Вы находитесь на странице: 1из 18

ALGODÃO ORGÂNICO: BASES

TÉCNICAS DA PRODUÇÃO,
CERTIFICAÇÃO, INDUSTRIALIZAÇÃO
E MERCADO.

Pedro Jorge B.F. Lima


Engº Agrônomo

Palestra proferida durante a VIII Reunião Nacional


do Algodão, realizada em Londrina - Paraná, de
28.8 a 1º.9.95

LONDRINA - PARANÁ
1995

ALGODÃO ORGÂNICO: BASES TÉCNICAS DA PRODUÇÃO, CERTIFICAÇÃO,


INDUSTRIALIZAÇÃO E MERCADO.

Pedro Jorge B. F. Lima (1)


1- INTRODUÇÃO

Discorrer sobre a importância econômica, social, política e cultural da indústria


algodoeira para a humanidade, é inteiramente desnecessário, quando estou aqui
para falar para uma platéia constituída por especialistas em diversos aspectos da
cadeia produtiva do algodão.
Minha pretensão é enfocar as bases técnicas da produção do algodão
orgânico, com base na experiência hoje existente em vários países, tratar dos
aspectos legais envolvidos no processo de certificação, e tocar, en passant, na
industrialização e mercado desse importante produto, de forma bem mais
superficial, tendo em vista o próprio estado da arte.
Antes de mais nada, quero explicitar as razões da minha vinculação com essa
temática, na qualidade de técnico do ESPLAR, uma ONG situada em Fortaleza,
com 21 anos de atuação junto aos pequenos produtores rurais do semi-árido
cearense. Desde 1990 coordeno um projeto de pesquisa e desenvolvimento, do
qual participam vários agricultores, denominado “Manejo ecológico do algodoeiro
mocó (Gossypium hirsutum marie galante Hutch) , visando a convivência produtiva
com o bicudo (Anthonomus grandis Boheman)”.
Por esse caminho, em 1992 fomos procurados pela Greenpeace do Rio de
Janeiro, consultando-nos sobre a possibilidade de fornecimento de “algodão
ecológico” àquela instituição, destinado à fabricação de camisetas “orgânicas”.
Desde então me envolvi com esse assunto, sempre na busca de oferecer às
organizações de pequenos produtores com quem trabalhamos, as informações
indispensáveis para que venham a se inserir no mercado do algodão orgânico.
Em 1993 e 1994, uma associação de pequenos produtores do município de
Tauá, a ADEC, forneceu um (pequeno) volume de 10 toneladas de algodão “limpo”
à Filobel, uma indústria têxtil de Jundiaí-SP, com o qual foram fabricadas camisetas
para a Greenpeace.

__________________
1
Engº Agrônomo do ESPLAR- Centro de Pesquisa e Assessoria, Fortaleza-CE; representante das ONGs da região
Nordeste no Comitê Nacional de Produtos Orgânicos do MAARA.
Essa indústria foi a primeira no Brasil a se adaptar às exigências da produção
ecológica no campo têxtil, com a chancela do Instituto de Pesquisa Hohenstein, da
Alemanha, membro da Associação Internacional para Pesquisa e Teste no campo
da Ecologia Têxtil.
O algodão fornecido à Filobel, sem exigências de certificação, resulta de um
manejo onde são utilizadas práticas de conservação do solo, consorciação de
culturas e está livre da aplicação de qualquer produto químico.
Por estas razões, fui convidado pelo IAPAR, um dos promotores da VIII
Reunião Nacional do Algodão, para realizar esta palestra.

2
2- AGRICULTURA ORGÂNICA E ALGODÃO ORGÂNICO (2)

A modernidade, o progresso, a ciência e a tecnologia revolucionaram a vida da


humanidade, mas resultaram em produtos inesperados: incerteza, insegurança e
riscos. Os riscos produzidos se explicitaram com muita clareza na relação do
homem com a natureza.
O homem moderno se habituou a tratar recursos naturais finitos como se
fossem infinitos e a utilizar um verdadeiro arsenal de produtos químicos sintetizados
em inúmeras atividades provocando assim profundos desequilíbrios nos mais
diferentes pontos do planeta.
Vejamos, então, como esses riscos produzidos têm se expressado num
contexto que nos é familiar: o da cultura do algodão.
O uso intensivo de fertilizantes químicos, inseticidas, fungicidas e
desfolhantes, resulta, em geral, em elevados níveis de poluição, que atingem o
solo, as fontes d’água, o ar e causam enormes prejuízos à saúde humana e animal
e, não raro, casos de envenenamento e morte. Isto cresce de importância, quando
consideramos que a superfície ocupada pelo algodão, no mundo, supera os 32
milhões de hectares e seu cultivo emprega cerca de 13 milhões de trabalhadores
(WEBER).
Vale lembrar que, entre 1983 e 1994, o algodão consumiu em torno 10,2 a
12% dos pesticidas vendidos no mundo, com valores estimados entre 1,3 e 2,9
bilhões de dólares (COTTON FACTS).Essa pesada utilização de produtos
químicos, em diferentes países onde a cultura algodoeira tem importância
econômica, tem resultado em inúmeros e conhecidos casos de desastres
ambientais (WEBER).
Os exemplos desses graves acidentes são inúmeros, como no Imperial Valley,
na Califórnia; no Rio Grande Valley, no Texas; no Vale do Cañete, no Peru ou no
Ord River Valley, na Austrália, dentre outros (WEBER).

___________________
(2) O termo agricultura orgânica tem sido utilizado, na atualidade, como sinônimo de agricultura ecológica,
biológica, biodinâmica. Esta denominação está consagrada inclusive pela Comissão do “Codex
Alimentarius”, da FAO e Organização Mundial de Saúde.

