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"Talento: Célia Quico" - Jornal de Leiria, por Ricardo Rodrigues, 21

de Setembro de 2006

(Depoimento na integra)

É gestora de projectos de televisão digital e interactiva. Em que consiste


especificamente o seu trabalho?
A gestão de projectos de TV digital interactiva está a meio caminho entre a produção
de programas de televisão e a gestão de projectos de sites web ou de outros produtos
multimédia. A título de exemplo, nos últimos meses estive envolvida na gestão de
projecto do Multijogos Sport TV, um serviço de TV digital que permite acompanhar em
simultâneo quatro jogos da Liga dos Campeões.
Sempre que possível, tenho a iniciativa de lançar novos projectos nesta área: destaco o
serviço MTV Europe Music Awards Lisboa 2005, que permitiu aos espectadores terem
acesso a conteúdos extra relacionados com este evento musical, de forma semelhante ao
que acontece num DVD. Outro projecto de minha iniciativa é o serviço de Áudio-
Descrição em filmes Portugueses, destinado a cegos e amblíopes, que consiste numa
narração adicional à banda-sonora do filme, na qual são descritos os detalhes visuais
mais importantes para a compreensão do plano ou da cena.
Mais recentemente, tenho vindo a colaborar como consultora na área de multimédia nos
projectos transversais ao grupo Portugal Telecom “PT Escolas” e “Escola do Futuro
PT”, nomeadamente, no concurso de blogs “Blog@Leiria” - que aliás contou com a
parceria do JL.

A TV Cabo tornou-se, em 2001, um dos primeiros operadores no mundo a lançar


um serviço de televisão digital e interactiva, tendo sido o primeiro a nível mundial
a oferecer a funcionalidade de gravação de vídeo digital numa set-top box por
cabo. Para quando um serviço de Televisão Digital Terrestre (TDT)?
- Sinceramente, gostaria que tal viesse a acontecer em breve, porque acredito que a
concorrência vai beneficiar quer as empresas e os trabalhadores do sector quer os
consumidores. Entre as diversas vantagens da TV digital em relação à TV analógica
destacava a melhor qualidade de imagem e de som, a existência de mais canais de
televisão, inclusive com a possibilidade de distribuição de canais de âmbito regional ou
local. Ainda, com a TV digital os espectadores podem usufruir de serviços interactivos,
como jogos, guias de programação, aluguer de filmes ou de programas, entre outras
possibilidades.
No entanto, a resposta à pergunta que coloca só pode e deve ser dada pelos responsáveis
políticos nesta área. Com base nas últimas informações publicadas, é provável que só
em 2008 os Portugueses possam ter acesso a TDT em suas casas. Esta pode ser uma
estimativa optimista atendendo a todos os passos do processo: lançar concurso público,
seleccionar melhor proposta, operacionalizar o projecto, etc. Neste momento,
aproximadamente 35% dos lares são assinantes de TV paga via cabo ou via satélite, de
acordo com os últimos dados publicados pela ANACOM. O que significa que em
quantidade e qualidade, quase dois terços dos lares Portugueses estão mal servidos de
televisão, só tendo acesso a quatro canais.

Depois de um primeiro concurso abortado para o "lançamento" da televisão


digital terrestre, adiou-se o lançamento de novo concurso devido, primeiro, às
mudanças dos governos e, depois, à oferta pública de aquisição (OPA) lançada pela
Sonaecom sobre a PT. Estará Portugal a tempo de cumprir as metas de Bruxelas
para o switch off (desligar o sistema analógico e ficar unicamente com o digital) do
analógico?
- Mais uma pergunta que deve ser colocada aos responsáveis políticos pelo lançamento
do concurso de atribuição da licença para o estabelecimento e exploração da plataforma
de TDT. Neste momento, é provável que Portugal seja o país mais atrasado na União
Europa neste capítulo. Não vai ser fácil recuperar o tempo perdido até 2012, que é a
data-objectivo proposta pela Comissão Europeia para descontinuar o serviço de TV
analógica. Para além de todos os passos processuais do concurso há ainda a ter em
atenção que para receber o sinal de TV digital vai ser necessário comprar novos
televisores ou então caixas descodificadoras. Ora, esta reconversão não se faz da noite
para o dia. “Depressa e bem, há poucos quem” – excepção feita ao Obikwelu, como é
evidente.

