Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
CNA não reconhece casos de trabalho escravo apontados pelo Ministério do Trabalho
(27/08/2008) Agência CNA
Ao se referir à dignidade nas relações de trabalho, Tavares diz que a busca por padrões éticos
elevados deve ser um objetivo permanente de toda a sociedade. Para alcançar essa meta,
sugere a realização de programas de qualificação profissional e capacitação de técnicos,
trabalhadores e empregadores para o cumprimento da legislação trabalhista rural e a
prevenção de acidentes e doenças laborais, “trabalho já intensamente desenvolvido pelo
SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural).
Embora recente, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) vem exigindo que na
conduta descrita estejam presentes os seguintes elementos: existência de dolo; violência e
grave ameaça. Estas condutas, segundo Tavares, são exigidas em todo o capítulo do Código
Penal que trata dos Crimes Contra a Organização do Trabalho (Art. 197/207 do C.P.). Assim, se
houver crime, deve ser tratado pelo Estado - polícia e justiça - com respeito ao devido processo
legal e aos demais direitos e deveres constitucionais.
Para Rodolfo Tavares, a falta de informação é uma das principais razões que levam ao
descumprimento da legislação trabalhista no campo. Segundo ele, o empregador rural convive
com relações de trabalho muito mais complexas que as urbanas, pois em muitos casos essas
relações iniciam com a contratação em regiões distantes do local da prestação do serviço,
envolvendo a contratação prévia, transporte, alojamento, alimentação, lazer/convivência,
utilização de máquinas, ferramentas, instalações, insumos, lida com animais de grande porte e
atividades agrícolas sazonais. Tais atividades implicam na contratação por curta duração, que
envolve a mesma burocracia dos contratos de prazo indeterminado.
Ao falar sobre a história da escravidão no Brasil, Tavares diz que é semelhante a de tantos
outros países do Ocidente e do Oriente. Para ele, no entanto, “no Brasil, apesar de tudo, o
negro e o índio irrigaram com seu sangue a raça brasileira criando um só povo, miscigenado e
forte”. Afirma, também, que o País é herdeiro de um patrimônio jurídico, consolidado na
Constituição Federal, que condena a discriminação e o preconceito racial.
Quanto às denúncias montadas contra o setor do agronegócio, o presidente da Comissão
Nacional da CNA diz que faz parte de um movimento ideológico, “que pretende realizar a
distribuição de terras e de renda através de leis encontradas na rua e não nos códigos, bem
como desqualificar o direito de propriedade pelo suposto descumprimento da função social”.
Para ele, as Organizações Não Governamentais (ONG’S) que lutam contra o trabalho escravo
são, na maioria, “chapa branca”, pois recebem dinheiro do próprio Governo. “Outras servem a
interesses econômicos de multinacionais e países competidores do Brasil no mercado
exportador de alimentos”, diz Tavares, que identifica, ainda, organizações ideológicas. “Desta
forma é muito difícil encontrar alguma que tenha legitimidade para tratar do assunto, conclui o
presidente.
Assim, cabe uma reflexão sobre o crime de redução à condição análoga a de escravo, previsto
no Art. 149 do Código Penal (CP) e o crime de atentado contra a liberdade do trabalho, Art.
197, do CP, bem como a forma como as autoridades administrativas esboçam a situação, que
muitas vezes não condiz com a realidade e a tipificação penal adequada.
Cabe, portanto, analisarmos os referidos tipos penais e a forma como os crimes estão sendo
classificados. O art. 149 do CP sofreu alterações operadas pela Lei n.º 10.803, de 11 de
dezembro de 2003, que ampliou a descrição típica, incluiu figuras equiparadas e estabeleceu
causas de aumento de pena. A lei penal visa proteger a liberdade no conjunto de suas
manifestações, o que trouxe subjetividade e insegurança jurídica.
Organização do Trabalho - Ao analisar os crimes elencados nos artigos 197 e 198 do Código
Penal, observa-se o desuso quando da aplicação dos crimes descritos. Vale dizer que os
crimes de atentado contra a liberdade do trabalho e atentado contra a liberdade de contrato de
trabalho são as adequações típicas mais corretas para a grande maioria dos crimes
classificados como redução à condição análoga a de escravo.
