei ordinária detentora de dupla
vertente, uma objetiva, concernente à especificidade de regulação por cada ente
federativo, e outra subjetiva, concernente à pessoa que deflagra o movimento, podendo
haver regulamentações diferenciadas para cada categoria de servidores públicos, de
acordo com as peculiaridades que lhe são próprias.
Por outro lado, após ser alterada a redação do dispositivo constitucional, o mesmo não
ocorreu com a Lei nº 7.783/89, a Lei Geral de Greve. Em seu art. 16, ainda encontra
disposto que, "para os fins previstos no art. 37, VII da Constituição, lei complementar
definirá os termos e limites em que o direito de greve poderá ser exercido". Quanto a
esta importante situação, Sérgio Pinto Martins se manifesta:
[...]
Cremos que, em virtude da novel Emenda Constitucional ri. 19/98, que não mais
menciona ´´lei complementar", mas, tão-somente, "lei especifica", a orientação até então
reinante no Pretório Excelso está a exigir urgente modificação.
Ora, diante do atual texto constitucional, parece-nos que, enquanto não for editada a
referida lei específica para regular o exercício do direito de greve do servidor público,
mostra-se perfeitamente aplicável, por analogia, a atual Lei (específica) de Greve (Lei
ri. 7.783/89).
Com efeito, o art. 16 da lei n. 7.783189, que exigia lei complementar para regular o
exercício do direito de greve do servidor público, não mais vigora no nosso
ordenamento jurídico, porquanto incompatível com o texto atual da Carta Magna. Em
outros termos, o art. 16 da LG não foi recepcionado pelo art. 37, VII, da Constituição.
(2007, p. 9).
Inicialmente, cumpre verificar que o art. 16, da lei 7.783/89, está revogado [...] E, aqui,
ocorreu a chamada eficácia revogativa ou eficácia negativa, que também é
desobstrutiva, pois a norma constitucional traçou novo esquema dependente para a sua
atuação, exigente de uma lei ordinária normativa, diferente do sistema anterior, o qual
remetia à lei complementar.
Destarte, a Lei 7.783/89 foi recepcionada, sendo, doravante, aplicável aos servidores
públicos, porque em perfeita compatibilidade vertical-formal-material com o Texto
Constitucional. Operou-se o chamado fenômeno da eficácia construtiva da norma
constitucional, visto que a Lei 7.783/89, que trata do direito de greve, recebeu da Carta
Política um novo jato de luz revivificador que a revaloriza para a ordem jurídica
nascente, ou seja, aquilo que a técnica jurídico-constitucional denomina de recepção da
lei anterior.
Mais recentemente, o Ministro Eros Grau, relatando o MI 712-8/PA [25], define uma
provável mudança na perspectiva. Segue um elucidativo trecho de seu voto:
20. Daí porque, de início, não me parece deva ser aplicado ao exercício
do direito de greve no âmbito da Administração tão-somente o disposto
na Lei n. 7.783/89. A esta Corte impõe-se traçar os parâmetros atinentes
a esse exercício.
[...]
Cumpre verificar que o art. 16, da lei 7.783/89, está revogado em razão
da eficácia revogativa ou eficácia negativa, que também é desobstrutiva,
pois a norma constitucional traçou novo esquema dependente para a sua
atuação, ou seja, a exigência de uma lei ordinária normativa, diferente do
sistema anterior o qual remetia à lei complementar, implicando dizer que,
enquanto não for editada lei específica que regule a greve no setor
público, o direito de exercê-la é livre e soberana esbarrando-se apenas
nos excessos não permitido por lei correlata.
Desse comento pode-se afirmar que a Lei 7.783/89 foi recepcionada em parte podendo
ser aplicada, no que couber, aos servidores públicos porque está em perfeita
compatibilidade vertical-formal-material com o texto Constitucional. Operou-se o
chamado fenômeno da eficácia construtiva da norma constitucional visto que a Lei
7.783/89, que trata do direito de greve na iniciativa privada, recebeu da Carta Política
um novo elemento revigorador que a valoriza para a ordem jurídica nascente.