Começou a sua carreira como jornalista. Deixou de exercer por alguma razão em
especial?
- Sou uma pessoa com muita curiosidade e com horror à rotina. O jornalismo é uma boa
profissão para pessoas que sofrem destes males. Também sou uma pessoa com
múltiplas paixões para além da escrita, como a leitura, a pintura, o desenho, o design
gráfico, a fotografia, o cinema. O multimédia agrega todas estas paixões e mais
algumas, com a vantagem de ser interactivo e potencialmente participativo. Daí ter
evoluído do jornalismo para a produção multimédia.

Hoje consomem-se cada vez mais Media em simultâneo. Que desafios se


apresentam à imprensa escrita para manter a fidelidade dos seus leitores?
- Talvez o maior desafio seja o da diminuição substancial do número de leitores nas
gerações mais jovens. A crescente utilização da Internet explica em grande parte esta
diminuição de leitores, mas julgo que ser errado ver a Internet como uma ameaça
quando pode ser encarada como uma grande oportunidade. A Imprensa - seja de âmbito
nacional, regional ou local -, pode e deve tirar partido da Internet, como meio de
publicação de conteúdos noticiosos e de publicidade, mas sobretudo como meio de
interacção com o seu público.

O nascimento do semanário Sol e o novo Expresso atingiram na primeira semana


resultados bastante significativos. Acredita que esta tendência se vai manter?
Conseguirão os dois coexistir?
- Sinceramente, espero que consigam coexistir e, inclusive, que o mercado tenha espaço
para mais jornais concorrentes. Certamente que vai ser difícil a ambos os jornais manter
os resultados do passado fim-de-semana: um beneficiou do factor novidade e o outro
beneficiou do factor DVD. Vamos ver o que valem por si próprios.

O que deve ser um serviço público de televisão?


- “Educar, informar e entreter” é a máxima da BBC desde o seu início e é certeira como
poucas. Recentemente, o presidente da BBC Worldwide Américas, Mark Young,
afirmou que “uma TV Pública tem que ser do bem. Isto é, fazer com que o bom seja
popular e o popular seja bom”. Subscrevo inteiramente estas suas palavras.

Como interpreta os fenómenos Floribella e Morangos com Açúcar?


- Prefiro interpretar as interpretações e os interpretes destes fenómenos. O problema de
muitos dos interpretes é que baseiam os seus juízos em preconceitos, em vez de
estudarem os fenómenos de forma séria e rigorosa. Assim, preferem partir do princípio
que as crianças e jovens são completamente permeáveis á influência dos conteúdos de
Televisão em vez de investigar devidamente o assunto, sustentando a sua interpretação
em investigação empírica.
Prefiro prestar mais atenção ao facto de serem precisamente as faixas etárias dos 4 aos
14 e dos 15 aos 24 anos as que menos vêem Televisão em Portugal de acordo com os
dados da Marktest, que é a entidade que produz os estudos de audiências em Televisão
que servem de referência aos canais e aos seus anunciantes. Prefiro ainda estudar os
padrões de consumo de Televisão de outros Media pelos jovens de forma séria e
rigorosa, algo que estou a fazer no âmbito dos meus estudos de doutoramento e em nos
projectos de investigação em que estou envolvida.

Frequentou uma licenciatura de Escultura. Onde é que esta arte e o multimédia se


encontram?
- O que me interessava na licenciatura de Escultura e Instalação que frequentei no
Ontário College of Art em Toronto era gerar um maior envolvimento do público com os
objectos ou com os espaços, do que a pintura ou o desenho. A minha intenção era a de
dar uma experiência de imersão, interacção e participação num dado ambiente. Quando
em inícios da década de noventa comecei a ler sobre o que era o multimédia e a Internet,
formei a ideia que se podia percorrer espaços virtuais tridimensionais através de um
computador pessoal para consultar e relacionar informação. Julgo que a ligação entre o
multimédia e a escultura e instalação está no facto de se pensar de forma não-linear, em
três ou quatro dimensões. Apesar de adorar fazer multimédia, espero ainda retomar estas
artes mais tradicionais e orgânicas. Porque, no fundo, isto anda tudo ligado.

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