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A milésima vitória do Grupo de Biggin Hill

Por qualquer padrão que se deseje avaliar, foi uma realização notável –
mil aeronaves inimigas destruídas em combate, pelos esquadrões de caça da
RAF, da Comunidade Britânica, da França Livre e de outros países, que
operaram em Biggin Hill, o legendário aeródromo do Grupo de Caça Nº 11 do
Comando de Caça da RAF. Esta milésima vitória foi alcançada em dramáticos e
explosivos segundos, num céu claro sobre Caen, na Normandia, na tarde de
Sábado do dia 15 de maio de 1943.

O Squadron Leader Charles desenha o número mil na pá da hélice de seu Spitfire


Mk IX, para comemorar a milésima vitória do Grupo.

Ela aconteceu sem fanfarras ou demonstrações espalhafatosas. Apenas


o ruído seco dos projéteis do canhão de 20 mm Hispano 404 Mk II foram
ouvidos, quando o piloto pressionou o botão das armas localizado no manche de
seu Spitfire, após ter corrigido a direção de seu caça, para um tiro com
deflexão. O alvo era um Focke-Wulf Fw 190A-4, que realizava uma curva
fechada tentando escapar do caça britânico. Em 1943, o combate caça contra
caça havia se tornado uma verdadeira ciência, cuja formula de sucesso era uma
combinação da restrita disciplina tática, da utilização do controle radar e da
surpresa. Mas este sucesso estava sempre pendendo para um lado ou outro. A
vitória de um dia poderia se transformar em desastre no dia seguinte devido a
uma curva mal feita, ao uso inadequado do Sol ou por um simples momento de
hesitação. Todo piloto de caça, independentemente de sua experiência, tem

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receio de ser pego num ataque surpresa. O piloto só percebe que está sendo
atacado, quando os projéteis traçadores passam sobre seu canopy, e logo
fazem com que seu caça trema sob o impacto das balas de 20 mm. Nessa hora a
disciplina e ordem desaparecem ao vento, o pânico toma lugar na mente e
mesmo os veteranos só se preocupam em realizar manobras objetivando sua
sobrevivência.
Ao sobreviverem a diversos combates, os pilotos passam a ser
considerados experts, e após três anos de intensas e contínuas operações de
combate sobre o Canal da Mancha, os pilotos do Comando de Caça da RAF que
sobreviveram, bem como os da Luftwaffe baseados no norte da França,
compartilham experiências num grau incomparável. Em Maio de 1943, as
unidades que operavam a partir de Biggin Hill eram os Esquadrões Nº 341
Alsace e o Nº 611 (West Lancashire), com o primeiro constituído por pilotos
franceses e comandados pelo Comandante René Mouchotte, também francês e
o segundo, originalmente uma unidade da RAuxAF (Real Força Aérea Auxiliar),
com pilotos ingleses e comandada pelo Squadron Leader (Major) Jack Charles.
O Comandante da Base era o brilhante e popular sul-africano, Group Captain
(Coronel) Malan, um dos grandes ases do Comando de Caça da RAF, que mesmo
neste posto, não deixava de participar regularmente de missões de combate.
Seu Sub-Comandante era o eficiente Wing Commander (Tenente-Coronel) Alan
Deer, já em seu quarto turno como piloto de caça, cuja habilidade e imaginação
juntamente com seu espírito agressivo fomentavam o Grupo. Deer morreu
prematuramente, por doença em Julho de 1943.

O Squadron Leader Jack Charles, cumprimenta o Comandante René Mouchotte


após ter alcançado sucesso no dia 15 de maio de 1943. Ao seu lado vemos o
Squandron Leader de la Torre e o Wing Commander Alan Deere.