Com a permissiva vênia, não se pode conceber que o simples fato da emenda alterar o
status jurídico da norma regulamentadora faça com que se aceite mudança no
posicionamento do Supremo Tribunal Federal. Não se deve partir do princípio de que a
decisão judicial deve respeitar hierarquia das espécies normativas ou a natureza delas
para que se utilize o método integrativo da analogia. Não há hierarquia entre lei
ordinária e lei complementar, e mesmo se houvesse, não haveria razão para levar isso
em conta.
Desde antes da EC nº 19/98, já podia o Supremo utilizar a lei geral de greve, assim
como poderia valer-se dos princípios e outras fontes do Direito e, até mesmo, no que
concerne à supressão da ausência regulamentar, poderia utilizar projetos de lei para
inspirar a fundamentação do julgamento.
Nesse contexto, toma-se como pressuposto que a decisão judicial integradora pode se
basear em todas as fontes que fazem parte do sistema jurídico vigente, além de buscar
outras fontes hermenêuticas e de cunho político-social, inclusive. Com efeito, o direito
constitucional, ao fundar-se em um sistema aberto e de amoldamento social, autoriza
que em hipóteses excepcionais, a fim de dar máxima efetividade às suas normas, se
utilize a busca do interesse público como método direcionador.
Por mais que se queira uma postura ativa do Poder Judiciário, a atuação dele não pode
ofender princípios de coesão social e de manutenção do próprio Estado, tais como o
princípio da separação dos poderes e o princípio democrático. A intervenção judicial
deve ter limites.
A tarefa não é a mais fácil, tendo em vista que a Constituição não definiu, nem poderia
definir, claramente, o que se entende por atuação legítima ou ilegítima do Judiciário em
relação aos demais Poderes. O controle de constitucionalidade desafia grandes
problemas que rodeiam os conceitos da harmonia e independência dos poderes.
E foi devido a essa cautela que o Supremo Tribunal Federal dotou o mandado de
injunção de uma utilidade bastante duvidosa, equiparando-o, quanto aos efeitos, à ação
direta de inconstitucionalidade por omissão.
Entretanto, a doutrina ganhou mais destaque com a publicação da obra "Do Espírito das
Leis", de autoria do Barão de Montesquieu. O período histórico em que se originou a
obra correspondeu aos movimentos de contenção do poder monárquico (liberalismo
político e econômico), tendo a burguesia nascente encontrado na lei um instrumento
valioso. Aos juízes, era reservada apenas a tarefa de cumprir as disposições legais, de
maneira mais neutra possível. O juiz era conhecido como "a boca da lei".
Para Montesquieu, todo homem que detêm o poder tende a cometer abusos e, por isso,
deve-se afastar qualquer argumento que defenda a ausência de limites por parte dos
governantes. A base do absolutismo encontra nesta doutrina seu fim.
Nada mais justo. A importância política da doutrina da separação dos poderes resta-se
evidente.
Neste enfoque, vê-se que os poderes devem adotar especial cautela na preservação das
prerrogativas dos demais. Por este motivo, a intervenção do Poder Judiciário deve
pautar-se pela regra da subsidiariedade, ocorrendo sempre que os meios pacíficos e
normais de resolução dos conflitos não mais surtirem efeitos.
Entretanto, não se deve confundir a atitude ponderada com a inação. Foi discutido no
tópico sobre omissões inconstitucionais, que o Supremo Tribunal Federal considerou
que a decisão injuncional não importa na fixação da norma regulamentadora necessária
à viabilização do direito de greve. Foi alegado o princípio da "separação dos poderes".
O fato de a atuação judicial subsidiária provocar reflexão sobre este princípio não tem o
condão de fazer recuar a proteção ao direito desamparado. Ao fazer isso, desconsidera-
se, também, o princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional (Art. 5º, XXXV, da
CRFB/88) [27].
A evolução histórica não permite mais que se interprete o dogma da "separação dos
poderes" de forma rígida. A constituição elegeu o Poder Judiciário guardião de sua
autoridade. Assim, a jurisdição constitucional autoriza que o magistrado decida mesmo
ante a ausência de lei expressa sobre a questão.
