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NITERÓI
2004
Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Engenharia e Instituto de Computação da UFF
CDD 624
LEILA CHAGAS FLORIM
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________
Professor Osvaldo Luiz G. Quelhas, D.Sc., Orientador
Universidade Federal Fluminense
______________________________________________
Professor Protasio Ferreira e Castro, PhD.
Universidade Federal Fluminense
______________________________________________
Professor Rogério de Aragão Bastos do Valle, D.Sc
Universidade Federal do Rio de Janeiro
NITERÓI
2004
Aos meus amados pais, pela sua dedicação, amor, entusiasmo
e paciência demonstrados e renovados a cada dia da minha jornada.
Tal comprometimento reflete a fé inabalável na instituição sagrada
da família, sua força advinda de Deus, pai maior a que todos nos
curvamos em sua bondade e misericórdia, proporciona a certeza de
um caminho suave, tranqüilo e vitorioso.
AGRADECIMENTOS
Pela oportunidade, agradeço a Deus que na sua sabedoria soube articular os fatos na hora e no
momento certos.
Aos meus pais, onde todo e qualquer agradecimento é muito pouco diante do apoio recebido,
resultando na realização de mais um projeto de vida configurado na obtenção do título de
mestre.
À família, sempre presente em uma corrente fraterna de apoio e solidariedade, e aos amigos,
incentivando e participando sempre, caracterizando peças fundamentais ao equilíbrio
emocional necessário ao trabalho desenvolvido.
Ao orientador Prof. Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas, pela sua orientação e acolhida,
principalmente nos primórdios quando o caminho a ser seguido ainda era incerto;
Ao Prof. Protasio Ferreira e Castro, pela sua colaboração e participação na banca, através da
sua visão muito própria e crítica do trabalho desenvolvido, agregando valor ao mesmo.
Ao Prof. Rogério de Aragão Bastos do Valle, pela sua participação na banca e palavras de
incentivo profissional.
RESUMO
A habitação com qualidade é uma necessidade que deve ser satisfeita sem
comprometimento dos eco-sistemas existentes, levando as empresas a assumirem uma postura
ética de valorização do meio ambiente. A consciência quanto a finitude dos recursos naturais
e à degradação ambiental fomentada pela construção civil vêm despertando preocupação,
principalmente devido ao déficit habitacional de 5,4 milhões de novas habitações. A questão
ambiental atrelada à gestão empresarial é vista hoje não como modismo, mas como
necessidade de sobrevivência dentro de um mercado competitivo, uma sociedade mais atenta
aos seus direitos como consumidores e cidadãos e a sobrevivência do planeta com seus eco-
sistemas e ciclos de renovação preservados. Dessa forma, propõe-se, através de metodologia
exploratória com pesquisa bibliográfica, critérios de planejamento de empreendimentos
habitacionais voltados para a construção sustentável. Apresentam-se pautados na
ecoeficiência técnica e de gestão do empreendimento, tendo como resultado a redução
progressiva dos impactos ambientais e da intensidade do consumo de recursos ao longo do
seu ciclo de vida, a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de suporte estimada da
Terra. Contribui para o estado da arte na Construção Sustentável, dedicando-se a caracterizar e a dar
relevância sob o ponto de vista ambiental, social e econômico ao empreendimento, configurando sua
eco-eficiência.
Dwelling with quality is a need that must be satisfied without endangering the eco-
systems, leading companies to assume an ethics posture of environmental valuation. The
conscience of natural resources finitude and environmental degradation fomented by
Construction come rousing, principally due to 5,4 millions new dwellings deficit. The
environmental issue leashed to business management is not seeing as ephemeral, but as a
survival requirement inside a competitive market, a community heedful to their consumers
and citizens’ right as well as to the planet survival with its eco-systems and renewal cycles.
On this context, is proposed, through an exploratory methodology and bibliographical
research, planning criteria of dwelling projects with focus on sustainable construction.
Arouse guided by eco-efficiency techniques and project management, showing as result the
gradual reduction of environmental impacts and resources consumption intensity, to a
standard , at least, close to the planet uphold capacity. Contribute to the State of the Art on
Sustainable Construction, committing on characterize and give relevance, considering
environmental, social and economical point of view, configuring its eco-efficiency.
DEDICATÓRIA, p. 3
AGRADECIMENTO, p. 4
RESUMO, p.5
ABSTRACT, p. 6
SUMÁRIO, p. 7
LISTA DE QUADROS, p. 12
LISTA DE FIGURAS,p. 13
1. INTRODUÇÃO, p. 16
1.1 CENÁRIO ATUAL, p. 18
1.2 FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO – PROBLEMA, p. 18
1.3 QUESTÕES LEVANTADAS, p. 19
1.4 FUSTIFICATIVA MOTIVADORA DA ESCOLHA DO TEMA, p. 19
1.5 RELEVÂNCIA: OBJETO E IMPORTÂNCIA DO TEMA PROPOSTO, p. 19
1.6 METODOLOGIA ADOTADA NA CONFECÇÃO DA PESQUISA, p. 20
1.7 MEIOS UTILIZADOS PARA OBTENÇÃO DE INFORMAÇÕES, p. 21
1.8 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO, p. 21
2. REVISÃO DA LITERATURA: MEDIDAS PARA PREVENIR E MITIGAR
IMPACTOS AMBIENTAIS RUMO A ECO-EFICIÊNCIA, p. 23
2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS, p. 25
2.1.1 Abordagem Sócio-Técnica, p. 25
2.1.2 Desenvolvimento Sustentável, p. 26
2.1.3 Eco-eficiência, p. 27
2.1.4 Construção Sustentável, p. 28
2.1.4.1 Aspecto Social, p. 29
2.1.4.2 Aspecto Técnico-econômico, p. 30
2.1.4.3 Aspecto Ambiental, p. 31
2.1.5 Produção Limpa, p. 31
2.2 ETAPA DE PLANEJAMENTO, p. 40
2.2.1 Identificação da Demanda, p. 45
2.2.2 Seleção de Áreas, p. 46
2.2.2.1 Identificação de problemas ambientais no local e arredores, p. 47
2.2.2.2 Avaliação da compatibilidade ambiental com outros usos, p. 48
2.2.2.3 Identificação da disponibilidade de infra-estrutura urbana ou compromisso de sua
implantação, p. 48
2.2.3 Projeto, p. 51
2.2.3.1 Elaboração de planos de desenvolvimento integrado, p. 51
2.2.3.2 Adequação às características geométricas do terreno, p. 52
2.2.3.3 Localização de equipamentos públicos, comunitários e de áreas comerciais, p. 53
2.2.3.4 Planejamento do projeto de infra-estrutura interna, p. 53
2.2.3.5 Planejamento da disposição e destinação do lixo domiciliar, p. 54
2.2.3.6 Adequação às características do clima local, p. 54
2.2.3.7 Adaptação cultural, p. 55
2.2.3.8 Cuidados com a privacidade, p. 55
2.2.3.9 Escolha dos componentes construtivos e modulação, p. 55
2.2.4 Verificação da legislação e documentos: gestão ambiental integrada ao
empreendimento, p. 56
2.2.4.1 Órgãos responsáveis pela gestão ambiental no país, p. 56
2.2.4.2 Instrumentos de Gestão Ambiental, p. 59
2.2.4.2.1 Definições, p. 59
2.2.4.2.2 Legislação ambiental: normas gerais, p. 61
2.2.4.2.3 Diretrizes para elaboração do EIA/RIMA, p. 66
2.2.4.2.4 Critérios para elaboração do EIA/RIMA, p. 67
2.2.4.3 Sistemas de gestão ambiental integrada ao empreendimento, p. 72
2.2.4.3.1 Características da gestão ambiental, p. 73
2.2.4.3.2 Histórico das normas de gestão ambiental no país, p. 76
2.2.4.3.3 Benefícios pontenciais de um sistema de Gestão Ambiental, p. 80
2.2.4.3.4 Normalização e certificação, p. 81
2.2.4.3.5 Correspondência entre a ISO 14001 e o decreto EMAS – regulamento da União
Européia, p. 85
2.2.4.3.6 Características dos Sistemas de Gestão Integrada (SGI), p. 87
2.2.4.3.7 Normas ISO 14001, p. 88
2.2.4.3.8 SGI parcial: sistema de gestão da qualidade (ISO 9001) integrado ao sistema de
gestão ambiental (ISO 14001), p. 93
2.2.4.3.9 Total: sistema de gestão da qualidade (ISO 9001), sistema ambiental (ISO 14001) e
sistema da saúde e segurança dos trabalhadores (OHSAS 18001), p. 97
2.2.4.3.10 Gestão de resíduos na construção civil, p. 100
2.2.5 Verificação das normas e padrões: responsabilidade social integrada ao
empreendimento, p. 101
2.2.5.1 Norma AA 1000, p. 110
2.2.5.2 Norma SA 8000, p. 112
2.2.5.3 GRI – Global Reporting Initiative (Iniciativa Global para Apresentação de Relatórios),
p. 113
2.2.6 Impactos ambientais e os assentamentos humanos das cidades, p. 114
2.2.6.1 Cidades sustentáveis e cidades globais: antagonismo ou complementaridade, p. 118
2.2.6.2 Percepção ambiental e sua influência no espaço físico das cidades, p. 120
2.2.7 Síntese da Fase de Planejamento, p. 125
2.3 IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO DE PRODUTOS (CONSTRUÇÃO), p. 126
2.3.1 Terraplanagem, p. 126
2.3.1.1 Movimentos de solo para redes de infra-estrutura e edificação, p. 127
2.3.1.2 Obtenção de material de empréstimo, p. 128
2.3.2 Edificações e demais obras, p. 128
2.3.2.1 Construção de drenagem de águas superficiais, p. 129
2.3.2.2 Implementação de abastecimento de água e esgotamento sanitário, p. 129
2.3.2.3 Colocação de rede de energia elétrica, p. 129
2.3.2.4 Execução do sistema e pavimentação, p. 129
2.3.2.5 Construção de passeios públicos, p. 131
2.3.2.6 Execução de obras de contenção, p. 131
2.3.2.7 Construção das unidades habitacionais, p. 132
2.3.3 Bota-fora, p. 133
2.3.4 Paisagismo, p. 134
2.4 MONITORAMENTO, p. 135
2.4.1 Uso, p. 135
2.4.1.1 Utilização das edificações e demais equipamentos, p. 137
2.4.1.2 Utilização de serviços e redes de infra-estrutura, p. 137
2.4.1.3 Geração de resíduos, p. 138
2.4.1.4 Manutenção e gerenciamento de riscos, p. 138
2.4.1.5 Comportamento e qualidade de vida dos moradores, p. 139
2.4.2 Ampliação, p. 142
2.5 AÇÃO CORRETIVA: MELHORIA CONTÍNUA, p. 142
8.ANEXOS, p. 189
LISTA DE QUADROS
A metodologia adotada é exploratória, por ter sido realizada em área sobre a qual há
pouco conhecimento acumulado e sistematizado, com utilização da pesquisa bibliográfica
caracterizando-a ao nível de premissas da construção sustentável. Através da análise
prospectiva, objetivou-se orientar a tomada de decisões presentes com base em possíveis
modificações futuras das variáveis a nível ambiental, social e econômica. Permite tornar o
gestor um comandante e não a vítima do processo, melhorando qualitativamente os planos
realizados e a base de informação disponível na tomada de decisão gerencial.
Os subsídios que permitiram compor o conteúdo do trabalho foram coletados através
de pesquisas na Internet e bibliográficas, com informações relevantes à compreensão,
situando o leitor através da abordagem sócio-técnica, em busca da eco-eficiência de suas
soluções.
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rumo a uma construção sustentável. Estas fases foram estruturadas dentro de um ciclo de
melhoria contínua e levando em consideração aspectos ambientais, econômicos
(competitividade), sociais, éticos e relacionados à qualidade.
No capítulo 3, pretende-se demonstrar a relevância do uso do ciclo PDCA dentro de
processos gerenciais de empreendimentos do setor da construção civil, juntamente com a
exposição de ferramenta de gestão da qualidade (PBQP-H) mais compatível com o setor da
construção civil.
No capítulo 4 é demonstrada a proposta desenvolvida, permitindo que
empreendimentos habitacionais alcancem a eco-eficiência e sustentabilidade desejada.
As respostas às perguntas do capítulo 1 (item 1.3) serão expostas no capítulo 5, além
de concluir o trabalho desenvolvido.
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1.3 Eco-eficiência
Além de permitir uma real adequação das atividades humanas com as necessidades do
meio ambiente, buscar a eco-eficiência é, acima de tudo, utilizar uma ferramenta estratégica
para a competitividade. O cuidado ambiental, bem como a adequação à legislação vigente
através do desenvolvimento de métodos e técnicas de produção mais limpa, é uma
preocupação que, a cada dia, cresce e se solidifica como o caminho mais seguro para se obter
um melhor padrão de desenvolvimento. Embora o objetivo seja econômico, desdobra-se em
variações, onde o sentido social surge com força de expressão própria, em diversos planos de
tempo, estendendo-se até um horizonte, no prazo mais longo, em que estará contribuindo para
a melhoria da qualidade de vida da sociedade/comunidade, com redução progressiva do uso
de recursos, e redução proporcional dos impactos ambientais.
A eco-eficiência é alcançada mediante o fornecimento de bens e serviços a preços
competitivos, que satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida,
promovendo ao mesmo tempo uma redução progressiva dos impactos ambientais e da
intensidade do consumo de recursos ao longo do seu ciclo de vida, a um nível, no mínimo,
equivalente à capacidade de suporte estimada da Terra.
Dessa forma, a eco-eficiência é uma ferramenta do desenvolvimento sustentável,
dentro do conceito do pensar globalmente agindo localmente, considerando de um lado o
aspecto econômico, de outro o ecológico, e ambos associados à visão social, onde a
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• redução da poluição;
• economia de energia e água;
• diminuição da pressão de consumo sobre matérias-primas naturais;
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Pelo exposto, podemos verificar que na construção sustentável, a eficiência além de ter
o sentido econômico, precisa ampliar o sentido social, por representar uma questão de
competitividade, cuja solução poderá ser a eco-eficiência, por ser um instrumento do
desenvolvimento sustentável, que está impondo um novo estilo de gerenciamento ambiental
ao mundo. Os projetos devem refletir uma compreensão sistêmica dos aspectos ecológicos
locais e globais, além de contemplar a cultura, o estilo de vida e senso estético de cada
indivíduo. Embora a abordagem sistêmica para alcançar a sustentabilidade seja discutida,
exemplos concretos de projetos nacionais implantados com este enfoque ainda são raros.
Do ponto de vista ambiental, pode-se dizer que a ecologia constitui uma espécie de
plataforma lógica da economia, pois falar da casa, significa menciona o ambiente do entorno
desta, onde pensar globalmente significa agir localmente, através da eco-eficiência, que é uma
ferramenta do desenvolvimento sustentável, cuja origem foi o esgotamento do modelo de
crescimento pós-industrial, que era centrado no interesse econômico, e que deu lugar a um
novo modelo de desenvolvimento harmônico e ambiental, que considera de um lado o aspecto
econômico, de outro o ecológico, e ambos associados a visão social, onde as
responsabilidades são partilhadas por todos, tanto do setor público, quanto do setor privado. A
compreensão disto é a primeira condição para o exercício de cidadania, pela harmonização
das preocupações sócio-econômicas e ecológicas, visando a melhoria da qualidade de vida e o
aumento das oportunidades às futuras gerações.
seria então utopia. Por isso, a distinção entre Produção Limpa e Mais Limpa pode parecer
apenas sutil. Entretanto, as diferenças traduzem a medida exata do quanto se espera conseguir,
na reorientação do modelo de produção de bens e serviços.
Produção Limpa e Mais Limpa defendem a prevenção de resíduos na fonte, a
exploração sustentável de fontes de matérias primas, a economia de água e energia e o uso de
outros indicadores ambientais para a indústria. Produção Limpa vai mais longe, estabelecendo
os compromissos para precaução (não usar matérias primas, nem gerar produtos com indícios
ou suspeitas de geração de danos ambientais), visão holística do produto e processo (avaliação
do ciclo de vida) e controle democrático (direito de acesso público a informações sobre riscos
ambientais de processos e produtos). Limita o uso de aterros sanitários e condena a
incineração indiscriminada como estratégias de manejo de lixo e resíduos.
Adicionalmente, a Produção Limpa especifica critérios para tecnologia limpa,
reciclagem, marketing e comunicação ambiental. Produção Limpa e Mais Limpa utilizam
critérios e padrões internacionais, ao passo que as diretrizes para a série ISO 14000 poderão
ser determinadas por quadros de certificação locais, não necessariamente orientados para a
sustentabilidade. A certificação para a ISO 14000 atenderá aos interesses dos acionistas, mas
não, necessariamente, dos demais agentes econômicos que defendem o desenvolvimento
sustentável. (FURTADO, 2004)
Os princípios da Produção + Limpa questionam a necessidade real do produto ou
procuram outras formas pelas quais essa necessidade poderia ser satisfeita ou reduzida. O
tema é bastante pertinente a atual globalização em que vivemos. Novas tecnologias devem ser
divulgadas com o objetivo direcionado a preservação do meio ambiente. A Produção + Limpa
vai ao encontro dessa necessidade na medida em que promove o Desenvolvimento
Sustentável. O sistema de produção industrial exige recursos materiais, energia, bem como
água e ar. A maneira como se lida com estes recursos e suas conseqüências globais é foco de
preocupação por parte das autoridades e reconhecida através de foros internacionais como a
Comunidade Européia.
Junto da Produção mais Limpa, as Tecnologias Limpas são importantes ferramentas
do Desenvolvimento Sustentável e estão ocupando, com certeza, o mercado de tecnologias do
futuro. Os centros de pesquisa do mundo inteiro constataram essa oportunidade, que acaba por
se tornar uma grande estratégia competitiva, fazendo com que se desenvolvam novas técnicas.
Dessa forma, aprimora-se a eficácia dos processos, visando a redução ou eliminação da
geração de resíduos e desperdícios durante o uso de matérias-primas, entre outras
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ações. Simultaneamente, novos produtos vêm sendo desenvolvidos com o enfoque da eco-
eficiência em todo o seu ciclo de vida. É o chamado eco-design.
