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Abstract
The article analyzes quality service as a competitive factor for retail banks in Brazil. Due to many and fast
changes that have been taken place in the last ten years in banking market, that contributed to banks work in
a similar way in the retail market, the service quality became a differential factor in a financial institution as
dealing with its clients. This differentiation, besides give more income in each banking operation, contributes
to change common clients in faithful clients. This provides more conditions to the institution to be
competitive and gives more financial earns for a long term run that is so much important for keeping any
business on going. Service quality is also important for any company to create a share of mind on its clients
and it is responsible for the evaluation that these clients make about the services they receive.
1. Introdução
O mercado bancário no Brasil atravessou mudanças profundas e rápidas nos últimos dez
anos entre as quais podemos citar: a estabilização econômica através do Plano Real; a
redução do número de bancos atuando no país; a chegada de várias instituições
estrangeiras, entre elas, o Banco SANTANDER e o BBV Banco (espanhóis), o HSBC
(inglês) e o ABN AMRO BANK (holandês), e a redução drástica do número de bancos
estatais atuando no mercado em função da forte privatização ocorrida no último governo.
Por outro lado, os clientes estão mais informados e, conseqüentemente, mais exigentes, e
tanto as características bem como os custos dos serviços – citamos serviços e não produtos,
pois é o que melhor se enquadra nos caso dos bancos – cada vez mais próximos entre as
diversas instituições.
3. Mudanças institucionais
A partir de 1994 o sistema financeiro nacional passou por diversas mudanças conjunturais.
Com certeza, a mais marcante foi a estabilização da economia com o Plano Real. Em
função disso, os bancos passaram por uma profunda adaptação ao novo modelo
econômico. É bom lembrar os planos econômicos anteriores que não tiveram o sucesso
esperado – Cruzado, Cruzado II, Bresser, Verão e Collor – onde todo o mercado foi pego
de surpresa e não foram obtidos os resultados desejados pelo governo e pela população.
São três as condições que os bancos tem de gerar receita: por float, por spread e por fee
(cobrança de tarifas por serviços). No passado, a grande receita vinha do float – gerada
pela alta inflação e taxa de juros vigentes na época. Outra fonte era o spread das operações
de crédito – a diferença entre o valor da taxa paga pela captação do dinheiro e a taxa do
empréstimo – se bem que o grande tomador de recursos na época era o próprio governo
para financiar seu déficit. Entretanto, as tarifas não eram praticadas pelos bancos em
função do alto ganho via float. O novo cenário econômico exigiu fortes mudanças das
organizações financeiras, já que a redução da inflação tenderia a zerar as receitas
originadas pelo float, enquanto os custos permaneceriam nos mesmos níveis anteriores.
Então os bancos começaram a cobrança de tarifas pelos serviços prestados – tanto os novos
quanto os já existentes ou adaptados – até como forma de recompor as perdas das receitas
anteriores e compensar os investimentos em tecnologia, conforme Rogério Braga, Diretor
de Marketing de Produtos e Canais do UNIBANCO, citado em artigo de ROCHA (2003).
Por outro lado, o aumento do nível de empréstimos fez com que aumentasse também a
receita via spread, ainda muito elevado mesmo com a estabilidade econômica. Da mesma
forma como aconteceu nos demais setores, a abertura da economia fez com que várias
mudanças ocorressem no mercado bancário, com muitas fusões e aquisições, bem como a
chegada de bandeiras estrangeiras fortes. De acordo com o Banco Central e a Federação
Brasileira dos Bancos (FEBRABAN), o número de bancos passou de 203 em 1998 para
193 em 2000, 181 em 2001 e fechando o ano de 2002 com um total de 166 entidades.
4. A qualidade
A utilização intensiva de tecnologia pelos bancos – só o BRADESCO aplicou mais de R$
400 milhões em tecnologia no ano passado, sendo reconhecido mundialmente como uma
instituição de ponta nesse item, cita CAETANO (2003) – trouxe benefícios não só para os
bancos – como a redução de custos, novos negócios, o crescimento do número de
operações, ganhos de escala, fundamental para as estratégias dos bancos, pois permite gerir
maior volume de recursos, redução de custos operacionais além de amortizar os
investimentos conforme o mesmo autor (CAETANO, 2003) e novos serviços, como cartão
magnético, Internet banking, caixas eletrônicos, débito automático de contas, centrais de
atendimento, correspondentes bancários (resolução do Banco Central 2.707/2000, que
possibilitou uma capilaridade ainda maior no atendimento da população, como o BANCO
POSTAL, uma associação entre o BRADESCO e os CORREIOS, e o CAIXA AQUI da
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL bem como novas parcerias entre o comércio e outros
bancos), além de também terem agregado outros benefícios para os clientes, como
economia de tempo, redução da necessidade freqüente de ir ate às agências, maior
flexibilidade de horário para fazerem suas operações, adaptado de LEITE (1996). Porém,
num mercado de commodities, como é o mercado bancário, todos os bancos tem esses
mesmos serviços disponibilizados para seus clientes.
