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INTRODUÇÃO
A presença da História no currículo do Ensino Básico encontra a sua justificação maior, no sentido
de que é através dela que o aluno constrói uma visão global de uma sociedade complexa em permanente
mudança no tempo, numa dimensão mais abrangente e plural do mundo. A função do professor de
História, enquanto elemento que constrói a relação com o conhecimento histórico, é enquadrar o aluno no
estabelecimento dos referenciais fundamentais em que assenta essa tomada de consciência do tempo
social, estimulando-o a construir o saber histórico através da expressão de "ideias históricas" na sua
linguagem, desde os primeiros anos de escolaridade. Esta construção do pensamento histórico é
progressiva e gradualmente contextualizada, em função das experiências vividas dentro e fora da escola.
Foi nesse sentido que se elaborou um documento que, de modo sucinto e com carácter claramente
operativo, determinasse os pontos de ancoragem da gestão curricular dos programas em vigor que
tornem significativa e pertinente a relação com o saber histórico. As competências essenciais foram
definidas a partir do que se considera como os três grandes núcleos que estruturam esse saber, ou seja, o
Tratamento de Informação/Utilização de Fontes, a Comunicação em História e a Compreensão
Histórica, esta consubstanciada nos diferentes vectores que a incorporam: a temporalidade, a
espacialidade e a contextualização. Estes vectores, formulados a partir da análise dos programas do
Estudo do Meio (1ºciclo), História e Geografia de Portugal (2ºciclo) e História (3ºciclo), emergem da
necessidade de encontrar elementos que garantam a articulação e unidade fundamental desses
programas, em alguns momentos de articulação menos conseguida, e também de proporcionar aos
professores um sentido, um caminho comum de construção das aprendizagens específicas da história
no percurso da escolaridade básica. Não tendo a pretensão de substituir os respectivos programas, o
documento é uma proposta de enquadramento dos diversos elementos que o constituem, na perspectiva
de uma gestão curricular mais equilibrada, económica e aberta desses programas, e mais consentânea
com a nova conceptualização, cuja configuração genérica é dada pelo perfil de competências gerais e
pelas competências transversais. Na verdade, valorizando-se a utilização pertinente do conhecimento de
acordo com as necessidades e as situações, torna-se fundamental a organização do
ensino/aprendizagem em vectores claros e bem definidos, sustentado em situações de aprendizagem
específicas que possam construir nos alunos esquemas conceptuais que o ajudem a pensar e a usar o
conhecimento histórico de forma criteriosa e adequada.
O documento consta de três partes. A primeira é composta pelo quadro genérico da competência
histórica que expressa a unidade essencial, indissociável das competências essenciais da História, se
bem que definidas em separado, formulando o que se entende por ser o aluno competente em história no
final de cada Ciclo do Ensino Básico.
A segunda parte, o corpo principal do documento, é constituído pela definição das competências
essenciais, estruturadas nos três grandes núcleos atrás referidos. Embora reconhecendo a dimensão
transversal ao currículo das competências do Tratamento de Informação/Utilização de Fontes e da
Comunicação Histórica, estas constituem-se, no contexto da História, como componentes essenciais do
conhecimento específico. Efectivamente, são parte integrante da construção do conhecimento histórico, o
que torna como fundamental o modo como se interroga e trabalha a informação, e a maneira como esse
tratamento se consubstancia em discurso devidamente fundamentado e estruturado.
A competência essencial da Compreensão Histórica, nos diferentes vectores que a constitui - a
temporalidade, a espacialidade e a contextualização, sendo de base conceptual, procura traduzir as
dimensões fundamentais da construção do "bom conhecimento" em História. Conhecimento esse que
permita ao aluno compreender criticamente a sua realidade, mas também, transformá-la através de uma
participação consciente na vida da comunidade. Com uma linha de conteúdos sistematizada por temas e
em pequenos blocos, muito próximo do que está consignado nos programas (apenas com diversos
ajustamentos pontuais no 2º e 3º ciclos, mas mais aprofundados no 1º ciclo), o que se procurou alterar foi,
sobretudo, o modo como se interrogam esses conteúdos e, consequentemente, como são geridos. Assim,
o professor terá, relativamente a um determinado conteúdo, que verificar de que forma poderá dar
visibilidade a cada uma das dimensões referidas. O trabalho do professor será o de desenvolver linhas de
exploração dos temas e blocos de conteúdos indicados, na perspectiva das competências essenciais tal
como são formuladas, salientando os aspectos que lhe são específicos. Deste modo, torna-se
indispensável a estruturação criteriosa, por parte do professor, de actividades e estratégias que
assegurem um contexto favorável ao desenvolvimento, nos alunos, dessas dimensões da Compreensão
Histórica, conforme se regista nas situações de aprendizagem.