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Malan, Deere, Charles e Mouchotte eram apenas partes de uma
organização, que após permanecer na defensiva por algum tempo, partira para o
ataque, desde o verão de 1941. Após a Batalha da Inglaterra, seguiu-se um
período em que o Comando de Caças da RAF agira conservadoramente, mas
agora, liderada pelo Air Marshal (Major-Brigadeiro) Sholto Douglas, começara
uma maciça ofensiva contra as unidades da Luftwaffe baseadas no Norte da
França. Em Fevereiro de 1941, o Comando de Caças da RAF passou a adotar o
sistema de Grupo (Wing), com os dois primeiros sendo implantados em Biggin
Hill e Tangmere, comandados respectivamente pelos Wings Commanders Malan
e Bader. Cada Grupo era composto por três ou quatro esquadrões, semelhante
ao Gruppe da Luftwaffe, e embora esse tipo de organização tenha se mostrado
insatisfatório para as operações defensivas durante a batalha da Inglaterra,
era agora considerada ideal para as operações contra o espaço aéreo inimigo,
onde a inferioridade numérica seria algo crítico, desvantajoso e na pior das
hipóteses, suicida.
Quando a ofensiva do Comando de Caças da RAF se iniciou em 14 de
junho de 1941, o Grupo Nº 11 sob o comando do Air Vice Marshal (Brigadeiro)
Leigh-Mallory, que executaria a missão, era constituído pelos grupos de Biggin
Hill, Tangmere, Kenley, Nortolt, Hornchurch e North Weald. Os Grupos Nº 10
e 12 estavam ainda em processo de formação. A tarefa parecia ser simples: a
obtenção da superioridade aérea sob os céus do Norte da França, tendo em
vista que a Luftwaffe havia enviado para a frente russa a maioria de suas
unidades, deixando na França apenas duas Geschwader. Tecnicamente as duas
forças se equivaliam, com o Spitfire Mk VB do lado inglês e o Messerschmitt
Bf 109F-2 do lado alemão. Embora, inicialmente tenham sido os caças
britânicos que tomaram a iniciativa, o raio de ação limitado do Spitfire
combinado com o aumento da eficiência organizacional do controle da caça da
Luftwaffe, fizeram com que em Agosto de 1941, a balança pendesse para o
lado alemão, com o Comando de Caças da RAF perdendo mais pilotos que a
Luftwaffe, embora tivesse derrubando muitos caças alemães. O Grupo de
Biggin Hill, que era compostona época, pelos dos Esquadrões 74, 92 e 609,
combateu duro durante a ofensiva do verão, sendo que em Julho daquele ano, o
Wing Leader Malan alcançou sua 32° vitória.
O Comando de Caças da RAF cessou suas operações ofensivas regulares
em meados de Outubro de 1941, mas mantendo elevado o número de missões de
varredura durante todo aquele inverno, retornando à ofensiva normal em Março
de 1942 . O cenário, entretanto, havia se modificado, apesar da inferioridade
numérica do Jagdgruppen baseado no Norte da França, pois essas unidades

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haviam sido reequipadas com o novo Focke-Wulf Fw 190A-1. A superioridade
deste caça alemão, de motor radial, sobre o Spitfire Mk V era tão grande, que
em questão de semanas a nova ofensiva da RAF, por orientação do Comando de
Caças estava limitada a pequenas penetrações no espaço aéreo, tendo em vista
as elevadas perdas sofridas quando de missões de longo alcance contra Lille,
Comines e Bethune.
Tendo perdido um de seus comandantes em Janeiro de 1942, o Grupo de
Biggin Hill sofreu outro duro golpe quando no dia 10 de abril de 1942 o Wing
Comander Michael Lister-Robinson, foi morto em combate contra o II/JG 26
próximo a Le Touquet. Seu sucessor foi o Wing Commander Rankin, sendo que
sob este comando chegou a Biggin Hill o primeiro Spitfire Mk IX, quando o
Esquadrão da RCAF Nº 401 recebeu este tipo de aeronave. Equipado com um
motor Rolls-Royce Merlin 61 que dispunha de um super-compressor de dois
estágios, que aumentava a potência desenvolvida principalmente em altitudes, o
Mk IX chegou ao fronte do Canal, e apesar de seu pequeno número, começou a
se contrapor aos Fw 190A-3 e aos Bf 109G-1 especialista em vôos de alta
altitude, novas aeronaves que estavam entrando em serviço na Luftwaffe.