[...]
A doutrina tradicional costuma ver com moderação o controle judicial das omissões
funcionais dos Poderes Públicos. Costuma-se dizer que, como o Brasil adotou o regime
representativo de governo, não haveria espaço para que o Judiciário controlasse os
demais Poderes, sem que isso atentasse contra a democracia.
Por outro lado, o ativismo judicial deve vir fundado em convincente argumentação
jurídica, por não se submeter, prévia e posteriormente, ao controle de participação
popular. Quanto à insubmissão ao controle posterior, aponta-se o instituto da coisa
julgada material como maior obstáculo. O provimento judicial é definitivo, e impede
disposições desfavoráveis em contrário.
Portanto, o Judiciário, no controle das omissões dos outros Poderes, deve estar
consciente de que as expectativas políticas, antes estranhas, serão levadas a juízo.
Sobreleva-se, com isso, a possibilidade de frustração popular, considerando que não se
afigura possível ao judiciário erradicar graves problemas, normalmente associados com
a lesão a direitos sociais.
Ressalte-se, todavia, que esse temor de frustração não exime o judiciário de seu dever
de decidir. A jurisdição constitucional é tanto necessária quanto obrigatória, pois a
efetivação dos direitos tem razões de ser, e a própria escolha do Poder Constituinte já é
uma mais que suficiente. A Constituição é suprema.
Com efeito, Valeschka e Silva Braga defende que, observadas certas cautelas, o Poder
Judiciário deve substituir o legislador, para que a vontade deste não prevaleça sobre a
vontade do poder constituinte. Para tanto, de forma exemplificativa, adota os seguintes
critérios:
1. Se a lei não pode atentar contra a coisa julgada, nos termos do art. 5°,
XXXVI, da Constituição Federal, isso quer dizer que a sentença
normativa emanada do Poder Judiciário não poderia ser revestida desta
característica, pois seria suscetível de ser alterada por legislação
superveniente. Na verdade, o Supremo estaria praticando muito mais um
ato político que judicial, tanto quanto o faz, nas ações diretas de
inconstitucionalidade, no usufruto de suas funções de legislador
negativo.
Cada Poder atua na conformidade das suas funções institucionais. Na medida em que o
Legislativo passou a implementar políticas públicas com edições de leis, ficou
autorizado ao Judiciário contribuir, segundo seus princípios institucionais, nesta
fundamental tarefa. A atuação negativa ou mesmo positiva do Judiciário, se justifica
pelo princípio de que o ordenamento jurídico deve ser cumprido, de maneira que não
seria lícito que ficasse inerte frente às ações ou omissões inconstitucionais. A efetivação
dos direitos fundamentais é ao mesmo tempo limite e justificativa à relativização
adequada do princípio da "separação dos poderes".
Poder-se-ia objetar que a superação dos efeitos de uma norma de eficácia limitada
estaria fundamentada, apenas, em dados empíricos, gerando uma potencial ofensa à
segurança jurídica. Os critérios semânticos extraídos do texto constitucional seriam
mais certos e definidos.
Por outro lado, deixar de viabilizar um direito que, diante dos fatos, mostra-se
perfeitamente concretizável, é atentar contra a vontade da constituição e frustrar as
expectativas da sociedade. A constituição não traz promessas que não deseje o
cumprimento.
Assim, não se pode conceber que critérios meramente semânticos – teorias da
aplicabilidade das normas constitucionais – sejam os únicos aptos a preservar os valores
constitucionalmente estabelecidos. Há, além desses, outros mecanismos de auto-
restrição do arbítrio judicial.
É que em certos casos, devido a limitações materiais, o Judiciário não pode satisfazer a
todos os direitos que sejam reclamados. Durante um processo de efetivação, a
complexidade exigida para a proteção do direito pode ser tal, que na prática, o juiz não
possa chegar a um resultado eficaz e em tempo razoável. (BARBI apud OLIVEIRA,
2004, p. 104).