As Tecnologias Limpas (TL) são medidas drásticas adotadas no sentido inverso dos
procedimentos normalmente impostos de cima para baixo. Para que as metas sejam atingidas,
os técnicos do Centro Nacional de Tecnologias Limpas – CNTL da Fiergs/Senai-RS/Unido-
Unep, chamam de “técnicas de fim-de-tubo”.
Com a economia gerada pela TL o preço dos produtos se torna mais atrativo e
competitivo. Estes procedimentos, criam modificações conceituais nos processos de
produção, alterando desde a configuração do desenho do produto até o lay-out de linhas de
produção e equipamento, com uma seqüência operacional mais racional e segura. Acompanhe
a seguir o fluxograma de um Projeto de Tecnologia de Produção.
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Envolvimento e determinação
de equipe pela DIRETORIA
Diminuição de geração
de resíduos na fonte
FASE 1 FASE 2
beneficiadas. Com estratégias definidas entre o setor privado (pr ex: linhas de financiamento
para este tipo de obra) e governamental (por ex: redução de impostos sobre materiais de
conceito ambiental) os projetos podem ser ampliados, atendendo assim a demandas de
condomínios populares, bairros e em seguida cidades inteiras podem ser mais sustentáveis.
No âmbito da unidade habitacional, encontram-se tanto questões ambientais próximas,
quanto ramificações distantes, mas igualmente importantes. A construção de habitações
requer, geralmente, adaptação ao terreno no qual sofrerá intervenção. Esta adaptação costuma
gerar desmatamento, alteração do seu perfil topográfico, modificando a paisagem local e
causando alterações ambientais também na região do seu entorno. Requer, ainda, diversos
materiais e componentes construtivos, consome água e energia, gera poeira, resíduos
(principalmente entulhos) e ruídos durante as obras. Na fase de ocupação, passa a gerar novos
e constantes resíduos (como esgotos e lixo domiciliares), além de gastos com energia através
de eletrodomésticos, como por exemplo aparelhos de ar-condicionado fruto de uma
concepção errônea de projeto através da falta de acuro com as técnicas de conforto ambiental,
e gastos com água tratada, usada indevidamente por falta de consciência ambiental da sua
escassez e descaso de projeto pela desconsideração de técnicas de otimização do seu uso.
No rigor de uma visão sistêmica, também se pode corretamente supor, por exemplo,
que é ambientalmente insustentável o modelo de construção de uma habitação que, apesar de
apresentar um desempenho térmico primoroso, demanda materiais e componentes, cujo
processo de produção envolve um elevado consumo de energia. Dentre eles, têm-se
notadamente o cimento (e, por extensão, os blocos de concreto e materiais associados), o
vidro, o aço, o alumínio e demais produtos metálicos, os componentes cerâmicos, louças e
metais sanitários e assim por diante. Ainda há muito a ser desenvolvido do que diz respeito à
tecnologia de materiais de construção, mas isto não invalida o uso de soluções simples como
utilizar materiais da região de maneira a barateá-los, poupando energia do combustível,
diminuindo a poluição causada pelo transporte, espalhamento de resíduo ao longo do trajeto e
fortalecendo aspectos culturais.
Na breve incursão até o momento, podem-se identificar diversos aspectos, ainda que
esparsos, mas que apontam para uma diversidade de situações geradoras de impactos
ambientais relacionados à construção de casas e ao próprio ato de morar. O mesmo panorama
elaborado aponta, ainda, que uma forma de atuação integrada, em todas as frentes de
problemas ambientais associados à habitação, é algo muito complexo e que supera as
possibilidades de uma atuação setorial.
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sistêmico, cada um dos processos existentes, ao ser alterado por uma determinada
atividade, é acelerado ou retardado, podendo até ser eliminado ou mesmo se criar
um novo processo no local. A dinâmica ambiental é fundamental para o
entendimento dos processos do meio físico, nem sempre contemplado, onde os
meios biótico e antrópico se integram. Os processos tecnológicos impõem alterações
nestes processos, sendo necessária sua consciência para que possa ser restaurado o
equilíbrio do sistema ambiental.
• Meio Físico - fazem parte a geomorfologia e acidentes ou formações naturais do
meio físico (rochas, relevo, solos), os recursos hídricos e os aspectos da
meteorologia (clima, umidade, temperatura, ventos) .
• Meio Biótico – está relacionado com os diversos ecossistemas, são os animais e os
vegetais, ou seja a fauna (papel do homem no ambiente construído e na sua melhoria
da qualidade de vida) e a flora (cobertura vegetal nos processos de movimentos de
massa, escorregamento e erosão, devido ao desmatamento) presentes. Geralmente a
retirada da vegetação nativa, é feita com tratores com lâminas frontais lisa, operando
de forma a raspar a superfície do solo eliminando a camada fértil, degradando a
natureza.
• Meio Antrópico – entende-se como a área de ação do ser humano, ou seja, os
aspectos de população, comunidades, divisas legais e componentes institucionais
definem a área de influência. Ao nível de construção, são tratados mecanismos de
controle de qualidade relativos ao desempenho do empreendimento e das relações
humanas naquele espaço e circunvizinhança.
Meio Biótico
• supressão da vegetação;
• degradação da vegetação pelo efeito de borda (resultado da interação entre dois
ecossistemas quando estes são separados por uma transição abrupta; formando uma
borda);
• degradação da vegetação pela deposição de partículas sólidas nas folhas;
• danos à fauna; e
• incômodos à fauna.
Meio Antrópico
• aumento pela demanda por serviços públicos (coleta de lixo, correios) e demais
questões de infra-estrutura;
• aumento do consumo de água e energia;
• aumento de operações/transações comerciais;
• aumento da arrecadação de impostos;
• aumento da oferta de empregos;
• aumento do tráfego;
• alteração na percepção ambiental; e
• modificação de referências culturais.
A política habitacional deve agir de forma integrada com a política urbana, de forma
mais global, permitindo uma abordagem ambiental integrada em empreendimentos
habitacionais de interesse social. A coordenação entre órgãos é o caminho viável, através da
cooperação entre, por exemplo, aqueles ligados à secretaria de obras e meio ambiente, defesa
civil, Poder Judiciário, incluindo diferentes esferas do governo estadual e federal, além de
organizações não-governamentais.
Há um crescente interesse na redução de impactos ambientais associados a este setor,
seja na fase de produção de materiais e componentes para edificação, seja na construção, no
uso ou na demolição da mesma. Para atingir tal objetivo, têm surgido, em diversos países,
muitas abordagens para análise e avaliação de tais impactos, dando origem a ferramentas para
utilização por diversos profissionais envolvidos no setor, tais como projetistas e poder
público.
A nível nacional, a metodologia proposta por Freitas (2002, p. 79), adotada neste
trabalho, se desenvolve através de uma abordagem ambiental integrada, a partir das alterações
impostas nos processos atuantes no meio ambiente pelas atividades do empreendimento, no
caso em questão um conjunto habitacional, a nível qualitativo. Porém antes, serão
caracterizadas algumas ferramentas, criadas por outros países, de auxílio à redução dos
impactos ambientais associados ao setor da construção civil.
Em outros países há ferramentas disponíveis para os profissionais, desenvolvidas por
instituições de pesquisa e empresas especializadas. O que se observa é que muitas destas
ferramentas são bastante específicas para seus países de origem, necessitando de adaptações
para sua utilização brasileira ou mesmo não podendo ser adaptadas, principalmente as
abordagens quantitativas. Já as abordagens qualitativas podem ser interpretadas como
recomendações desejáveis para a fase de concepção de projeto e podem ser usadas desde que
consideradas algumas diferenças.
A abordagem que vem sendo adotada para avaliação dos impactos ambientais baseia-
se na Análise de Ciclo de Vida (ACV), a qual busca levantar e avaliar todos os impactos
ambientais associados a um determinado produto, serviço ou processo no decorrer de sus vida
útil completa. De acordo com esta abordagem, podem ser listados alguns impactos
relacionados às edificações, tais como: consumo de recursos naturais, consumo de energia,
geração de resíduos sólidos e líquidos, emissões aéreas e uso de recursos humanos,
considerando todas as fases da vida útil da edificação.
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• GBTool (Green Building Tool) – Esta ferramenta considera, dentre outras coisas, a
legislação e regulamentações específicas do lugar onde será aplicado. A partir dos
dados locais e do edifício em avaliação, a ferramenta cria um modelo de melhor
prática com o qual será comparado ao edifício em avaliação, a partir daí é gerado um
sistema de pontuações favoráveis e desfavoráveis a ele. Além disto, é gerado um
conjunto de indicadores quantitativos, tais como consumo anual de energia, emissão
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Nos países desenvolvidos, muito já foi feito quanto à geração de dados ambientais
relativos à construção civil, através de esforços coletivos entre os diversos atores envolvidos,
haja vista a quantidade de ferramentas lançadas. O primeiro passo para o desenvolvimento
sustentável do setor, no Brasil, é a geração de dados confiáveis sobre impactos ambientais.
Tal situação pode ser revertida desde que haja um esforço conjunto dos órgãos
governamentais, centros de pesquisa, indústrias de materiais de construção, projetistas e
outros atores evolvidos com o setor. (GRIGOLETTI, 2002)
Este assunto não será mais aprofundado por estar fora do escopo pretendido pelo
presente trabalho, porém de grande importância na medida em que se configura em estímulo
ao investimento em pesquisas pelo Poder Público e iniciativa privada, levando ao
conhecimento o que está sendo feito em outros países em matéria de ferramentas de apoio ao
planejamento sustentável.
A seguir serão abordadas as etapas usuais da fase de planejamento e as recomendações
que constam do Quadro 2.7, item 2.2.7, considerando as alterações previstas nos processos
ambientais, atuando de forma preventiva. Também serão fornecidas informações que dêem
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subsídio a esta fase como por exemplo: legislação, responsabilidade social e ética nos
empreendimentos e os impactos ambientais relacionados aos assentamentos humanos.
Esta etapa inicia-se a partir de algum projeto habitacional a ser implantado pelo Poder
Público. Neste momento abrem-se inscrições para os interessados em obter casa própria em
conjuntos habitacionais, geralmente lhes são fornecidos questionários que versam a respeito
da renda, composição familiar, situação empregatícia e de moradia. De posse destas
informações já seria possível se caracterizar seu déficit habitacional, no âmbito qualitativo e
quantitativo, entretanto parece não ser o suficiente. Os futuros moradores não participam das
fases de todo o processo pertinente à fase de planejamento, configurando projetos que não
satisfazem às necessidades da população. Este vínculo costuma ser mais próximo apenas em
casos específicos como mutirão ou ajuda mútua.
Se, teoricamente, a identificação de diferentes perfis na demanda deveria influir na
caracterização do programa a implementar, a tendência é a de se observar, na prática, o
estabelecimento de programas habitacionais bastante homogêneos e padronizados.
Características como a localização, sua proximidade com o emprego e relações familiares e de
vizinhança estabelecidas, e o programa das unidades habitacionais incompatíveis com as
necessidades dos usuários, o número de dormitórios insuficientes e a impossibilidade de
acréscimos futuros, configuram soluções inadequadas às necessidades da população.
O anonimato, configurado na pessoa do futuro morador, é altamente indesejável na
medida em que não satisfaz a premissa básica de toda habitação que é a de propiciar conforto
(qualidade ambiental, laços afetivos com a vizinhança e familiares), funcionalidade (relação e
quantidade satisfatória entre os cômodos, comércio local adequado, proximidade com
emprego) e bem estar (áreas de lazer, centros culturais, áreas verdes) aos seus ocupantes. Este
anonimato não incide apenas em empreendimentos do setor público, o setor privado também
se mostra onipotente no escopo de seus projetos resultando em padronização pronunciada, não
permitindo estabelecer elo entre necessidades dos diferentes usuários e “produtos” oferecidos.
Esta característica se quebra apenas em casos mais particulares de determinadas associações
privadas, como as cooperativas, que circunstancialmente conseguem imprimir um tom pouco
mais individualizado, em alguns raros conjuntos. Assim, as conseqüências ambientais da
46
1. Sistema viário: sua implementação deve adequar-se tanto em relação ao porte como
à pavimentação, a partir do centro da cidade (ou de subcentro) até a área do
empreendimento. Deve contemplar sua proximidade com os conjuntos habitacionais,
dimensionando as vias de acordo com o tamanho do empreendimento e através do
fluxo nos horários de pico ou adaptando as existentes às necessidades de uso. Todo o
sistema deve ser pensado levando-se em consideração todo o caminho envolvido,
desde as vias locais até as vias principais, respeitando as distâncias estabelecidas
pelo Poder Público;
49
2.2.3 Projeto
sociais como o aumento do poder aquisitivo dos moradores (programas de apoio à busca de
emprego, promoção de cursos profissionalizantes), além de reestruturação tarifária e de
financiamento habitacional. O apoio ao desenvolvimento comunitário deve ser estimulado,
através da integração do conjunto com a vizinhança e no trato dos espaços coletivos e
públicos.
Uma infra-estrutura muito importante, além das necessárias a seleção de áreas para
implementação do empreendimento habitacional (abastecimento de água, esgotamento
sanitário, energia elétrica e etc.) distribuída de maneira eficiente ao conjunto como um todo e
às unidades em particular, é a que diz respeito ao sistema de drenagem de águas pluviais.
Freqüentemente situados em áreas rurais, estes conjuntos acabam por provocar erosões
nas áreas vizinhas, devido à deficiência de previsão e concepção adequada de sistemas de
drenagem na interface entre eles, lançando fluxos concentrados de águas pluviais sobre os
terrenos vizinhos. Os estragos podem tomar proporções maiores como: inundações, quando as
águas são lançadas em pontos sem continuidade adequada para o escoamento;
comprometimento da estrutura de construções vizinhas; danos ambientais e prejuízo do
desempenho futuro de lotes urbanos ainda vagos.
54
Com grande impacto ambiental, a coleta correta de lixo domiciliar deve ser prevista
desde a fase de planejamento, prevendo inclusive, a coleta de lixo seletiva (tanto na lixeira
final quanto nas intermediárias e prediais). Este procedimento pode gerar renda para os
moradores dos conjuntos, visto que a maioria dos municípios não adota a reciclagem de
resíduos, revertendo em benefícios para o empreendimento após serem comercializados .
Além do depósito final, recolhido pela coleta pública, é necessária a construção de depósitos
intermediários próximos aos prédios, onde o lixo deverá ser depositado e transportado
posteriormente para as lixeiras. Sua construção deverá levar em consideração a extensão do
conjunto, intervalo de coleta pública, leis que regulamentam o tema e a quantidade de
resíduos a ser gerada. O dimensionamento da lixeira e depósitos intermediários devem ser
calculadas com base nesta quantidade, em geral 1,0 kg / habitante (nº de moradores) / dia
(freqüência da coleta). As lixeiras devem ser construídas o mais perto possível do itinerário
dos coletores públicos, conforme especificado na fase de planejamento.
Percebe-se um grande benefício de tais práticas uma vez que adequar os ambientes aos
componentes construtivos possibilita a redução na geração de resíduos e de toda a cadeia
decorrente inerente a sua retirada da obra até a sua deposição em áreas pré-determinadas.
Atualmente já é possível a utilização de materiais resultantes do reaproveitamento de rejeitos
de outros processos ou até mesmo a sua reutilização. Constitui ainda tema de pesquisa e
estudo, já existem critérios e métodos para avaliação do desempenho potencial de produtos
inovadores, sem avaliar seu desempenho ambiental durante todo o seu ciclo de vida. Um
aspecto importante a ser considerado é a adequação dos materiais e sistemas construtivos às
características da mão de obra local.
As questões ambientais tornam-se, cada vez mais, foco de grande interesse por parte
das empresas. O Poder Público, por sua vez, possui uma estrutura no nível de leis, decretos,
normas e órgãos responsáveis por fornecer fiscalização, manutenção e embasamento
suficiente para garantir a preservação do meio ambiente.
Sendo assim, serão apresentadas uma série de conceitos, normas e legislação,
relacionados à questão ambiental na construção civil, além dos órgãos públicos responsáveis.
O Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, instituído pela Lei n.º 6.938, de
31 de agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto n.º 99.274, de 06 de junho de 1990, é
constituído pelos órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e pelas Fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e
melhoria da qualidade ambiental e tem a seguinte estrutura:
IV. Órgão Executor: O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA;
V. Órgãos Seccionais: Os órgãos ou entidades da Administração Pública Federal direta
ou indireta, as fundações instituídas pelo Poder Público cujas atividades estejam
associadas à proteção da qualidade ambiental ou àquelas de disciplinamento do uso
dos recursos ambientais, bem como os órgãos e entidades estaduais responsáveis
pela execução de programas e projetos e pelo controle e fiscalização de atividades
capazes de provocar a degradação ambiental; e
VI. Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais responsáveis pelo controle e
fiscalização das atividades referidas no inciso anterior, nas suas respectivas
jurisdições.
Caberá aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a regionalização das medidas
emanadas do SISNAMA, elaborando normas e padrões supletivos e complementares.
Com atribuições de formular, coordenar e executar a política de meio ambiente do
Estado do Rio de Janeiro, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, criada pelo Decreto nº
9.847/87, foi transformada em Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável, em 1998. No atual governo, ganhou maior abrangência passando a denominar-se
Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (Semadur), desde então
com novas características que conferem ao trato da questão ambiental sua real dimensão
holística.
No contexto do Governo do Estado, portanto, a Semadur atua, a um só tempo, no
controle das diversas formas de poluição, no gerenciamento dos recursos hídricos, de flora e
fauna e no ordenamento das intervenções do homem na natureza, incluída principalmente a
ocupação do solo urbano.
Desde o dia 1º de janeiro de 2003, a Secretaria é dirigida pelo Arquiteto, Urbanista e
Vice-Governador do Estado, Luiz Paulo Fernandez Conde, cujo corpo técnico é formado
pelos seguintes órgãos:
Para o pleno atendimento de suas atribuições legais, a Semadur funciona com o apoio
de conselhos e/ou comissões deliberativas e de órgãos e instituições executivas. Requer,
preferencialmente, estudos a serem iniciados desde a concepção do projeto na fase de
planejamento, passando pela sua construção e avançando continuamente durante toda a sua
ocupação.