O Oberleutnant Horst Hanning, Staffelkapitäin do 2./JG 2, realize reunião com


seus pilotos antes de uma missão a partir do aeródromo de Triqueville. Seu Fw
190A-4 aparece ao fundo.

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O Comando de Caças renovou suas forças para as ofensivas diurnas, que
recomeçaram em Agosto de 1942, juntamente com os primeiros ataques dos
B-17 e dos B-24 da 8ª Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF)
contra a França. Mas o problema do alcance dos caças britânicos era maior do
que antes, apesar da utilização de tanques externos de 30 galões, pois a
escolta só podia ser feita até o arco compreendido pelas cidades de Bruxelas,
Lille, Beavais e Rouen. Após esta área, os bombardeiros americanos voavam
sozinhos. O outono de 1942 apresentou o Grupo de Biggin Hill (Esquadrões Nº
340 e 611) engajados nas denominadas Missões de Rodeio (Varredura de Caças)
e numa grande quantidade de missões de escolta e de apoio aos bombardeiros
da 8ª USAAF contra os Fw 190 da JG 2 e da JG 26.
Após a invasão alemã da União Soviética, no dia 22 de junho de 1941,
apenas duas unidades de caça, a Jagdgeschwader 2 (JG 2) Richthofen e a
Jagdgeschwader 26 (JG 26) Schlageter, haviam permanecido no fronte oeste,
com missão de defender uma área que ia do Estuário do Rio Scheldt até Brest.
A quantidade de aeronaves disponíveis para essa missão nunca excedeu as 240,
mas apesar de numericamente inferiorizados, os alemães cumpriram a missão
com eficiência. No inverno de 1942, entretanto, a maré ficou contra a
Alemanha, e a Luftwaffe em particular, foi incumbida de missões na União
Soviética e no Mediterrâneo, numa tentativa de mudar o rumo da guerra, com
seu planejamento estratégico indo por água abaixo. Os oponentes do Comando
de Caças da RAF no Norte da França sofreram muitas perdas de unidades: em
Novembro de 1942, quatro Staffeln do JG 2 foram enviadas para a Tunísia,
enquanto que a JG 26 foi forçada a despachar outras para a União Soviética
em Janeiro de 1943, ao mesmo tempo em que as ações da 8º USAAF
aumentavam de intensidade.

O cassino dos oficias de Biggin Hill

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Em maio de 1943, a Luftlotte 3, organização responsável pela defesa
aérea da França e da Bélgica, só possuía disponível 280 Bf 109 G-4, G-6 e
Fw 190A-4, dos quais aproximadamente 75% estavam disponíveis para combate
e atacar os B-17, B-24 e B-26 da 8ª USAAF e os Mitchells, Bostons e Venturas
do 2º Grupo do Comando de Bombardeiros da RAF. Entretanto, o sistema
organizacional da Luftwaffe, em especial no que se referia ao treinamento de
pessoal não afetava as operações, e por isso na JG 2 e na JG 26, existiam
núcleos de pilotos veteranos que já vinham combatendo a mais de três anos, e
que conseguia manter um elevadíssimo padrão operacional. Eles eram astutos,
hábeis, agressivos e combatiam duro quando tinham a iniciativa do combate;
seu equipamento, o Fw 190A-4, era o melhor que havia e estavam apoiados por
um eficiente sistema de controle de terra. Era ainda uma formidável força a
ser derrotada.

Esses dois Spitfires estavam entre as perdas sofridas pelos Esquadrões de Biggin
Hill nas semanas em que o Grupo alcançou a milésima vitória. O Mk IX BS244,
não retornou de uma missão no dia 13 de fevereiro de 1943, quando pilotado pelo
Comandante Schloesing, do Esquadrão Nº 340, que foi abatido por um Fw 190 do
II/JG 26 sobre Le Tourquet. O Mk IX BS435 foi perdido no dia 5 de fevereiro,
quando pilotado pelo Squadron Leader Hugh Armstrong, do Esquadrão Nº 611,
que foi abatido pelo Uffz Heinz Gomann do 5./JG 26 próximo a Boulogne.

