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EIS A PRIMA VERA

A prima Vera que chegava sabe se lá de onde

Caminhava balançante lentamente como gata. Então, sentava se em uma poltrona no canto do
quarto, contra a luz bruxuleante de cores azuis e mesclados do amarelo e o rosa, provindos de
fora, na balburdia da rua.

Enquanto ouvia as quatro estações, eu a apreciava maravilhado, zonzo de prazer. Cochilava


entre pensamentos imperfeitos e as nevoas do Inverno que se desprendiam enquanto tempo.

Vera levantava suavemente, cheia de malicia vinha a mim tirando de minha mão o livro que
fingia ler, dragava-me os lábios para em seguida sugar-me os mamilos em seguida, o banho.
Voltava sorrateiramente de modo não atrapalhar meu sono gotejante, metida em meu roupão
azul, cabelos molhados, beleza na sua mais perfeita forma, tantas vezes expressadas nas
pinturas de Renoir às gravuras de Degas.

O movimento dela ao vestir se quase que um ritualismo minucioso, começando pela bela
calcinha preta ponteada de branco e pequenas tiras de rendas em tons de rosa e cinza.
Deslizava pelos pés pequenos, tornozelos arredondados, passando por pernas adentro,
roçando em suas cochas roliças até chegar ao vê que une o ventre.

Não deixo de assemelhar Vera, aos desenhos de Guido Crepax que lia quando garoto. Teus
seios pera, ventre saliente, ancas largas médias, bundas morro dois irmãos, lábios largos
ondulados e sorriso devastador.

Após a vestimenta, beija-me a testa, o nariz, a boca compondo uma espécie de sinal da cruz
me dizendo o quão difícil é ir embora.

Ainda sedo aos meios, volto a ser inteiro, voos tão soltos como folhas de papel. Visões
insones, inconstantes como eu. Ouço a diva do meu sonho insano, conduzindo-me
como, homem! Ensaio um gesto, mas só consigo tatear as rimas e as prosas.

Mergulho nas vagas brisas em tristes tons de cinzas. Vejo o em azul, apesar da gama...
Já posso?! Pois tenho meu tempo, minhas asas e meu ritmo.

Vagueio pelo mundo como órfão, sem pai nem mãe. Sem coragem, sem minha cara,
sem metade. Um viandante sem sapatos e de meias, puídas pela estrada sem trato. Ah!
Prima Vera... A andorinha que me inspirou voar. A primeira mulher. Por entre voos
excêntricos, vagueio por entre o chão e a terra.

Já passei por vários braços, seios, pelos e anseios. Mas minhas asas prendem-me,
levam-me solto sem ar. Alado fugidio! Dia ou, sina! Dita me às dores, a diva, a deusa
que me sega. Despede-se, e vai se embora juntar se a outras estações.

Agora sigo só! De vento em tento, invento um amor que me segue e que ama como eu.
Pois nasci nos tempos em que se amava a flor mais linda do jardim! E que por elas, as
flores, misturavam se á meses, fundem se confusamente. Semente... Cedo me aos males
de amar incondicionalmente, como guinumbis chupa-flores. Eles já sabem! O quanto
estamos prontos?

Enquanto sofremos as torturas sofridas na transmutação necessária. Alado, macaco,


amante.

Fustigam-nos com odes de demônios! Hormônios insatisfeitos expelem calor, enquanto


que na pele, as dermes espinham como cactos.

Lembrando-nos em todo o tempo; a suculência nas folhas e o arriscado percorrer os


centros das flores... Rudes! Cruéis! Não, não há de ser tocada. Aos insistentes uma
chance. Porem fica o aviso...

É a nossa perpetuação. Nascemos para amar... Nós! Não sobreviveríamos um só


segundo sem a perspectiva divina de se dar um ao outro, do Príncipe e dos Reinos, das
belas adormecidas e avidas. Mesmo que santa, o ninho feito em palha, pode voar ou
queimar. Ou ambas. Voar enquanto queima

Pobre Arthropoda, que nada disso podia. Em seu estupor delirante, enquanto Abegão
proclama; - Eu, último dos imprecadores de minha intime essência. Rogo!... De agora
em diante amais-vos uns aos outros. Sob a pena de não vos amai mais que já amo.

A evolução das espécies estará ameaçada, devido à urgência de outros espécimes.

O amor antropofágico, pois, “o homem é o que come”... Que vida cruel esta a de que ser
átropo, em prol da sobrevida. E ela a quem tanto devoto não volta, só brinca com meus
sentimentos, meus medos e meus testosteronas.

Agora que sem pai nem mãe, vagueio solitário e pensativo. Sinto as vidas que
avidamente as devorei. Somente pela fome, sem tempo de absorvê-las, devido ao dito
tempo. Ou talvez! Vera!...

A vaga me eleva em suas cristas como cobaia, em minha sina de ser o primeiro e
único... O sal que carrega em sua crina, é o mesmo que sinto no gosto salgado. Amargo
nas lagrimas de quando choro meu fim.

Sem ela me sinto avesso. De novo sonho;

Agarrei-a por traz, sentindo suas nádegas comprimindo-me logo abaixo do abdome, enquanto
lhe acariciava com beijos úmidos, sua nuca tenra e cheirosa a jaborandi mesclado ao seus
cabelos finos. Ela ronronava agitando se levemente, procurava se encaixar o mais apertado
em meu agarro.

O calor que vinha de nosso afago parecia expandir-se de dentro para fora com o suor, um
cheiro agridoce se juntava aos outros odores no semiescuro do quarto, ali, naquele abraço, o
vai e vem dum enlace perfeito, orgasmados em jubilo puro. Para logo sermos tomados pelo
furor selvagem plexo, nos inunda da irracionalidade, o ser no reencontro do inexplicável gozo.
Já passava das duas e trinta, despertei-me após um curto cochilo. Vera, ao meu lado
ressonava tranquila no interior de seu corpo ébano retinta polido.

Fiquei algum tempo de barriga para cima olhando os desenhos que se formavam no teto
devido às luzes que transpassavam à veneziana de madeira.

Na rua, dez andares abaixo, automóveis boêmios celebram ruidosamente à noite. A tão
desejada prima Vera enfim havia chegado.

Levantei-me cautelosamente, abri a veneziana para o balcão com o cuidado para não
despertar a quem só merecia o repouso. Busquei o maço de cigarros, o zippo jazia no chão, ao
lado da cama.

Refugiando-se na cadeira de vime em um canto no terraço, taquei fogo no pito. O traguei


deliciosamente, pensando como poderia me livrar deste mais um vicio.

Tribos de Jovens ouviam hep, funk, rock e sambam espalhados pela praça enquanto na
marquise do metro, outros dançavam como se fossem “bacon” na chapa quente. Um perfume
almiscarado e constante pairava sobre o ar quente daquele meio setembro.

Sentia isto tudo ainda ébrio do vinho, do amor, do sexo e do blues. Esses sinais que deixam na
gente uma cutucadela do divino. Uma paz encravada no espirito, um lapso de tempo, minha
mente solta entre as fragrâncias exaladas pelo balanço do corpo, da musica que acompanha o
ritmo do compasso que nos lança a frente.

Salve sexta de vime, recheadas de prendas para Iansã, salve baticum de Naná. Salve Vênus,
encarnada no roliço corpo de Vera.

Salve o Xangô que me guia nas trilhas do tempo.

Sarava Iemanjá, Bem vinda PrimaVera .

Mio Sam Blues.

22/09/2020

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