A Constituição Federal estabelece, em seu art. 5º, XIII, que “é livre o exercício de qualquer
trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”.
Assim, o art. 197, CP, visa à tutela da liberdade da pessoa no que concerne ao trabalho, isto é,
o direito de livremente exercer uma atividade ou profissão, consoante assegurado pela própria
Carta Magna. Ressalta-se que, para configurar esses crimes, também é exigido o dolo,
consubstanciado na vontade livre e consciente de constranger a vítima, mediante o emprego
de violência ou grave ameaça. Portanto, verifica-se que tais crimes não trazem consigo
qualquer subjetividade.
Adequação da Lei - Não se pode perder de vista, ainda, a ratificação pelo Brasil das
Convenções 29 e 105 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que tratam da abolição
do trabalho forçado, terminologia que vem sendo utilizada em substituição ao trabalho escravo.
Tais convenções tratam da mesma matéria de forma diferente, o que levou alguns países,
como os Estados Unidos, a ratificarem apenas a Convenção 105, pois esta não conta com o
mesmo grau de subjetividade da Convenção 29, sendo mais específica e clara no que
concerne à abolição e prevenção do trabalho forçado.
Pelo exposto, faz-se necessária a adequação do Código Penal, tendo em vista a subjetividade
do crime de redução à condição análoga a de escravo, previsto no artigo 149, além das
distorções causadas. Também cabe ressaltar o desuso dos crimes de atentado contra a
liberdade de trabalho e atentado contra a liberdade de contrato de trabalho, previstos nos
artigos 197 e 198.
A Lei está sendo tratada de modo ideológico e não de acordo com os ditames previstos em seu
texto e em sua hermenêutica. Não se pode criminalizar setores da economia brasileira, como o
setor rural. Os auditores fiscais estão aplicando a Lei e julgando previamente, sem que antes
haja uma condenação de um Tribunal Competente, o que leva a uma grande insegurança
jurídica. O Brasil está em um patamar mais aprimorado na economia, merecendo, portanto,
modificar o atual cenário para um desenvolvimento mais seguro do País”.
1. INTRODUÇÃO
A greve pode ser concebida como uma das mais importantes e complexas manifestações
coletivas produzidas pela sociedade contemporânea.
O vocábulo greve foi utilizado pela primeira vez no final do século XVIII, precisamente
numa praça em Paris, chamada de Place de Grève, onde se reuniam tanto
desempregados quanto trabalhadores que, insatisfeitos geralmente com os baixos
salários e com as jornadas excessivas, paralisavam suas atividades laborativas e
reivindicavam melhores condições de trabalho. Na referida praça, acumulavam-se
gravetos trazidos pelas enchentes do rio Sena. Daí o termo grève, originário de graveto.
A história da greve surge a partir do regime de trabalho assalariado, fruto da Revolução
Industrial. Pode-se, assim, atribuir aos movimentos sindicais dos ingleses o marco
inicial da história da greve(23).
Com o evolver das relações entre o Estado e seus funcionários, a greve passou a ser
permitida legalmente em alguns países, como Canadá, Espanha, Finlândia, França,
México e Portugal, cujos ordenamentos jurídicos exigem, no geral, alguns
procedimentos prévios, como consultas, negociações coletivas etc. para que o
movimento possa ser deflagrado.
A Constituição cidadã de 1988 reconhece expressamente a greve como direito
fundamental, tanto para os trabalhadores em geral (art. 9º), quanto para os servidores
públicos civis (art. 37, VI e VII), sendo que estes foram também contemplados com o
direito à livre sindicalização. Ao militar, no entanto, continuam proibidas a
sindicalização e a greve.
Disciplinando a greve para os trabalhadores do setor privado, abrangendo os "servidores
empregados" das sociedades de economia mista e empresas públicas, a Lei n. 7.783/89
(LG):
a)conceitua a greve como "suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de
prestação pessoal de serviço a empregador" (art. 2º);
b)arrola os serviços considerados essenciais;
c)fixa os requisitos para o exercício do direito;
d)obriga os sindicatos, os trabalhadores e os empregadores a garantir, durante a greve, a
prestação de serviços indispensáveis ao atendimento das atividades inadiáveis da
comunidade, que são aquelas que, não atendidas, coloquem em risco iminente a
sobrevivência, a saúde ou a segurança da população; caso isso não seja observado, o
Poder Público assegurará a prestação dos serviços indispensáveis;
e)estabelece as sanções para os casos de abuso do direito etc.