O comandante da Geschwader Richthofen era o Oberstleutnant


(Tenente Coronel) Walter Oesau, uma figura sombria com um brilhante

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histórico de combate, mas que agora raramente voava, preferindo vislumbrar
apenas a bela vista existente em seu alojamento em Beumont-le-Roger. Seus
subordinados, entretanto, eram experientes líderes da caça alemã, com uma
enorme lista de aeronaves derrubadas. Em Maio de 1943, a JG 2 foi
posicionada a Oeste do Rio Sena: a I/JG 2 sob o comando do Major Helmut-
Felix Bolz, baseada em Triqueville; a II/ JG 2 sob o comando do Hauptmann
(Capitão) Kurt Bühligen, recuperava-se dos combates na Tunísia e a III/JG 2,
comandada pelo terrível Hauptmann Egon Mayer, baseada em Vannes e em
Evreux-Fauville. Os principais adversários do Grupo de Biggin Hill comandado
por Alan Deere eram os Messerschmitts e Focke-Wulf da JG 26. Esta unidade,
estava baseada na região de Lille e era comandada pelo brilhante e vistoso
Major Josef Priller. Diferentemente de Oesau, este forte e pequeno piloto,
voava regularmente à frente de sua Geschwader à partir de Lille-Vendeville.
Todas as vitória de Priller tinham sido conquistadas no fronte Oeste, em
combates que começaram em Dunquerque em Maio de 1940. Agora, três anos
depois, o Geschwader Kommodore, detentor da Cruz de Cavaleiro com Folhas
de Carvalho, tinha em seu histórico, o formidável número de 87 aeronaves
abatidas. O modo como a Luftwaffe empregava seus pilotos de combate,
explica como esses aviadores alcançaram tão elevado número de vitórias. Não
havia tour de combate na Luftwaffe. Os pilotos de caça tinham quatro semanas
de férias por ano. Eles voavam arduamente, até que fossem feridos
gravemente ou mortos. O restante da unidade de Prill estava operando nas
redondezas, com a II/JG 26 baseada em Vitry-em-Artois, próximo a Douai e a
III/JG 26 em Wevelghem, próximo a fronteira franco-belga.
O Grupo de Biggin Hill tinha uma velha rixa com a JG 26, em particular
com a II / JG 26, agora comandada pelo Hauptmann Wilhelm-Ferdinand
Galland, irmão do Adolf Galland, General da Caça Alemã. Este grupo, engajou-se
em freqüentes combates com o Grupo de Biggin Hill sobre a França e sobre o
Canal da Mancha. No dia 5 de fevereiro de 1943, enquanto caçavam alguns
Fw 190 caças-bombardeiros que haviam acabado de atacar Hailsham, uma seção
do Esquadrão Nº 611 foi emboscada pela escolta de Fw 190 da II/JG 26, sobre
o Canal da Mancha, sendo que o Comandante do Esquadrão foi abatido e morto.
Alguns dias depois, mais precisamente, no dia 13 de fevereiro, o Grupo sofreu
novas perdas nas mãos do II / JG 26, quando trinta Fw 190 comandados por
Ferdinand Galland, atacou os Spitfires obrigando-os a se retirarem, não sem
antes abater o Comandante Schloesing do Esquadrão da França Livre Nº 340.
Outra batalha aconteceu um mês depois, no dia 14 de Março, quando por volta
das 17:50 sobre Berck-sur-Mer, os 190 de Galland derrubaram o Wing

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Commander Reilhac do Esquadrão Nº 340 e o excelente Wing Commander
Slater. Embora superados numericamente, o Gruppe infligiu enormes perdas ao
Grupo sem ter nenhuma aeronave abatida.
Logo após este incidente, o Esquadrão Nº 340 foi retirado das
operações, assumindo seu lugar o Esquadrão Nº 341 Alsace, da França Livre,
comandado pelo Comandante René Mouchotte. Ao mesmo tempo em que o
Esquadrão Nº 611, agora sob o comando de Wag Haw, tinha sua moral elevada
ao receber os mais modernos Spitfires, o Mk IX, equipado com o motor Merlin
66, que era uma variante do Merlin 61 e desenvolvia 1.560 hp à 3.000 RPM e 18
psi de pressão de compressor a média altitude. O Focke-Wulf não era mais
onipotente.