8.1.DESCONTO DA REMUNERAÇÃO
8.2.PENALIZAÇÃO DISCIPLINAR
Pela doutrina tradicional, sendo a norma de eficácia limitada, o direito subjetivo não se
demonstra exigível, necessitando de um ou vários atos do poder público responsável
para a viabilização. O exercício da greve, assim, não se justificaria, e as faltas oriundas
desse movimento deveriam ser coibidas pela pessoa jurídica empregadora.
Desta forma, o único efeito do Supremo Tribunal Federal considerar a norma como de
eficácia limitada, é a ausência de guarda expressa sobre a efetividade desse preceito.
Sabe-se que uma obrigação sem a recíproca penalidade pelo descumprimento tem alta
probabilidade de se tornar inútil. Não adianta dizer que o exercício da greve depende de
regulamentação infraconstitucional e que seu exercício é irregular, mas não mune a
administração de meios para impedir esse movimento. A greve é considerada, pelo
Supremo Tribunal Federal, uma proibição e ao mesmo tempo uma liberdade. A
interpretação mais plausível da súmula nº 316, do STF, então deve ser que o exercício
irregular da greve sujeita o servidor a penalidades previstas em lei, mas nunca importará
falta grave a simples adesão.
Em apertada síntese, para aqueles que a classificam como direito de eficácia contida, a
greve não é punível; já para aqueles que a classificam como de eficácia limitada, a
punição se demonstra necessária, mas não ensejará enquadramento da falta como de
natureza grave, se do movimento não se originou outra infração à ordem jurídica.
O servidor em estágio probatório, em que pese algumas controvérsias [32], não goza de
estabilidade no serviço público, somente a adquirindo após três anos de efetivo
exercício. Assim prescreve o art. 41 da Constituição do Brasil:
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores
nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso
público.
Numa leitura isolada do dispositivo constitucional, pode-se ter uma idéia errônea de que
o servidor em estágio probatório goza de menor prestígio que o servidor estável no que
concerne à penalização disciplinar, perdendo o cargo sem submissão a um processo
administrativo regular. O servidor em estágio probatório não pode perder o cargo sem
que seja respeitada a garantia da ampla defesa e do contraditório [33]. Não é outro o
entendimento adotado pela jurisprudência dominante. De acordo com a súmula nº 21 do
Supremo Tribunal Federal, "o funcionário em estágio probatório não pode ser
exonerado nem demitido sem inquérito ou sem as formalidades legais de apuração de
sua capacidade" [34].
8.3.EFEITOS PENAIS
Por outro lado, o art. 201 do CP, ao referir-se à greve pacífica provocadora de
interrupção de obra pública ou serviço de interesse coletivo, parece confrontar com a
nova sistemática constitucional. É que é lícito aos trabalhadores participar de greves em
atividades essenciais, assim definidas em lei. Ora, adotando as cautelas legais, não
havendo a interrupção total dos serviços, os trabalhadores estão a agir sob a proteção
jurídica e, portanto, não cometem crime algum.
Em apertada síntese, temos que o art. 200 do CP está em pleno vigor, e assim deve ser,
porquanto o nosso ordenamento jurídico repele atos de violência injustificados. Quanto
ao art. 201 do CP, o reconhecimento de sua vigência passa pela interpretação restritiva,
em que, para haver tipicidade, a paralisação deve atingir a prestação dos serviços em sua
totalidade.
9.CONCLUSÃO
Os posicionamentos dos tribunais sobre o direito de greve dos servidores públicos civis
mostram-se em descompasso com a realidade social, ainda mais quando os servidores,
ao arrepio das decisões contrárias, continuam, irregularmente, procedendo a
paralisações. Resta, assim, um estado de insegurança jurídica, tanto para os servidores
quanto para o Estado.
Ressalte-se que o juiz dispõe de meios para aplicar a norma, imediatamente, na solução
do caso concreto. Basta-lhe romper as barreiras impostas pelas doutrinas tradicionais e
socorrer-se da analogia, dos costumes e dos princípios do Direito. Por isto que a Lei nº
7.783/89, que regula a greve no setor privado, poderá ser utilizada como modelo
normativo, importando no grande mérito de, também, valorizar a segurança jurídica.