Quanto ao servidor público civil da Administração direta, autárquica e fundacional, o
art. 16 da LG dispõe expressamente que:
"Para os fins previstos no art. 37, VII, da Constituição, lei
complementar definirá os termos e os limites em que o direito de greve
poderá ser exercido".
O STF, em diversas oportunidades, considerou que o inciso VII do art. 37 da CF, em sua
redação original, encerraria norma de eficácia limitada, sendo certo que a exigência da
lei complementar para o exercício do direito de greve pelos servidores públicos civis
impediria a aplicação analógica da Lei n. 7783/89, mormente em virtude da expressa
determinação impeditiva nela contida (art. 16).
Além disso, forte na literalidade do art. 37, VII, da Constituição e do art. 16 da LG, o
STF, no julgamento do MI 20-DF, realizado em 1º de maio de 1994, considerou a
existência de lacuna técnica decorrente da mora do Congresso Nacional em
regulamentar o direito de greve do servidor público civil. Lamentavelmente, porém, a
Corte Suprema, ao invés de criar uma norma específica para o caso concreto, o que seria
da própria essência do mandado de injunção, limitou-se simplesmente a comunicar a
decisão ao Congresso para que este tomasse as providências necessárias à edição de lei
complementar indispensável ao exercício do direito de greve pelos servidores públicos
civis. Até hoje, o Congresso Nacional não deu a mínima importância à decisão injuntiva
do STF.
Não obstante, a 4 de junho de 1998, o mesmo Congresso promulgou a Emenda
Constitucional n. 19, que deu nova redação ao art. 37, inciso VII, da CF, não mais
exigindo a edição de uma lei complementar para regular o exercício do direito de greve
pelo servidor público civil, mas, tão-somente, de uma "lei específica".
No presente estudo, portanto, procuraremos enfrentar as seguintes indagações: o que se
entende por lei específica? Existe esta espécie normativa no processo legislativo
previsto na Constituição? O art. 16 da LG foi recepcionado pelo novo texto
constitucional? A decisão do STF proferida no MI 20-DF continua válida?
O objeto específico da pesquisa repousa, portanto, na seguinte problematização: até que
seja editada a "lei específica" constante do novel inciso VII do art. 37 da CF pode o juiz
aplicar, analogicamente, os princípios e as normas da Lei n. 7783/89?
Acresça-se que, ainda que você tivesse razão quanto ao sentido das
palavras, pergunto: Onde ficaria o primado do princípio da
especialidade?
Guilherme
Tecnicamente é perfeita a sua colocação. A boa lógica jurídica
ensina que todos os elementos do tipo devem estar presentes no
ilícito penal, não podendo esquecer do resultado alcançado, a
sombra da teoria finalista aplicável ao nosso CP, Art. 14, I.
Vilipendiar Cadáver, Cadáver é pessoa sem vida, e portanto, caso a
pessoa encontra-se viva, a ação é atípica, . Matar, mas devido as
circunstâncias, que é o caso, não se poderia supor que a pessoa
estivesse viva, não é homicídio, erro de tipo invencível.
É complicado para um operador do Direito deixar uma ação
execrável como está sair impune, mesmo porque houve um bem
juridicamente tutelado pelo direito penal maculado, como foi
esclarecido.
O quê vc acha, juntamente com os demais listeiros, que, à
propósito, "venia permissa", muito nos alegraria
suscitar suas opiniões nesta sede, enquadrar a conduta do agente
no art. 210 - "vilipêndio de urna funerária", que não se diferencia
quanto a punibilidade do 212?
Cordialmente
Caro Colega Hetan,
Assim sendo, como o bem penal protegido foi maculdo, entendo que
houve vilipêndio, mesmo não havendo cadáver.
Não encontrei jurisprudências que firmassem este entendimento, sob
censura.
O crime
O que é violação de sepultura
- É crime contra o respeito aos mortos (artigo 210 do Código Penal).
- Pena prevista em lei: prisão, de um a três anos, além de multa.
Fonte: Código Penal Brasileiro
A negociação - Quinta-feira, dia 6, 15h30min
REPÓRTER 1 - Viemos por recomendação.