Duas perdas da Luftwaffe nos intensos combates da Primavera de 1943. O Focke-


Wulf 190A-4, Nº 734, era pilotado pelo Oberleutnant Horst Hanninh, Staffelkapitäin
da 2./JG 2, quando foi abatido pelo Squadron Leader Jack Charles no dia 15 de
maio de 1943. A águia preta estilizada, pintada na lateral do motor, utilizada pelas
aeronaves da JG 2, servia para obscurecer as manchas de óleo e a oxidação
causada pelos gases do exaustor. O Messerchmitt Bf 109G-4, Nº 19418, foi
perdido em combate sobre Dieppe no dia 17 de abril de 1943, quando pilotado
pelo Oberfeldwebel Ernst Hillgruber do 1. Staffel i/JG 27. A utilização de tanque
suplementar de combustível de 300 litros, era incomum nas missões de caça.

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Após ser retirado do combate e cumprir seu tour administrativo no
Grupo de Caça Nº 11, o Wing Commander Alan Deere foi designado comandante
do Grupo que operava em Kenley, mas como esta designação coincidiu com a
perda do Wing Commander Milne, o Group Captain Malan o requisitou para
liderar o Grupo de Biggin Hill, enquanto que o Wing Commander J. E. Johnson
assumia os esquadrões de Kenley. Para Deere, sua nomeação como Comandante
de Grupo foi uma realização para sua ambiciosa carreira e ele estava
determinado a implementar suas teorias sobre operações táticas de um Grupo,
já que a oportunidade chegara. Enquanto era o responsável pelas rotas e
navegação quando liderando o Grupo, Deere queria que seus esquadrões e
seções exercitassem elementos nunca antes testados de iniciativa e
independência, de modo a alcançarem um nível de proficiência e flexibilidade na
forma de atacar. O antigo controle em massa da tática do Grupo seria abolido
e substituído por um mais flexível, mas mantendo o apoio mútuo e a disciplina.
Uma de suas decisões foi que quando realizando missões de escolta, seus
Spitfires não mais ficariam voando na mesma velocidade dos bombardeiros.
Embora psicologicamente os pilotos de bombardeiros gostassem da presença
dos caças, essa opção não produzia proteção alguma. Essas foram algumas das
mudanças impostas por Deer nas primeiras semanas em que esteve comandando
o Grupo de Biggin Hill, naquele sangrento verão de 1943, e que dariam muitos
dividendos para os britânicos.
Uma das primeiras operações realizadas sob o comando de Deere, que
ilustra sua flexibilidade e ousadia, foi a tentativa de atacar a I/JG 2 quando
esta estivesse decolando e se agrupando sobre Triqueville. Na tarde do dia 17
de abril, enquanto Caen era atacada pelos Bostons do Grupo de Bombardeiros
Nº 2, Deere liderou os Esquadrões Nº 341 e 611 num ataque a baixa altura
contra o aeródromo alemão. Eles chegaram alguns segundos atrasados para
pegar os Fw 190 ainda rolando na pista. Um grande combate aconteceu à baixa
altura, sob os olhares atentos dos mecânicos alemães. O resultado foi
desapontador – dois Spitfires perdidos e nenhuma vitória alcançada, mas a
operação indubitavelmente causou certa preocupação aos pilotos da JG 2.

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O Squadron Leader Jack Charles