Esta atuação, por sua vez, afigura-se um dever jurídico diante do princípio da
inafastabilidade do controle jurisdicional, ainda mais quando se depara com uma inércia
inequivocamente duvidosa. É que, sendo o direito de greve dos servidores voltado
contra o Poder Público, a ausência de limites preestabelecidos somente a ele favorece. A
Constituição do Brasil já conta com quase vinte anos, e até então não foi editada a lei
reclamada pelo art. 37, VII [36].
Como se percebe, não há alternativa viável à concretização judicial que não exija a
relativização de certos dogmas lesivos à sociedade. A constituição, ao munir o
magistrado de mecanismos de supressão de lacunas normativas, traçou um novo modelo
de Estado, onde a prioridade se encontra no respeito aos direitos e garantias
fundamentais, sobretudo na busca da vida digna e dos valores sociais do trabalho.
No dizer de Lenio Luiz Streck (2005, p. 320), há que se abrir uma clareira no Direito,
pois é a partir dessa clareira que aquilo que circunscreve a Constituição poderá vir à
tona. O resgate das promessas da modernidade pressupõe a superação da crise de
paradigmas que obstaculiza essa surgência constitucionalizante em toda a sua
principiologia.
Nesta linha, não se pode ir mais longe que a consideração da greve dos servidores
públicos civis como um direito de defesa, onde se necessita, apenas, da abstenção dos
Poderes Públicos. Não se podem punir os servidores grevistas quando, mesmo diante da
omissão regulamentar, o exercício do direito se fez com respeito aos procedimentos de
ordem prática e jurídica, adotando-se as cautelas devidas.
Por outro lado, o fato de se reconhecer a plena efetividade ao direito de greve não
importa em autorização para a prática de arbitrariedades. A plenitude de uma norma não
é "um cheque em branco". Assim, os grevistas estarão sujeitos ao controle posterior da
legalidade do movimento, no que concerne aos abusos porventura cometidos. Este
controle, à míngua de regulamentação legal, será conduzido segundo enfoque resultante
da discricionariedade administrativa.
Finalmente, mas não encerrando este debate, verificou-se que esta monografia ocupou
de dois extremos aparentemente inconciliáveis: de um lado, exprimiu a vontade de se
dar plena aplicabilidade à norma definidora do direito de greve; de outro, pretendeu
mostrar a necessidade de restringir sua amplitude.
Incorrendo-se em trocadilho, considera-se que, para esta contradição, existe uma razão.
De fato, a greve no setor público é movimentada segundo restrições impostas pelo
regime jurídico-administrativo, sendo que sua repercussão social requer restrições
proporcionais. Portanto, não se pode equiparar à greve do setor privado, onde os limites
da executividade ficam a critério dos trabalhadores. Logo, se o constituinte desejasse
esta equiparação, teria feito expressamente, e não teria mencionando direitos da mesma
natureza em diferentes dispositivos constitucionais. O legislador não traz palavras
inúteis, porque nada deve ser por acaso.
REFERÊNCIAS
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 26. ed. São
Paulo: Saraiva, 1999.
FERREIRA FILHO, Roberval Rocha (org.). Principais julgamentos STF. Salvador:
Juspodivm, 2007.
JORGE, Carlos Augusto. A greve do servidor público federal. Jus Navigandi, Teresina,
ano 8, n. 266, 30 mar. 2004. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br
/doutrina/texto.asp?id=5018>. Acesso em: 14 de março de 2007.
JÚNIOR, Dirley da Cunha. Controle Judicial das Omissões do Poder Público. São
Paulo: Saraiva, 2004.
MARTINS, Sérgio Pinto. Greve do Servidor Público. São Paulo: Atlas, 2001. São
Paulo: LTr, 2005.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2001.
MORO, Sergio Fernando. Jurisdição constitucional como democracia. São Paulo: RT,
2004.
MORO, Sergio Fernando. Por uma revisão da teoria da aplicabilidade das normas
constitucionais. Jus Navigandi, Teresina, ano 4, n. 42, jun. 2000. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=98>. Acesso em: 14 de março de 2007.
