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John Wesley
'Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que
não se vêem'. (Hebreus 11:1)
'Que o vivente não conhece. E o morto não consegue, ou não pode dizer!'
Que tipo de existência, então, eu terei, quando meu espírito for lançado para
fora do corpo? Como poderei sentir a mim mesmo? Perceber minha própria
existência? Como eu poderei discernir as coisas que estão à minha volta; tanto os
objetos materiais, quanto espirituais? Quando os meus olhos não mais transmitirem os
raios de luz, como o espírito desnudo poderá ver? Quando os órgãos da audição se
desfizerem no pó; de que maneira eu poderei ouvir? Quando meu cérebro não mais
for de algum uso; que meios eu terei para pensar? Quando todo meu corpo dividir-se
em terra insensível; que meios eu terei para alcançar conhecimento?
Por outro lado, nós aprendemos do próprio nosso Senhor, nos relatos de Dives
e Lázaro, que o homem rico, no momento em que deixa o mundo, entra em um estado
de tormento. E que 'existe um grande abismo fixado' na região dos mortos, entre o
lugar dos santos e aqueles dos espíritos impuros; impossível de um ou outro
atravessar. De fato, um cavalheiro, de grande aprendizado, o Honorável Sr.
[Alexander] Campbell, em seu relato sobre o Estado Intermediário, publicado poucos
anos atrás, parece supor que as almas pecaminosas podem se aperfeiçoar na região
dos mortos, e, então, serem transferidas para um solar mais feliz. Ele tem grandes
esperanças de que 'os homens ricos', mencionados por nosso Senhor, em particular,
poderiam ser purificados, através daquele fogo penal, até que, no decurso de um
tempo, ele estaria qualificado para uma melhor moradia. Mas quem pode conciliar
isto à afirmativa de Abraão de que ninguém poderá atravessar o grande abismo?';
5. Por conseguinte, eu não posso deixar de pensar que todos aqueles que estão
com os homens ricos, nas divisões infelizes do mundo invisível, irão permanecer lá,
uivando, blasfemando, praguejando contra Deus, e olhando em frente, até que sejam
'lançados no fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos'. Por outro lado, nós
podemos razoavelmente duvidar que aqueles que estão agora no paraíso, no seio de
Abraão, -- todas aquelas almas santas que estão separadas do corpo, do começo do
mundo, até nossos dias, -- estão continuamente maturando para os céus; tornando-se
perpetuamente mais santas e felizes, até que elas sejam recebidas 'no reino preparado
para elas, desde a fundação do mundo?'.
6. Mas quem poderá nos informar, em que parte do universo a região dos
mortos é situada, -- essas habitações de ambos os espíritos felizes, e infelizes, até que
eles sejam religados aos seus corpos? Não é do agrado de Deus revelar alguma coisa
concernente a elas, nas Escrituras Santas; e, conseqüentemente, não é possível a nós
formamos um julgamento, ou mesmo conjectura a respeito. Nem somos nós
informados, como uma ou outra é aproveitada, durante o tempo da moradia deles por
lá.
'Eles não podem, algumas vezes, nas missões de amor, revisitarem seus irmãos
abaixo?'
É um pensamento agradável que alguns desses espíritos humanos, nos
atendendo com, ou no lugar de anjos, estejam entre aqueles que foram queridos a nós
enquanto estavam no corpo.
Mas, que isto seja como deve ser: [Conforme as Escrituras]. É certo que os
espíritos humanos prontamente crescem no conhecimento, na santidade e felicidade,
conversando com todas as almas sábias que viveram em todas as épocas e nações,
desde o começo do mundo; com anjos e arcanjos, para os quais, os filhos dos homens
não são mais do que crianças; e, acima de tudo, com o Filho do Deus eterno, 'em
quem estão escondidos os tesouros da sabedoria e conhecimento'. Então, que seja
especialmente considerado que, o que quer que eles aprendam, eles irão reter para
sempre. Já que eles nada esquecerão. Esquecer é apenas um incidente dos espíritos
que estão revestidos da carne e sangue.