Quando Deere assumiu o Grupo de Biggin Hill, faltavam 17 vitórias para


que atingissem a milésima vitória. Essa marca era aguardada ansiosamente
desde março, não só pelo pessoal de Biggin Hill mas também pela imprensa
britânica. Ao final de abril, o Grupo já havia alcançado as 990 aeronaves
derrubadas. No dia 4 de Maio de 1943, o Grupo de Biggin Hill participou de
operações como 2ª Escolta, em apoio a 79 B-17 que atacavam a fábrica de
Matford em Antuérpia. Sobre Walcheren, o Grupo se encontrou com elementos
do JG 26 liderados por Priller, e no combate resultante, o Wing Comander
Deer abateu um Fw 190, elevando o score do grupo a 995. O mau tempo não
permitiu que o grupo operasse, se não em 14 de Maio, quando atuou como 3ª
Escolta num ataque contra a base de operação da III/JG 26 em Courtrai-
Wevelghem. O bombardeio foi excelente, forçando a unidade alemã a sair do
aeródromo e ir para Lille-Nord no dia seguinte, mas tal resultado só foi obtido
após um feroz combate, no qual duas B-17 e um Spitfire foram derrubados (o
Sargento Clarke, do Esquadrão Nª 611 colidiu com um Bf 109). O Grupo Nº 11
obteve 7 vitórias, uma provável e quatro aeronaves danificadas., sendo que o
Grupo de Biggin Hill abateu dois Fw 190 e um Bf 109G, elevando seu score para
998. Um dos Fw 190 abatidos era pilotado pelo Staffelkapitäin do 8./JG 26, o
Hauptmann Karl Borris, que teve seus dois tornozelos quebrados, após um salto
de para-quedas traumático, à apenas 500 metros de altura sobre Wevelghem.
Os pilotos de Biggin Hill estavam agora envolvidos numa ansiedade:
ninguém queria ser transferido nem deixar de ser escalado para as missões.
Além da fama de ser o piloto a obter a milésima vitória do grupo, havia um
prêmio originalmente de £ 300, que crescia com o auxílio de um bolão de
apostas que já durava seis meses.
O tempo sobre o norte da França encontrava-se bom no dia 15 de maio
de 1943, e o Circus 297 estava planejada para aquela tarde, e por isso a
probabilidade do Grupo de Biggin Hill alcançar a milésima vitória era enorme.

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Circus , que era o nome dado a uma operação com objetivo de atrair a caça da
Luftwaffe para o combate, seria realizado em duas partes simultaneamente. O
Grupo de Biggin Hill faria a Parte 1, juntamente com seis B-25 Mitchells do
Grupo de Bombardeiros Nº 2, que atacariam o aeródromo de Caen-Carpiquet,
base freqüentada pela Richthofen Jagdgeschwader. Esse aeródromo seria em
seguida atacado por 12 Typhoon caças-bombardeiros do Esquadrão Nº 181.
Quatro grupos de Spitfires forneceriam a escolta e o apoio necessário, e por
isso era muito provável que se encontrassem com os alemães do JG 2. A Parte
2 do Circus consistiria num ataque ao aeródromo de Poix por 12 Bostosn,
também do Grupo de Bombardeiros Nº 2, escoltados e apoiados por cinco
grupos de Spitfires. Mais de 40 Bf 109G haviam sido identificados em Poix,
pelas poderosas lentes das unidades de reconhecimento da RAF, pertencentes
aos I/JG 27 e 11/JG 2, e com toda certeza estariam no ar aguardando o
ataque.
Às 16:21, os primeiros 26 Spitfires Mk IX dos Esquadrões Nº 341 e 611,
incluindo o Wing Commander Deere e o Group Captain Malan, decolaram da
relva desnivelada de Biggin Hill e grunhiram pelos céus. Minutos depois, voando
rente à copa das árvores, o Grupo cruzou Shoreham-by-Sea e voaram ainda
mais baixo, de modo a evitar serem detectados pelos radares alemães Freya.
Às 16:41, Deere acelerou e liderou o Grupo numa subida íngreme, enquanto que
em algum lugar, encobertos pela névoa sobre o Canal da Mancha, os Bostons, os
Mitchells e outros Spitfires também faziam a mesma coisa. A surpresa já não
mais existia. Os pilotos podiam escutar os estalidos da interferência alemã em
seus fones, e logo o silêncio de seu próprio rádio foi quebrado quando o
controlador do Grupo Nº 11 os avisou sobre a presença de caças inimigos: the
Poix Messerschmitts already airbone and gaining height towards Amiens....20
plus clinbing towards Rouen...a futher 15 plus orbiting Lisieux.