A escala, como citado acima, é fator importante de redução de custos e implica em ter um
número cada vez maior de clientes pelos bancos de varejo. Uma forma de buscar escala é a
aquisição de outras instituições, como as mais recentes do BBV Banco adquirido pelo
BRADESCO e do SUDAMERIS, em fase final de negociação pelo BANCO REAL/ABN
AMRO BANK. A escala se justifica ainda pelo fato de que, com a redução prevista das
taxas de juros, as receitas por spread serão também reduzidas. Assim, cada vez mais, um
maior número de clientes será necessário para a manutenção dos resultados dos bancos
com o aumento das receitas via serviços: a cobrança de tarifas, conforme NUCCI (2003).
A economia de escala, segundo CRUZ et al. (1999), se refere às barreiras que as empresas
criam para evitar a entrada de outros concorrentes no mercado. Isto é feito de algumas
formas: investimentos em desenvolvimento de técnicas de gestão de serviços; propaganda;
aquisição de concorrentes. Ainda de acordo com CRUZ et al. (1999), a própria
diferenciação dos serviços, relacionada ao nível de qualidade de serviço prestado, é outra
barreira à entrada de concorrentes, pois um serviço de qualidade gera lealdade dos clientes.
Então, como uma instituição se diferencia de outra já que os serviços são similares, os
custos bem próximos e os processos tecnológicos são praticamente os mesmos? A resposta
é através do serviço prestado pelos colaboradores dessas instituições: os funcionários das
centrais de atendimento, o pessoal de atendimento das agências e, principalmente, pelos
gerentes de negócios dos bancos. Esses últimos, no processo atual de funcionamento dos
bancos, são o fator chave de sucesso das instituições, já que, segundo a tecnologia
disponibilizada para os clientes faz com que os mesmos façam todo ou parte do processo
operacional que anteriormente era feito pelos bancos. Mas quando as operações desejadas
pelos clientes dependem de uma informação mais específica ou de uma consultoria
financeira? Nesses casos, o papel do gerente de negócios é fundamental, não só pelas
vendas efetuadas, pela conquista de novos clientes, como também para a manutenção e
fidelização dos atuais.
A venda hoje em dia deve ser feita de forma diferente daquela como era feita no passado,
já que os clientes mais informados – conforme o Quadro 01 – não se deixam levar por uma
venda baseada apenas nos atributos dos produtos ou serviços. O vendedor, de acordo com
GONÇALVES (1999), teve a seu favor uma demanda maior que a oferta e vendia de forma
fácil. Atualmente, o vendedor deve assumir uma posição consultiva em relação a seus
clientes, buscando relacionamentos estáveis e de longo prazo com os mesmos, visando a
realização de vários negócios que geram os resultados esperados pela instituição.
A qualidade do serviço com a qual se satisfaz a necessidade dos clientes é medida pela
diferença entre a qualidade esperada pelos clientes e a qualidade experimentada pelos
mesmos, segundo GRÖNROOS (1993), apud RODRIGUES et al. (2002).
6. As dimensões da qualidade na prestação de serviços
No mercado de serviços não se pode atuar sem antes entender claramente os itens de
controle e avaliação que não só o caracteriza como também define como se tal mercado
tem ou não qualidade. O fato de não se fazer isso pode ser elemento de alto risco para o
sucesso das instituições que atuam nesse mercado. Quando falamos em qualidade de
serviços significa ouvir os clientes e entender que pontos, no entendimento deles, são
fatores de qualificação (ou especificação). Apesar de Garvin ter estudado os fatores da
qualidade sob o aspecto da fabricação, ele também considerou simultaneamente o fato de
que os serviços são parte integrante do que os fabricantes produzem. Vários autores já
estudaram o tema, ou seja, como os serviços são percebidos pelos clientes. Este processo é
definido como as dimensões da qualidade. São destacadas as dez dimensões mais
relevantes, apresentadas no Quadro 02.
DIMENSÕES DEFINIÇÃO
CONFIABILIDADE Envolve coerência no desempenho do serviço bem como sua
constância.
RAPIDEZ DE Diz respeito à disposição e à rapidez dos empregados para
RESPOSTA fornecerem o serviço.
COMPETÊNCIA Significa que os empregados devem possuir as habilidades e o
conhecimento necessários.
ACESSO Envolve facilidade de abordagem e de contato.
CORTESIA Envolve as boas maneiras, respeito, consideração e contato amigável
dos empregados envolvidos na prestação do serviço.
COMUNICAÇÃO Significa manter os clientes informados, em linguagem que possam
compreender, bem como ouvir os clientes: tanto suas necessidades
como suas reclamações.