SANDRO - Mas no que estão pensando?
REPÓRTER 1 - Um crânio, basicamente. Queria um crânio completo. Mas se
tiveres só a mandíbula, já me serve.
SANDRO - Posso arrumar, mas só segunda.
REPÓRTER 2 - Mas na segunda tem mesmo, se a gente vier? É tranqüilo?
SANDRO - Tranqüilo não é, né? (ele ri).
REPÓRTER 1 - Recomenda alguma coisa para quando a gente voltar? Saco
plástico?
SANDRO - (...) Uma mochila seria o ideal. E no caso, entraria por aqui e
subiria esta rua (aponta a entrada dos fundos do cemitério).
SANDRO - Semana passada, veio um pessoal. Só que vieram de branco e
quase não deu. Bah! Já deu muito furo. Então, um crânio?
REPÓRTER 2 - Dentes e, se tiver, um fêmur.
SANDRO - Este tipo de coisa não é o normal. A gente costuma conseguir
dentes, é mais fácil de tirar (...), podia fazer por R$ 20, R$ 10 (...).
REPÓRTER 1 - Mais de R$ 100 tu achas que não, né?
SANDRO - Faço por R$ 80. Tem que cuidar porque qualquer coisa que dá, vai
me prejudicar... E vou ter que catar latinha.
A compra - Segunda-feira, 15h30min
ISAAC - Vamos fazer um enterro agora. Se quiserem esperar perto das
taquareiras, é melhor (desconfiado, fala com a cabeça baixa).
REPÓRTER 1 - Sandro te falou o que conseguiu?
ISAAC - Tá ali. Separou tudo.
REPÓRTER 1 - Chegou a ver o material?
ISAAC - É, abrimos hoje.
REPÓRTER 1 - Se precisar mais (...) como faz? Abrem (as covas) todos os
dias?
ISAAC - Todos os dias.
Isaac se afasta. Minutos depois, Sandro se aproxima, com sorriso discreto.
SANDRO - (...) Deixei ali em cima (treme, apontando para onde estão os
ossos). Podem olhar para ver se é o que vocês querem.
REPÓRTER 1 - O que tu conseguiu?
SANDRO - (Pensativo) Vocês olham lá e vê se interessa.
REPÓRTER 2 - Se a gente precisasse de outras peças, tipo pélvis (...).
SANDRO - (Põe a mão no rosto) A gente vê. É que este negócio de ossos,
assim, é complicado.
REPÓRTER 1 - Ficamos com medo de tu achares que é para algum trabalho
(macumba).
SANDRO - Não. Problema é se vem algum repórter (...), pode chamar
atenção, né?
REPÓRTER 2 - (...) Quanto vai dar tudo? R$ 70, né?
SANDRO - R$ 80. Se quiser, deixa embaixo dos tijolos (o dinheiro).
Repórter 1 volta e pergunta por quanto tempo os ossos permanecem
enterrados.
SANDRO - (...) Ficam no chão e têm três anos.
Comércio da morte
Morrer faz parte de viver. A última parte. Biologicamente, nada há após a morte. Ou não
deveria haver.
O descanso eterno está sendo negado aos sepultados no Campo Santo da Santa Casa de
Misericórdia, na Capital. Ossos e dentes humanos de quem, em seu último momento, só
teve direito a um palmo de terra do local são negociados à luz do dia.
Por R$ 80, dois coveiros do cemitério se propõem a desrespeitar a última etapa da vida.
A reportagem do Diário Gaúcho foi ao local e flagrou a prática ilegal, comprando parte
de uma ossada. Foi a prova de que, no mundo dos vivos, até a consideração pelos
mortos parece estar acabando.
Conhecido por enterrar corpos de indigentes e pessoas sem condições de pagar por
sepultamento, o Campo Santo, no Bairro Medianeira, na Capital, está localizado nos
fundos do cemitério da Santa Casa e oferece as sepulturas por três anos. Depois deste
período, os túmulos são abertos e os restos mortais vão para uma vala comum.
É no momento desta troca que os dois funcionários retiram os fragmentos. Mais tarde,
os restos são repassados, conforme disseram os coveiros, a estudantes universitários,
principalmente dos cursos de Medicina e de Odontologia - um esqueleto sintético custa
cerca de R$ 1,6 mil.