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O brilhante e enigmático comandante do JG 26, Major Josef Priller

Sobre Trouville, na costa francesa, o Grupo de Biggin Hill nivelou à 21 mil


pés, ao mesmo tempo em que as manetes são reduzidas para velocidade de
cruzeiro máxima, dirigindo-se para sul em direção a seu ponto de navegação, a
cidade de Bonnebosq na Normandia. Todos os pilotos estão em alerta. Acima, o
Esquadrão Nº 611 Alsace, comandado por Mouchotte, fareja os céus com seus
pilotos verificando a toda hora os instrumentos de seus caças: temperatura,
pressão e indicadores do motor. As metralhadoras estão destravadas e
prontas para o combate, assim como o colimador aceso.
Sobre Bonnebosq, o Grupo realiza uma curva para oeste, dirigido-se para
Caen. Então ouve-se o primeiro grito preparando todos para o combate:
- Snowball Red calling, watch out for Huns at seven o’clock high.
- Close up Filmstar aircraft, Focke-Wulfs at two o’clock level!
- Watch out for those bastards above you, Snowball Yellow!
O primeiro ataque inimigo acontece quando nove Fw 190 do I/JG 2 caem
sobre o Grupo de Northolt (Esquadrões Nº 315 e 316), que voavam como
Escolta Alta, ao mesmo tempo em que os Mitchells largam suas bombas sobre
Carpiquet e realizam uma curva tão fechada, que alguns dos Spitfires da
escolta perdem sua posição junto aos bombardeiros. Era exatamente isto que o
líder dos Focke-Wulfs esperava – aquele segundo de indecisão que oferecia a
oportunidade para o ataque. O Sol faz com que seus canopies e asas brilhem,
quando eles executam uma puxada forte, revelando a parte inferior do motor
pintada em amarelo, e as cruzes negras das asas azul pálido. Cada Focke-Wulf
deixa um rastro de fumaça, enquanto balança a asa nervosamente a mais de
725 km/h.

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- Here they come, Filmstars! One-eighty port, go !
- Tighten it up, George ! There’s one turning in your six o’clock !
O combate acontece entre o aeródromo e a costa. O Grupo polonês
enfrenta a primeira leva de Focke Wulfs, e antes que o grupo pudesse
restabelecer o equilíbrio do combate, o Capitão Pawlikowski e o Sargento
Lewandowski, ambos do Esquadrão Nº 315, são derrubados, com seus Spitfires
Mk IX caindo envoltos numa bola de fumaça, e chocando-se contra o solo
francês a milhares de pés abaixo. Vários Fw 190 continuam a atacar, sem dar
chance que a escolta se envolva no combate.
Para o Grupo de Biggin Hill, ainda a 24 km a sudeste de Caen, as chances
de se envolverem no combate parassem diminutas. Eles podem vislumbrar as
explosões da anti-aérea alemã, e as frenéticas curvas dos Spitfires e Focke-
Wulfs. Mas eles estão ainda muito longe. O sucesso da missão parece estar
comprometido, mas eis que de repente, abaixo do Grupo, dois Focke-Wulf
surgem do meio da névoa, subindo tranqüilamente sem os perceber.
Quando o I/JG 2 recebeu ordens para decolar de Triqueville, apenas
alguns Fw 190 da Staffel 2 foram capazes de decolar, pois muitas das
aeronaves estavam sem condição de vôo e porque os pilotos haviam sido postos
em estado de alerta de 30 minutos em vez de alerta máximo. Mesmo assim,
seis ou sete Fw 190 conseguiram decolar, liderados pelo Staffelkapitäin o
Oberleutnant Horst Hanning de apenas 22 anos de idade, que dirigiram-se
subindo rapidamente rumo a Caen. O resto do Gruppe estava envolvido com o
Circus 297.