Lembraremos, de passagem, o tão conhecido desastre ecológico ocorrido no


Mar de Aral, no Usbekistão, onde o plantio de milhares e milhares de hectares de
algodão, sob regime de irrigação, nas margens do rio Amou-Daria, provocou um
verdadeiro caos em um período de 30 anos (THALASSA). O emprego sistemático
da irrigação em uma enorme área diminuiu, de forma drástica, a alimentação desse
mar. Sua superfície se reduziu de 67.388 km2 em 1960, para 39.388 km2, em 1990,
e suas margens recuaram dezenas de quilômetros, desorganizando a navegação,
desativando portos e praticamente extingüindo a pesca, que era de 40 a 50 mil
3
toneladas/ano. As águas de irrigação, uma vez drenadas, carrearam para o mar,
pesadas cargas de resíduos químicos: fertilizantes, inseticidas, herbicidas e
desfolhantes. As tempestades não são mais absorvidas pelo mar e espalham poeira
contaminada por sal e pesticidas, tornando o ar irrespirável para os 3.000.000 de
habitantes da Região. As conseqüências são muito graves: em Karakalpakistan,
87% das mulheres e 60% dos homens estão doentes. A expectativa de vida caiu
para menos de 50 anos. Das 178 espécies animais antes existentes, 140 já
desapareceram etc... etc... etc. (WEBER) e (THALASSA)
Quantos dos presentes também foram testemunhas oculares do apogeu e
declínio do cultivo do algodão em diferentes áreas do Brasil, deixando para trás um
rastro de mazelas e desequilíbrios ambientais?
As conseqüências ambientais, produzidas por um tipo de relação predatória
entre o homem e a natureza fizeram emergir as preocupações do homem
contemporâneo com a qualidade de vida, gerando uma consciência da necessidade
de preservação ambiental, de modo que as gerações atuais possam atender as
suas necessidades sem impedir que as gerações futuras supram as suas próprias
(GARFORTH). Deste modo, emerge como proposta dos anos 90 a idéia de
desenvolvimento sustentável. A virada do século está marcada por esta
preocupação, explicitando-se concretamente no modo de lidar com os recursos
naturais ainda existentes.
O conceito de Desenvolvimento Sustentável, incluindo as preocupações com a
preservação dos recursos naturais, abrange, também, questões econômicas,
sociais e institucionais (GARFORTH).

3- PORQUE AGRICULTURA ORGÂNICA E ALGODÃO ORGÂNICO?

Na atualidade, vem crescendo, em todo o mundo, o contingente de pessoas e


instituições preocupadas com os problemas relativos ao meio ambiente e ao
desenvolvimento sustentável. Uma verdadeira avalanche de debates tem ocorrido a
respeito de problemas como poluição, desmatamento, desertificação, exploração
excessiva de águas superficiais e subterrâneas, dependência da agricultura
tecnificada em relação a recursos não-renováveis, erosão do solo, erosão genética
e uso inadequado de agroquímicos e suas conseqüências (GARFORTH).
Nas mais diferentes partes do mundo, em especial, nos países do Norte,
nasceram e se desenvolveram inúmeras iniciativas com vistas à obtenção de
produtos ecologicamente sadios, livres de resíduos químicos, que provoquem o
mínimo possível de impacto negativo sobre o ambiente em que são produzidos e
contribuam para a sua sustentabilidade.
Assim, a agricultura ecológica surge como uma iniciativa destinada a
desenvolver sistemas produtivos baseados na maximização do uso de recursos
disponíveis nas unidades produtivas, livres de insumos químicos, com vistas à
obtenção de produção sustentável no tempo e no espaço.
4
Na raiz dos movimentos de agricultura orgânica estão as várias correntes
minoritárias -Agricultura Biodinâmica; Agricultura Orgânica, Agricultura Ecológica;
Agricultura Biológica- que, na primeira metade do século foram rechaçadas pelo
paradigma dominante da “Revolução Verde”. Agora elas constituem-se na base de
uma nova forma de praticar agricultura. Quando, a partir dos anos 70, as
preocupações de consumidores e entidades ambientalistas do primeiro mundo se
direcionaram para a obtenção de alimentos sadios, principalmente frutas,
hortaliças, cereais e outros produtos, os agricultores encontraram no conhecimento
produzido por aquelas correntes minoritárias, os fundamentos para embasar as
mudanças nos seus processos de produção.
Após um crescimento considerável nesse ramo da produção ecológica, já no
final dos anos 80, as atenções de consumidores e ambientalistas se voltaram para
o algodão, considerado um dos campeões mundiais no uso de agroquímicos e,
consequentemente, de poluição ambiental.
Tendo ingressado de forma tardia no “clube” da agricultura orgânica, os
produtores de algodão estão se beneficiando do conhecimento acumulado no
campo da produção ecológica de alimentos que, na última década, além do
crescimento verificado em diferentes países da Europa e América do Norte, começa
a ter expressiva presença na América Latina e em alguns países da Ásia e África.

