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Cecília Meireles
a) Ciclo do ouro :
Os temas incluídos nesse assunto são: a descoberta e exploração do ouro feita por
Portugal. Cecília expõe neste ciclo sua indignação contra a o uso do Brasil pelos nobres
portugueses. Os poemas iniciais que compreendem o ciclo do ouro darão uma idéia do
motivo pelo qual Vila Rica se desenvolveu.
b) Ciclo do diamante:
c) Ciclo da liberdade:
Roteiro básico do Romanceiro. Seus 85 poemas se dividem em falas, que nada mais
são que a intervenção do poeta narrador, levando o leitor à reflexão; os cenários
servem para caracterizar o ambiente em que ocorre o fato narrado; os romances
compõem o fio narrativo.
Fala inicial – Marca a angústia de Cecília em relação a tragédia que irá ocorrer,
antecede o enforcamento. Numa apresentação em primeira pessoa, a poeta nos diz que
“não choremos o que houve,/ nem os que chorar queremos (...) choramos esse
mistério...”. Devemos não chorar, mas conhecer esse mundo que está amordaçado em
nosso passado.
Cenário I – Cecília, através de uma presença forte do bucolismo, traça uma cortina de
fundo para o teatro que ela pretende encenar, o cenário onde há colinas, cavalos,
capelas, córregos, as minas de ouro,os muros e os cemitérios... mas “o passado não abre
a sua porta(...) vejo uma forma no ar subir serena? Vaga forma do tempo desprendida.?
É a mão do alferes, que de longe acena.”, mostrando quem será o ator principal dessa
peça atemporal.
Rom. I - a autora começa falando do início do ciclo do ouro, motivo do
desenvolvimento da região.
Rom. IV – uma donzela assassinada pelo seu pai conta sua história, de como foi morta
por suspeitarem de um simples aceno de lenço branco, mostrando a rigidez dos
costumes da época.
Rom. VII – fala do negro, responsável pela cata de jóias, o mesmo que canta e chora
sua escravidão, mesma história de Chico Rei, príncipe no Congo, agora reles escravo.
Rom. XII – a poeta pede para Nossa Senhora salvar o menino Joaquim José
(intervenção poeta-narrador), o nosso futuro Tiradentes, num momento em que ele nem
suspeita o que o futuro lhe reserva, mas a consciência narrativa da poeta já torna relativo
para o leitor.
Rom. XIII até XIX – surge a história do contratador Fernandes, grande potentado e
homem da lendária Chica da Silva, retratado com opulência e valor. O poderoso mas
bondoso Fernandes é enganado pelo Conde de Valadares, esse aproveita-se do seu poder
político para prender e tomar as terras de Fernandes. Esse episódio não está diretamente
ligado à Inconfidência, mas faz parte de seu contexto de roubos, explorações, e trata da
exploração do diamante na região..
Cenário II e a Fala à antiga Vila Rica, onde a autora se concentra agora no “país da
Arcádia”, citando os poetas mineiros que fizeram parte desse movimento poético e da
Inconfidência, como vemos no Rom. XX. Caracteriza a alienação dos moradores quanto
a exploração portuguesa.
Rom. XXIV – vemos uma viva narração do que poderia ter sido a reunião onde se
escolheu a bandeira e o lema “Liberdade, ainda que tarde,/ e a bandeira já está viva,/ e
os seus tristes inventores/ já são réus, pois se atreveram/ a falar em liberdade/ (que
ninguém sabe o que seja).” Notar leitura crítica da autora, que busca com seus versos
recriar o clima tenso e repressor da época.
Rom. XXVII – relata a despedida do Alferes, e lamenta “ninguém que proteste!/ se
fossem como ele,/ a altos sonhos entregue!” Continua mostrando seu caminho, “lá vai
para a frente/ o que se oferece/ para o sacrifício,/ na causa que serve./ Lá vai para
sempre/ o animoso Alferes!”.
Rom. XXVII até XXXIV – relata a traição de Joaquim Silvério dos Reis que é
comparado a Judas, que traiu Jesus Cristo, dizendo que “Melhor negócio que Judas/
fazes tu, Joaquim Silvério!/ pois ele encontra remorso,/ coisa que não te acomete.”
Rom. XXXVII até XLVII – a autora traça um painel geral do que foi a morte do
alferes, com esse questionando-se “a quem dediquei meu zelo?”, passando novamente
pelos escritores árcades, que agora começam a ser presos. Passa também pela
indignação de alguns dos homens da época, como um simples sapateiro, mas passa por
delatores e testemunhas falsas, todos pensando no ouro de Vila Rica. Vemos nesses
romances o domínio da autora de recriar os fatos, mas sempre passando pelo humano,
pelo que pode ter sido vivido na época.
Fala aos pusilânimes: Cecília Meireles exprime toda sua indignação em relação aos
covardes, estes são aqueles que se diziam revolucionários, mas não persistiram devido
ao medo do que poderia lhes ocorrer.
Rom. LIX até LXIV – “foi trabalhar para todos... – e vede o que lhe acontece!” numa
alusão clara ao envolvimento de Tiradentes na revolta, que caminha para a forca “o
alferes que vai passando/ para o imenso cadafalso,/ onde morrerá sozinho/ por todos os
condenados.” Elogia também do silêncio do Alferes diante da prisão e da forca.
Cenário III: surge o jardim de Gonzaga, apresentado como forma de mostrar a solidão
e a tristeza que ficou após sua prisão.
Rom. LXV até LXVI – fala dos maldizentes, uma crítica àqueles que criticam Gonzaga
após sua prisão, citando seu clássico poema em tom de deboche: “Ele dizia: “Marília!”/
já se ouviu mais tola história?”
Rom. LXVII até LXXIII - traçando um painel do futuro da realidade Gonzaga após a
prisão: a expulsão para a África, passando por seu exílio em Moçambique e seu
casamento com a rica Juliana de Mascarenhas. A autora não se esquece da abandonada
Marília que tem seu “– coração desventurado -/ “talvez se tenha esquecido...””
suspirando pela saudade e sem saber nada dele.
Fala à comarca do rio das mortes: em nova fala, a autora questiona “Onde , as crespas
águas finas,/ Onde o trigo? Onde o centeio,/ na planície devastada?” Questionando onde
foi parar a Vila Rica bela que existia e, provavelmente, morreu, como esse rio do título.
Rom. LXXV até LXXVIII – fala agora de outros personagens não tão conhecidos da
Inconfidência, como Dona Bárbara Eliodora, que acaba por desposar Alvarenga
Peixoto, que só é citado pelo primeiro nome, que, depois de ir morar em Vila Rica,
acabou preso e degredado, “apagada a glória antiga,/ rolava em chão de masmorra”,
morrendo em seguida, assim como Dona Eliodora, que recebe espaço em dois
romances.
Cenário IV: mostra a decadência da região: “Por essa lavras imensas,/ ouro e diamantes
houvera.../ - e agora só decadência...”
Rom. LXXXIV – aqui a autora faz uma comparação: os cavalos selvagens, livres e
corajosos, que viviam nessa região, “uns viram correntes e algemas/ outros, o sangue
sobre a forca.” Mostra a autora como foram fortes, mas não conseguira ir longe, apesar
da raça e do desejo de serem, principalmente, livres, numa clara alusão aos
inconfidentes.
Rom. LXXXV – trata do testamento que Marília (a do poema de Tomás Ant. Gonzaga)
está por escrever, mas “na verdade, por que vive,/ se a morte é seu alimento?(...) triste
Marília que escreve./ tão longa idade sofrida/ que a terra lhe seja leve.