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quer outra ação contra ele exigia a autorização prévia do magistrado. privados do uso de seu direito de origem. Eles se sujeitavam pura e
Além disso, o liberto devia certos serviços ao seu patrono (operae). exclusivamente às regras do ius gentium romano.
Finalmente, o patrono tinha um direito de sucessão legítima (bona) Entre os estrangeiros, os latinos tinham uma posição especial.
nos bens do liberto, visto que o liberto não tinha legalmente nem Os latinos, vizinhos de Roma (latini prisci), tinham capacidade jurídica
ascendentes nem parentes colaterais. O pretor garantia ao patrono a de gozo semelhante à dos cidadãos romanos. Tinham o direito de
metade da herança do liberto que morresse sem deixar filhos ou que votar nos comícios (ius suffragii), quando se encontravam em Roma, e
os deserdasse em vida. Essa metade da herança cabia ao patrono, podiam comerciar e contrair matrimónio: ius commercii e ius conubii.
mesmo contra outros herdeiros estranhos, nomeados em testamento Com a extensão da cidadania romana a toda a Itália, em 89 a.C., essa
pelo liberto. categoria de latinos deixou de existir. Como segunda categoria, porém,
Com o favor imperial chamado natalium restitutio (D. 40.11.1), aparece a dos latini coloniarii, que eram os cidadãos das colónias
cessam totalmente os direitos do patronato e o liberto adquire, retroa- fundadas por Roma e às quais fora dado o ius Latii. Estes gozavam
tivamente, a posição de um ingénuo, pessoa nascida livre, que nunca da capacidade de ter os direitos privados (ius commercii e ius conubii),
foi escrava. O ius aurei anuli era outro favor, também conferido pelo mas não os públicos (ius suffragii e ius hono-rwn). Essa categoria,
imperador, e pelo qual se eliminavam as restrições político-sociais também, desapareceu com a extensão da cidadania a todos os
impostas aos libertos, como as de não poderem ser magistrados, não habitantes livres do império, por Caracalla, em 212 d.C. (constiíuiio
poderem ser nomeados senadores, não poderem servir nas legiões do Antoninianá). Uma terceira categoria de latinos existiu desde a lei J unia
exército. Do ponto de vista dos direitos privados, o ius aurei anuli Norbana (19 d.C.) e sobreviveu às demais. Como foi mencionado, os
eliminava o impedimento matrimonial entre liberto e pessoa de classe escravos alforriados pelos modos pretorianos ou mesmo contra as
senatorial, mas não extinguia os direitos do patronato. Com ele o disposições restritivas das leis de Augusto, adquiriram a posição de
liberto passava a ser um quase ingénuo. latinos e não a de cidadãos romanos. Sua capacidade jurídica de gozo
Ficavam livres por lei, a título de punição do dono (edictum era mais restrita que a dos pertencentes às outras categorias de
Claudii, D. 40.8.2), os escravos velhos e doentes por ele expostos; a latinos. Só tinham, os latini Juniani, o ius commercii ínter vivos, o
título de recompensa, o escravo que delatasse o assassino de seu amo direito de serem sujeitos de relações patrimoniais entre vivos. Não
(senatusconsiiltum Silanianum, 10 d.C.). Também ficavam livres por lei podiam eles, pois, casar pelo ius civile, nem fazer testamento ou herdar.
os escravos que vivessem em liberdade por mais de 20 anos. Diz-se que "viviam como livres, mas morriam como escravos"
Os ingénuos são os nascidos livres e que nunca deixaram de o (Salvianus, adv. avar. 3.7). Por falecimento do laiinus Junianus, seu
ser, desde o nascimento. Não sofrem, destarte, nenhuma restrição património era devolvido ao patrono iure peculii, isto é, não a título
decorrente de seu estado de Uberdade. de sucessão, mas como devolução ao próprio dono.
A cidadania romana adquiria-se por nascimento de justas núpcias
Cidadania (Stalus civitatis) ou mesmo fora delas, se a mãe fosse cidadã no momento do parto.
Os filhos nascidos de matrimónio misto (isto é, em que um dos côn-
Em princípio, o direito romano, tanto público como privado, juges fosse estrangeiro) seguiam a condição de estrangeiro, de acordo
valia só para os cidadãos romanos (Quirites). com as disposições da lei Minicia (Gai. 1.78).
Os estrangeiros (peregrini) não tinham a capacidade jurídica Adquiria-se a cidadania também pela alforria quiritária, como já
de gozo no concernente aos direitos e obrigações do ius civile. Entre- foi explicado. Além disso, a cidadania podia ser conferida pelos
tanto, a eles se aplicavam as regras do ius gentium. O estrangeiro comícios por determinação dos magistrados e, mais tarde, pelos impe-
podia adquirir propriedades pelo direito dele, mesmo em Roma. Também radores. A concessão podia ser feita a estrangeiro, quer em caráter
podia fazer testamento, conforme as regras de sua cidade. Somente os individual, quer como medida de ordem geral. Por exemplo, a extensão
peregrini dediiicii, os inimigos vencidos, cujo direito e independência da cidadania a toda Itália em 89 a.C. e a todos os habitantes livres
política não foram reconhecidos pelos romanos, estavam do império em 212 d.C.