3.1- Uma breve caracterização dos sistemas orgânicos

O manejo empregado nos sistemas de produção orgânica, em geral,


compreende técnicas destinadas a potencializar a ação benéfica da microfauna e
microflora; visa elevar os níveis de matéria orgânica e melhorar as condições
físicas do solo. Isto produz resultados diretos sobre a nutrição das plantas e, em
conseqüência, sobre a sua sanidade (CHABOUSSOU). Uma dessas técnicas é a
aplicação de esterco animal, seja puro ou transformado em composto orgânico, o
que pode constituir um limitante para a produção em grande áreas, em função da
sua disponibilidade.
A adubação verde é outra técnica bastante empregada, que cumpre
importantes papéis na rotação de culturas e na melhoria das condições
fitossanitárias do ambiente. A rotação de culturas e/ou a consorciação são também
utilizadas nos sistemas de produção ecológica. A consorciação, ao ampliar a
diversidade botânica, contribui para uma maior estabilidade desses sistemas.
Quando, ainda assim, ocorrem explosões populacionais de insetos-praga, os
produtores orgânicos costumam lançar mão de diferentes formas de controle
biológico disponíveis, de técnicas de controle mecânico como a catação, a
eliminação de plantas afetadas, assim como pulverizações à base de extratos de
diferentes tipos de plantas, conhecidas em cada região.
A expectativa é que as áreas assim manejadas adquiram, de forma gradual, o
tão desejado equilíbrio e produzam plantas sadias, o que deve resultar na obtenção
de produtos limpos, com rendimentos médios satisfatórios.
5
É evidente que tais resultados não surgem da noite para o dia, pois
necessitam de algum tempo para que se expressem, uma vez que o
condicionamento do solo não é imediato. Seus níveis de esgotamento, de
compactação e de saturação por produtos químicos, decorrentes do manejo
anteriormente adotado em cada área, são fatores que têm implicações diretas
sobre o tempo necessário para que surjam os resultados do manejo ecológico.

3.2 - As experiências de alguns países com algodão orgânico

O número de países com experiências no cultivo de algodão ecológico ainda é


bastante reduzido, mas cresce ano a ano. Há indicações de que a produção total de
algodão orgânico certificada passou de 6 a 8.000 toneladas em 1993, para 9 a
12.000 toneladas em 1994. Para 1995 é esperado um crescimento de 50%.
(MYERS).
Em cada caso, o início da produção tem sido determinado por diferentes
fatores, tais como:
- decisão dos próprios agricultores, em função de problemas ocorridos com o
uso e pesticidas, como no caso dos Sheppard, no San Joaquim Valley, na Califórnia
(NEMATOLLAHI) e (WEBER)
- apoio oferecido por ONGs que já trabalhavam com agricultura ecológica e
passam a estimular a produção de algodão nas mesmas bases, como o são os
casos do ESPLAR, no Ceará e do INDES, na Argentina;
- a implementação de projetos-piloto, em países do Sul, com apoio de
agências de cooperação governamental, como a GTZ, da Alemanha (Nicarágua,
Equador, Argentina, Índia e Tanzania) e a SIDA, da Suécia em Uganda. Nesses
casos, além do estímulo à produção, são oferecidos apoios na certificação e na
comercialização, realizada com companhias européias.
Em todos os países produtores, essa atividade é muito recente, tendo se
iniciado apenas nos anos 90.
Uma breve descrição dessas iniciativas em alguns países, oferecerá um
panorama do significado dessa atividade, seus avanços, dificuldades e barreiras
que ainda precisam ser transpostas para que venha a ter peso efetivo na indústria
algodoeira. Nos casos do Egito, Equador, Nicarágua e Brasil, há informações
disponíveis sobre os manejos adotados. Para os casos dos demais países, a
abordagem será mais genérica.

Egito - Os primeiros passos do algodão orgânico foram de iniciativa do


SEKEM Farms, num arrojado projeto em parceria com diferentes empresas
européias, interessadas na comercialização de produtos orgânicos: plantas
medicinais, condimentos e algodão.
Uma pequena área de 11 hectares foi plantada em 1991, empregando os
princípios biodinâmicos. As técnicas adotadas compreendem adubação verde,
adubação com composto orgânico, cinzas e fosfato natural. No início do ciclo, o
algodão é consorciado com cebola ou alho precoce, com a finalidade de fomentar a
ação de micorrizas e prevenir o aparecimento de infecções nas raízes. São
6
empregados também preparados biodinâmicos, no tratamento das sementes e para
evitar o ataque de fungos patogênicos prejudiciais às plantas jovens.
O controle de pragas é realizado através de diferentes tipos de armadilhas,
para capturar a mosca branca, pulgões e os machos da temida Spodoptera litoralis
e determinar o ponto crítico do aparecimento da broca do capulho.
A área cultivada expande-se ano a ano, com a participação de dezenas de
agricultores, reunidos em torno do SEKEM. Os primeiros 11 ha em 1991, passaram
para 38 em 1992; 140 em 1993 e 607 em 1994. (MERKENS, Georg et alii e
CHAUDRY). Os rendimentos obtidos situam-se em torno de 986 kg/ha, cerca de
12% abaixo daqueles alcançados pelo algodão convencional, enquanto os custos
de produção são 8% superiores. (CHAUDHRY).
Em função do excelente padrão de qualidade, o algodão orgânico egípcio tem,
talvez, os melhores preços do mercado: até o dobro do algodão convencional.
Atendendo a uma das resoluções da First International IFOAM Conference on
Organic Cotton, realizada no Cairo em 1993, o Center of Organic Agriculture in
Egipt (COAE), do SEKEM Farms, é, hoje, a plataforma internacional para
intercâmbio de informações e coordenação de pesquisas. Está incubido de receber,
editar e recircular informações sobre algodão orgânico (EL-MOITY).