2.2.4.2.1 Definições
Para maior compreensão das diretrizes a serem citadas, serão dadas as seguintes
definições abaixo:
A regulamentação destas normas foi feita pela Deliberação CECA no. 3663, de 28 de
agosto de 1997, que aprovou a diretriz para a realização de estudo de impacto ambiental e seu
respectivo relatório - DZ-041.R13. Esta deliberação cita a legislação federal e estadual
concernente à realização do EIA/RIMA para a obtenção da licença ambiental e conceitua
alguns termos, além de enumerar as atividades modificadoras do meio ambiente.
Os Estudos de Impacto Ambiental irão configurar posteriormente o Relatório de
Impacto Ambiental (Rima), correndo as despesas por conta do proponente do projeto. Este
deve ser apresentado de forma objetiva e adequado à sua compreensão, de modo a tornar
claras as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as conseqüências ambientais
de sua implantação.
Técnica Específica fornecida em cada caso. Feito isto, terá início a fase de Análise Técnica,
cujo prazo será contado a partir da data da publicação da entrega do EIA e do respectivo
RIMA, a ser feito pelo próprio responsável pela atividade. Deverá ser publicada no Diário
Oficial do Estado do Rio de Janeiro e no primeiro caderno de, no mínimo, 3 (três) jornais
diários de grande circulação em todo o Estado do Rio de Janeiro, de acordo com a NA052.
Correrão por conta do responsável pela atividade todas as despesas com elaboração do
EIA / RIMA; publicação; análise e emissão de pareceres técnicos relativos ao EIA; audiências
públicas e gestão ambiental do empreendimento e monitoração dos impactos.
A FEEMA encaminhará aos órgãos públicos que tiverem relação com o projeto, em
especial às prefeituras dos municípios onde se localizar a atividade, à Comissão de Controle
do Meio Ambiente e de Defesa Civil da Assembléia Legislativa, ao Ministério Público e à
CECA, cópias do RIMA para conhecimento, informando-os e orientando-os quanto ao prazo
para manifestação, que não poderá ser inferior a 30 (trinta) dias, contados a partir da data de
publicação. Para subsidiar a decisão da CECA, poderão ser convocadas e realizadas
Audiências Públicas publicadas no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro.
Com o intuito de tornar transparentes as medidas do poder público rumo a preservação
ambiental, o EIA, o RIMA e a licença ambiental concedida serão acessíveis ao público,
permanecendo uma cópia, à disposição para consulta dos interessados, na Biblioteca da
FEEMA, onde se juntarão periodicamente os relatórios contendo os resultados do
acompanhamento da implantação do projeto e dos planos de monitoração. Como parte
integrante do processo de AIA, a FEEMA promoverá, durante o período de análise do EIA,
reuniões para informação e discussão sobre o projeto e seus prováveis impactos ambientais,
de acordo com a NA-043.
Quadro 2.2: Parâmetros básicos e suas qualidades, utilizados na caracterização das prováveis
alterações ambientais.
PARÂMETRO QUALIDADE
Pequena
Magnitude Média
Grande
Total
Reversibilidade Parcial
Nula (irreversível)
Curta
Duração Média
Longa
Pontual
Abrangência Local
Regional
Fonte: FREITAS et al, 2002, p.98 (Coleção Habitare)
erosivo é uma alteração de duração longa, pois não cessa sem a adoção de medidas
de mitigação;
• Abrangência: que pode ser pontual (interior à área do empreendimento), local
(interior da área de influência direta) ou regional (excede a área de influência direta).
No caso dos meios físico e biótico, a qualidade da abrangência reflete o alcance, em
área, dos efeitos da alteração. Assim, por exemplo, em um solo com alta
suscetibilidade à erosão, a aceleração do processo erosivo possui abrangência
regional, pois seus efeitos, como o turvamento das águas e o assoreamento do canal,
podem extrapolar a área de influência direta. No caso do meio antrópico, a qualidade
da abrangência, que pode ser pontual (restrita a um setor do município), local
(restrita ao município) e regional (restrita, por exemplo, à Região de Governo ou
Região Administrativa em que se insere o município), reflete, também, o alcance em
área dos efeitos, mas, tendo em vista o critério específico de área de influência,
podem ser consideradas outras áreas de alcance. Assim, por exemplo, no caso da
geração de emprego, na fase de construção, quando se pretende empregar apenas
mão-de-obra do município, a abrangência tende a ser local.
Uma vez caracterizadas as alterações ambientais, deve ser efetuada, para fins de
hierarquização, a avaliação da importância de cada uma dessas alterações, utilizando-se para
tal uma combinação dos resultados de dois procedimentos. básicos: análise técnico-científica
por parte da equipe que realizou a identificação e caracterização e consulta à comunidade
(moradores potencialmente afetados, autoridades públicas, pesquisadores da região, ONGs,
entre outros).
Esses procedimentos devem visar à classificação das alterações ambientais previstas
em uma de três categorias fundamentais,a saber:
a. muito significativa;
b. significativa; ou
c. pouco significativa.
EMPRESA COM
SAÚDE E
RESPONSABILIDADE SEGURANÇA
SOCIAL
AMBIENTE QUALIDADE
GESTÃO INTEGRADA
CICLO PDCA
Para a norma ISO 14001, a gestão ambiental abrange, como parte da função gerencial
total, todos os setores na organização necessários ao planejamento, execução, revisão e
desenvolvimento da política ambiental da organização.
Dessa forma, derivam-se três características da gestão ambiental:
Atualmente, o que se percebe nas empresas é que a proteção ambiental tem sido vista e
tratada como tarefa técnica e de domínio de engenheiros, em cujo foco está o setor de
produção juntamente com atividades marginais nos setores de administração de materiais,
destinação de resíduos, logística interna, instalações e infra-estrutura, segurança, qualidade,
bem como pesquisa e desenvolvimento. Entretanto, impactos ambientais resultam não só de
processos de produção, mas também aparecem em virtude da utilização de produtos, da
destinação de produtos descartados, em virtude do transporte e do armazenamento. Deve-se
pensar no produto em todo o seu ciclo de vida e nos impactos provocados ao meio ambiente,
fazendo uso de ferramentas como a produção limpa e o uso de eco-produtos.
Os primeiros sistemas de gestão ambiental foram desenvolvidos na década de 80,
depois de graves acidentes ecológicos, os problemas ambientais predominantemente eram
relacionados à produção e à própria fábrica, nos anos 90 (devido à legislação sobre
responsabilidade pelo produto e a intensificação da problemática dos resíduos) os problemas
ambientais relacionados como produtos foram ganhando mais atenção.
74
ECOLOGIA ECONOMIA
*
GERÊNCIA
AMBIENTAL
Figura 2.3: Modelo de Interseção na relação economia/ ecologia
Fonte: DYLLICK et al, 2000, p. 24 (* considerações da autora).
75
O primeiro nível deveria ser obrigatório, mas é relaxado pela falta de fiscalização e
punições. O segundo é estimulado por legislação mais exigente e pressão de consumidores.
Atuar nos limites da sustentabilidade é mais difícil, pois dependerá da disponibilidade de
tecnologias apropriadas, consenso social e novo sistema de valores baseado em critérios de
qualidade que sejam ambientalmente sustentáveis, socialmente aceitáveis e culturalmente
valorizados. (FURTADO, 2004)
As exigências de um SGA são idênticas em todos os sistemas de normas de gerência
ambiental (ISO 14001, EMAS e BS 7750 que deu origem a ISO 14000, foi renumerada para
76
Cabe ressaltar o trabalho desenvolvido pelo GANA, que através de uma participação
efetiva no ISO/TC-207, na elaboração das normas da série ISO 14000, influiu decisivamente
para que os interesses da Indústria Nacional fossem levados em conta na referida série,
evitando-se que prevalecessem as visões dos países desenvolvidos. Neste contexto podemos
hoje contar com mais de 150 Empresas Brasileiras Certificadas pela ISO 14001, o que
conseqüentemente promoveu e gerou uma maior competitividade dos produtos nacionais em
nível internacional.
Após o término da primeira rodada dos trabalhos do ISO/TC-207, o GANA encerrou
suas atividades (junho de 1998), sendo que em abril de 1999 a ABNT criou o Comitê
Brasileiro de Gestão Ambiental – ABNT/CB-38, coordenado pelo Engº Haroldo Mattos de
Lemos, que substituiu o GANA na discussão das normas ISO 14000 a nível internacional e na
elaboração das normas brasileiras correspondentes. O CB-38 foi criado com estrutura
semelhante ao ISO TC207 e seus Subcomitês.
O desafio do CB-38 é viabilizar, por meio da normalização, a melhoria do
desempenho ambiental das empresas brasileiras, fortalecendo sua competitividade no
mercado internacional, bem como consolidando a gestão ambiental na sociedade brasileira.
Para, efetivamente, apresentar uma posição que represente os interesses do Brasil na
questão ambiental, é fundamental a participação do mais amplo espectro da sociedade
brasileira no CB-38. Por este motivo o comitê é aberto à contribuição de todos os
interessados na formulação destas normas, sendo que a participação poderá ser feita sob a
forma de cotista. Esta participação torna-se muito importante porque as empresas poderão
defender os seus interesses na redação dos documentos finais, viabilizar sua certificação
ambiental, fortalecer sua competitividade na globalização do mercado internacional, reduzir
seus custos operacionais e ampliar o diálogo com a sociedade.
O CB-38 conta, além do apoio do Ministério de Ciência e Tecnologia, com a
participação efetiva de grandes Empresas e Entidades de Classe: quais sejam ABIQUIM,
ARACRUZ, BAHIA SUL, CEMPRE, CNI, CSN, CST, CVRD, DETEN, ELETROBRÁS,
FIRJAN, FURNAS, HOLDERCIM, PETROBRÁS, SENAI-SP e ABCP.
Como a ISO 9001 foi revista, decidiu-se antecipar a revisão da ISO 14001, com o
objetivo de harmonizá-las. Foi realizado em Salvador, BA, uma reunião internacional do SC-
001 do TC207 para avançar na revisão das ISO 14001 e 14004. Está também elaborando uma
norma única para Auditorias Ambientais e de Qualidade – a ISO 19011, que irá substituir as
atuais normas ISO 10010, 10011, 10012, 14010, 14011 e 14012.
80
Além dos benefícios citados por Dyllick, vale ressaltar outros abaixo referenciados:
ambiente e de uma crescente preocupação das partes interessadas em relação a estas questões,
rumo ao desenvolvimento sustentável.
A implementação da ISO 14001 permite descobrir desperdícios e processos
ineficientes (revisão em todo o processo produtivo), tornando possível a fabricação de mais
produtos com menor quantidade de matérias-primas, criando menor quantidade de resíduos e
descobrindo produtos potencialmente poluidores.
Impulsionada pela série de certificações ISO 9000 no Brasil, uma certificação da série
14000 vem sendo o mais novo "prêmio" da indústria brasileira que deseja competir nos mais
exigentes mercados internacionais , e porque não dizer nacionais também. Assim, ergue-se a
seguinte discussão: qual o verdadeiro papel, isto é, os reais benefícios da certificação ISO
14001, que especifica as diretrizes de um sistema de gestão ambiental.
Percebem-se duas causas motivadoras na busca da certificação pelas empresas:
reconhecimento da comunidade nacional e internacional e atender a nova e rígida legislação
ambiental. A imagem da empresa associada à preservação do meio ambiente tornou-se uma
necessidade devido ao grau de exigência do mercado estar crescendo em relação à aceitação
de produtos ambientalmente corretos e as restrições, principalmente internacionais, impostas
às empresas poluidoras. A certificação ISO 14000 passou a ser encarada como um passaporte
para as exportações a mercados mais exigentes. (EMPRESAS, 1999, p.25 et seq.)
O cumprimento das leis ambientais, como a Lei 9605 da Natureza, conhecida como
Lei dos Crimes Ambientais, não é uma tarefa muito fácil, pois o custo para a destinação
correta dos resíduos gerados, o tratamento do passivo ambiental e as multas elevadas
tornaram onerosos os processos de produção atuais para os despreocupados ambientalmente
na maioria das empresas nacionais.
Este quadro alavancou a busca da certificação ISO 14001, pois ela promove uma
revisão em todo o processo produtivo, identificado as atividades poluidoras e o desperdício de
matérias-primas e energia, além de organizar uma sistemática de monitoramento do sistema
de gerenciamento ambiental.
Os investimentos para a implantação da ISO 14000 não são facilmente mensuráveis,
mas nota-se que existem dois custos distintos, denominados de custos de implantação
(consultoria, treinamento e monitoramento com custos que variam entre 100 a 300 mil reais
dependendo do tamanho da empresa) e custos de processo (investimentos na melhoria ou
substituição de processos e certificação em ISO 14001, com custos difíceis de estimar).
83
Quanto as diferenças formais no que diz respeito ao seu tipo de vínculo, no EMAS a
prescrição legal passa a ter força de lei para todos que optarem por ela, devido ao fato do
EMAS, e da própria ISO 14001, ser de participação voluntária. Outra diferença formal diz
respeito ao fato do EMAS apresentar elementos soberanos que se expressam em
características com supervisão estatal da licença e das atividades dos peritos ambientais,
registro oficial das localizações organizacionais, publicação no jornal oficial da Comunidade
Européia ou envolvimento de órgãos públicos nos testes de conformidade legal.
As diferenças de conteúdo são mais variadas como por exemplo: a norma ISO vale
mundialmente, enquanto as disposições do EMAS são restritas ao espaço da Comunidade
Européia / Espaço Econômico Europeu; as atividades do EMAS estão restritas às atividades
industriais e são concebidas especificamente para um local, a norma ISO é totalmente aberta.
Ela pode ser utilizada para uma organização inteira ou parte dela e se aplica a atividades de
comércio, de prestação de serviços ou industriais; dentre outras.
Um reconhecimento da ISO 14001 como norma de SGA em conformidade com o
EMAS é possível de acordo com o artigo 12 do decreto EMAS e ambicionada tanto pela
comissão da EU como também pela organização de normas européias CEN. Sendo assim, em
2001 foi publicado o novo regulamento EMAS (EMAS II), instituído pelo Regulamento (CE)
n.º 761/2001 do Parlamento Europeu e do Conselho de 19 de Março de 2001, que revoga o
primeiro.
A revisão incidiu particularmente em:
totalmente integrados e certificados em ISO 9001, diz respeito à gestão da qualidade, ISO
14001 integrados ainda com a BS 8800 como é o caso da BELGO MINEIRA
PARTICIPAÇÃO em Juiz de Fora - MG. (SALVATERRA, 2004, P.11)
Atualmente está em estudo na Holanda uma proposta para reconhecimento da OHSAS
18001 como norma certificável, já que todos os certificados emitidos até o momento são de
conformidade, não possuindo ainda reconhecimento pela ISO e pelos organismos
acreditadores dos diversos países, sendo no Brasil, âmbito do INMETRO.
Posteriormente será apresentada a norma ISO 14001, antes de apresentar os Sistemas
de Gestão Ambiental (parcial e total), uma vez que esta norma deve permear qualquer SGA.
O comitê técnico de Meio Ambiente da ISO iniciou os trabalhos em 1994, sendo que
no segundo semestre de 1996 o mercado mundial teve acesso à série de normas ISO 14000.
Enquanto a NBR ISO 14001 é certificável, isto é, sua adoção possibilita a certificação do
SGA por terceiros, a NBR ISO 14004 é um guia para implementação desse sistema. Deve ter
seu início desde a concepção do projeto na fase de planejamento, seguindo pela fase de
construção e posterior ocupação. No Brasil, o sistema de gestão ambiental surgiu um pouco
antes da série de normas ISO 14000 ser publicada oficialmente.
A ISO 14001 é uma estrutura que inspira e canaliza a criatividade de todos os
membros da organização, tornando-os agentes ativos da proteção ambiental, da conservação
de recursos e da melhoria da eficiência. Quando todos os membros de uma organização são
desafiados a pensar de forma diferente, promove-se a criação de produtos e serviços
inovadores. A inovação constitui-se um propulsor fundamental para o crescimento
econômico, o que faz da ISO 14001 uma formidável ferramenta na qual se deve investir.
Atualmente os países desenvolvidos já exigem de seus fornecedores a certificação ISO
14001, o que significa uma barreira comercial às empresas que ainda não acordaram para a
gestão ambiental. (DOZOL,2004)
As denominações de cada documento da ISO possuem leves diferenças de acordo com
a fonte consultada. O título definitivo é definido, quando da aprovação como documento
válido da ISO. Comparado com as normas internacionais definitivas (International
Standart - IS)
89
• Política ambiental: A organização deve intencionar fazer tudo que precisa ser feito.
Deve garantir seu compromisso com o sistema de gestão ambiental e definir sua
política nesta área. Na prática isto acontece com um conjunto de diretrizes;
• Planejamento: A organização deve fazer uma avaliação ambiental, bem como definir
objetivos e formular programas para atender sua política ambiental. As principais
áreas a serem analisadas são os requisitos legais e os aspectos ambientais
significativos. A partir destas informações, devem ser definidas as medidas, meios e
prazos para o alcance das metas;
• Implementação e operação: Para uma efetiva implementação, a organização deve
desenvolver capacidades e mecanismos de apoio necessários à realização dos
objetivos e metas de sua política ambiental. Trata-se de aspectos da definição e
documentação das tarefas e responsabilidades no setor ambiental, da necessidade de
formação e especialização de pessoal, das medidas de comunicação, bem como da
preparação de pessoal e meios financeiros necessários para implementação do SGA;
• Verificação e ação corretiva: A organização deve medir, monitorar e avaliar seu
desempenho ambiental sistematicamente. As não-conformidades dos processos
estabelecidos devem ser documentadas (mantê-las à disposição) e definidos
procedimentos para averiguar as causas, bem como ações corretivas. Finalmente,
devem ser feitas auditorias ambientais regulares, a fim de constatar se as pretensões
autodefinidas estão sendo mantidas e se o SGA foi implantado e esta sendo mantido
corretamente;
90
Na fase de Planejamento
É cada vez mais significativa a importância das questões ambientais no país, haja vista
a grande freqüência com que o tema é tratado nas revistas especializadas e pelo número de
empresas certificadas pela ISO 14001, no Brasil e no exterior. Conferir, no Quadro 2.5, a
especificação do número de certificados emitidos até 30 de junho de 1999, por país.