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O cidadão romano, desde que preenchesse também o requisito da Os alieni iuris não eram absolutamente incapazes. Tinham plena
independência do poder familiar, tinha plena capacidade jurídica de capacidade no campo dos direitos públicos: podiam votar e ser votados
gozo. Assim, ele podia ter a totalidade dos direitos públicos e privados e para as magistraturas (ius suffragii e ius honorum) e, também, servir nas
as obrigações respectivas. legiões. No campo dos direitos privados podiam casar-se (ius conubii),
Perdia-se a cidadania pela perda da liberdade. Podia-se, contudo, desde que obtivessem consentimento do paterfamilias, que, aliás, exercia
perder a cidadania sem a perda da liberdade, como no caso do exílio, o pátrio poder também sobre os netos. Nas relações patrimoniais, tudo o
da deportação, da renúncia. que o alieni iuris adquirisse, adquiria para o paterfamilias; nas
obrigações assumidas pelos alieni iuris a situação era diferente: o
Situação familiar (Staíus familiae) paterfamilias somente respondia excepcionalmente por elas. A evolução
do direito romano se caracterizou pela responsabilização sempre crescente
Para ter a completa capacidade jurídica de gozo, era preciso que o do paierfamilias no respeitante às obrigações contraídas pelos seus
sujeito, além de ser livre e cidadão romano, fosse também independente familiares. Por outro lado, foi conferida cada vez maior independência
do pátrio poder. A organização familiar romana distinguia entre patrimonial aos alieni iuris por meio do desenvolvimento do instituto
pessoas s«Í iuris (paterfamilias), independentes do pátrio poder, e do pecúlio (peculium). Este era uma parte do património da família,
pessoas alieni iuris, sujeitas ao poder de um paterfamilias. A inde- entregue à administração direta dos alieni iuris.
pendência do pátrio poder não tinha relação com a idade. Um recém-
nascido, não tendo ascendente masculino, era independente do pátrio "CAPITIS DEMINUTIO"
poder, ao passo que um cidadão de 70 anos, com o pai ainda vivo, era
alieni iuris, isto é, sujeito, na qualidade de filiusfamílias, ao poder de A situação da pessoa, quanto à capacidade jurídica de gozo, rã
seu pai. determinada pelos três estados: o de liberdade, o de cidadania
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PESSOA JURÍDICA
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Extinguia-se a pessoa jurídica quando sua finalidade era pre-
Pela doutrina moderna, a pessoa jurídica pode ser de duas espé- enchida ou quando o senado, e mais tarde o imperador, revogava a
cies: corporação (universitas personarum), que é a associação de pes- respectiva autorização para funcionar. Nas corporações privadas, mo-
soas, e fundação (universitas rerum), que é um conjunto de bens, livo de extinção era o desaparecimento de todos os seus membros. A
destinados a uma determinada finalidade. fundação extinguia-se pela perda da totalidade do património.
Parece que o direito romano clássico somente conheceu as corpo-
rações. As origens das fundações, nós as encontramos somente no
direito pós-clássico.
A característica essencial das pessoas jurídicas ê terem elas perso-
nalidades distintas da de seus componentes, bem como terem patri-
mónio e relações de direito distintas das de seus membros: Si quut
universitati debetur, singulis non debetur, nec quod debet universitas,
singuli debení (D. 3.4.7.1).
No direito romano, as corporações incluíam o Estado Romano
(populus Romanus) e seu erário, as organizações municipais e as
colónias, todas estas predominaníemente de caráter público. Além
delas, havia associações de caráter privado, chamadas sodalitates,
collegia e societales, que tinham fins religiosos, como os colégios de
sacerdotes da era pagã, ou fins económicos, como as corporações
profissionais de artesãos, as de comércio e as sociedades dos cole-
tores de impostos e também as associações visando a garantir fune-
rais decentes a seus membros.
As fundações começaram a surgir somente na época cristã. Con-
siderou-se, então, como sendo sujeito de direito um determinado pa-
trimónio, vinculado a certas finalidades, especialmente para fins de
beneficência ou fins religiosos (piae causae). O ato constitutivo, pre-
vendo a finalidade e regulando a sua organização interna, bastava
para constituir a fundação.
Quanto às corporações privadas, exigia-se para seu funciona-
mento autorização do senado e, posteriormente, do imperador.
Para sua constituição, era necessário o mínimo de três membros
(três jaciunt collegium, D. 50.16.85).
Tais corporações eram reguladas pelos seus estatutos (lex coíle-
gii), que tinham que determinar, além do fim social, também os órgãos
representativos (actores, syndici) da pessoa jurídica.
O nascimento e extinção das corporações públicas não interessam
ao direito privado.
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