De salientar que na exploração dos conteúdos é inevitável e imprescindível o entrosamento das
três dimensões que expressam, de facto, uma mesma realidade que se constitui como um todo.
Conteúdos há, no entanto, que, pela sua natureza, solicitarão o desenvolvimento de um vector
determinado, como é o caso dos conteúdos específicos da Geografia (1º e 2º ciclos), mas que não
compromete a orientação global acima enunciada, que deve ser respeitada na generalidade dos
conteúdos. Por essa razão, o professor sentirá como natural a mobilização simultânea das três
dimensões da Compreensão Histórica, estruturadas com base no Tratamento de
Informação/Utilização de Fontes e na Comunicação Histórica, na abordagem de cada um dos
temas e blocos, competindo-lhe a gestão equilibrada das aprendizagens que lhes são específicas.
A terceira, e última parte, refere-se a um conjunto de experiências consideradas relevantes de
aprendizagem que todos os alunos devem ter oportunidade de experimentar ao longo da escolaridade
básica, no sentido de proporcionar situações de aprendizagem em contextos mais alargados e
diversificados que o contexto específico da aula tradicional de História. Desta forma, poder-se-ão criar
condições mais objectivas para o desenvolvimento, nos alunos, do perfil de competências gerais do
Ensino Básico.
1ºciclo
Identifica, compara e relaciona as principais características do Meio Físico e do
Meio Social; desenvolve as noções de espaço e de tempo em torno de
problemas concretos; identifica alguns elementos relativos à História e Geografia
de Portugal; reconhece e valoriza expressões do património histórico e cultural;
manifesta respeito por outros povos e culturas.
2ºciclo
Situa-se no país e no mundo em que vive, aplicando as noções operatórias de
espaço e de tempo; possui conhecimentos básicos sobre a realidade
portuguesa, do presente e do passado, recorre aos conceitos de
semelhança/diferença-contraste, de mudança/permanência e de
interacção/causalidade, aplicando, na abordagem da realidade física e social,
técnicas elementares de pesquisa e de investigação, a organização de dados,
técnicas e capacidades de comunicação.
3ºciclo
Aplica procedimentos básicos da metodologia específica da história e utiliza as
noções de evolução, de multi-causalidade, de multiplicidade temporal e de
relatividade cultural relacionando a história de Portugal com a história universal.
COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS
COMUNICAÇÃO EM HISTÓRIA
SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM
1º, 2º e 3ºCiclos
• Utilização de diferentes formas de comunicação escrita adequada aos diferentes níveis etários,
nomeadamente, a produção de biografias, diários, narrativas, resumos, sínteses e relatórios, aplicando o
vocabulário específico da História na descrição, relacionação e explicação dos diferentes aspectos das
sociedades. O uso correcto da expressão escrita da língua portuguesa é fundamental nestas actividades.
• Desenvolvimento da comunicação oral através da narração/descrição e participação em pequenos debates,
colóquios, mesas-redondas, painéis, apresentações orais de trabalhos, ao nível da turma e da escola. O uso
correcto da expressão oral da língua portuguesa e a emissão de opiniões fundamentadas é importante nestas
actividades.
• Enriquecimento da comunicação através da análise e produção de materiais iconográficos (gravuras,
fotografias, videogramas) e ainda plantas/mapas, gráficos, tabelas, quadros, frisos cronológicos,
organigramas, genealogias, esquemas, dominando os códigos que lhes são específicos.
• Recriação de situações históricas e expressão de ideias e situações, sob a forma plástica, dramática (tipo
história ao vivo), ou outra.
• Utilização de meios informáticos como suporte da comunicação recorrendo a programas de processamento de
texto e consulta de sites da Internet que veiculem informação histórico-geográfica.
COMPREENSÃO HISTÓRICA
1º CICLO
COMPREENSÃO HISTÓRICA
2º CICLO
COMPREENSÃO HISTÓRICA
3º CICLO
SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM TÓPICOS DE CONTEÚDOS
Temporalidade A – Das Sociedades Recolectoras às Primeiras
Identifica e caracteriza as principais fases da Civilizações
evolução histórica e os grandes momentos de • As sociedades recolectoras e as primeiras
ruptura do processo evolutivo. sociedades produtoras.*
Desenvolve a noção de multiplicidade temporal, • Contributos das primeiras civilizações, as
localiza no tempo eventos e processos, civilizações dos grandes rios (optar por uma),
distingue ritmos de evolução em sociedades novos contributos civilizacionais no mediterrâneo
diferentes e no interior de uma mesma oriental.*
sociedade, estabelece relações entre passado e B – A Herança do Mediterrâneo Antigo
presente e aplica os princípios básicos da • O mundo clássico: os Gregos no século V a.C. –
metodologia específica da história. Atenas e o espaço mediterrâneo, a democracia na
Explicita as dinâmicas temporais que época de Péricles, religião e cultura; o mundo
impulsionam as sociedades humanas, romano no apogeu do império – o mediterrâneo
nomeadamente, as permanências, romano nos séculos I e II, sociedade e poder
transformações, desenvolvimentos, evoluções, imperial, a civilização romana.
crises, rupturas e revoluções, estabelecendo a • Origem e difusão do cristianismo.
relação passado/presente, especificamente, os
C - A Formação da Cristandade Ocidental e a Expansão
contributos para o mundo contemporâneo.