Nicarágua - A produção de algodão orgânico foi iniciada em 1994, através de


26 agricultores, que plantaram um total de 51 ha, colhendo, ao final, 54,5 toneladas
de algodão em rama, com um rendimento médio de 1,07 T/ha. Isto foi possível
depois da introdução no País de um manejo efetivo do bicudo, com tubos antibicudo
(BWACT®), que permitiu aos agricultores pensar na possibilidade de produzir
algodão sem químicos. Foram utilizadas áreas que estavam em “descanso” há
vários anos, cumprindo assim, uma das exigências da certificação (BUSTILLO et
alii.).
O manejo compreendeu adubações com esterco e aplicações foliares de
esterco fermentado. Estas contribuíram também para o controle das pragas. O
controle do bicudo foi realizado com armadilhas atrativas com feromônio grandlure,
tubos antibicudo BWACT®, e coleta manual de botões atacados e de insetos
adultos.
Outros insetos foram controlados de forma satisfatória, através do emprego de
Trichogramma, Bacillus thuringiensis e inseticidas botânicos.
Os rendimentos médios obtidos foram cerca de 50% inferiores aos dos
sistemas em que foi empregado o MIP, enquanto os custos da produção orgânica
situaram-se um pouco abaixo da metade dos custos da produção convencional.
A certificação do produto foi realizada pelo Movimento Ambientalista
Nicaraguense (MAN), que estabeleceu normas de produção orgânica e inspecionou
as lavouras, segundo às exigências da União Européia. A produção foi adquirida por
uma firma da Alemanha.
O apoio da GTZ e do governo nicaraguense foram fatores importantes na
concretização dessa experiência.

7
Equador - As primeiras experiências com algodão orgânico foram realizadas
em 1995, envolvendo uma associação de pequenos produtores, a FUNALGOD”N e
a Sintofil, uma das maiores empresas do setor têxtil no País. A GTZ proporcionou
apoio técnico através de um consultor em agricultura ecológica e mandou ao
Equador um certificador europeu (MORAES).

O manejo empregado consistiu na adubação com esterco de gado ou esterco


e torta de mamona. O controle de invasoras foi realizado com capinas manuais ou
roço mecânico, seguido de capina manual. Em nenhuma das áreas foi utilizada
irrigação.

Para controlar pragas, foram adotadas as seguintes técnicas:

- aplicação de substâncias repelentes, ou tratamento de sementes com Bauveria


bassiana, contra a broca da raiz (Eutinobothrus brasiliensis);

- contra sugadores, foram feitas aplicações de enxofre e de extrato de Neem


(Azadirachta indica A.Juss);

- lagartas foram controladas através da liberação de Trichogramma, do emprego de


Dipel e uso de feromônios específicos.

Os principais problemas nas áreas da FUNALGOD”N foram uma forte seca,


que provocou sérios prejuízos, e a dificuldade de controle da broca da raiz. Alguns
agricultores aplicaram biofertilizante à base de esterco de gado fermentado e
micronutrientes, em pulverizações, com resultados notáveis sobre a sanidade e
vigor das plantas.

Apesar da seca em 13 hectares, 8 agricultores associados da FUNALGOD”N


colheram 3,1 toneladas de algodão ecológico, com um rendimento médio de
apenas 238 kg/ha. A área da Sintofil, pouco afetada pela seca, proporcionou
rendimentos médios de 1.100 kg/ha, semelhantes aos obtidos nas lavouras
convencionais.

Argentina - O algodão orgânico argentino, cultivado a partir de 1993, pela


Pyma, chegou a ocupar 270 ha em 1993, reduzindo-se a 60 ha, em 1994. Para o
corrente ano, a estimativa é que a área plantada atinja 400 ha. Os rendimentos
obtidos - 300 kg de pluma/ha - (CHAUDHRY) são considerados baixos,
insuficientes, para compensar os elevados custos de produção, que chegam a ser
até 100% superiores aos do algodão convencional. A redução da área cultivada por
essa empresa decorreu da dificuldade de encontrar mercado que remunere melhor
o produto, cujos preços de venda foram 30% acima daqueles obtidos pelo algodão
convencional (MORAES).
Na província do Chaco, o INDES, uma ONG que trabalha com pequenos
produtores, adotando princípios ecológicos, está recebendo apoio do Departamento
de Tecnologia Apropriada (GATE), da GTZ, para um projeto que inclui ações
8
destinadas a iniciar um trabalho com algodão orgânico. Esse convênio permitirá
estudar o mercado e formas de exportação, além de prever a capacitação de
técnicos, intercâmbio de experiências, dentre outros itens. (ZEFF) e (MIRANDA).

Estados Unidos - Iniciada no começo dos anos 90 a produção de algodão


orgânico, os Estados Unidos registram a maior expansão de área plantada, dentre
todos os países produtores.
Foram necessárias duas décadas para que a produção de alimentos orgânicos
alcançasse 1% da produção total norte-americana, enquanto o algodão orgânico,
em 1993, já representava 0,3% da produção interna. Sean Swezey, pesquisador do
Programa de Agroecologia da Universidade da Califórnia, em Santa Cruz, prevê
que “...dentro de dois anos, cinco por cento de todo o algodão da Califórnia poderá
ser produzido organicamente” (NEMATOLLAHI).
Apesar das controvérsias existentes acerca da área total sob manejo orgânico
e em fase de transição, segundo o Conselho Nacional do Algodão, em Memphis, já
havia, em 1993, 15.874 ha, concentrados principalmente no Texas, Califórnia e
Arizona (NEMATOLLAHI).
Em geral, os rendimentos do algodão orgânico são 20 a 25% inferiores aos do
algodão convencional, enquanto os preços podem alcançar até 50% acima dos
obtidos por este último (CHAUDHRY).
Um campo especialmente importante da cotonicultura orgânica nos Estados
Unidos é o dos algodões coloridos, produzidos por duas companhias: a Natural
Cotton Colours e a BC Cotton. Estas obtiveram as sementes originais em lavouras
de pequenos produtores descendentes dos povos indígenas que habitavam países
da América Latina e realizaram um trabalho de melhoramento, tendo lançado no
mercado, algodão com dois tons de marrom e dois de verde. A Natural Cotton
Colours patenteou esse algodão, o Fox Fibre®, que vem sendo vendido nos
mercados da Europa e Estados Unidos a preços 3 vezes superiores aos do algodão
branco (PLEYDELL-BOUVERIE)
Em 1993, foram cultivados cerca de 4.000 ha, com uma produção de 2.000
toneladas.Para 1995 há estimativas que a área cultivada atinja 2.500 a 2.800 ha.
(CHAUDHRY)