Entenda-se por certificados válidos como aqueles certificados não vencidos, não
suspensos e não cancelados. A marca de credenciamento do Inmetro é necessariamente
emitida apenas por organizações credenciadas pelo Inmetro. Ela indica que o certificado
pertence ao SBAC (Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade) e que o processo de
certificação e recertificação poderá ser auditado pelo Inmetro.
Até dezembro de 2001 havia 350 certificados emitidos e 900 até dezembro de 2002,
válidos com Padrão Normativo ISO 14001:1996. Em 2003 já havia, em todo mundo, cerca de
20.000 certificados emitidos segundo esta norma.
O grande apelo à Série ISO 14000, configurado nos números acima citados, mostra
uma constante preocupação das empresas em certificar-se, mas também é acompanhado de
imprecisão quanto ao alcance das normas e nas incertezas da efetividade ambiental após a
implantação. Além disso, parece que o vocábulo auditoria passou a ser entendido como se
fosse de uso exclusivamente correlacionado às Normas Técnicas. Auditoria, verificação ou
atividade afim não são privativas de Normas Técnicas. Envolvem procedimentos para
diferentes tipos de atividades, para que a organização possa alcançar suas metas e objetivos
ambientais perante consumidores, clientes, empregados, investidores e seguradoras,
organizações governamentais e não governamentais e outros grupos de interesse específicos.
93
2.2.4.3.8 SGI parcial: sistema de gestão da qualidade (ISO 9001) integrado ao sistema de
gestão ambiental (ISO 14001)
A norma ISO 14001 apresenta princípios comuns com a série de normas ISO 9000
com relação ao sistema de gestão. Uma comparação entre os elementos de ambos os sistemas
de gestão mostra que para o cumprimento das exigências são requeridos muitas vezes os
mesmos tipos de procedimentos. Porém, por causa dos objetivos e organizações divergentes
de ambos os sistemas, resultam diferentes exigências de conteúdo na constituição do sistema,
como se depreende do Quadro 2.6.
A crescente preocupação com a Responsabilidade Social, fez com que mais empresas
buscassem pela certificação ISO 14001 que, de 350 certificados emitidos em dezembro de
2001, passou para 900 em dezembro de 2002. Ao contrário do SGQ, cujos requisitos e uso são
bastante familiares para a maioria das organizações, o SGA é comparativamente novo, pois
muitas organizações estão apenas começando a aprender sobre sua implementação e uso. A
ISO 14001 foi publicada em setembro de 1996, estabelecendo requisitos genéricos para SGAs
aplicáveis a todo tipo de organização. Existem, atualmente, cerca de 20.000 certificados ISO
14001 em todo o mundo. Um dos principais conceitos da ISO 14001 é o comprometimento
com a melhoria contínua, o qual requer que a organização trabalhe continuamente a fim de
melhorar seu SGA e, conseqüentemente, reduzir os impactos ambientais negativos,
aumentando, ao mesmo tempo, os impactos positivos. Uma característica que não deve ser
negligenciada reside no fato de que a maioria das organizações que estão implementando o
SGA baseado na ISO 14001 já possui um SGQ baseado na ISO 9001, e experiência com o seu
uso. Surge então o conceito de Sistemas de Gestão Integrados, ou SGI's. (THIESEN;
KAWANO, 2003, p.1)
No caso de um SGQ estar disponível, serão menores os esforços necessários para
estabelecer um SGA. A norma ISO 14001 faz uma ponte entre as estruturas de um SGA e de
um SGQ. As semelhanças sistêmicas encontram-se, principalmente, nas seguintes áreas:
A expansão dos SGIs é uma realidade, de acordo com o 12º Ciclo da ISO Survey,
pesquisa anual publicada recentemente pela International Organization for Standardization
(ISO), revelou o total destes sistemas de gestão certificados em conformidade com as normas
ISO 9000 (gestão da qualidade) e ISO 14001 (gestão ambiental) implantados em todo o
mundo até o final de 2002: 611.209 certificados. Isto representa um crescimento de 11,6% em
relação ao ano anterior, em que o total de certificados alcançou a marca de 547.381.
(REVISTA FALANDO DE QUALIDADE, 2003, p.46)
Além disso, as normas ISO 9000 são a base sobre a qual se assentam os SGIs, tanto os
parciais como os totais (Meio Ambiente + Qualidade + Segurança e Saúde no Trabalho).
Sendo assim, serão feitos comentários a respeito da norma ISO 9001, de maneira a
proporcionar uma visão mais abrangente do assunto em questão.
Há algumas semelhanças que justificam a integração destes sistemas, a nova ISO
9001:2000 é mais compatível com a ISO 14001:1996 do que o era a ISO 9001:1994. Um dos
principais objetivos da revisão da ISO 9001 foi reorganizar seu conteúdo, a fim de
corresponder o máximo possível ao conteúdo da ISO 14001. Apesar de não serem idênticos
(numeração divergente), seus requisitos são compatíveis entre si. Um dos conceitos
intimamente associados com as normas ISO 9000, com a finalidade de gerenciar os processos,
é o conhecido ciclo PDCA, sigla em inglês de Plan, Do, Check, Action (Planejamento,
Execução, Checagem, Ação), um dos principais métodos de administração pela Qualidade
Total. Este método proporciona interface de aplicação com outros sistemas de gestão. Sendo
96
assim, as normas ISO 9001 descrevem o método de melhorias em questão como parte
integrante do seu Sistema de Gestão da Qualidade.
Outro motivo para a revisão da ISO 9001: 1994 se deve ao fato de esta ser “baseada na
conformidade” e o que se desejava era “desempenho”. Portanto, a versão antiga estava
voltada para o acompanhamento de procedimentos (por exemplo: a assinatura de uma pessoa
sem autorização requisitada em determinado documento, resultava em uma não-
conformidade) ao invés de voltar à atenção para o desenvolvimento de melhores processos.
Por muitos anos japoneses e americanos demonstraram pouco interesse em
certificações ISO 9001: 1994, preferindo a abordagem da Gestão da Qualidade Total (TQM),
voltada para a melhoria contínua. Provavelmente, em face destas, a Organização das Normas
Internacionais (ISO) lançou sua nova versão, com cláusulas adicionais cobrindo áreas como
medição da satisfação do cliente e melhoria contínua e incorporando princípios do TQM.
Dessa forma, as companhias passaram a olhar a contribuição da ISO 901:2000 de uma
maneira mais positiva. (REVISTA FALANDO DE QUALIDADE, p.24-25)
Os dados do Comitê Brasileiro da Qualidade (CB-25) da Associação B
rasileira de Normas Técnicas (ABNT) indicam que das 6.273 empresas certificadas
atualmente no Brasil, 2.457 são certificadas com o padrão normativo ISO 9001:2000. Apesar
disto, o número do crescimento das certidões ISO no Brasil foi negativo, de acordo com o 12º
Ciclo da ISO Survey, pesquisa anual publicada recentemente pela International Organization
for Standardization (ISO). De um total de 9.489 certificados registrados em dezembro de
2001, houve uma queda para 7.900 em dezembro de 2002. Já na versão 2000, em comparação
a estes mesmos anos, em 2001 foram emitidos 182 certificados na versão 2000, enquanto que
em 2002 foram 1.582 certificados. (REVISTA FALANDO DE QUALIDADE, 2003, p.46)
Foi dado um prazo até o dia 14 de dezembro, de acordo com a diretriz do International
Accreditation Fórum (IAF) da ISO, para fazer a adaptação de seus Sistemas de Gestão da
Qualidade (SGQ) e, conseqüentemente, a migração à ISO 9001:2000. É importante que
durante este processo, que envolve planejamento e implementação, haja o comprometimento
de todos os envolvidos, com treinamento, divulgação da norma e auxílio de pessoal
capacitado para pôr o sistema em prática.
O tempo de adaptação nesse processo não é possível de ser calculado com precisão,
uma vez que a realidade e a cultura de cada organização é única, assim como a variação e a
complexidade dos processos de cada uma delas.
97
Para a Transportadora Cometa, com sede em Recife (PE), por exemplo, a transição foi
complexa. O coordenador nacional de qualidade da empresa, Antonio Queiroz, conta que o
processo de atualização teve início em meados de 2002 e até agora não terminou. Segundo
ele: “O maior desafio, e não dificuldade, desta nova versão foi a implementação da visão por
processos, haja vista que os departamentos são estavam acostumados a trabalhar por
processos, ou seja, ainda existia uma departamentalização muito forte.” (FALANDO DE
QUALIDADE, 2003, p.43).
As versões anteriores enfocavam a garantia da qualidade e agora o enfoque está
direcionado para gestão da qualidade, faz com que a empresa vislumbre a necessidade de se
preocupar com o ambiente interno e externo à empresa, ou seja, tanto o lado financeiro como
o social (ambiental), certamente um ponto positivo.
2.2.4.3.9 Total: sistema de gestão da qualidade (ISO 9001), sistema de gestão ambiental
(ISO 14001) e sistema de gestão da saúde e segurança dos trabalhadores
(OHSAS 18001)
Uma vez que as normas ISO 9001 e ISO 14001 já forma citadas anteriormente, será
dada maior ênfase às normas que visam à saúde e segurança dos trabalhadores, com
responsabilidade social nas empresas.
Paralelamente ao lado ambiental, de caráter predominante externo, faz-se necessário
os mesmos cuidados dentro da empresa, com os funcionários e com eventuais riscos a
segurança da circunvizinhança. O BSI, British Standard Institute, elaborou um guia para o
gerenciamento da segurança e saúde no trabalho (SST), baseado na norma ISO 14001,
facilitando assim a integração dos sistemas. O BSI é uma instituição governamental
semelhante a ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas, no Brasil. A BS 8800 é uma
diretriz britânica, logo não certificável e não possuindo, por conseguinte, acreditação do
INMETRO. São auditadas pelos organismos certificadores que emitem certificado próprio,
porém sem acreditação governamental.
A partir da década de 60 com o estabelecimento do Sistema Just-in-Time, os sistemas
de qualidade reorientaram-se na direção da avaliação tecnológica do desempenho de
processos, produtos e serviços. Como resultado deste avanço mundial na direção de padrões
de qualidade, houve a proliferação de normas abordando a gestão da qualidade (ISO 9000 e
QS 9000), gestão ambiental (ISO 14000, sendo que a BS 7750 deu origem a ISO 14000, foi
98
renomeada para BS 8800, pois, além de tratar do Sistema de Gestão Ambiental, incorporou os
requisitos de higiene, saúde e segurança nas empresas) e gestão da segurança e saúde do
trabalho (BS 8800, futura ISO 18000). Estas normas objetivam ações pró-ativas, buscando
minimizar prejuízos oriundos de deficiências crônicas da fase de planejamento.
A maioria das empresas interessadas na implementação de um Sistema de Gestão
Integrada envolvendo as normas de qualidade, meio ambiente, saúde e segurança, possuem
um SGQ já implantado (conforme demonstra pesquisa realizada pelo QSP), sendo que 87%
destas apresentam como primeira certificação a ISO 9001/9002 e apenas 7% a ISO 14001. A
mesma pesquisa, apresenta que a maioria das empresas participantes apresenta sistema
integrado de qualidade e meio ambiente, totalizando 68% e apenas 27% apresentam sistema
de gestão ambiental, qualidade, saúde e segurança. Demonstrando, desta forma, a crescente
demanda das empresas em implantar um sistema de gestão integrado. (THIESEN;
KAWANO, 2003, p.1)
A Serie para Avaliação de Segurança e Saúde Ocupacional OHSAS, especificação
18001:99, foi emitida com princípios para busca da Certificação, utilizando a estrutura da ISO
14001 e os princípios da BS 8800. A proposta para elaboração de uma norma no âmbito da
ISO foi lançada novamente em 2000, mas foi rejeitada. Atualmente está em estudo pelo RvA
(Holanda) a proposta para reconhecimento da OHSAS 18001 como norma certificável, já que
todos os certificados emitidos até o momento são de conformidade, não possuindo ainda
reconhecimento pela ISO e pelos organismos acreditadores dos diversos países, sendo no
Brasil, âmbito do INMETRO. Entretanto, em vista da premência do mercado, a OHSAS tem
sido implementada antes mesmo da normalização ao nível internacional.
As ferramentas chaves, entre outras são: identificação dos riscos (sejam eles físicos,
químicos, biológicos, ergométricos etc), estabelecimento de objetivos de melhoria,
identificação das necessidades de treinamento, verificação da eficácia através de auditorias e
analise critica pela administração.
A grande vantagem em se implementar um Sistema de Gestão para Segurança e Saúde
Ocupacional tem sido a mudança de uma postura reativa, para uma postura preventiva. O
Brasil, em função de sua história trabalhista, possui uma das melhores legislações referentes a
Segurança e Saúde Ocupacional. Entretanto a legislação ainda tem uma característica reativa,
por exemplo: acidentes com perda ou sem perda, taxas de gravidade e de freqüência, etc.
(TAVARES, 2004)
99
• Conjunto de documentos;
• Política abrangendo os requisitos da qualidade, ambiental,
saúde e segurança;
• Representante da administração;
• Sistema de gestão de registros e de treinamentos;
• Sistema de controle de documentos e dados;
• Conjunto de instruções de trabalho (abrangendo questões
ambientais, saúde e segurança e qualidade);
• Programa de auditoria interna (incluindo uma única equipe
de auditores qualificados);
• Plano de reação às não-conformidades da qualidade, do meio
ambiente e da saúde e segurança;
• Programa de ações corretiva e preventiva;
• Sistema de gestão de registros;
• Reunião para análise crítica pela administração.
Os requisitos relativos a cada uma das normas que não forem comuns, tornam-se
procedimentos independentes e referidos no manual. Ao implementar o SGI, a empresa deve
100
• Fica estabelecido o prazo máximo de doze meses para que os municípios e o Distrito
Federal elaborem seus Planos Integrados de Gerenciamento de Resíduos de
Construção Civil, contemplando os Programas Municipais de Gerenciamento de
Resíduos de Construção Civil oriundos de geradores de pequenos volumes, e o prazo
máximo de dezoito meses para sua implementação;
• Fica estabelecido o prazo máximo de vinte e quatro meses para que os grandes
geradores incluam os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil
nos projetos de obras a serem submetidos à aprovação ou ao licenciamento dos
órgãos competentes;
• No prazo máximo de dezoito meses os Municípios e o Distrito Federal deverão
cessar a disposição de resíduos de construção civil em aterros de resíduos
domiciliares e em áreas de “bota fora”.
responsabilidade social empresarial ganhou forte impulso na década de 90, através da ação de
entidades não governamentais, institutos de pesquisa e empresas sensibilizadas para a questão.
O trabalho do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas - IBASE na promoção do
Balanço Social é uma de suas expressões e tem logrado progressiva repercussão.
Devido a isto, as entidades têm incluído a Contabilidade Social como ferramenta de
informação para a responsabilidade social. Trata-se de um ramo da Contabilidade que
incorpora distintos aspectos sociais, como a de recursos humanos, do meio ambiente e de
caráter ético. As empresas hoje funcionam como agentes transformadores, que exercem
grande influencia sobre estes recursos. São muitos os benefícios dados pela Contabilidade
Social e a idéia é fazer com que as empresas se unam a ela, para que a Contabilidade Social
(sua abrangência consta das recomendações que foram endossadas por 170 chefes de estado
na Agenda 21, a plataforma de ação do desenvolvimento sustentável) consiga sua efetivação e
êxito. Isto é possível se a organização adotar uma gestão, eminentemente participativa,
envolvente e comprometida com todas as camadas que formam o sistema social e
organizacional.
Neste sentido, vários projetos são criados, atingindo principalmente os seus
funcionários e, em algumas vezes, seus dependentes, e o público externo, contemplando a
comunidade a sua volta ou a sociedade como um todo. O grande problema é que não se
realiza um gerenciamento correto a fim de saber qual o retorno para a empresa. Posto isto,
várias normas, diretrizes e padrões foram criados, como a Norma AA 1000, a SA 8000 e a
GRI, contribuindo para criar um modelo de visão sobre as práticas de responsabilidade social
e empresarial e sua gestão de desempenho. No Brasil, há o Instituto Ethos, que é uma
iniciativa de padronização, além do modelo do Balanço Social proposto pelo IBASE.
Na União Européia, temos o Livro Verde que divide as áreas de conteúdo da
Responsabilidade Social Corporativa em dois grandes blocos, sendo que o primeiro é relativo
a aspectos internos e o segundo, a aspectos externos.
Na dimensão interna, em nível empresarial, as práticas socialmente responsáveis
implicam, fundamentalmente, os trabalhadores e prendem-se em questões como o
investimento no capital humano, na saúde, na segurança e na gestão da mudança, enquanto as
práticas ambientalmente responsáveis se relacionam sobretudo com a gestão dos recursos
naturais explorados no processo de produção. Estes aspectos possibilitam a gestão da
mudança e a conciliação do desenvolvimento social com uma competitividade reforçada.
104
1. Valores e Transparência;
2. Público Interno;
3. Meio Ambiente;
4. Fornecedores;
5. Consumidores e Clientes;
6. Comunidade;
7. Governo e sociedade.
106
selecionados pela postura que adotam perante seus funcionários e meio ambiente, voltados à
responsabilidade social. A responsabilidade social se revela também através do apoio dado às
pequenas e médias empresas, priorizando-as na escolha de seus fornecedores e auxiliando-as a
desenvolverem seus processos produtivos e de gestão. Tal iniciativa pode ser implementada
inclusive através de treinamento de funcionários destes pequenos fornecedores, no ambiente
da empresa, transferindo para eles seus conhecimentos técnicos e seus valores éticos e de
responsabilidade social.