Os dois coveiros confirmam a prática, bastando uma rápida negociação antes da entrega
das ossadas.
O coveiro, apesar de demonstrar temor pela situação, afirmou que é comum vender
dentes ou mandíbulas completas por até R$ 30.
Foi feito um registro de ocorrência e um laudo de apreensão dos ossos, que ficam,
agora, sob responsabilidade da Polícia Civil.
A delegada considerou que houve violação de sepultura e abriu inquérito policial para
investigar o fato. Os dois coveiros da Santa Casa serão chamados para depor ainda hoje.
destruição
1. INTRODUÇÃO
Tem por meta o presente artigo a análise dos aspectos gerais do delito de Destruição,
subtração ou ocultação de cadáver, previsto no Art. 211 do Código Penal, bem como
dos dispositivos da Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, que dispõe sobre a remoção
de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento e dá
outras providências; realizando, afinal, uma comparação entre os referidos diplomas,
tendo em vista respostas à pergunta inicialmente formulada (e que constitui o título
deste texto) e nossa opinião sobre ela, sempre baseando-se na mais abalizada doutrina.
Pelo exposto, vê-se logo que não é tema de exposição a questão da constitucionalidade
ou não de referida lei quanto à liberdade de disposição de seu próprio corpo. Discute a
doutrina nacional – discussão que perdeu a atualidade com as modificações introduzidas
pela Lei nº 10.211/2001 – quanto à legitimidade da presunção de autorização para
retirada de órgãos e tecidos, afirmando uma corrente que esta afrontaria a liberdade do
ser humano, constitucionalmente consagrada e outros, de opinião contrária, que a livre
disposição do próprio corpo é devidamente abarcada pelo texto legislativo, já que as
pessoas não desejosas de doarem seus restos mortais poderão isto expressamente
consignar em seus documentos de identificação.
Com o devido respeito aos Doutores que tratam do tema, tal discussão, hoje, não traz
qualquer utilidade prática, pois as novas redações determinadas pela Lei nº 10.211/2001
acabaram com tal presunção, o que pode ser conferido com a análise do "novo" Art. 4º,
da lei nº 9.434/97:
Art. 4º. A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas
falecidas para transplantes ou outra finalidade terapêutica dependerá
de autorização do cônjuge, ou parente, maior de idade, obedecida a
linha sucessória, reta ou colateral, até o segundo grau inclusive,
firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à
verificação da morte.
Pois bem, após esse breve apanhado, passemos à discussão do real tema de estudo.
CONCLUSÃO
Diante de tudo o que fora exposto, tem-se por plenamente impossível a configuração do
crime inscrito no tipo do Art. 211, CP, através da não observância dos requisitos
exigidos pela Lei nº 9.434/97 para a realização dos procedimentos cirúrgicos tendentes à
remoção de órgãos.
Apesar de ter este artigo a finalidade de responder à pergunta inicialmente feita, para os
que possuem conhecimento suficiente sobre a Teoria Geral do Delito, a conclusão é
lógica e de fácil constatação, o que, de per se, não retira o seu valor.
Como dito, tal impossibilidade absoluta tem por base o elemento subjetivo do tipo
(dolo), onde condutas fisicamente iguais configuram delitos diferentes tendo em vista
unicamente o fim visado pelo agente (1). Querer afirmar o contrário é pôr abaixo toda a
evolução do Direito Penal no que tange ao elemento volitivo integrante da descrição
típica.
NOTAS
(1) Para maiores elucidações, pode-se tecer o seguinte exemplo: A, armado com um
revólver calibre 38, efetua um disparo em direção a B, causando-lhe a morte. Só se
saberá qual o delito perpetrado, com a análise do dolo de A: se ele tem a intenção de
matar, configurado estará o delito do Art. 121, CP; se ele apenas tem a intenção de ferir,
poderá subsistir o delito de Lesões Corporais seguidas de Morte; se há intenção de
assegurar a consumação do delito de Roubo, poderá ser configurado o Latrocínio (Art.
157, § 3º, segunda parte, CP). Podendo esta conduta, ainda, não ser criminosa, caso se
trate de alguma causa justificante (ex.: Legítima Defesa - Art. 25, CP).
Contra os costumes