Brasil - A tentativa de produzir algodão em bases ecológicas foi iniciada pelo


ESPLAR, em fins de 1989, através da pesquisa "Manejo ecológico do algodoeiro
mocó (Gossypium hirsutum marie galante Hutch), visando a convivência produtiva
com o bicudo (Anthonomus grandis Boheman)", que conta com a participação de 12
pequenos produtores do semi-árido cearense.
Essa atividade foi iniciada em meio a uma grave crise, que quase extinguiu
essa cultura no Nordeste, e teve como uma das suas causas a chegada do bicudo.
Está voltada para a recuperação dos seus sistemas produtivos, através de uma
proposta que visa melhorar os consórcios tradicionais do algodão arbóreo com o
milho e o feijão, pela introdução de práticas de conservação do solo, a
incorporação da leucena (Leucaena leucocephala) nesses consórcios e o uso da
cultivar CNPA 4M, precoce.
9
Esse conjunto de elementos visa a manutenção e recuperação da fertilidade
do solo, esperando-se que repercuta sobre o estado nutricional e sanitário das
plantas e a elevação dos rendimentos médios atualmente obtidos, que, no Ceará,
vêm oscilando em torno de 100 kg/ha.
Os primeiros resultados experimentais obtidos em 1991 e 1992, (rendimentos
médios de 240 e 197 kg/ha, respectivamente), estimularam muitos outros
produtores de vários municípios a retomar o cultivo do algodão, através desse novo
sistema. Em 1994, cerca de 130 agricultores, no município de Tauá, implantaram
suas lavouras segundo as técnicas preconizadas, em uma área superior a 200 ha. A
forte incidência do bicudo, em 94 e 95, inviabilizou, quase por completo, a
produção, devido a fatores como:
- a falta de resposta efetiva a esse problema, por parte do sistema proposto;
- a inexistência de técnicas capazes de controlar essa praga sem o uso de
agrotóxicos;
- mudança nas condições climáticas, pela ocorrência de chuvas abundantes e
regulares, nesses dois anos,
- a disseminação do cultivo do algodão herbáceo, em municípios zoneados para o
arbóreo, feita pelo governo do Estado favorecendo esse quadro de explosão
populacional.
A produção obtida em 1993 e 1994 (10 toneladas de algodão em pluma), foi
vendida para a Greenpeace/Filobel, como algodão “limpo”, sem exigência de
certificação, a preços 30% e 10% superiores aos do algodão convencional,
respectivamente.
Hoje, o ESPLAR e as organizações de pequenos produtores encontram-se
diante do desafio de buscar alternativas viáveis para uma convivência produtiva
com o bicudo e, para isto, estão sendo buscadas parcerias com instituições de
pesquisa como o CNPA/EMBRAPA e o CIRAD.

4- CERTIFICAÇÃO: UMA EXIGÊNCIA DO MERCADO

Impulsionado pelo crescimento da demanda, surgiu, em vários países, um filão


de mercado para produtos orgânicos e, em conseqüência, a necessidade de que os
consumidores tivessem segurança quanto à qualidade dos produtos que adquirem.
Surgiu assim, a necessidade do estabelecimento de normas para regular a
produção, processamento, certificação e comercialização de produtos orgânicos. A
partir do próprio movimento de agricultura ecológica, foram sendo estabelecidas
normas que, aos poucos, foram transformadas em leis, em diferentes países do
Norte.
A IFOAM - Federação Internacional de Movimentos de Agricultura Orgânica -
cumpriu importante papel em todo esse processo, pois as normas adotadas por ela
subsidiaram a elaboração da legislação hoje em vigor na União Européia e em
outros países.
10
Uma vez estabelecidas as regras do jogo, em qualquer país onde haja
produção orgânica, a certificação tanto poderá ser realizada pelo Estado como por
empresas privadas. Surge assim, um novo ramo de atividade ligada ao campo da
agricultura ecológica, que pode ser desempenhado com diferentes níveis de
seriedade, compromisso ético, transparência e competência.
Para que uma certificadora venha a funcionar legalmente necessita se
credenciar junto ao órgão oficial competente e estabelecer suas próprias normas e
padrões de exigências para a certificação, subordinadas à legislação em vigor
sobre o assunto, que tem caráter amplo.
Hoje funcionam diferentes certificadoras credenciadas pelo Programa de
Acreditação da IFOAM: KRAV/Suécia; Biokultura/Hungria; Instituto
Biodinâmico/Brasil; FVO/Estados Unidos; NASAA/Austrália. Há outros esquemas
independentes dessa Federação, que adotam padrões e normas semelhantes e
contam com reconhecimento internacional.
É importante enfatizar que o controle da agricultura orgânica é um controle de
métodos de produção e não um controle dos bens produzidos no sentido comum e
envolve as diferentes etapas da produção. Inclui uma documentação detalhada de
procedimentos de produção e a ênfase nesse serviço é dada às inspeções de
campo, realizadas por inspetores competentes (RUNDGREN). A certificação de um
produto orgânico é, portanto, o ponto de chegada de um processo.
Cabe mencionar que a certificação se desenvolve como uma ferramenta para
a economia de mercado e se adequa a situações onde há uma certa distância, seja
geográfica ou cultural, entre produtores e consumidores. Assim, a certificação não
deve ser considerada apenas como um custo desnecessário, mas deve ser
encarada como uma poderosa ferramenta para fortalecer a confiança do
consumidor nos produtos orgânicos.
No caso específico do algodão, nos países em que já operam sistemas de
certificação, as normas e padrões adotados na produção primária são os mesmas
que vigoram para outros produtos. Até o momento, no entanto, não existem padrões
homogêneos para verificação dos processos de descaroçamento, fiação e
tecelagem.
No Brasil, desde 1994, está em andamento, no âmbito da Secretaria de
Defesa Agropecuária -SDA- do Ministério da Agricultura, a elaboração de uma
proposta de normatização de produtos orgânicos, a ser editada possivelmente em
forma de portaria, que deverá ser, posteriormente, transformada em projeto de lei,
para encaminhamento ao Congresso.
Tal iniciativa decorreu principalmente das exigências colocadas pelos países
da União Européia, de condicionar as importações de alimentos à existência de
certificação da qualidade ambiental desses produtos.
Em maio passado foi instalado o Comitê Nacional de Produtos Orgânicos, com
composição paritária entre Governo e Organizações Não Governamentais que
atuam no campo da agricultura ecológica. Suas atribuições se referem à definição
de estratégias para a certificação de produtos orgânicos; definição dos requisitos
necessários para a implantação do Registro Nacional de Instituições Certificadoras