Islâmica
• Elaboração/análise de tabelas cronológicas cujos
dados evidenciem ritmos de mudança de duração • novo mapa político da Europa do séc.VI ao séc.IX –
diversa (longa duração, média duração e curta a fixação dos povos germânicos, a Igreja Católica
duração) e que situem no tempo acontecimentos no Ocidente europeu, as transformações
significativos de culturas e civilizações. económicas e o clima de insegurança; origem e
• Interpretação e construção de barras/frisos princípios doutrinários da religião islâmica, a
cronológicos paralelos para diversas culturas ou expansão e a civilização muçulmanas.
civilizações verificando diferentes ritmos de • A sociedade europeia nos séculos IX a XII – a
evolução das sociedades. sociedade senhorial, as relações feudo-vassálicas.
• Elaboração de representações gráficas do tempo • Cristãos e Muçulmanos na Península Ibérica, a
em que se registam diversos aspectos (guerra, formação dos reinos cristãos no processo da
política, aspectos sociais, etc.). reconquista.*
• Seriação, ordenação e comparação de factos, D – Portugal no Contexto Europeu dos Séculos XII A XIV
acontecimentos, situações, objectos ou processos • Desenvolvimento económico de Portugal nos sécs.
através de quadros, mapas, gráficos, tabelas, etc. XII a XIV.* Relações sociais e poder político nos
que proporcionem a explicitação das noções de séculos XII a XIV – o mundo rural nos séculos XII e
evolução e multiplicidade temporal. XIII, Senhores, concelhos e poder régio, Lisboa nos
• Organização de um glossário: apropriação de circuitos do comércio europeu - Cultura monástica,
conceitos e vocabulário de suporte às cultura cortesã e cultura popular, as novas ordens
representações e construção de relações de religiosas, a Universidade, do românico ao gótico.
temporalidade. • Crises e revolução no séc. XIV - crise económica e
• Domínio de unidades de referência temporal com conflitos sociais, a revolução de 1383 e a formação
ênfase para o milénio, século, quarto de século e da identidade nacional.*
década e respectiva ordenação. E – Expansão e Mudança nos Séculos XV e XVI
Espacialidade • O expansionismo europeu: rumos da expansão
Localiza e situa no espaço, com recurso a formas quatrocentista portuguesa,* os impérios
diversas de representação espacial, diferentes aspectos peninsulares, o comércio à escala mundial, os
das sociedades humanas em evolução e interacção, novos valores europeus - O Renascimento e a
nomeadamente, alargamento de áreas habitadas/fluxos formação da mentalidade moderna, o tempo das
demográficos, organização do espaço urbano e reformas religiosas.
arquitectónico, áreas de intervenção económica, espaço F – Portugal no Contexto Europeu dos Séculos XVII e
de dominação política e militar, espaço de expansão XVIII
cultural e linguística, fluxos/circuitos comerciais, • O Império Português e a concorrência internacional
organização do espaço rural, verificando como os
- A disputa dos mares e a afirmação do capitalismo
desígnios dessas sociedades actuam sobre a
comercial, a prosperidade dos tráficos atlânticos
organização do espaço e são fruto de condicionalismos
portugueses e a Restauração.*
físico-naturais.
• Elaboração e análise comparativa de plantas, • Absolutismo e Mercantilismo numa sociedade de
ordens - O Antigo Regime português na primeira
mapas, tabelas, gráficos e esquemas com
metade do século XVIII: o despotismo pombalino, a
diferentes tipos de dados históricos.
cultura em Portugal face aos dinamismos da cultura
• Organização de um Atlas histórico. europeia- a revolução científica na Europa e a
• Manuseamento de plantas/mapas de diferentes permanência da tradição, o Iluminismo na Europa e
naturezas e escalas e realidades representadas em Portugal.