Sim; e nós não seremos capazes de nos mover tão rapidamente como o
pensamento, através dos reinos amplos da noite não criada? Acima de tudo, no
momento em que caminhamos na eternidade, nós não poderemos sentir a nós
mesmos, sendo tragados por Ele, que está neste, e em todos os lugares. – que preenche
os céus e terra? É apenas o véu da carne e sangue que agora nós impede de
percebermos que o grande Criador não pode deixar de preencher toda a imensidão do
espaço. Ele está, a todo o momento, sobre nós, embaixo de nós, e em todos os lados.
De fato, nessa habitação escura, nesta terra de sombras, nesta região de pecado e
morte, a espessa nuvem que está interposta o esconde de nossas vistas. Mas o véu irá
desaparecer, e Ele surgirá em toda sua majestade descortinada; 'Deus acima de todos;
abençoado para sempre!'.
8. Quão diversamente estão os filhos dos homens empregados nesse mundo!
Seguindo 'os passos que eles trilharam seis mil anos antes!'. Mas quem poderá saber
como nós seremos empregados, após entrarmos neste mundo visível? Um pouco dele,
nós podemos conceber, e isto, sem qualquer dúvida; contanto que mantenhamos o que
o próprio Deus tem revelado no seu mundo, e o que Ele tem operado nos corações de
seus filhos.
Primeiro, nós vamos considerar qual deve ser a ocupação dos espíritos
pecaminosos - da morte para a ressurreição. Nós não podemos duvidar que, no
momento em que eles deixam o corpo, eles se cercam dos espíritos de sua própria
espécie; provavelmente, humanos, ou diabólicos. Que poder Deus pode permitir a
estes exercitarem sobre eles, nós não sabemos claramente. Mas não é improvável que
Ele possa permitir a Satanás empregá-los, como ele faz com seus próprios anjos, para
punir com a morte, ou maldades de todos os tipos, os homens que não conhecem a
Deus: Para esta finalidade, eles podem erguer tempestades, pelo mar e terra; lançar
meteoros, através do espaço; ocasionar terremotos; e, de inúmeras maneiras, afligir
aqueles a quem eles não se importam em destruir. Onde eles não são permitidos tirar a
vida, eles podem afligir com diversas doenças; e muitas dessas que nós julgamos
serem naturais, são indubitavelmente diabólicas.
"Satanás convocou seus aliados, e examinou qual dano cada um deles tinha
feito. Um deles disse, 'Eu coloquei fogo na casa e destruí todos os moradores'. Um
outro disse, 'Eu fiz cair uma tempestade no mar, afundei um navio, e todos a bordo
pereceram nas águas'. Satanás respondeu: 'Talvez, estes que foram queimados ou
afogados se salvaram'. Um terceiro disse, 'Eu tenho, há quarenta anos, tentado um
homem santo a cometer adultério; e eu o tenho deixado adormecido em seu pecado'.
Ouvindo isto, Satanás pediu que lhe fossem feitas as honras, e todo o inferno ressoou
com seu louvor". Ouçam isto, todos os que imaginam que não poderão cair na graça!
10. Nós não devemos, então, estar perpetuamente vigilantes contra esses sutis
inimigos? Mesmo não os vendo...
Eles mantêm uma constante vigilância. Eles nos olham noite e dia. E nunca
descansam; nunca dormem; a fim de que não percam sua presa.
11. Mas, nesse meio tempo, como nós podemos conceber que sejam
empregados os habitantes do outro lado da região dos mortos – as almas dos retos?
Tem sido positivamente afirmado por alguns homens filosóficos que os espíritos não
têm lugar. Mas eles não observam que, se fosse assim, eles seriam onipresentes, -- um
atributo que não pode ser permitido a qualquer um, a não ser ao Espírito do Altíssimo.
Os antepassados judeus costumavam chamar a morada desses espíritos abençoados de
Paraíso, -- o mesmo nome que nosso Senhor deu a ele, dizendo ao ladrão penitente,
'Este dia, tu estarás comigo no paraíso'.
Ainda assim, quem poderá dizer, em que parte do universo isto é situado, se
não for do agrado de Deus revelar alguma coisa concernente a ele? Mas nós não
temos razão para pensar que eles estão confinados a este lugar; ou, quem sabe, a
qualquer outro. Não seria melhor dizer que 'os servos dele', assim como os anjos
santos, 'fazem o que é para o seu prazer'; se entre os habitantes da terra, ou em
alguma outra parte de seus domínios? Como facilmente podemos acreditar que eles
são mais rápidos do que a luz; tão rápidos, quanto o pensamento; eles são bem
capazes de atravessar todo o universo, em um piscar de olhos; tanto para executar um
comando divino, quanto para contemplar as obras de Deus.
