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Romanceiro da inconfidência

Cecília Meireles

Em Romanceiro da Inconfidência, Cecília Meireles lança mão de uma das mais


primitivas formas de literatura para contar a história da Inconfidência Mineira em forma
de poesia. Apesar dos poemas do livro apresentarem ordem transitória até certo ponto,
eles podem ser agrupados em três grandes assuntos:

a) Ciclo do ouro :

Os temas incluídos nesse assunto são: a descoberta e exploração do ouro feita por
Portugal. Cecília expõe neste ciclo sua indignação contra a o uso do Brasil pelos nobres
portugueses. Os poemas iniciais que compreendem o ciclo do ouro darão uma idéia do
motivo pelo qual Vila Rica se desenvolveu.

b) Ciclo do diamante:

Representado pela história de Chica da Silva (relatado no roteiro abaixo). Sua


exploração se assemelha muito a do ouro, sua importância para a Coroa Portuguesa é
grande. Também gera cobiça e intrigas como se pode perceber no livro.

c) Ciclo da liberdade:

Trata do movimento revolucionário, prisões e a morte de Tiradentes. Além da história


de dois inconfidentes importantes: o poeta Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel
da Costa.

Roteiro básico do Romanceiro. Seus 85 poemas se dividem em falas, que nada mais
são que a intervenção do poeta narrador, levando o leitor à reflexão; os cenários
servem para caracterizar o ambiente em que ocorre o fato narrado; os romances
compõem o fio narrativo.

Fala inicial – Marca a angústia de Cecília em relação a tragédia que irá ocorrer,
antecede o enforcamento. Numa apresentação em primeira pessoa, a poeta nos diz que
“não choremos o que houve,/ nem os que chorar queremos (...) choramos esse
mistério...”. Devemos não chorar, mas conhecer esse mundo que está amordaçado em
nosso passado.
Cenário I – Cecília, através de uma presença forte do bucolismo, traça uma cortina de
fundo para o teatro que ela pretende encenar, o cenário onde há colinas, cavalos,
capelas, córregos, as minas de ouro,os muros e os cemitérios... mas “o passado não abre
a sua porta(...) vejo uma forma no ar subir serena? Vaga forma do tempo desprendida.?
É a mão do alferes, que de longe acena.”, mostrando quem será o ator principal dessa
peça atemporal.
Rom. I - a autora começa falando do início do ciclo do ouro, motivo do
desenvolvimento da região.
Rom. IV – uma donzela assassinada pelo seu pai conta sua história, de como foi morta
por suspeitarem de um simples aceno de lenço branco, mostrando a rigidez dos
costumes da época.
Rom. VII – fala do negro, responsável pela cata de jóias, o mesmo que canta e chora
sua escravidão, mesma história de Chico Rei, príncipe no Congo, agora reles escravo.
Rom. XII – a poeta pede para Nossa Senhora salvar o menino Joaquim José
(intervenção poeta-narrador), o nosso futuro Tiradentes, num momento em que ele nem
suspeita o que o futuro lhe reserva, mas a consciência narrativa da poeta já torna relativo
para o leitor.
Rom. XIII até XIX – surge a história do contratador Fernandes, grande potentado e
homem da lendária Chica da Silva, retratado com opulência e valor. O poderoso mas
bondoso Fernandes é enganado pelo Conde de Valadares, esse aproveita-se do seu poder
político para prender e tomar as terras de Fernandes. Esse episódio não está diretamente
ligado à Inconfidência, mas faz parte de seu contexto de roubos, explorações, e trata da
exploração do diamante na região..

Cenário II e a Fala à antiga Vila Rica, onde a autora se concentra agora no “país da
Arcádia”, citando os poetas mineiros que fizeram parte desse movimento poético e da
Inconfidência, como vemos no Rom. XX. Caracteriza a alienação dos moradores quanto
a exploração portuguesa.

Rom. XXIV – vemos uma viva narração do que poderia ter sido a reunião onde se
escolheu a bandeira e o lema “Liberdade, ainda que tarde,/ e a bandeira já está viva,/ e
os seus tristes inventores/ já são réus, pois se atreveram/ a falar em liberdade/ (que
ninguém sabe o que seja).” Notar leitura crítica da autora, que busca com seus versos
recriar o clima tenso e repressor da época.
Rom. XXVII – relata a despedida do Alferes, e lamenta “ninguém que proteste!/ se
fossem como ele,/ a altos sonhos entregue!” Continua mostrando seu caminho, “lá vai
para a frente/ o que se oferece/ para o sacrifício,/ na causa que serve./ Lá vai para
sempre/ o animoso Alferes!”.
Rom. XXVII até XXXIV – relata a traição de Joaquim Silvério dos Reis que é
comparado a Judas, que traiu Jesus Cristo, dizendo que “Melhor negócio que Judas/
fazes tu, Joaquim Silvério!/ pois ele encontra remorso,/ coisa que não te acomete.”