Com relação aos Consumidores e Clientes, quinto item, a responsabilidade social
exige da empresa o investimento permanente no desenvolvimento de produtos e serviços
confiáveis, que minimizem os riscos de danos à saúde dos usuários e das pessoas em geral. A
publicidade de produtos e serviços deve garantir seu uso adequado, com informações
detalhadas, devendo estar incluídas nas embalagens de maneira a dar suporte necessário ao
cliente antes, durante e após o consumo (SAC – Serviço de Atendimento ao Cliente ou outra
foram de suporte ao cliente). A empresa deve alinhar-se aos interesses do cliente e buscar
satisfazer suas necessidades. A comunicação com relação aos produtos e serviços deve ser
verdadeira (evitando criar expectativas que extrapolem o que é oferecido efetivamente), não
oferecer constrangimento a quem for recebê-la e devem informar corretamente os riscos
potenciais dos produtos oferecidos.
Ainda considerando os Consumidores e Clientes, é tarefa da empresa desenvolver
ações de melhoria da confiabilidade, eficiência, segurança e disponibilidade dos produtos e
serviços. Ela deve buscar conhecer os danos potenciais que possam ser provocados por suas
atividades e produtos e alertar os consumidores/clientes quanto a eles, atuando em um
processo de melhoria contínua e observando as normas técnicas relativas a eles (ex.: normas
da ABNT).
A Comunidade, item 6, também faz parte dos indicadores como fornecedora de infra-
estrutura e capital social à empresa, representado por seus empregados e parceiros,
contribuindo decisivamente para a viabilização de seus negócios. Em contra partida, a
empresa investe em ações que tragam benefícios para a comunidade, além de reverter em
ganhos para o ambiente interno e na percepção que os clientes têm da própria empresa. O
respeito aos costumes e culturas locais e o empenho na educação e na disseminação de valores
sociais devem fazer parte de uma política de envolvimento comunitário da empresa, resultado
da compreensão de seu papel de agente de melhorias sociais. A empresa pró-ativa na
responsabilidade social assume como meta a contribuição para o desenvolvimento da
109
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Figura 2.4: Empresa socialmente responsável e os atores envolvidos na gestão.
Fonte: PRÓPRIA
• planejamento; responsabilidade;
• auditoria e relato;
• integração de sistemas;
• comprometimento dos stakeholders.
Em 2002, o ISEA realizou uma fase de consulta a stakeholders e fez uma revisão da
norma, apresentando novos elementos. Esta norma foi denominada de AA 1000S. É um
padrão básico de responsabilidade, para melhorar a qualidade do processo de Contabilidade,
Auditoria e Relato. Não é um padrão certificável e, sim um instrumento verificável de
mudança organizacional, derivado da melhoria contínua, e de aprendizagem e inovação, para
“servir de modelo do processo a seguir na elaboração; proporcionar mais qualidade a outros
padrões específicos e complementar outras iniciativas”.
É o primeiro padrão de certificação social que busca garantir os direitos básicos dos
trabalhadores. Quem credencia as organizações qualificadas para verificar a conformidade é a
Social Accountability International – SAI. Além de proteger sua reputação e a integridade de
suas marcas, a SA 8000 possibilita às companhias de todo o mundo externarem seus valores
éticos e seu grau de envolvimento social, aspectos fundamentais, frente a um consumidor-
cidadão, cada vez mais participante e vigilante.
A seguir alguns dos principais pontos apresentados pela norma SA 8000:
O GRI não oferece nenhum modelo de Balanço Social. O que propõe baseia-se no
conceito de sustentabilidade. Busca transformar a elaboração destes relatórios sobre
sustentabilidade em uma rotina e conferir-lhes credibilidade como as demonstrações
financeiras em termos de comparabilidade, rigor e verificabilidade. (KRAEMER, 2004)
Pretende-se a seguir refletir a respeito dos impactos provocados pelas habitações
através de uma lente de aumento, enxergando não apenas a sua circunvizinhança, mas a
cidade na qual está inserida e dentro de um mundo globalizado. A habitação, enquanto
interferência física, influencia e sofre influência do seu entorno, com impactos nos eco-
sistema constituídos.
surtirão efeito sem a participação da própria sociedade. Para isto, é necessário que se construa
relacionamentos político-sociais dos cidadãos com suas cidades, nas quais a implementação e
manutenção do espaço e dos equipamentos públicos se transformem em responsabilidade
coletiva, diferente da noção convencional de espaço público como propriedade privada da
população.
É necessária uma mudança de paradigma por parte do governo, deixando para trás as
formas tradicionais de representação pelas instituições legislativas e executivas e avançando
rumo à democracia participativa. Segundo ACSELRAD (2001, p.17), “Uma vez que a
comunidade se torne a protagonista de sua história, as prioridades são facilmente redefinidas
e as necessidades sociais são trazidas para o primeiro plano pelos sujeitos que as sintam e
experimentem”.
Quando se fala em desenvolvimento das cidades em nível de sustentabilidade,
percebem-se duas vertentes de análise, o da “ambientalização” das políticas urbanas e de
introdução das questões urbanas no debate ambiental. As grandes metrópoles, com sua
concentração populacional, passam a incorporar a temática do meio ambiente na tentativa de
reverter a eclosão de conflitos entre os atores sociais, como: a ocupação urbana e as redes
públicas de abastecimento, entre a configuração dos transportes públicos e os gases poluentes
emanados afetando a qualidade do ar, entre a implantação de indústrias e os resíduos
descartados nos rios e entre outros. Observa-se uma preocupação crescente com a
temporalidade das cidades, com a fragilidade das estruturas urbanas frente ao risco de
perderem substancialmente sua sustentabilidade, é necessário um ajuste ecológico dos fluxos
urbanos. Não basta que tais fluxos promovam cidades compactas, capazes de economizar
espaço e energia, nem tampouco que tenha na “sustentabilidade” um mero atributo simbólico
adicional para a competição interurbana desenvolvida através do marketing de cidades, é vital
a reconstrução do tecido social através da democratização do território, no combate à
segregação sócio-espacial, na defesa dos direitos de acesso aos serviços urbanos e na
superação da desigualdade urbana.
A proposição central no discurso da sustentabilidade é a busca da eficiência na
utilização dos recursos do planeta. Há implícito nesta proposição a idéia de limite, colocando
como finita a promessa liberal de abundância universal através de um crescimento constante
da demanda e da sustentação de um mercado em permanente expansão. Além de se levar em
consideração uma alocação ótima dos recursos, há que se pensar também numa escala ótima,
grandeza na qual a pressão do esforço produtivo agregado sobre a base material do
116
Há dois modelos, antagônicos ao nível da retórica, são os que mais tem se propagado e
se destacado no nível de desenvolvimento urbano. O modelo de cidades sustentáveis é a
extensão para a esfera local da operacionalização do conceito de desenvolvimento sustentável.
O processo do desenvolvimento sustentável possui três dimensões envolvidas – elementos de
equidade social, de conservação ambiental (e patrimonial) e de eficiência econômica.
Segundo o Relatório de Brundtland (Comissão Mundial, 1988), cidade sustentável é a que
assegura o atendimento das necessidades do presente sem comprometer a capacidade das
gerações futuras satisfazerem também as suas.
Estes dois modelos encerram representações distintas do espaço-tempo urbano e de
globalização. O primeiro modelo é configurado por privilegiar a dimensão econômica, o
curto prazo e a integração a fluxos econômicos desterritorializados (segmentados),
ambicionando economizar o tempo. Já o modelo da cidade sustentável privilegia as dimensões
ecológica e cultural, o longo prazo e a articulação de escalas temporais, os ritmos naturais e
urbanos. O modelo global possui como condição de competitividade a supressão de espaço e
tempo, a tecnologia da informação atravessa esta fronteira realizando todas as operações,
financeiras, de mercadorias e informações, em “tempo real”. A reintrodução das
temporalidades naturais cíclicas, evolutivas e urbanas na tomada de decisão política é a
condição de durabilidade do desenvolvimento urbano.
Esta divergência entre os dois modelos pode levar a considerá-los, a princípio,
antagônicos. Mas há pontos de convergência, não é fator unânime a economia de tempo por
parte do modelo global, embora procure dinamizar ao máximo as suas operações, há aspectos
cuja competitividade depende de “recursos lentos” que somente podem ser criados a médio e
longo prazo, como a competência dos trabalhadores para desenvolverem suas funções cada
vez mais complexas e com tecnologias altamente mutantes, subordinada a velocidade de
novas descobertas.
A competitividade do mundo globalizado e a sustentabilidade urbana, na realidade, são
irmãos siameses, um não pode existir sem o outro. Isso porque a globalização da economia,
com os movimentos do capital direcionando o fluxo de produção, distribuição e gestão que se
inter-relacionam no conjunto do planeta, não comporta a especificidade do território como
unidade de produção e consumo. As cidades passam a depender, cada vez mais, das formas de
articulação à economia global, enfrentando a competição resultante, da qual depende o bem-
119
contribuição destes moradores, para a revitalização do centro, não deve ser considerada como
“a solução” para a sua falta de vigor. É vital a percepção sistêmica de que fazem parte do
conjunto de elementos que compõem a cidade, influenciando e sendo influenciada por ela.
Dessa forma, o acréscimo de novos usos potenciais, diurnos e noturnos, será compartilhado
não apenas com os moradores locais, mas com uma grande quantidade de visitantes naqueles
períodos, como única concentração numerosa capaz de fazer a diferença, significando turistas
e muita gente da própria cidade, outros bairros, que passarão a freqüentá-la em seus
momentos de lazer. Quanto mais animada se torna a cidade, à noite e nos fins de semana,
maior será o incremento da atividade residencial, corroborando a afirmativa de Jacobs que diz
ser a área residencial necessariamente conseqüência da vitalidade e não a sua causa.
Esses novos usos devem combinar com o perfil da cidade, e nunca atuar em sentido
contrário, explorando os pontos considerados positivos ao nível do imaginário coletivo. O
centro do Rio de Janeiro possui tradição cultural e histórica no que tange os aspectos
arquitetônico e social, com notória referência da boemia carioca. A promoção de eventos
especiais, condizentes com esse perfil, através de circuitos culturais permanentes de atrações
atrairiam, de maneira espontânea, o surgimento do uso residencial, satisfazendo a quarta
condição de Jacobs, acima citada.
Uma das regiões mais representativas na vida e na formação da personalidade carioca
passa por um ambicioso projeto de revitalização. A Praça Tiradentes e alguns quarteirões à
sua volta são o foco de uma parceria que congrega a Prefeitura do Rio, o Governo Federal e o
Banco Interamericano de Desenvolvimento, dentro do Programa Monumenta, através do
Departamento Geral de Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura. Além disso, o projeto
reurbanizará as ruas do contorno da praça e adjacências, e reordenará o sistema de tráfego e
circulação de transporte urbano, objetivando a melhoria da acessibilidade do pedestre e a
requalificação urbana adequada ao patrimônio histórico. O resultado será o incremento da
utilização da região, pelos moradores e turistas, inclusive nos horários desprestigiados,
atualmente, no centro da cidade. Mais do que simplesmente preservar construções e estátuas,
o projeto reabilitará de forma sustentável essa região histórica do Centro da Cidade,
relacionando a recuperação dos edifícios e do espaço público a formas de ocupação e
exploração – residencial, cultural e comercial –, que levem ao desenvolvimento econômico,
social e cultural. Sempre levando em consideração os usos tradicionais e potenciais locais.
O maior obstáculo no que tange a imagem do centro da cidade do Rio de Janeiro é o
fato de seu ambiente estar vinculado, dentre outros aspectos, predominantemente à baderna e
124
à falta de segurança no horário comercial, e ao abandono nos demais horários. Esta imagem é
extremamente negativa não só para uma grande parcela da população, como para os
empresários e grupos de investidores, interessados em possibilidades de lucro mais fácil e
imediato. Exemplos como o da Praça Tiradentes no Rio de Janeiro, acima citado, são
alavancadores de desenvolvimento. Tem-se alcançado sucesso quando se parte da utilização
do potencial imagético de estruturas físicas ou sociais preexistentes. As experiências bem
sucedidas levam a acreditar que o caminho mais suscetível de alcançar sucesso é no processo
de revitalização dos centros históricos, tirando proveito de atributos da área, dos repertórios
de imagens e das expectativas da população. Dessa forma, promove-se uma série de ações e
reações, numa cadeia calcada na recuperação do imaginário popular. Este tende a ser negativo
no que diz respeito a características social e estado geral da área central, e positivo apenas
quando dizem respeito a aspectos histórico-culturais de seu patrimônio arquitetônico. Uma
dicotomia evidente, como se a dimensão física pudesse ser dissociada da social.
O Projeto Corredor Cultural, no Rio de Janeiro, faz parte de uma intervenção pioneira
no Brasil ao nível de revitalização do centro da cidade. Foi iniciado pela prefeitura do Rio em
fins de 1979, o projeto abrange grande trecho do centro, dividindo-o em quatro áreas (Lapa-
Cinelândia, Praça XV, Largo São Francisco e imediações e SAARA). Aplicam-se
regulamentos e programas especiais para a preservação/permanência dos antigos, e a garantia
de padrões de projeto para as novas edificações, num amplo escopo de recuperação ambiental.
O sucesso do processo de revitalização do centro depende da capacidade de redirecionar as
percepções negativas do público e dos investidores, evidenciar e fortalecer percepções
positivas, ao mesmo tempo fomentando a riqueza de leitura.
O sucesso deste projeto é fruto de um trabalho de manipulação de imagens e
expectativas da população. Tamanho desempenho se deve não apenas no projeto como um
todo, acarretando a revitalização, mas reside no fato de provocar a recuperação imagética
através de iniciativas do marketing (livros, postais, mapas, pôsteres e etc.) e de programas
culturais (eventos musicais, teatrais e etc.). Estas experiências a nível nacional e tantas outras
a nível internacional, “em Boston, Baltimore e Londres, por exemplo, o poder público se
utilizou de estratégicas de manipulação da percepção ambiental para consolidar imagens
positivas, fomentando novas expectativas para as áreas de intervenção” (Del Rio; Oliveira,
1996, p.6).
O impacto causado por uma área ou conjunto de elementos físicos está relacionada à
percepção da imagem funcional que possui. Os usuários do ambiente construído assimilam as
125
melhor compreensão do conjunto de tais exigências legais, foram apresentadas, neste Quadro,
todas as fases do empreendimento e não apenas a fase de planejamento.
2.3.1 Terraplanagem
Boas práticas recomendam que se adapte o projeto aos condicionantes do terreno, mas
o que se tem feito é justamente o contrário, ou seja, moldando o terreno à tipologia
padronizada dos empreendimentos habitacionais. Tal procedimento gera aterros e cortes,
gerando uma série de conseqüências desastrosas ao meio ambiente.
É usual que todo e qualquer movimento de terra, tanto para alocação dos edifícios
como para as redes de infra-estrutura, seja feito de maneira simultânea pautado na
produtividade e conseqüente economia. A seguir serão listadas as conseqüências de tal
procedimento, configurando ser este um abrangente gerador de danos ambientais que
transcendem a área da construção do empreendimento:
No caso do sistema a ser implantado for local, envolve obras que têm impactos
controláveis e temporários, se obedecido o projeto que propiciou a licença ambiental. No caso
de soluções que contemplem interligação com o sistema público, o impacto será igualmente
controlável e temporário. Nesta fase, parte-se do princípio que tenha sido levado em
consideração, na fase de planejamento, todo o entendimento e formalização de compromissos
com os órgãos responsáveis pelo serviço, conduzidos de maneira adequada.
As obras para a rede de energia elétrica aérea geram alterações pouco significativas
nos processos, porém, cuidados especiais devem ser tomados em relação à vegetação, cujas
copas das árvores podem danificar as fiações.
concentração e aumento de fluxo das águas e, conseqüentemente, podem provocar erosão nos
terrenos circunvizinhos.
Possui a função primordial de receber e suportar o tráfego. Sobre o revestimento
atuam esforços verticais (pressão e impactos), os esforços horizontais (rolamento, frenagem,
força centrífuga) e os esforços de sucção (ar).
Os aspectos mais importantes que podem influir na escolha do tipo de revestimento
são de duas ordens: econômica e técnica. No caso de arruamento de terra, destaca-se o uso do
seu leito com uma mistura compactada de materiais granulares (areia e cascalho) com
material ligante (argila). Evidentemente, sempre acompanhado de um bom sistema de
drenagem.
Caso esteja prevista pavimentação, ela pode ser em concreto, asfalto ou com blocos
simples ou intertravados de concreto. Tais soluções, por propiciarem maior
impermeabilização, exigem um sistema de drenagem eficiente para evitar áreas de alagamento
e erosão.
A seguir serão apontadas as características dos pavimentos para tráfego de
automotores, segundo Mascaró (1989, p.44).
• geração de entulho;
• geração de ruído;
• geração de poeira;
• contaminação do solo e da água por lavagem de equipamentos e ferramentas;
• acidentados nos canteiros de obra.
133
2.3.3 Bota-fora
• No caso de alojamentos, podem ser coletados pelo serviço regular pela sua
semelhança com os domiciliares;
• No caso de resíduos de atividades de apoio (manutenções periódicas, preventiva
e/ou corretiva de veículos e equipamentos) devem ser: devolvidos aos fabricantes (à
base de troca, tais como pneus e baterias); encaminhados para reciclagem (metais
diversos, óleos e lubrificantes) ou encaminhados para disposição final (aterros
industriais ou sanitários).
2.3.4 Paisagismo
2.4 MONITORAMENTO
2.4.1 Uso
• Geração de resíduos;
• Manutenções preventivas ou corretivas, incluindo o tratamento de situações de risco;
• Acompanhamento das questões ligadas ao comportamento e à qualidade de vida de
seus usuários.
A abordagem ambiental engloba não apenas o ponto de vista do usuário mas também
aqueles que diretamente ou indiretamente se relacionam com o ambiente construído, como a
circunvizinhança, extendendo-se na própria urbanização do município, cumprindo seu papel
social no conjunto ambiental como um todo.
As questões a serem analisadas nesta etapa podem ser tanto de cunho quantitativo
como qualitativo. A avaliação de desempenho de ambientes construídos promove a ação (ou a
intervenção), de maneira a gerar melhoria da qualidade de vida dos usuários do ambiente
construído, e produz informações na forma de banco de dados, gerando conhecimento sobre o
ambiente e as relações ambiente-comportamento.