Que panorama está aqui aberto diante deles! E quão imensamente eles podem
crescer no conhecimento, enquanto eles avaliam suas obras de criação ou providência,
ou sua múltipla sabedoria na Igreja! Que profundidade de sabedoria, poder e santidade
eles descobrem em seus métodos, ao 'trazer muitos filhos para a glória!'.
Especialmente, enquanto eles conversam com algumas dessas pessoas; com os ilustres
mortos dos tempos antigos! Com Adão, o primeiro dos homens; com Noé, que viu
ambos o mundo primitivo, e o em ruínas; com Abraão, o amigo de Deus; com Moisés,
que foi favorecido por falar com Deus, como fora, 'face a face'; com Jó, aperfeiçoado
pelo sofrimento; com Samuel, Davi, Salomão, Isaías, Daniel e todos os Profetas; com
os Apóstolos; o nobre exército de mártires; e todos os que viveram e morreram, até o
presente dia; com nossos irmãos presbíteros; os anjos santos; querubins; serafins; e
todas as companhias dos céus; acima de todos os nomes das próprias criaturas, com
Jesus, o Mediador da nova aliança!
Nesse meio tempo, quanto eles irão avançar na santidade; na total imagem de
Deus, por meio da qual eles foram criados; no amor de Deus e homem; gratidão para
seu Criador; e benevolência, para com todas as criaturas! Ainda assim, esta
benevolência geral não irá, afinal, (o que alguns sinceramente mantêm) interferir com
aquela afeição peculiar que o próprio Deus implantou para nossas relações, amigos e
benfeitores. Ó, não! Você que esteve ao lado da cama, quando aquele santo moribundo
clamava, 'Eu tenho pai e mãe nos céus' - (no paraíso, o receptáculo dos espíritos
felizes). 'Eu tenho dez irmãos e irmãs ao todo, nos céus; e agora eu estou indo para
eles; eu que sou o décimo-primeiro! Abençoado seja Deus, porque eu nasci!'; e você
teria respondido: 'Como você está indo para eles? Eles serão para você, como
qualquer outra pessoa; já que você não mais os conhecerá'. Não saberá quem são!
Mais ainda, isto tudo não está apenas no seu pensamento?
12. E quanto isto irá acrescentar para a felicidade daqueles espíritos que já
estão desprovidos do corpo, e aos quais é permitido ministrar para aqueles que eles
deixaram para trás! Nós temos uma prova irrefutável disto, no vigésimo-segundo
capítulo do Apocalipse. Quando o Apóstolo se prostra para adorar o espírito glorioso
que ele parecer ter tomado por Cristo, ele diz a ele claramente: (Apocalipse 22:8-9)
'E eu, João, sou aquele que vi e ouvi estas coisas. E, havendo-as ouvido e visto,
prostrei-me aos pés do anjo, que mas mostrava para o adorar. E disse-me: Olha, não
faças tal, porque eu sou conservo teu, e de teus irmãos, os profetas, e dos que
guardam as palavras deste livro. Adora a Deus!'. Não Deus; nem um anjo; nem um
espírito humano. E de quantas maneiras podem eles 'ministrarem aos herdeiros da
salvação!'. Algumas vezes, agindo contra os espíritos pecaminosos, aos quais não
podemos resistir, porque não podemos vê-los; algumas vezes, impedindo que sejamos
machucados por homens, ou bestas, ou criaturas inanimadas. Quão freqüentemente
pode agradar a Deus responder à oração do bom Bispo Ken! –
Será que o Pai de todos os espíritos não pode repartir esse ofício,
conjuntamente com os anjos e os espíritos humanos que buscam a perfeição?