11
e manter um cadastro nacional de produtores rurais e agroindustriais de produtos
orgânicos (BRASIL).

5- INDUSTRIALIZAÇÃO

Se, no âmbito da produção primária, o algodão tem provocado tantos prejuízos


ambientais, no que se refere à sua industrialização, a situação não é muito
diferente.
No caminho que a pluma percorre até ser transformada em tecido, o algodão é
submetido a uma série de tratamentos químicos, que podem variar de acordo com o
produto final a ser obtido. Em linhas gerais, nas diferentes etapas desses
processos são empregados produtos como soda cáustica, detergentes, ácido
acético, água sanitária e outros alvejantes organoclorados, corantes, metais
pesados, sulfetos, resinas e formol-uréia.
O caráter poluidor do processamento industrial têxtil não reside apenas na
toxidez em si dos produtos empregados, mas também decorre do fato de que são
utilizados grandes volumes d’água que, depois de contaminados, são lançados em
corpos d’água sem o tratamento adequado. Muitos dos produtos químicos utilizados
são de alta toxidez e alguns até cancerígenos.
Apesar disso, o algodão desfruta de uma imagem muito positiva, como uma
fibra natural. Quem não gosta de usar roupas feitas com tecido 100% de algodão?
Seguindo uma tendência mundial dos últimos anos, um crescente número de
indústrias têxteis, em diferentes países, vem procurando enfrentar as questões
ambientais, através do emprego de alta tecnologia. Muitas delas, forçadas por
pressões de grupos ambientalistas e/ou pelas políticas oficiais de preservação
ambiental estão empreendendo mudanças substanciais em seus processos de
produção, visando reduzir os índices de poluição que provocam. Outras, a partir de
uma tomada de consciência da necessidade de mudar seus processos produtivos
para torná-los ambientalmente mais sadios, se inserem de forma afirmativa no
contexto do desenvolvimento sustentável.
É claro que, numa ou noutra situação, os custos são elevados, mas também
resultam em dividendos, na medida em que implicam na melhoria na qualidade do
produto, acompanhando uma tendência muito em voga na atualidade.
Tradicionalmente, a indústria têxtil tem operado com três parâmetros de
mercado: Preço; Qualidade; Design. Na atualidade, está sendo introduzido um
quarto parâmetro: Meio Ambiente, que poderá tornar-se de inestimável importância
para indústrias e consumidores (NOERGARD).
Há indústrias têxteis européias que, a partir da definição e implementação de
suas próprias políticas de meio ambiente, adotaram padrões para análise do ciclo
vital do algodão, introduzindo, assim, uma medida para a qualidade do produto, ao
redor da qual os produtores busquem atingi-lo. Estes padrões são expressos em
uma escala de valores ambientais, que vão de 0 a 100. Nessa escala, seria
atribuído zero ao produto de pior qualidade ambiental e 100 a um produto
12
totalmente “verde” ou “orgânico”, o que é impossível, em se tratando de produção
de manufaturados (DAFOLO DEVELOPMENT).
Tais políticas ambientais dizem respeito a todas as fases do ciclo vital do
produto, desde o plantio e colheita, fiação e tecelagem, tintura e acabamento,
confecção do vestuário, empacotamento, transporte e até a reciclagem.
Essas diferentes fases são analisadas em função da conservação de energia,
minimização dos desperdícios e emissões no meio ambiente (DAFOLO
DEVELOPMENT).
Em função disso, os esforços desenvolvidos são dirigidos para maximizar o uso de
produtos menos agressivos ao meio ambiente, maximizar a reciclagem, reduzir os
volumes de água
empregados e conservar ao máximo a energia utilizada.
Algumas das alternativas encontradas pelas chamadas companhias de “roupas
verdes” envolvem os seguintes mecanismos:
- eliminação do branqueamento químico ou a substituição do cloro pelo
peróxido de hidrogênio;
- substituição do formaldeído na redução do encolhimento do tecido,
conseguida por meio de lavagem;
- emprego de enzimas em lugar dos amaciantes convencionais.
O grande problema continua sendo o tingimento, uma vez que o algodão é
muito resistente à coloração, ocorrendo desperdícios de até 50% dos corantes
empregados nesse processo. Para que não desbotem, as tintas naturais exigem a
adição de produtos de alta toxidez como o cromo, o arsênico ou o cobre
(SCHNEIDER) e (DAFOLO DEVELOPMENT).
Por esse caminho, tanto as indústrias que tentam soluções mais ousadas, em
que procuram interferir na produção primária, como aquelas que apenas realizam
modificações no seu processo produtivo, enfrentam, com o uso da mais avançada
tecnologia, um dos mais tradicionais desafios do setor têxtil: a recirculação dos
seus despejos e a recuperação de produtos químicos e subprodutos. Por esta
mesma via, cria-se, então, uma demanda por matéria prima produzida em bases
ecológicas, como forma de garantir que, já na primeira fase do ciclo vital do
algodão, este obtenha escores os mais elevados possíveis na escala de valores
ambientais adotada.
Como a oferta mundial de algodão orgânico ainda é diminuta, (9 a 12.000
toneladas em 1994) a produção de tecido orgânico certificado é também
limitadíssima.
Como saída para essa dificuldade, a “indústria verde” procura adquirir o
produto convencional colhido à mão, fugindo assim do algodão em que foram
empregados desfolhantes, embora contenha resíduos de outros agrotóxicos.
Empregando um algodão com essas características, lançam as chamadas linhas de
“roupas ecológicas” ou “roupas verdes”, que não recebem certificado de orgânicas.
Na publicidade desses produtos, as companhias têxteis procuram mostrar que
a “...linha ecológica respeita o meio ambiente desde a colheita do algodão, feita à
mão, até o produto final, evitando produtos químicos agressores” (FILOBEL).