Há basicamente dois tipos de avaliação do ambiente construído gerando uma visão
global do empreendimento, ou seja:
Nesta atividade, embora haja alguma tradição de avaliação no Brasil, não é feita com
uma abordagem ambiental integrada, sendo constituída principalmente de questões técnicas
específicas da edificação e raramente considera-se a interação desta edificação com os demais
componentes do ambiente local e circunvizinho.
A participação dos usuários desde a fase de planejamento minimiza os impactos nas
fases posteriores, assim as questões ambientais mais comumente relacionadas com a
utilização das edificações e demais equipamentos consistem nas condições dessas instalações,
para atender as suas necessidades, tratando-se de maneira geral de:
• Abastecimento de água;
• Fornecimento de energia;
• Sistema de drenagem;
• Coleta, tratamento e disposição dos resíduos líquidos;
• Sistema viário:
Serviços como pavimentação e varrição de ruas;
Sistemas de transporte dos moradores; e
Coleta de lixo.
DIAGNÓSTICO
• Insumos e
REALIMENTAÇÃO
recomendações
DO PROCESSO
para o ambiente
PROJETUAL
construído; e
• Recomendações
e diretrizes para
futuros projetos
PLANEJAMEN- PESQUISADOES semelhantes e
TO DE APO normas técnicas.
PROJETO
As mesmas questões abordadas pela APO, porém dispostas de maneira mais informal
e não se comprometendo com nenhuma ferramenta em particular, a respeito das questões a
serem avaliadas em um ambiente construído. (FREITAS, 2002, p.83)
2.4.2 Ampliação
Este capítulo foi concebido com o intuito de equacionar tais questões, por meio da
adoção integrada de um sistema de gestão cujas medidas preventivas considerem, além do
próprio empreendimento, os impactos ambientais que extrapolam a área de intervenção,
através do ciclo PDCA de melhoria contínua baseada nos processos e na realidade do setor da
construção civil rumo a eco-eficiência. Qualquer tentativa de gerir empreendimentos do setor
da construção civil deve contemplar todas as fases de um empreendimento e toda a cadeia
produtiva, convergindo para a qualidade, produtividade e conseqüente justiça social.
Nos últimos anos vêm sendo realizados grandes esforços no sentido de introduzir na
construção a qualidade total já predominante em outros setores. Ocorre, porém, que a
construção sustentável possui características singulares que dificultam a utilização na prática
das teorias modernas da qualidade. Em outras palavras, a construção requer uma adaptação
145
• Cria produtos únicos e não produtos seriados, daí resultando dois níveis para a
estrutura e para o sistema de qualidade, um de caráter permanente, vinculado às
organizações participantes e outro, temporário, vinculado a cada operação
específica;
• A construção é uma indústria de caráter nômade, ou seja, a constância nas matérias-
primas e nos processos é mais difícil de se conseguir do que em outras indústrias de
caráter fixo;
• Não é possível aplicar a produção em cadeia (produtos passando por operários
fixos), mas sim a produção centralizada (operários móveis em torno de um produto
fixo);
• É uma indústria muito tradicional, com grande inércia às alterações;
• Utiliza mão-de-obra intensiva e pouco qualificada, sendo que o emprego dessas
pessoas tem caráter eventual e suas possibilidades de promoção são escassas, o que
gera baixa motivação no trabalho;
• A construção, normalmente, realiza seus trabalhos sob intempéries o que gera
dificuldades para um bom armazenamento e ficando ainda submetida a ações de
vandalismo;
• São empregadas especificações complexas e muitas vezes confusas;
• As responsabilidades são dispersas e pouco definidas, criando zonas obscuras para a
qualidade;
• O grau de precisão com que se trabalha na construção é, em geral, muito menor do
que em outras indústrias, qualquer que seja o parâmetro que se contemple:
orçamento, prazo, resistência mecânica, etc.
• Grande complexidade inter-relacional, decorrente da diversidade e do número de
intervenientes em cada operação, com capacidades técnicas e econômicas muito
diferenciadas, interesses nem sempre convergentes e, muitas vezes, relações
contratuais informais e pouco definidas.
146
• Projeto;
• Aquisição;
• Gerenciamento e execução de obras;
• Operação e manutenção (uso e ocupação);
• Qualidade em recursos humanos.
Estes dados funcionam como subsídios para a concepção do Plano de Ação e sua
posterior implementação, priorizando o ataque aos pontos em que a empresa apresenta maior
debilidade.
O que se pretende, é criar um raciocínio lógico a partir do que foi visto anteriormente
no capítulo 2, estruturado-o através do ciclo PDCA, melhoria contínua.
O conceito do método de melhorias PDCA encontra-se largamente difundido em
escala mundial. Sua definição mais usual é como um método de gerenciamento de processos
ou de sistemas utilizado pela maioria com o objetivo de Gerenciamento da Rotina e Melhoria
Contínua dos Processos. Os trabalhos desenvolvidos sob esse enfoque abrangem, de maneira
geral, empresas ligadas ao setor de manufatura, as quais foram as primeiras em adotar tal
método de melhorias.
Este método somente foi popularizado na década de cinqüenta pelo especialista em
qualidade W. Edwards Deming, ficando mundialmente conhecido ao aplicar este método nos
conceitos de qualidade em trabalhos desenvolvidos no Japão. Após refinar o trabalho original
de Shewhart, Deming desenvolveu o que ele chamou de Shewart PDCA Cycle, em honra ao
mentor do método (Walter A. Shewhart).
Tendo em conta a pouca difusão do método PDCA no setor da construção civil, este
capítulo tem por objetivo principal apresentá-lo detalhadamente, com base na bibliografia
disponível, para a seguir descrever seu potencial de aplicação no âmbito das empresas e dos
empreendimentos de construção civil.
O ciclo PDCA (Figura 3.2) é projetado para ser usado como um modelo dinâmico. A
conclusão de uma volta do ciclo era fluir no começo do próximo ciclo, e assim
sucessivamente. Seguindo no espírito da melhoria contínua, o processo sempre pode ser
reanalisado e um novo processo de mudança poderá ser iniciado, gerando um real
148
ANÁLISE DO
FENÔMENO
ANÁLISE DO
PROCESSO
(CAUSA E EFEITO)
ELABORAR
PLANO DE AÇÃO
COMPARAÇÃO TREINAMENTO
DOS RESULTADOS
EXECUÇÃO DO
LISTAGEM DOS PLANO DE AÇÃO
EFEITOS
SECUNDÁDIOS
VERIFICAÇÃO
DA
CONTINUIDADE
DO PROBLEMA
O primeiro módulo do ciclo PDCA é o expresso pela letra P (planejar). Nesta fase de
planejamento será necessário seguir etapas, de maneira a obter eficiência na construção do
empreendimento, são as seguintes:
1. Localizar o problema;
2. Estabelecer meta;
3. Análise do fenômeno;
4. Análise do processo (causa);
5. Elaborar plano de ação.
(ausência de infra-estrutura: comércio básico). Uma vez descoberta as causas, faz-se uso de
ações corretivas e preventivas da reincidência do problema.
Quanto ao segundo item, considera-se meta (objetivo, prazo e valor) a diferença entre
o resultado atual e um valor desejado. Ocorre o problema quando a meta não é alcançada.
Neste processo, tanto o objetivo, como o prazo e o valor sempre deverão ter como
condicionante os impactos ambientais advindos deles, independente de qual objetivo seja.
No terceiro item, análise do fenômeno, trata-se da análise detalhada do problema
detectado. Ou seja, irá descobrir todas as características do problema em questão por meio de
coleta de dados pertinente ao mesmo, levantando o seu histórico (freqüência, local, etc.).
Dessa forma, são aplicadas ferramentas (Diagrama de Pareto, definindo prioridades entre
diversas causas geradoras dos problemas) de análise e melhoria de processos, a fim de
estratificá-lo, facilitando a atuação sobre o mesmo. Esta análise poderá gerar um
desdobramento da meta inicial em outras metas sendo essas mais objetivas em relação ao
problema hierarquizado. O alcance dessas metas desdobradas irá, conseqüentemente, levar a
organização a atingir a sua meta inicial. O diagrama pode ser construído com base no custo
e/ou freqüência das ocorrências. Na realidade, a abordagem pelos dois ângulos pode revelar-
se muito útil, pois nem sempre os eventos mais freqüentes ou de maior custo são mais
importantes.
Exemplificando, supondo que se tenha detectado um problema de transbordamento
das calhas de águas pluviais de um empreendimento habitacional. Após análise feita através
da coleta de dados nesta e em outras obras executadas pela mesma empresa, constatou-se três
causas: erro de projeto-dimensionamento; erro de execução e falta de manutenção adequada
das calhas. O Diagrama de Pareto mostrou que 50% dos problemas de transbordamento era
proveniente de erro de projeto, 30% erro na execução e 20% de falta de manutenção
adequada. A partir desta conclusão a empresa ampliou a sua meta, através da implantação de
melhorias na área de projetos. Esta ampliação de metas atua de maneira sinérgica com as
existentes, levando a organização a atingir sua meta inicial de eficiência e sustentabilidade,
visto que o transbordamento das calhas provocava erosão no terreno e problemas de
escorregamento, provocando desmoronamentos e inundações na área do entorno.
O quarto item consiste na análise do processo, que consiste basicamente na
identificação das causas elencadas relativas ao problema detectado. Aproveitando o exemplo
anterior, nesta fase, será necessária uma revisão dos processos relativos à elaboração de
projeto (coleta de dados, cálculos, verificação, equipe, condições de trabalho, etc.).
151
Para que esta fase obtenha êxito, o processo de identificação das causas deve ser
executado da maneira mais democrática e participativa possível. Deve ser implantada uma
metodologia de causa e efeito, denominada Análise de Causa e Efeito.
Seu Diagrama, idealizado pelo professor Kaoru Ishikawa, é utilizado na fase de
análise dos problemas levantados pelo grupo e identifica a relação entre uma característica da
qualidade e os fatores que a determinam. Constitui-se em um registro das diversas causas de
um problema, a partir da análise e de classificação das prováveis origens destas causas, razão
pelo qual é conhecido também como diagrama de causa e efeito.
O Diagrama é então construído na forma de espinha de peixe: o problema deve estar
localizado do lado direito; as causas, colocadas na forma de flechas apontadas para o
problema. É preciso fazer tantos diagramas quantos forem os efeitos estudados. Para facilitar
a identificação e a análise a partir do conceito dos 6Ms, recomenda-se agrupar as causas em
categorias, como decorrentes de falhas em: materiais, métodos, mão-de-obra, máquinas, meio
ambiente e medidas (Figura 3.4).
Informação
Fornecedores Aspectos físicos
Instrução
Aspectos Mentais
Procedimento
FATORES DA QUALIDADE
ITENS DE VERIFICAÇÃO
CAUSAS INFLUENTES
falta de orientação
falta de padrão
cálculos errados |falta de entrosamento da equipe
falta padrão cronograma
sobrecarga de trabalho
verificação final
treinamento Iluminação
deficiente
imprecisão
Más condições de trabalho
alta temperatura
ambiente insalubre
Figura 3.5: Diagrama de Ishikawa referente a problemas de projeto das calhas de escoamento.
Fonte: PRÓPRIA
When (quando) – define quando será executada a ação (prazo de início e término da
ação);Who (quem) – define o responsável pela ação (nesse caso, aconselha-se que haja apenas
um responsável por ação, a fim de manter a credibilidade da execução da ação); Where (onde)
– define onde será executada a ação (pode ser desde um local físico especificado, como um
setor da organização); Why (por que) – define a justificativa para a ação em questão (esse
campo apresenta a finalidade imediata da ação a ser tomada); How (coom) – define o
detalhamento de como será executada a ação (este campo é um complemento para o primeiro
campo e What – detalhando a ação estipulada neste último).
Analisando esses seis tópicos, pode-se proceder à estruturação do plano de ação, de
uma maneira clara e detalhada, sendo que o mesmo deverá ser divulgado para todos os
envolvidos nas ações tomadas. Novamente dando continuidade ao exemplo dado, enfocando
uma das causas citadas e seu plano de ação (ambiente insalubre), ver Quadro 3.1.
Quadro 3.1: Plano de ação referente a problemas de insalubridade no ambiente de trabalho.
PROJETO: Melhoria da qualidade física do ambiente de trabalho APROVADO:
META: Melhorar as condiçõe ambientais dentro do prazo de 30 dias até de julho de 2004
MEDIDA RESPONSÁVEL PRAZO LOCAL RAZÃO PROCEDIMENTO
WHAT WHO WHEN WHERE WHY HOW
Escritório da Proporcionar mais conforto visual Fazer levantamento das estações de
1. Redimensionar a iluminação Eng. Eliezer 10/7/04 construtora ao usuário. trabalho e suas necessidades lumínicas,
Faria propondo e executando redimensionamento.
Escritório da Evitar a dispersão devido ao Fazer estudo termo-acústico, propondo e
2. Fazer um estudo Eng. Leonor 10/7/04 construtora excesso de ruído no local e executando um plano de melhorias para o
térmico-acústico Dias garantir ambiente mais agradável. setor
Verificar a instalação hidráulica existente
3. Rever instalação hidráulica Eng. Marcela 20/7/04 Escritório da Evitar o incremento da umidade devido a problemas de infiltração, propondo
da copa anexa ao ambiente Szafir construtora no ambiente. a troca de materiais,formalizando a compra
de trabalho. contendo toda a especificação necessária.
Fonte: PRÓPRIA
154
155
A etapa posterior à etapa Plan é Do, tendo como melhor tradução para o idioma
português o termo Executar. Todas as metas e objetivos traçados na etapa anterior, e
devidamente formalizados em um plano de ação, deverão ser postos em prática, de acordo
com a filosofia de trabalho de cada organização.
Para que esse módulo apresente a eficiência desejada, faz-se necessário a sua
subdivisão em duas etapas principais: a do Treinamento e de Execução da Ação.
Na etapa relativa ao treinamento, a empresa deverá efetuar a divulgação do plano a
todos os funcionários envolvidos, com cooperação ativa de todos os membros de maneira que
possam executar as ações da melhor maneira possível. Cabe ressaltar que um funcionário não
treinado (e, conseqüentemente, não preparado) dificilmente realizará de forma eficaz alguma
ação contida no plano de ação. A divulgação do plano será feita através de reuniões
participativas, apresentando claramente as tarefas e a razão delas, assim como as pessoas
responsáveis pelas mesmas. Dessa forma, a divulgação do plano de ação estará sendo efetuada
da maneira mais eficaz, abrangendo todos os setores envolvidos, estando pronto para ser
executado.
Na etapa seguinte que é a da Execução da Ação, uma vez amplamente divulgado o
plano na fase de Treinamento, parte-se para colocá-lo em prática. Durante sua execução,
deve-se efetuar verificações periódicas no local em que as ações estão sendo efetuadas, a fim
de manter o controle e dirimir possíveis dúvidas que possam ocorrer ao longo do trabalho
(Verificação e Controle do Processo). Todas as ações e os resultados, bons ou ruins, devem
ser registrados com a data em que foram tomados, para uma futura ação corretiva. O item de
controle (custo, qualidade, segurança, etc.) atua no efeito do processo, ou seja, incide no
resultado final (produto). (ANDRADE, 2003)
Especificamente para o setor da construção civil, o controle deve atuar na rotina de
trabalho, em face dos resultados diários, semanais, mensais e anuais de
produção/produtividade considerada a disponibilidade financeira. Estes itens de controle
geram no processo itens de verificação, os quais podem ser definidos como medidores do
desempenho dos componentes do processo. Ou seja, os itens de verificação atuam sobre as
causas que incidem sobre o processo.
156
• Equipamentos: tendo como itens de verificação o tempo de parada por mês, número
de paradas, tempo médio entre falhas, etc.;
• Matérias primas: tendo como itens de verificação as características da qualidade da
matéria prima, níveis de estoques, etc.;
• Condições ambientais: tendo como itens de verificação a temperatura, nível de
poeira, umidade, etc.;
• Aferição dos equipamentos de medida;
• Cumprimento dos procedimentos operacionais padrão.
Segundo Campos (2001, passim), cada item de controle deve ter um ou mais itens de
verificação relacionados com ele. Desse modo deve-se monitora constantemente os itens de
verificação a fim de se garantir o domínio sobre os itens de controle.
O terceiro módulo do ciclo PDCA é definido como a fase de verificação das ações
executadas na etapa anterior (Do). Esta fase é muito importante na medida que fornece
subsídios para analisar o nível de eficiência obtida na fase da Implantação (construção),
baseada nos planos desenvolvidos na fase de planejamento. Esta análise é feita através do
estudo dos indicadores propostos na Etapa do Planejamento e monitorados na etapa da
Implantação e Operação de Produção, estudando os mesmos minuciosamente, exprimindo
quais ações obtiveram os melhores resultados, e quais não alcançaram a eficácia desejada,
medidos pelos indicadores em questão.
De maneira a constituir-se uma metodologia de trabalho adequada, sustentando uma
confirmação da efetividade da ação, sugere-se que esta etapa seja dividida em 3 fases, a saber:
As ações nesta fase devem ser baseadas nos resultados positivos obtidos na fase
anterior, Monitoramento, na expectativa de padronizar essas ações (alterando o padrão
existente ou criando um novo padrão) para serem utilizadas em outras ocasiões semelhantes.
A organização deve estabelecer no padrão os itens fundamentais de sua estrutura,
sendo que estes itens deverão permear todas as atividades incluídas ou alteradas nos padrões
já existentes, são os seguintes:
• “O que” fazer;
• “Quem” deverá executar tal tarefa;
158
• “Quando”, “onde”, “como” e principalmente “por que” esta tarefa deverá ser
executada;
Ainda há barreiras a serem transpostas para que o setor da construção civil possa se
beneficiar, de fato, com um sistema de gestão da qualidade em sua produção.