13. Pode ser de fato objetado que Deus precise de alguns agentes subordinados
– quer sejam espíritos angelicais ou humanos -, para guardarem seus filhos, enquanto
acordados ou dormindo; vendo que 'Uma vez que Aquele que guarda Israel nem
descansa; nem dorme'. E, certamente, Ele é capaz de preservá-los, através de seu
próprio poder imediato; sim, e Ele é capaz, por meio desse poder, sem quaisquer
instrumentos, afinal, suprir as necessidades de todas as suas criaturas, tanto nos céus,
quanto na terra. Mas é, e sempre foi seu prazer, não operar, através de seu poder
imediato apenas, mas, principalmente, por meios subordinados, desde o começo do
mundo. E quão maravilhosamente é sua sabedoria disposta para ajustar todos esses,
uns aos outros! De modo que podemos bem clamar: 'Ó Senhor, quão múltiplas são
tuas obras! Através da tua sabedoria, tu as tem feito todas'.
14. Isto nós sabemos, concernente a toda a estrutura e organização do mundo visível.
Mas quão excessivamente pouco, nós conhecemos, com respeito ao mundo invisível!
E teríamos conhecido bem menos dele, não tivesse o Autor de ambos o mundo, se
agradado de nos dar mais do que a luz natural; nos dar 'sua palavra para ser uma
lanterna, sob nossos pés, e uma luz em todos os nossos passos'. E os homens santos
do passado, sendo assistidos pelo seu Espírito, têm descoberto muitas particularidades
as quais, do contrário, nós não teríamos concepção alguma!
15. E sem a revelação, quão pouco certamente, das coisas invisíveis, o mais
sábio dos homens obteria! Os pequenos raios de luz que eles tiveram foram
meramente conjetural. Quando muito, eles foram apenas um crepúsculo lânguido e
opaco, entregue por uma tradição duvidosa; e tão obscurecido pelos mitos pagãos, que
fora apenas um grau melhor do que a completa escuridão.
16. Quão incerta, a melhor dessas conjeturas era, nós podemos facilmente
coletar de seus próprios relatos. O mais completo de todos esses, é aquele do grande
poeta romano. Onde observamos, quão cuidadosamente, ele começa, com aquele
prefácio apologético: -- 'Eu sou permitido dizer o que eu tenho ouvido?'. E, na
conclusão, a fim de que ninguém pudesse imaginar que ele acreditou, em algumas
dessas considerações, envia ao relator delas, fora da região dos mortos, através de um
portão de marfim, por meio do qual, ele tinha justamente nos informado que apenas
sonhos e sombras passam, -- uma mesma intimação clara, para que todos aqueles que
se foram antes, sejam olhados como um sonho!
17. Quão pouca cautela eles têm tido por todas essas conjeturas, com respeito
ao mundo invisível, aparece claramente das palavras de seu irmão poeta; que afirma,
sem qualquer escrúpulo:-'Que existem espíritos, ou reinos abaixo, nem mesmo um
homem [um garoto] deles agora acredita'.
Tão pouco, até mesmo, a mais aperfeiçoada razão pode descobrir, concernente
ao mundo invisível e eterno! A razão principal, é porque temos orado ao Pai das
Luzes, e Ele nos tem aberto os olhos de nosso discernimento, para que possamos
discernir essas coisas, que não poderiam ser vistas pelos olhos da carne e sangue; para
que Ele que, dos tempos antigos brilhou fora da escuridão, brilhasse em nossos
corações, e nos iluminasse com a luz da glória de deus, na face de Jesus Cristo, 'o
autor e aperfeiçoador de nossa fé'; 'por quem Ele fez os mundos'; por quem ele agora
mantém o que quer que tenha feito; para que, 'até que a natureza possa o julgamento
dela trazer, o Messias, Rei, reine'.
18. Sobre tudo, quantos agradecimentos nós devemos render a Deus, que tem
concedido essa 'evidência das coisas não vistas', para os pobres habitantes da terra,
que, do contrário, deveriam ter permanecido, na mais completa escuridão,
concernente a elas. Que dom inestimável é até mesmo essa luz imperfeita, para os
ignorantes filhos dos homens! Que alivio, ela é aos defeitos de nossos sentidos; e,
conseqüentemente, de nosso entendimento; que pode nos dar nenhuma informação de
coisa alguma, a não ser do que é, a princípio, apresentado pelos sentidos! Mas, por
isto, um novo kit de sentidos (por assim dizer) está aberto para nossas almas; e,
através desses meios,
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