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos Direitos Fundamentais. 6. ed. Porto Alegre:
Livraria do Advogado Editora, 2006.
SILVA, José Afonso da. Aplicabilidade das normas constitucionais. 7. ed. São Paulo:
Malheiros, 2007.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 20. ed. São Paulo:
Malheiros, 2002.
Notas
01
O constituinte desejou a viabilização de um direito pendente de norma
regulamentadora.
02
Conforme Sérgio Pinto Martins, "os empregadores também iam a esse local quando
necessitavam de mão-de-obra." (2001, p. 24).
03
Essas e outras leis que se seguiram foram reunidas num único diploma, a
Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-lei nº 5.453, de 1º de maio de 1943).
04 Interessante notar que o Decreto-lei nº 9.070 é anterior à Constituição de 1946.
Acontece que, pela teoria do controle de constitucionalidade, esse decreto, porque
originado sob a égide dum regramento constitucional incompatível, deveria ser tido
como inexistente. Somente a Constituição que lhe seguiu é que se compatibiliza, de
maneira a se reconhecer o fenômeno da repristinação.
[...]
[...]
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII,
VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei
estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir.
11
Com o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004 houve sensível ampliação do
bloco de constitucionalidade, na medida em que as normas com status constitucional
passaram a abranger os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que
forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
quintos dos votos dos respectivos membros. Entretanto, o critério formal continua
valendo, tendo em vista que os tratados e convenções são documentos escritos.
12
Para o teórico Ferdinand Lassale, autor da obra "A Essência da Constituição", a
norma constitucional não tem existência autônoma em face da realidade, de modo que a
eficácia da norma jurídica está condicionada a fatores técnicos, sociais e econômicos.
Esses fatores são denominados fatores reais do poder, que devem estar refletidos numa
folha de papel. Incorporados a um papel, os fatores reais do poder tomam a feição de
normas jurídicas, observáveis coercitivamente. Uma Constituição dissociada da
realidade não passará de uma mera folha de papel.
13
Invalidam normas (posteriores) ou não recepcionam (as anteriores) as que lhes forem
contrárias.
14
Nessa linha, pode-se citar a liberdade de locomoção e a incolumidade física, simples
direitos de preponderâncias negativas, necessitam de gastos econômicos com a
segurança pública, com remuneração de policiais, e com vários outros mecanismos de
garantia dos mesmos.
15
A teoria da reserva do possível funda-se na máxima de que, por mais louvável que
seja a norma jurídica, sua efetividade se condiciona a fatores da realidade social,
principalmente os de ordem econômica. A decisão judicial deve respeitar a
disponibilidade orçamentária do Estado quando da concretização de um direito
prestacional. Os recursos públicos são limitados, não sendo suficiente para atender toda
e qualquer pretensão jurídica.
16
Nesse caso, a prestação é a legislativa.
17
Há possibilidade da relativização, no caso concreto, da teoria da "reserva do
possível", quando o direito prestacional em questão corresponder ao "mínimo
existencial" e de "dignidade do ser humano". Nesse caso, o Estado não pode alegar
insuficiência de recursos financeiros.
18
Não se cogita valorizar mais a necessidade da atuação de um Poder Constituído em
detrimento da vontade do Poder Constituinte.
19
O Legislativo ou o Judiciário poderiam fixar em 20% o número mínimo de servidores
para efeito de garantia da continuidade do serviço. Entretanto, à míngua deste
regramento público, poderá o administrador considerar este quantitativo insuficiente, e
punir os servidores grevistas.
20
Essa inércia (omissão) se caracteriza pelo descumprimento de uma obrigação
constitucional específica e concreta. Omissão de um dever geral de proteção do bem
comum não se enquadra nessa hipótese de inconstitucionalidade para fins de controle
judicial.
21
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de
constitucionalidade:
I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
VI - o Procurador-Geral da República;
[...]
[...]
[...]
[...]
Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais,
dos juízes de direito e das juntas eleitorais.
[...]
§ 4º - Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando:
[...]
I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.
b) serviço da dívida;
[...]