Os modelos de gestão não são aplicados para empresas altamente voláteis e
turbulentas, cuja dinâmica das tecnologias de produto e processo são a tônica. É o caso das
empresas do setor da construção civil, cujo caráter da produção apresenta peculiaridades que
estão aquém do espectro de abrangência do escopo das normas ISO 9001.
Há uma grande complexidade inter-relacional, decorrente da diversidade e do número
de intervenientes em cada operação, com capacidades técnicas e econômicas muito
diferenciadas, interesses nem sempre convergentes e, muitas vezes, relações contratuais
informais e pouco definidas. As características do setor da construção civil (item 3.1)
justificam as incompatibilidades no uso da ferramenta PDCA como gestão da qualidade nos
moldes da ISO 9001.
A indústria da construção passa, então, a exigir uma maior personalização dos
modelos de gestão da qualidade, criando condições para que sejam mais bem resolvidas as
relações entre os agentes envolvidos com o empreendimento (clientes, projetistas,
gerenciadores, construtora, fornecedores, usuários, etc.), imprimindo uma maior velocidade
de resposta às solicitações de novos procedimentos de execução e controle capazes de
atender a uma evolução tecnológica contínua.
Pode-se concluir que os sistemas de gestão atualmente desenvolvidos para a indústria
seriada não abrangem todos os aspectos de uma indústria com caráter de produção dinâmico,
e no caso da construção civil, nômade. Fato que desencadeou o surgimento de sistemas de
gestão voltados exclusivamente para o setor da construção civil, inspirados no QUALIBAT
(de origem francesa, 1992) e na série ISO 9000. Todos requerem a utilização do método de
melhorias PDCA.
Diversas tentativas pró-ativas de superar essa inadequação da norma ISO 9000 com as
características do setor da construção têm ocorrido, seja por meio de propostas de uma
adaptação ou releitura das exigências, seja por propostas de modificação para a próxima
revisão, seja até mesmo pela adoção de sistemas que em última instância pretendem, senão
substituir, ao menos permitir um tipo de certificação que a antecederia, diminuindo a
necessidade de sua aplicação. Há necessidade de sistemas de gestão que absorvam as
160
inovações de tecnologia e sejam mais adaptáveis a cada novo empreendimento, com suas
particularidades quanto ao projeto do produto.
Governo e Setor
estabelecem cronograma e ACORDOS SETORIAIS
metas setoriais
MINISTRO
SECRETARIA
EXECUTIVA
PBQP - HABITAR
P
S COORDENAÇÃO
Ú
E GERAL
B GAT
T
L
O
I CTECH
R FÓRUM DE REPRESENTANTES
C
ESTADUAIS
O
PROJETOS
P
S R
Qualificação de Empresas de Serviços e Obras E
Qualidade de Materiais e Componentes I
T V
Autogestão na Construção O
Sistema Nacional de Aprovações Técnicas A
R D
Qualidade de Laboratórios
Formação e Requalificação Profissional O
Este projeto, mais conhecido como "SiQ", também possui um sistema de qualificação
evolutiva visando contribuir para a melhoria da qualidade no setor de forma que os sistemas
de gestão da qualidade das empresas são avaliados e classificados gradualmente, por níveis.
Outro aspecto é a adequação de seus registros ao referencial da série de normas NBR ISO
9000, flexibilidade pela adequação a empresas de diferentes regiões, tecnologias e tipos de
obra e harmonia com o SINMETRO (Sistema Nacional de Metrologia Normalização e
Qualidade Industrial) ao ser toda qualificação atribuída pelo SiQ executada pelo OCC
(Organismo de Certificação Credenciado pelo Instituto Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial - INMETRO).
Já são quase 3000 construtoras envolvidas, sendo que mais de 1500 já foram auditadas
por organismos certificadores do PBQP-Habitat e mais de 1300 têm atestado de qualificação,
o que demonstra o alto grau de aceitação do Programa no segmento de obras e serviços de
construção (SiQ).
3. Autogestão na construção;
5. Qualidade de laboratórios; e
participar do PBQP-H. Há um projeto que visa à cooperação técnica do Brasil para a melhoria
da qualidade nas Habitações do Conesul e Chile.
A seguir serão listados os benefícios do PBQP-H, obtendo ganhos em toda a cadeia
produtiva, com melhoria de qualidade no final do produto e ganhos em produtividade:
custos de produção e perdas resultantes de erros e defeitos. O plano adotaria ações integradas
no âmbito do empreendimento, norteando o rumo que a empresa deve tomar em relação a sua
produção e não a sua estrutura interna, dessa forma garantindo qualidade na medida em que
transcende o plano de qualidade da gestão da Construtora e da própria obra, por incluir
aspectos da demanda, ou seja, das necessidades que esse produto (obra) deve atender. Não
basta, no mundo globalizado dos dias atuais, enfocar a gestão empresarial considerando
apenas o aspecto econômico. Trata-se de uma tríade, na medida que sua evolução leva a
trabalhar com três macro temas que compõe o chamado “triple bottom line”, ou seja, os
aspectos ambientais, sociais e econômicos. A sinergia entre esses aspectos permeia a
aplicação do conceito de sustentabilidade no setor da construção civil. A participação dos
agentes sociais (órgãos públicos, instituições privadas, empresários, comunidade residente,
ongs) na administração dos sistemas urbanos pode, de certa forma, facilitar esta gestão
integrada, já que as pessoas que trabalham, moram e possuem interesses na comunidade (os
stakeholders) têm um objetivo comum em proteger o seu meio ambiente e melhorar sua
qualidade de vida. Tudo isso mostra a disposição do atual Governo de efetivamente utilizar
a melhoria da qualidade do setor da construção habitacional para gerar um quadro mais justo e
solidário na habitação brasileira. A universalização do acesso à moradia não pode ser
alcançada sem a garantia a uma habitação digna e de qualidade à população de baixa renda.
As ações da atual gestão do Ministério das Cidades apontam claramente para a consolidação
dessa nova realidade.
4. PROPOSTA PARA ATINGIR A CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL E A ECO-
EFICIÊNCIA
o nível de instrução e a qualidade da informação devem ser considerados como uma das
grandes metas do setor, reduzindo a incidência de acidentes de trabalho na construção.
A sustentabilidade deve permear toda e qualquer meta que se pretenda eco-eficiente,
consistindo em uma moderna estratégia ambiental, direcionada a produção de edificações
mais seguras e saudáveis, fundamentada na redução da poluição e na diminuição de consumo
sobre matérias-primas naturais, como por exemplo a economia de energia e água.
Deve-se buscar a sinergia entre três grandes macro temas que compõem o “triple
botton line”, ou seja, os aspectos ambientais, sociais e econômicos, tanto a nível
governamental, como da sociedade civil ou na seara empresarial.
Para se alcançarem tais objetivos e metas de desenvolvimento, de maneira sustentável
e com a eco-eficiência necessária a preservação do meio ambiente, são propostas as seguintes
linhas de ação a serem estruturadas:
envolvidos no uso e manutenção e impactos gerados ao final da vida útil. É preciso que se
faça uma investigação prévia do passivo ambiental do terreno, analisando os condicionantes
do meio físico, efetivação de medidas de mitigação de impactos ambientais, entre outros
aspectos, que têm levado a situações de degradação ambiental.
Medidas corretivas mostram-se onerosas financeiramente e socialmente devido à
vultuosidade dos recursos necessários para reverter este quadro, com obras freqüentemente
insatisfatórias em nível de desempenho. É necessária a adoção integrada de medidas
preventivas, que considerem, além do próprio empreendimento, os impactos ambientais que
extrapolam a área de intervenção e os aspectos sociais envolvidos.
O ser humano não mora apenas dentro da casa de sua habitação, mora dentro da casa
no ambiente em que ela está situada. Esse ambiente é feito de características físicas e de
elementos de vida social. Políticas habitacionais inadequadas geram a concentração urbana
crescente e desorganizada (favelas e loteamentos clandestinos), a evolução desse convívio
irregular e, geralmente, sem qualidade de vida cria uma sinergia que passa a propalar as
degradações sociais e físicas ao restante da cidade, com ônus para todos os envolvidos.
Como se pode perceber, a cidade é altamente mutante, impondo sua dinâmica às
políticas habitacionais. Segundo Freitas (2001, p.2), “Qualquer projeto que não abranja o
desenvolvimento futuro da cidade, o crescimento da sua área e da sua população, com todas
as conseqüências que daí derivarão, é projeto imperfeito e condenado de antemão”.
Paralelamente a este cenário há uma nova perspectiva que vem se firmando e
moldando o comportamento do empresariado. A questão ambiental atrelada à gestão
empresarial é vista hoje não como modismo, mas como necessidade de sobrevivência dentro
de um mercado competitivo e uma sociedade mais atenta aos seus direitos como
consumidores e cidadãos. O Código de Defesa dos Consumidores lhes garante a retaguarda
devida, impondo sanções pesadas bem como vedando a colocação no mercado de produtos e
serviços em desacordo com as normas técnicas brasileiras elaboradas pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),como a norma que tratam da qualidade (NBR ISO
9000) e das questões ambientais (NBR ISO 14001).
Com o intuito de preservar o meio ambiente das agressões provocadas nos seus
ecossistemas e na execução da Política Nacional do Meio Ambiente, cumpre ao Poder Público
a disponibilização de instrumentos de política ambiental de maneira a possibilitá-lo de exercer
sua função fiscalizadora (zoneamento, licenciamento, reservas ecológicas e etc.).
Para a norma ISO 14001, a gestão ambiental abrange, como parte da função gerencial
total, todos os setores na organização necessários ao planejamento, execução, revisão e
178
do Balanço Social proposto pelo IBASE, há o Instituto Ethos que é uma iniciativa de
padronização e que reúne atualmente centenas de empresas associadas de todos os setores e
ramos de atividade, cujo faturamento somado é de cerca de 28% do PIB brasileiro. (ETHOS,
2004)
Ainda há barreiras a serem transpostas para que o setor da construção civil possa se
beneficiar, de fato, com um sistema de gestão da qualidade, base para os demais (ambiental,
saúde e segurança do trabalhador, ética social) em sua produção. Os modelos disponíveis
consagrados não são aplicados para empresas altamente voláteis e turbulentas, cuja dinâmica
das tecnologias de produto e processo são a tônica. É o caso das empresas do setor da
construção civil, cujo caráter da produção apresenta peculiaridades que estão aquém do
espectro de abrangência do escopo das normas ISO 9001.
Tal fato desencadeou o surgimento de sistemas de gestão voltados exclusivamente
para o setor da construção civil, inspirados no QUALIBAT (de origem francesa, 1992) e na
série ISO 9000. Todos requerem a utilização do método de melhorias PDCA.
Já existem exemplos nacionais como o QUALIHAB (Programa da Qualidade na
Habitação Popular) da companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de
São Paulo (CDHU), adaptado para a construção civil e os projetos, como por exemplo o SiQ
(Sistema de Qualificação de Empresas de Serviços e Obras), do Programa Brasileiro de
Qualidade e Produtividade do Habitat – PBQP-H. Ambos certificáveis, flexíveis e baseados
no ciclo de melhoria contínua PDCA e na norma ISO 9000, porém apenas o PBQP-H é a
nível nacional.
Uma outra maneira de adaptação de sistemas de gestão da qualidade para o setor da
construção civil é a vinculação da obra a um plano da qualidade que ultrapassa os limites de
responsabilidade das construtoras, abrangendo desde aspectos de definição da demanda, até o
acompanhamento pós-entrega, onde cada obra deve ter seu próprio sistema de gestão da
qualidade, e abrangendo toda a cadeia produtiva.
No primeiro capítulo foram formuladas questões a serem respondidas ao final das
pesquisas realizadas no desenvolvimento do presente estudo. Quanto a existência de pesquisas
e estudos no Brasil a respeito do tema, há uma série financiada pelo FINEP. A grande maioria
versa a respeito do desenvolvimento de produtos e processos. Uma parte bem menor trata
sobre sustentabilidade na implantação de empreendimentos habitacionais eco-eficientes.
Não foi encontrado um enfoque tão completo quanto o apresentado neste trabalho,
propondo uma gestão integrada de empreendimento, considerando aspectos ambientais,
181
ANDRADE, Fábio Felippe de. O método de melhorias PDCA. São Paulo, 2003. 157 p. Tese
(Mestrado em Engenharia) – Faculdade de Engenharia de Construção Civil e Urbana, Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo. 2003. Disponível em: <
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3146/tde-04092003-150859/> Acesso em: 5 de
fev. 2004.
ANDRETTA, Sérgio Roberto. Tecnologias limpas: como são originados os resíduos e suas
emissões, porque os precessos geram ou transformam-se em resíduos e o que pode ser feito.
Gerenciamento Ambiental, São Paulo: BJMoura Editora, ano 2, n.12, nov/dez 2002, p. 48-49.
____. LEI FEDERAL Nº 6938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do
Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.
Diário Oficial da União. Disponível em: <http://www.semads.rj.gov.br>. Acesso em:18 abr
2004.
DYLLICK et al. Guia da Série de Normas ISO 14001: sistemas de gestão ambiental,
Blumenau: Edifurb, 2000. 144p. Tradução de: Beate Frank, revisão: Ana Maria Bacca.
FERNANDES, Marlene, Agenda Habitat para Municípios. Rio de Janeiro: IBAM, 2003.224
p.
185
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ECO, Umberto. Como se faz uma tese. 17. ed. São Paulo: Perspectiva, 2002. 170 p.
190
Quadro 2.4: Situação dos trabalhos das normas da série ISO 14001 em março de 2000 (continuação).
NORMA TÍTULO SITUAÇÃO-MARÇO 2000
AVALIAÇÃO E DESEMPENHO AMBIENTAL-ENVIRONMENTAL PERFORMANCE EVALUATION (EPE)
ISO 14031:1999 Gestão Ambiental-Avaliação de desempenho ambiental-diretrizes Norma internacional (IS)
ISO 14032:1999 Gestão Ambiental-Exemplos de avaliação de desempenho ambiental (EPE) Norma internacional (IS)
ANÁLISE DE CICLO DE VIDA-LIFE CYCLE ASSESSMENT (LCA)
ISO 14040:1997 Gestão Ambiental-Avaliação do ciclo de vida-Princípios e subestrutura Norma internacional (IS)
ISO 14041:1998 Gestão Ambiental-Avaliação do ciclo de vida-Definição de objetivo e escopo e análise de Norma internacional (IS)
inventário
ISO 14042:2000 Gestão Ambiental-Avaliação do ciclo de vida-Avaliação de impacto Norma internacional (IS)
ISO 14043:2000 Gestão Ambiental-Avaliação do ciclo de vida-Interpretação Norma internacional (IS)
ISO/TR 14047 Gestão Ambiental-Avaliação do ciclo de vida-Exemplos de aplicação da ISO 14042 Projeto de Trabalho (WD)
futuro technical report
ISO 14048 Gestão Ambiental-Avaliação do ciclo de vida-Formato da documentação dos dados da Projeto do Comitê (CD)
avaliação do ciclo de vida
ISO/TR 14049:2000 Gestão Ambiental-Avaliação do ciclo de vida-Exemplos de aplicação da ISO 14041 à Technical report (TR)
definição de objetivos e escopo e análise de inventário em publicação
DEFINIÇÕES-TERMOS E DEFINIÇÕES (T&D)
ISO 14050:1998 Termos e definições-Gestão ambiental-Vocabulário Norma internacional (IS)
ISO 14050 Emenda I Projeto de emenda I à
ISO 14050:1998 (DAMI)
Fonte: DYLLICK et al, 2002, p.33 e 34 (modificado).
191
Quadro 2.4: Situação dos trabalhos das normas da série ISO 14001 em março de 2000 (continuação).
NORMA TÍTULO SITUAÇÃO-MARÇO 2000
ASPECTOS AMBIENTAIS EM PADRÕES DE PRODUTOS-ENVIRONMENTAL ASPECTS IN PRODUCT STANDARDS (EAPS)
ISO GUIDE 64:1997 Guia para inclusão de aspectos ambientais em padrões de produto Guia
ISO/TR 14061:1998 Informação para orientar organizações florestais no uso das normas de sistemas de gestão Norma internacional (IS)
ambiental ISO 14001 e ISO 14004 Technical report (TR)
ISO/TR 14062 Diretrizes para integração de aspectos ambientais no desenvolvimento de produtos Item de trabalho aprovado
(AWI), futuro technical report (TR)
Fonte: DYLLICK et al, 2002, p.34 (modificado).
192
193
194
Quadro 2.7: Recomendações na fase de Planejamento, considerando alterações previstas nos processos ambientais.
ETAPAS ATIVIDADES ALTERAÇÕES AMBIENTAIS AÇÕES E MEDIDAS RECOMENDADAS
Adequação às • avaliar as necessidades dos futuros moradores, considerando a composição
Identificação necessidades dos • meio antrópico: relacionadas familiar e a localização de suas atividades de trabalho e educação; e
da futuros usuários qualidadede vida dos futuros • criar mecanismos de participação dos usuários nas outras etapas de planejamento.
demanda usuários
195
Quadro 2.7: Recomendações na fase de Planejamento, considerando alterações previstas nos processos ambientais (continuação).
ETAPAS ATIVIDADES ALTERAÇÕES AMBIENTAIS AÇÕES E MEDIDAS RECOMENDADAS
• nos três segmentos do meio ambiente
relacionadas à necessidade de
construção do sistema viário,
telefonia, transporte coletivo,
abastecimento de água esgotamento • verificar a disponibilidade de infra-estrutura ou assegurar sua implementação
Seleção de Identificação da sanitário, coleta delixo, redes locais obtendo o compromisso com os órgãos componentes, estabelecendo metas,
Áreas disponibilidade de drenagem, fornecimento de prazos e monitoramento.
de infra-estrutura energia elétrica, equipamentos
públicos e comunitários, assim como
estabelecimentos comerciais.
• estudar a documentação referente ao planejamento da área/região, contemplando:
• meio antrópico: relacionadas a - plano diretor do município;
conflitos com outros usos do solo - planos de desenvolvimento específicos para a área/região;
Avaliação da previstos para a mesma área ou a - potencialidade mineral, com análise de eventual oneração da área em relação
compatibilidade incorporar no planejamento do aos órgãos competentes (requerimento de pesquisa e lavra).
ambiental com município, tais como mineração, • pesquisar junto ao Poder Público local a necessidade/possibilidade de introdução,
outros usos atividades agrícolas, reservatórios e na legislação urbana, de mecanismos de diversificação de funções na área/região
unidades de conservação. e ao mesmo tempo impedir a implementação de fontes de problemas ambientais.