13
Isto leva essas indústrias, que mantêm um rigoroso controle ambiental da sua
produção, a ofertar no mercado os chamados tecidos “verdes”,
No presente, nos países do Norte, inumeráveis marcas e abundantes garantias
mais ou menos qualificadas competem entre si e confundem os consumidores. Na
ânsia de ocupar esse novo nicho de mercado dos têxteis orgânicos, surgiu um
grande número de marcas: Green Cotton; Ökotex; Naturaltextil; Handpicked;
Ecotex; Residuefree, Unblanched, dentre outras (BÄCHI).
Dessa maneira, um outro desafio para a “indústria verde” é produzir
informações honestas para os consumidores, habilitando-os a distinguir entre
apelos promocionais de venda e medidas ambientais honestas, entre uma roupa de
tecido orgânico certificado e uma peça de roupa verde, de modo a granjear a
confiança dos consumidores.
Evitar cair nas falácias naturalistas, incorrendo em posturas dogmáticas,
unilaterais e fechadas à discussão. Nesse sentido, é importante reforçar a
perspectiva ampla do desenvolvimento sustentável, em termos da articulação das
questões ambientais com as questões econômicas, sociais e culturais.

6- ALGODÃO ORGÂNICO: UM MERCADO EMERGENTE

As informações acerca do mercado do algodão orgânico são escassas,


dispersas e ainda não sistematizadas.
É necessário lembrar, inicialmente, que a produção ecológica não vem se
desenvolvendo à margem do mercado. No caso específico do algodão, com mais
razão, pois se trata, essencialmente, de um produto de mercado.
Numa sociedade globalizada, com redes planetárias de informação e
comunicação, cada vez mais as pessoas tomam consciência dos riscos que correm
ao consumir/usar produtos portadores de resíduos prejudiciais à saúde. É evidente
que isto não se refere ainda à maioria da população de cada país, mas apenas aos
segmentos com níveis de renda mais elevados e às camadas médias, sobretudo,
nos países ricos. A grande maioria permanece à margem dessa tendência,
preocupada que está, em satisfazer ainda algumas das suas necessidades básicas.
De todo modo, há um contingente crescente de pessoas, que pode fazer opção
pela aquisição de produtos mais saudáveis, associando isto às suas necessidades
de melhoria da qualidade de vida. Na Alemanha, por exemplo, uma pesquisa
realizada há poucos anos mostrou que cerca de 30% da população está disposta a
pagar 10% a mais por produtos fabricados segundo princípios ambientais sadios
(NOERGARD).
Esses consumidores necessitam que produtos ecológicos confiáveis estejam
presentes no mercado, porém sua pretensão não é apenas que haja rótulos ou
selos verdes.
Embora o mercado de algodão ecológico ainda seja muito novo, vem se
desenvolvendo rapidamente e há prognósticos de um grande crescimento. Este
estará estreitamente vinculado às possibilidades dos produtores conseguirem obter
rendimentos compatíveis com os do algodão convencional, a custos semelhantes.
14
Como já foi visto, os rendimentos médios da produção de algodão orgânico são
inferiores aos da produção convencional e os custos mais elevados, em quase
todos os países produtores. Tratando-se ainda de um bem escasso, os produtores
vêm recebendo preços que variam de 10 a 100% acima do preço do algodão
convencional.
Para superar essas barreiras de baixos rendimentos e custos mais elevados,
há necessidade de fortes investimentos em pesquisa, que, aliás ainda são
marginais, em quase todos os países produtores.
As experiências com a produção e comercialização de algodão orgânico são
limitadas a 3 ou 4 anos, o que é muito pouco para se chegar a conclusões
consistentes acerca de rendimentos, custos e tendências futuras. De todo modo, se
persistirem os baixos níveis de oferta e a consequente manutenção do pagamento
de bônus aos produtores, isto poderá se tornar num fator restritivo de parte da
demanda, pois dificilmente parcelas mais amplas de consumidores estarão
dispostos a continuar pagando mais pelas roupas orgânicas. Afinal, como afirma
uma diretora da Natural Fact “...quando se trata de roupa..., a prioridade é a beleza.
Não é como comprar frutas e verduras orgânicas” (PLEYDELL-BOUVERIE).
Em contraposição a esses fatores restritivos, constata-se que muitos mercados
dos países ricos colocam, cada vez mais, exigências em relação aos critérios
ambientais de produção das commodities que importam.
A demanda por algodão orgânico foi criada a partir do momento em que muitas
indústrias dos países ricos empreenderam mudanças nos seus processos
produtivos, adotando tecnologias que permitem a fabricação de tecidos mais
limpos, com os menores impactos ambientais possíveis.
A partir de então, nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, o
segmento da moda passou a trabalhar com a possibilidade de contar com oferta
regular de tecidos orgânicos. Nomes famosos do ramo como Esprit, e Gap já
lançaram coleções de roupas feitas com tecido orgânico. Apenas a Esprit prevê
uma demanda de 125.000 toneladas até 1996, volume este que supera de longe as
possibilidades atuais da oferta(FSP).
A PROTRADE - uma espécie de braço comercial da GTZ -, considera que o
mercado para o algodão orgânico, apesar de relativamente novo, desenvolve-se
rapidamente e prevê um grande crescimento (PROTRADE).