CREDIBILIDADE Refere-se à confiança, crédito, honestidade e envolvimento com os
interesses do cliente.
SEGURANÇA Significa que o serviço está livre de perigos, riscos ou dúvidas.
COMPREENDER O Envolve fazer um esforço para compreender as necessidades do
CLIENTE cliente de forma clara, podendo satisfazê-las.
TANGÍVEIS Incluem evidências físicas do serviço.
Fonte: adaptado de RODRIGUES et al. (2002)
Quadro 02 – As dimensões da qualidade.
Outra definição de fidelidade é dada por PINHEIRO et al. (2002) “como sendo uma
predisposição para comprar novamente um produto ou serviço oferecido por uma
empresa.” Logo, não basta ter cliente satisfeito, o ideal é que, além de satisfeito, ele volte
para adquirir o mesmo produto ou serviço ou até mesmo um outro.
Como os gerentes de negócios dos bancos podem conseguir a fidelização dos seus clientes,
já que o assédio aos mesmos é intenso pela concorrência cada vez mais acirrada, conforme
o Quadro 01? O processo para isso, segundo GRIFFIN (2001), é fazer com que os clientes
passem por uma “escala de fidelização”, ou seja, os clientes vão evoluindo numa escala de
classificação ao longo do tempo. Essa escala é a seguinte: cliente presumido; cliente
potencial qualificado; cliente que concretiza a primeira compra; cliente freqüente; cliente
habitual (ou fiel) e cliente “pregador”, ou seja, um divulgador espontâneo. À medida que o
cliente vai sibindo nessa escala, o grau de fidelidade do mesmo vai crescendo, ou seja, são
construídos maiores vínculos entre o cliente e a instituição.
Um plano de fidelização de clientes, conforme GRIFFIN (2001), deve fazer com que os
mesmos cresçam na escala de fidelização citada, além de recuperar os clientes perdidos, ou
seja:
8. Considerações finais
O maior problema vivido pelos gerentes de negócios dos bancos de varejo é a pressão que
os mesmos sofrem por resultados. Assim, tanto o processo de venda diferenciada como
também o processo de fidelização, que demandam um certo tempo de implementação,
acabam sendo prejudicados. Então, o que ocorre é na maioria das vezes uma inversão do
processo. Isto é, a venda acaba sendo vista como um processo que foca as necessidades do
gerente de negócios – e dos bancos – de atingir suas metas comerciais, ou seja, segundo
Theodore Levitt, citado por GONÇALVES (1999), a maior preocupação do vendedor (no
caso o gerente de negócios) é converter seus produtos e serviços em receitas para a
organização. Esse mesmo autor cita que quando se compreende claramente a necessidade
dos clientes, e tendo o serviço ideal para atender tal necessidade, a venda torna-se
supérflua, ou seja, esse serviço se vende por si mesmo.
As expectativas do cliente devem ser sempre avaliadas como forma fundamental de busca
não só da venda – que trará a receita para a instituição – mas também como fator da
satisfação que gera a fidelização do mesmo. Já as reclamações do cliente são uma forma de
mensurar se os serviços estão sendo bem prestados, como também servem para o
desenvolvimento de novos serviços. Esses dois construtos são variáveis importantes para a
satisfação e fidelização dos clientes, o que se constituem no principal objetivo das
empresas em busca de uma vantagem competitiva ou mesmo de sobrevivência.
Segundo alguns executivos do setor, “a qualidade dos bancos brasileiros está entre as
melhores do mundo”, de acordo com o inglês Michael Geoghegan, presidente do HSBC no
Brasil em entrevista à revista Exame (no. 784).
Apesar das fortes críticas que as instituições financeiras sofrem por parte não só do
governo como da população em geral pelos excelentes resultados financeiros obtidos nos
últimos anos, é bom ressaltar, conforme CAMPELLO et al. (2002), que os bancos se
mostraram ágeis, hábeis, eficientes e dinâmicos na busca de soluções para as situações que
se apresentaram ao longo dos últimos anos e face às mudanças ocorridas.
Em pesquisa recente sobre as marcas mais valiosas do país, conforme artigo de FRANCO
(2003), entre as dez primeiras marcas colocadas, mostradas no Quadro 03, temos cinco
bancos que atuam no segmento de varejo, com um valor total de suas marcas avaliadas em
US$ 2.670 milhões contra US$ 1.378 milhões das marcas das outras cinco empresas de
diversos setores produtivos, ou seja, o valor das marcas desses bancos é cerca de 94%
superior ao valor das marcas das outras empresas citadas. O Quadro 03 apresenta também
quanto cada marca representa do faturamento da empresa avaliada em ralação aos dados do
ano de 2002.
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Site: www.febraban.org.br (acesso em 05/09/2003).