• recomendar a elevação do padrão de habilidade integrando o empreendimento
no desenvolvimento urbanístico da cidade, com medidas para a instalação de
Elaboração de infra-estrutura e serviços públicos, seu monitoramento e avaliações posteriores,
Projeto plano de • nos três segmentos do meio ambiente, em um processo contínuo de gestão, estabelecendo-se responsabilidades;
desenvolvimento particularmente no meio antrópico. • possibilitar o aumento do poder aquisitivo dos moradores, com um programa de
integrado desenvolvimento sustentável, com medidas como reestruturação tarifária e de
financiamento;
196
Quadro 2.7: Recomendações na fase de Planejamento, considerando alterações previstas nos processos ambientais (continuação)
ETAPAS ATIVIDADES ALTERAÇÕES AMBIENTAIS AÇÕES E MEDIDAS RECOMENDADAS
• corrigir problemas jurídicos de propriedade da terra em situações irregulares, tal
Elaboração de como na construção de conjuntos para relocação de população de favelas, além
plano de • nos três segmentos do meio de revisão de normas técnicas relativas a infra-estrutura e sistemas construtivos; e
desenvolvimento ambiente,particularmente no meio • promover a organização e o envolvimento da comunidade no processo de
integrado antrópico. urbanização, principalmente na integração com a vizinhança e no trato dos
espaços coletivos e públicos.
• buscar novas tipologias, capazes de inverter práticas comuns de adaptação das
características do terreno ao projeto, compatibilizando-as com o relevo, os
• meio físico: em conseqüência de processos do meio físico presentes ou potenciais e os parâmetros geotécnicos dos
tipologias de projeto inadequado ao solos;
terreno, exigindo extensas • especificar procedimentos de proteção do sistema viário contra processos
terraplenagens e induzindo a erosivos;
Projeto ocorrência de instabilidade; e • elaborar e adequar o projeto de movimentos de terra, cuidando da especificação
Adequação às • meio biótico: devido ao de proteção superficial e/ou de estruturas de contenção para taludes;
características desmatamento e a falta de projeto • tratar, no projeto, de áreas que ficarão expostas a processos de meio físico, tais
geométricas do paisagístico; e como erosões, assoreamentos, inundações e escorregamentos, devendo-se evitar
terreno • meio antrópico: devido às alterações que obras de contenção necessárias fiquem a cargo dos futuros moradores; e
dos processos do meio físico e • elaborar e adequar o projeto de drenagem interna ao conjunto, com terminações
biótico, elevando significativamente do sistema de drenagem e sua conexão com redes do entorno ou sistemas
o custo do empreendimento e localizados de lançamento, assegurando a preservação de terrenos vizinhos. A
reduzindo a qualidade de vida dos especificação de cuidados na implantação do sistema de drenagem deve permitir
usuários. que este, ao término das obras, esteja totalmente livre, desobstruído e
desassorreado.
Fonte: FREITAS et al., 2002, p.55 (Coleção Habitare).
197
Quadro 2.7: Recomendações na fase de Planejamento, considerando alterações previstas nos processos ambientais (continuação)
ETAPAS ATIVIDADES ALTERAÇÕES AMBIENTAIS AÇÕES E MEDIDAS RECOMENDADAS
• meio físico: pelo uso inadequado do
terreno previsto para equipamentos
públicos e comunitários, causando
Localização de contaminação do solo e da água, e • tolerar localização dessas áreas somente quando junto a trechos tipicamente
equipamentos instabilizações de vertentes; urbanos, já ocupados e consolidados no entorno; e
públicos • meio biótico: pelo abandono de áreas • utilizar, nas áreas de lazer, massas de vegetação com fisionomia florestal
comunitários destinadas a parques e jardins; semelhante às matas nativas da região, respeitando o espaço e as características
e de áreas • meio antrópico: pela redução da naturais do local.
comerciais qualidade de vida dos usuários, na
falta de equipamentos públicos,
Projeto comunitários áreas comerciais.
• meio antrópico: reduzindo a
Adequação às qualidade de vida dos usuários com • adequar ao clima local as características das unidades habitacionais típicas e de
características desconforto térmico e exigindo suas formas de implementação no conjunto, visando otimizar o desempenho
do clima local compensações commaior consumo quanto ao conforto ambiental.
de energia.
198
Quadro 2.7: Recomendações na fase de Planejamento, considerando alterações previstas nos processos ambientais (continuação)
ETAPAS ATIVIDADES ALTERAÇÕES AMBIENTAIS AÇÕES E MEDIDAS RECOMENDADAS
• verificar as possibilidades de circulação viária interna e de acesso à malha
urbana, estabelecendo sua correção;
• identificar a existência de redes locais de drenagem pública e verificar sua
capacidade em receber os novos fluxos de água concentrados que terão origem
no conjunto. Caso a rede não esteja adequada ao recebimento dos novos fluxos
Planejamento do • meio antrópico: pela redução da obter compromisso documentado de sua adequação em tempo hábil;
projeto de qualidade de vida dos usuários, na • no caso de existência de rede pública de drenagem na região e de haver previsão
infra-estrutura falta, de infra-estrutura interna. de construção no local, ober documentação de compromisso de implementação.
interna Se não houver previsão para sua construção, edentificar pontos mais favoráveis
Projeto de concentração e lançamento. Observar, também, a necessidade de previsão de
obras de extremidade no sistema de drenagem, como dissipadores de velocidade
de escoamento e vertedouros; e
• atrelar a entrega de unidades à implantação completa do sistema de drenagem do
conjunto, destacando a execução de obras de destinação, no entorno, das águas
captadas.
• calcular as dimensões das lixeiras destinadas ao lixo comum de acordo com o
Planejamento de • meio antrópico: pela redução da número previsto de moradores e a periodicidade da coleta pública;
disposição e qualidade de vida dos usuários e, • projetar a localização das lixeiras em local de fácil acesso pelos moradores e que
encaminhamento eventualmente,no custo de adaptações sejam também adequadas à retirada pelas empresas coletoras; e
do lixo domiciliar futuras ou receitas de recicláveis. • prever espaços de coletores para recicláveis nos andares dos prédios de
apartamentos e para seu depósito e armazenamento na áreas comuns.
• meio antrópico: em relação à • verificar ocorrência de traços culturais diferenciados na região e, constatadas
Adaptação preservação de valores culturais es- particularidades relevantes, procurar sua efetiva incorporação ao projeto.
cultural pecíficos e importantes de cada região
Fonte: FREITAS et al., 2002, p.55 (Coleção Habitare).
199
Quadro 2.7: Recomendações na fase de Planejamento, considerando alterações previstas nos processos ambientais (continuação)
ETAPAS ATIVIDADES ALTERAÇÕES AMBIENTAIS AÇÕES E MEDIDAS RECOMENDADAS
• meio antrópico: relacionadas à • verificar se o projeto assegura privacidade visual adequada aos moradores, no
Cuidados com qualidade de vida dos usuários. interior das moradias; e
privacidade • verificar se não há circulações públicas junto a janelas das unidades.
200
Quadro 2.8: Relações potenciais entre fases do empreendimento, estudos de engenharia, instrumentos aplicáveis, estudos ambientais e fases
FASE DO ESTUDOS DE INSTRUMENTOS E PROCEDI- ESTUDOS E DOCUMENTOS LICENCIAMENTO
EMPREENDIMENTO ENGENHARIA MENTOS APLICÁVEIS TÉCNICOS DE REFERÊNCIA AMBIENTAL
• IPA; • Relatório da IPA; Emissão de LP
Projeto conceitual • AIA (análise inicial, revisão • EIA/RIMA e eventuais complemen- ou equivalente
ou Anteprojeto de EIA/RIMA, inspeção de tações; incluindo PGA preliminar;
campo, consulta pública e •
tomada de decisão).
• AIA e AA (acompanhamen- • EIA/RIMA e eventuais complemen-
PLANEJAMENTO to pós-aprovação); tações; incluindo PGA preliminar; Emissão de LI
• Implementação de resultados • Pareceres e relatórios (análises, ou equivalente
Projeto básico da fase de LP e sua inclusão recomendações e exigências) resul-
no projeto básico; tantes da fase de emissão de LP;
• AA para emissão de LI. • Relatórios de AA;
Nota: AIA-Avaliação de Impacto Ambiental; EIA/RIMA-Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental; LP-Licença
Prévia; LI-Licença de Instalação; LO-Licença de Operação; SGA-Sistema de Gestão Ambiental; AA-Auditoria Ambiental; PGA-Plano
de Gestão Ambiental; IPA-Investigação do Passivo Ambiental; RAD-Recuperação de Áreas Degradadas.
Fonte: FREITAS et al. (2001, p.89, modificado)
201
Quadro 2.8: Relações potenciais entre fases do empreendimento, estudos de engenharia, instrumentos aplicáveis, estudos ambientais e fases
do licenciamento ambiental (continuação)
FASE DO ESTUDOS DE INSTRUMENTOS E PROCE- ESTUDOS E DOCUMENTOS LICENCIAMENTO
EMPREENDIMENTO ENGENHARIA DIMENTOS APLICÁVEIS TÉCNICOS DE REFERÊNCIA AMBIENTAL
Nota: AIA-Avaliação de Impacto Ambiental; EIA/RIMA-Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental; LP-Licença
Prévia; LI-Licença de Instalação; LO-Licença de Operação; SGA-Sistema de Gestão Ambiental; AA-Auditoria Ambiental; PGA-Plano
de Gestão Ambiental; IPA-Investigação do Passivo Ambiental; RAD-Recuperação de Áreas Degradadas.
Fonte: FREITAS et al. (2001, p.89, modificado)
202
Quadro 2.9: Classificação dos resíduos sólidos quanto a perculosidade.
CATEGORIAS CARACTERÍSTICAS DESTINAÇÃO FINAL
Apresentam risco à saúde pública ou ao meio ambiente,
caracterizando-se por possuir uma ou mais das seguintes
Classe I proproiedades: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, Encaminhados para aterros de resíduos industriais perigosos.
(Perigosos) toxicidade e patogenicidade.
Classe III Não têm constituinte algum solubilizado em concentração Devem ser encaminhados para aterros de resíduos inertes.
(Inertes) superior ao padrão de potabilidade da água.
Fonte: FREITAS et al, 2001, p.69, modificado (Coleção Habitare)
203
Quadro 2.10: Recomendações na fase de Construção considerando alterações previstas nos processos ambientais
ETAPAS ATIVIDADES ALTERAÇÕES AMBIENTAIS AÇÕES E MEDIDAS RECOMENDADAS
Movimentos de • meio físico: pela modificação do
terra para relevo, retirada da proteção vegetal,
construção da do solo e modificação da drenagem,
rede de causando aumento da erosão, • reduzir a exposição do solo, evitando terraplenagem simultânea em toda a área e
infra-estrutura e escorregamento, assoreamento e com proteção superficial (vegetal e de drenagem), de acordo com características
Terraplena- edificação inundação; do terreno;
gem • meio biótico: pelo desmatamento; e • estabelecer um programa de terraplenagem que considere incômodos por ruídos,
• meio antrópico: circunvizinho vibrações e poeira, além de risco de acidentes e danificação de construções
(resultante de incômodos por ruídos, circunvizinhas; e
Exploração do vibrações e poeira;risco de acidentes; • prever, em áreas de empréstimo, a recuperação e, eventualmente, a reabilitação
material de danificação de construções) e para do local.
empréstimo os futuros usuários (por falta de
correção adequada de problemas
nessa etapa).
• meio físico: pela impermeabilização
Execução das do solo modificação da drenagem; e • estabelecer um programa de obras que considere incômodos por ruídos, vibrações
obras de • meio antrópico: circunvizinho poeira, além de risco de acidentes e danificação de construções circunvizinhas;
edificação, (resultantede incômodos por ruídos, • monitorar a execução correta das obras, reduzindo a geração de resíduos sólidos,
Edificação e contenção e vibrações e poeira; risco de fiscalizando a qualidade do material utilizado e implementando todas as obras de
demais obras construção da acidentes; danificação de contenção e drenagem necessárias; e
rede de construções) e para os futuros • no caso de auto-construção, fazer o parcelamento atrelado ao projeto, com
infra-estrutura usuários (por falta de correção acompanhamento especializado.
adequada de problemas nessa etapa)
Fonte: FREITAS et al., 2002, p.78 (Coleção Habitare).
204
Quadro 2.10: Recomendações na fase de Construção, considerando alterações previstas nos processos ambientais (continuação)
ETAPAS ATIVIDADES ALTERAÇÕES AMBIENTAIS AÇÕES E MEDIDAS RECOMENDADAS
• meio físico: pela modificação do
relevo, retirada da proteção vegetal,
impermeabilização do solo e • reduzir a geração de resíduos e, se possível, tratá-los para diminuir seu volume e
modificação da drenagem, causando atenuar sua periculosidade;
contaminação do solo e da água e • procurar reutilizar o resíduo sólido in natura ou reciclado;
Bota-fora Disposição de alterando o fluxo da água superficial; • segregar os resíduos de acordo com a NBR 10003 da ABNT;
resíduos sólidos • meio biótico: pelo desmatamento; e • encaminhar os da classe I para aterro de resíduos industriais perigosos e os da
• meio antrópico: pelo aumento de classe II para aterros sanitários e da classe III para aterros de resíduos inertes; e
custo devido à necessidade de área • reutilizar a área de aterro, caso esta seja interna ao empreendimento ou externa,
de tratamento, disposição e/ou porém de responsabilidade do empreendedor.
retirada de entulhos.
205
Quadro 2.11: Recomendações na fase de Uso e ocupação, considerando alterações previstas nos processos ambientais
ETAPAS ATIVIDADES ALTERAÇÕES AMBIENTAIS AÇÕES E MEDIDAS RECOMENDADAS
Utilização das • conscientizar os moradores da importância de sua participação comunitária
edificações, permanente, estabelecendo normas e responsabilidades, envolvendo também,
serviços, redes quando necessário, instituições governamentais e não-governamentais;
de infra-estrutura • meio antrópico: relacionadas com as • obter as informações dos agentes intervenientes no processo produtivo da
e demais e condições das instalações para edificação, principalmente aquelas relacionadas às especificações do projeto
equipamentos atender aos usuários; e construtivo e tomada de medidas para sua manutenção ou eventuais correções;
• meio físico: ralacionadas com a • identificar os fatores técnicos, funcionais, econômicos, estéticos e comportamentais
Geração de possibilidade de que haja impactos do ambiente em uso, pertinentes à especificidade de cada empreendimento;
resíduos ambientais negativos no local e • registrar e organizar as informações coletadas;
Uso entorno decorrentes dessa atividade. • corrigir os problemas detectados, por meio de sistema de gestão ambiental,
Manutenção e estabelecido por programas de manutenção do empreendimento;
gerenciamento • acompanhar junto aos órgãos competentes a implementação de serviços e
de risco infra-estruturas compromissadas nas fases anteriores do empreendimento,
• meio antrópico: relacionadas com as assegurando seu atendimento, e/ou obter o compormisso de novas medidas e
Tratamento de condições de atendimento aos ações necessárias, detectadas durante o uso da ocupação; e
questões ligadas usuários. • estabelecer padrões e norams de manutenção de empreendimento estruturados em
com programas e, se possível, desenvolver manuais que sirvam tanto para maior
comportamento comunicação com os moradores como para aprimoramento futuro em novos
e satisfação dos empreendimentos.
usuários
Fonte: FREITAS et al., 2002, p.86 (Coleção Habitare).
206
Quadro 2.11: Recomendações na fase de Uso e ocupação, considerando alterações previstas nos processos ambientais (continuação).
ETAPAS ATIVIDADES ALTERAÇÕES AMBIENTAIS AÇÕES E MEDIDAS RECOMENDADAS
• estabelecer programas de orientação a reformas domiciliares, considerando a
necessidade de ampliação da rede de infra-estrutura, gestão de resíduos,
Atividades reorganização do projeto paisagístico, medidas contra incômodos (ruídos, vibrações
semelhantes às • nos três segmentos do meio e poeira), além de risco de acidentes e danificação de outras construções do
Ampliação de fase de ambiente: semelhante às da fase empreendimento;
construção, de construção, porém com construtivo e tomada de medidas para sua manutenção ou eventuais correções;
porém com menor intensidade. • examinar a condição de risco, caso sejam necessários cortes e aterros, com
menor intensidade indicação e instalação de obras de contenção adequadas e com acompanhamento
especializado; e
• integrar os novos moradores ao convívio do empreendimento.
207
Quadro 3.1: Plano de ação referente a problemas de insalubridade no ambiente de trabalho.
PROJETO: Melhoria da qualidade física do ambiente de trabalho APROVADO:
META: Melhorar as condiçõe ambientais dentro do prazo de 30 dias até de julho de 2004
MEDIDA RESPONSÁVEL PRAZO LOCAL RAZÃO PROCEDIMENTO
WHAT WHO WHEN WHERE WHY HOW
Escritório da Proporcionar mais conforto visual Fazer levantamento das estações de
1. Redimensionar a iluminação Eng. Eliezer 10/7/04 construtora ao usuário. trabalho e suas necessidades lumínicas,
Faria propondo e executando redimensionamento.
Escritório da Evitar a dispersão devido ao Fazer estudo termo-acústico, propondo e
2. Fazer um estudo de Eng. Eleonor 10/7/04 construtora excesso de ruído no local e executando um plano de melhorias para o
térmico-acústico Dias garantir ambiente mais agradável. setor
Verificar a instalação hidráulica existente
3. Rever instalação hidráulica Arq. Marcela 20/7/04 Escritório da Evitar o incremento da umidade devido a problemas de infiltração, propondo
da copa anexa ao ambiente Zsafir construtora no amibiente. a troca de materiais,formalizando a compra
de trabalho. contendo toda a especificação necessária.
Fonte: PRÓPRIA
208