Rom. XXXVII até XLVII – a autora traça um painel geral do que foi a morte do
alferes, com esse questionando-se “a quem dediquei meu zelo?”, passando novamente
pelos escritores árcades, que agora começam a ser presos. Passa também pela
indignação de alguns dos homens da época, como um simples sapateiro, mas passa por
delatores e testemunhas falsas, todos pensando no ouro de Vila Rica. Vemos nesses
romances o domínio da autora de recriar os fatos, mas sempre passando pelo humano,
pelo que pode ter sido vivido na época.

Fala aos pusilânimes: Cecília Meireles exprime toda sua indignação em relação aos
covardes, estes são aqueles que se diziam revolucionários, mas não persistiram devido
ao medo do que poderia lhes ocorrer.

Rom. XLIX – retrata “o embuçado”, um mensageiro que, segundo a lenda, tentou


advertir Cláudio Manuel da Costa a fugir, só que agora, “mais do preso, está morto,/ e
com o pescoço metido/ num nó de atilho encarnado.” Mas a autora não esquece de
salientar o fato de que seu “suicídio” possa ter sido armado, levantando um possível
assassinato e “sempre há um malvado que escreva/ o que dite outro malvado/ e por
baixo ponha o nome/ que se quer ver acusado...” lembrando que ele foi acusado de ter
delatado os companheiros, mas...

Rom. LV – apresenta-nos o preso Tomás Antônio Gonzaga, relativizando seus


conhecimentos e sua prisão, com as opiniões da autora em itálico: “quem sabe o que
pensa o preso/ que todas as leis conhece/ e conhece indefeso!”, mostrando-o agora
indefeso, apesar de antes poderoso.

Rom. LIX até LXIV – “foi trabalhar para todos... – e vede o que lhe acontece!” numa
alusão clara ao envolvimento de Tiradentes na revolta, que caminha para a forca “o
alferes que vai passando/ para o imenso cadafalso,/ onde morrerá sozinho/ por todos os
condenados.” Elogia também do silêncio do Alferes diante da prisão e da forca.

Cenário III: surge o jardim de Gonzaga, apresentado como forma de mostrar a solidão
e a tristeza que ficou após sua prisão.

Rom. LXV até LXVI – fala dos maldizentes, uma crítica àqueles que criticam Gonzaga
após sua prisão, citando seu clássico poema em tom de deboche: “Ele dizia: “Marília!”/
já se ouviu mais tola história?”
Rom. LXVII até LXXIII - traçando um painel do futuro da realidade Gonzaga após a
prisão: a expulsão para a África, passando por seu exílio em Moçambique e seu
casamento com a rica Juliana de Mascarenhas. A autora não se esquece da abandonada
Marília que tem seu “– coração desventurado -/ “talvez se tenha esquecido...””
suspirando pela saudade e sem saber nada dele.

Fala à comarca do rio das mortes: em nova fala, a autora questiona “Onde , as crespas
águas finas,/ Onde o trigo? Onde o centeio,/ na planície devastada?” Questionando onde
foi parar a Vila Rica bela que existia e, provavelmente, morreu, como esse rio do título.

Rom. LXXV até LXXVIII – fala agora de outros personagens não tão conhecidos da
Inconfidência, como Dona Bárbara Eliodora, que acaba por desposar Alvarenga
Peixoto, que só é citado pelo primeiro nome, que, depois de ir morar em Vila Rica,
acabou preso e degredado, “apagada a glória antiga,/ rolava em chão de masmorra”,
morrendo em seguida, assim como Dona Eliodora, que recebe espaço em dois
romances.
Cenário IV: mostra a decadência da região: “Por essa lavras imensas,/ ouro e diamantes
houvera.../ - e agora só decadência...”

Rom. LXXXIV – aqui a autora faz uma comparação: os cavalos selvagens, livres e
corajosos, que viviam nessa região, “uns viram correntes e algemas/ outros, o sangue
sobre a forca.” Mostra a autora como foram fortes, mas não conseguira ir longe, apesar
da raça e do desejo de serem, principalmente, livres, numa clara alusão aos
inconfidentes.
Rom. LXXXV – trata do testamento que Marília (a do poema de Tomás Ant. Gonzaga)
está por escrever, mas “na verdade, por que vive,/ se a morte é seu alimento?(...) triste
Marília que escreve./ tão longa idade sofrida/ que a terra lhe seja leve.

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