15
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BÄCHI, Rainer. Control and Certificartion Schemes for Organic Cotton. Trabalho
apresentado na first International IFOAM. Conference Organic Cotton. Sep. 23-
25, 1993, Cairo

BASTOS FILHO, Guilherme Soria. algodão: nova fase de rcuperação? In:


Agroanalysis 15 (4) abr. 1995

BELTRÃO et alii. Future possibilities of organic cotton im Brazil. Trabalho


apresentado no 53º Rd Plenary Meeting of the International Cotton Advisory
Committee. Recife, PE, Brazil, Sep. 1994

BRAILE, P.M & CAVALCANTI, J.E.W.A. Manual de tratamento de águas residuárias


industriais. São Paulo: CETESB, 1993

BRASIL. Regimento Interno do Comitê Nacional de Produtos Orgânicos. (Criado


pela portaria ministerial nº 190, de 13.09.94, publicada no D.O.U. de 14.09.94)

BUSTILLO C., Julio et alii. Primeras experiências de algodón organico en


Nicarágua. Managua, Nicarágua
16
CHABOUSSOU, Francis. Plantas doentes pelo uso de agrotóxicos: a teoria da
trofobiose. Tradução de Maria José Guazzelli. Porto Alegre: L & PM, 1997

CHAUDRY, M. Rafiq. Status of Organic Cotton Producion. Washington: International


Cotton Advisory Committee, 1994

COTTON FACTS. In: Pesticides News (28) June 1995

DAFOLO DEVELOPMENT. Enviromental Audit- NOVOTEX /s.d./ /s.l./

EL-MOITY, Tawfik H. Abd. (Informações pessoais) 1993

FILOBEL. Participe da grande tendência da moda internacional (folheto


demonstrativo). São Paulo /s.d./

GARFORTH, Cris. Uma extensão rural sustentável para uma agricultura sustentável
- em busca de novos caminhos. In: The Rural Extension Bulletin. Reading:
AERDD, (3) Dec. 1993

LAMPKIN, Nicolas. Agricultura Orgânca e Política Agrícola na Europa. Trabalho


apresentado na Conferência sobre Agricultura Sustentável e Política Agrícola do
Ministério da Agricultura, Pesca e Alimentos de Quebec. Quebec City, 8 de
novembro de 1990

LIMA, Pedro Jorge B.F. Ecological Managiment of “Mocó” Cotton in Northeast do


Brazil. Trabalho apresentado na I Conferência Internacional da IFOAM sobre
algodão orgânico. Cairo, 1993

MERCKENS, Georg et alii. Zur praxis biologisch - dy namisher Baumwollkultur in


Argentina. Resistencia, Chaco, Argentina: INDES, 12p. 1994

MORAES, Silvio Paulo. (Informações pessoais) 1995

MYERS, Dorothy. The Cotton Chain. In: Pesticiles News (28) June 1995

Natural Cotton colours, Inc. fox fibre (folheto)

NEMATOLLAHI, Matty. Organic cotton acreage is on the rise. In: The Cultivar Santa
Cruz, California: 12 (1) Winter 1994

NOERGAARD, Leif. Green Cotton: a paratial example of cleaner production.


Trabalho apresentado no Ministerial Meeting and Second senior Level Cleaner
Production Seminar. Oct 27-29, 1992. Paris France

17
PLATO INDUSTRIES, INC. Tubo mata Picudos (T.M.P.): sistema de atraccion y
control de picudo del algodon (Anthonomus grandis B) antes de la siembra,
durante la temporada de cultivo y en periodo de veda em Mexico y America del
sur. Houston, Texas. Mar. 1995

PLEYDELL - BOUVERIE, Jasper. Grifes criam moda sem agrotóxicos. In: Folha de
São Paulo. São Paulo: 20 de novembro de 1994

PROTADE. Boumwolle aus okologischem Anbau. Was heibt das? 1994

RUNDGREN, Gunnar. Certification organic agricultures Sweden: KRAV, 1995

SCHNEIDER, Paul. Oferta de “roupa verde” é cada vez maior nos EUA. In: O
Estado de São Paulo. São Paulo: 27 de junho de 1993

THALASSA EDUCATION. Aral, La Assassinee. France: CND, 1992

VRIES, HARRY de. An International Commodity Related Enviromental Agreement


for cotton: an Appraisal. Netherlands, 1994

WEBER , Carina. The Importance of Orcanic Cotton for Humanity and Ecology.
Trabalho apresentado na I Conferência Internacional da IFOAM sobre algodão
orgânico. Cairo, 1993

ZEFF, Ofelia (Informações pessoais) 1995. In: The Rural Extension Bulletin.
Reading: AERDD, (3) Dec. 1993. São Paulo, 27 de junho de 1993.

18

Вам также может понравиться