(políticos, geográficos, climáticos, históricos, G – O Arranque da Revolução Industrial e o Triunfo das
económicos, religiosos...). Revoluções Liberais
• Domínio da simbologia e convenções utilizadas nos • A Revolução Agrícola e o arranque da Revolução
mapas. Industrial - Inovações agrícolas e novo regime
• Reconhecimento, interpretação e utilização de demográfico, a revolução industrial em Inglaterra.
escalas (numéricas e gráficas). • As revoluções liberais - o nascimento dos EUA, a
• Utilização de conceitos e vocabulário de suporte às revolução Francesa, a revolução liberal portuguesa
representações e construção de relações da (optar por uma).
espacialidade adquiridos no 2º ciclo ou na H – A Civilização Industrial no Século XIX
Geografia do 3º ciclo (constituição de um glossário). • O mundo industrializado no séc. XIX - a expansão
• Elaboração em mapas mudos de itinerários e da revolução industrial, contrastes e antagonismos
percursos (rotas, viagens, etc.). sociais, os novos modelos culturais, os países de
• Construção de maquetas que representem a difícil industrialização: o caso português - o atraso
da agricultura, as tentativas de modernização,
organização humana do espaço (urbano,
alteração nas estruturas sociais.
arquitectónico, rural).
I – A Europa e o Mundo no Limiar do Século XX
Contextualização
• Hegemonia e declínio da influência europeia -
Distingue, numa dada realidade, os aspectos de
imperialismo e colonialismo: a partilha do mundo, a
ordem demográfica, económica, social, política
1ª grande guerra, as transformações económicas
e cultural e estabelece relações entre eles;
do após-guerra no mundo ocidental, a revolução
interpreta o papel dos indivíduos e dos grupos
soviética.
na dinâmica social; reconhece a simultaneidade
de diferentes valores e culturas e o carácter • Portugal: da 1ª República à ditadura militar - crise e
relativo dos valores culturais em diferentes queda da monarquia, a 1ª República.
espaços e tempos históricos; relaciona a • Sociedade e cultura num mundo em mudança -
história nacional com a história universal, mutações na estrutura social e nos costumes, os
abordando a especificidade do caso português; novos caminhos da ciência, ruptura e inovação nas
aplica os princípios básicos da metodologia artes e na literatura.
específica da história. J – Da Grande Depressão à 2ª Guerra Mundial
Identifica factores pertinentes dos diferentes • As dificuldades económicas dos anos 30 - a grande
domínios das sociedades (aspectos sociais, crise do capitalismo, a intervenção do Estado na
económicos, técnicos, políticos, culturais, das economia.
mentalidades, etc.) e estabelece relações, • Entre a ditadura e a democracia - os regimes
conexões e inter-relações entre eles, explica as fascistas e nazi, Portugal: a ditadura salazarista, a
condições, integra no contexto e avalia de era estalinista na URSS, as tentativas de Frente
forma complexa as organizações sociais. Popular: A 2ª Guerra Mundial - O desenvolvimento
• Análise comparativa de diferentes tipos de dados do conflito,* os caminhos da paz.
registados em plantas, mapas, tabelas, gráficos e K – Do Segundo Após-Guerra Aos Desafios Do Nosso
esquemas. Tempo
• Visitas de trabalho/estudo a estações • O Mundo saído da Guerra - Reconstrução e política
arqueológicas, arquivos, museus, monumentos, de blocos, a recusa da dominação europeia: os
etc.. primeiros movimentos de independência.
• Visionamento e comentário de diapositivos, filmes, • As transformações do mundo contemporâneo - o
videogramas, etc.. dinamismo económico dos países capitalistas, as
• Organização de dossiers personalizados sobre sociedades ocidentais em transformação, o mundo
temas estudados, com destaque para a História de comunista: desenvolvimento, bloqueios e rupturas,
Portugal/Regional e Local. o Terceiro-Mundo: independência política e
• Organização de um glossário: apropriação de dependência económica, as novas relações
internacionais: o diálogo Norte-Sul, a defesa da paz.
conceitos e vocabulário de suporte à representação
e construção de relações das sociedades • Portugal: do autoritarismo à democracia - A
estudadas. perpetuação do autoritarismo e a luta contra o
• Análise e comentário de fontes escritas e regime, Portugal democrático.
iconográficas. • Desafios do Nosso Tempo – Temas Opcionais. Ex.:
• Realização de pequenos trabalhos de pesquisa Ciência, Tecnologia, Massificação, Cultura
Contemporânea, Direitos Humanos, Participação
individuais, ou em grupo, que impliquem a
Cívica, Património Cultural, Globalização, etc..**
utilização de recursos informáticos.
*Conteúdos de tratamento breve.
• Pequenas comunicações orais sobre trabalhos **Conteúdos de tratamento facultativo.
realizados.
• Dramatização/reconstituição de episódios e
situações históricas (História ao Vivo).
• Representação plástica de situações e episódios
históricos, monumentos, etc..
• Organização pelos alunos de exposições, ao nível
da escola, sobre temas da História Regional e
Local.
• Correspondência com alunos de outras regiões e
países sobre temas de História regional e local.