O Esquadrão 341 posa em Biggin Hill (Maio de 1943)

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Horst Hanning tinha obtido toda sua experiência de combate operando
no 6/JG 54 no front russo. Após ter abatido 48 aeronaves soviéticas, foi
agraciado com a Ritterkreuz (Cruz de Cavaleiro) no dia 9 de maio de 1942, e
transferido para o norte da França em janeiro de 1943, quando já possuía 90
vitórias. Do mesmo modo que a maioria dos pilotos alemães que obtiveram
sucesso no front russo, Hanning encontrou grande dificuldade ao vir para o
front oeste, onde o nível de pilotagem era muito mais elevado. No norte da
França tinha-se que ser muito mais cauteloso, mas sua grande experiência o
permitiu manter o ritmo de combate e ele já havia adicionado mais oito vitórias
à sua lista. Mas hoje seria diferente. Sua Staffel estava a uma distância
considerável do combate, juntamente com seu ala o Unteroffizier (Sargento)
Ernst Gödde, nivelados a 18 mil pés e acelerando em direção a Caen, onde os
combates aconteciam. Na intenção de interceptarem os B-25 Mitchells que se
retiravam, os dois pilotos não perceberam os Spitfires que circulavam sobre
suas cabeças, escondidos sob os raios de Sol daquela tarde.
Mas os olhos atentos dos pilotos do Grupo de Biggin Hill os percebeu, e
numa fração de segundos, uma lacônica ordem de Deere os levaria à morte. A
Seção Amarela do Esquadrão Nº 611, liderada pelo Squadron Leader Charles,
encontrava-se em posição ideal para interceptar os dois Fw 190, e assim
executaram uma meia rolagem e mergulharam em direção aos caças alemães.
No exato momento em que a Seção Amarela mergulhou, o Comandante
Mouchotte,liderando o Esquadrão Nº 611 a 25 mil pés, fez uma curva fechada
de 180° na intenção de atacar qualquer Focke-Wulf que escapasse do ataque
das aeronaves do Esquadrão Nº 611. Logo que terminou a curva, sua intuição
mostrou-se correta, pois a 4 mil pés abaixo e voando em direção oeste, estava
um solitário Fw 190. Tudo aconteceu tão rápido que não se sabe quem abateu
primeiro um dos caças alemães, que seria a milésima vitória do Grupo – Charles
ou Mouchotte.
Charles aproximou-se do Nº 2 do par de Fw 190, mergulhando em
direção a Caen, abrindo fogo bem de trás, das 250 até as 50 jardas de
distância, observando diversos impactos no caça alemão, causados pelos seus
quatro segundos de fogo – alguns na asa e outros na fuselagem. Após
ultrapassar o Nº 2, ele abriu fogo contra o líder, que realizava uma curva
fechada à direita. Suas balas atingiram e destruíram uma das asas. Charles fez
então uma curva à esquerda, quando então observou um para-quedas, que seria
do piloto alemão da aeronave Nº 2. O Flight Lieutenant (Capitão) J. M.
Checkets, que voava como Amarelo 3 confirmou que o primeiro piloto havia
saltado enquanto que a segunda aeronave mergulhou direto em direção ao solo.

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Mouchotte abrira fogo a 250 jardas, observando diversos impactos no
cockpit e na raiz da asa do seu alvo, quando então o caça alemão subiu
violentamente na vertical e explodiu, forçando Mouchotte a virar
violentamente seu Spitfire para não ser atingido pelos estilhaços. Todos os
três Fw 190 do Staffell 2, que dirigiam-se para leste, foram abatidos
rapidamente por esses dois pilotos aliados.

Um Spitfire do Esquadrão 341

O Comando de Caça da RAF registra que na missão de Caem, foram


abatidos quatro e avariados um Fw 190, com a perda de dois Spitfires. O
quarto Fw 190 foi abatido pelo Flight Oficer (Tenente) Stanislaw Blok do
Esquadrão Nº 315, mas nos registros do 2./JG 2 apenas as aeronaves abatidas
pelo Squadron Leader Charles e pelo Comandante Mouchotte aparecem. Uma
dessas três foi a milésima vitória do Grupo.
Naquela noite, abraços e congratulações aconteceram em todos os
alojamentos. A honra e o prêmio da milésima vitória foram divididos entre Jack
Charles e René Mouchotte, sendo que uma festa foi realizada no Hyde Park
Hotel, patrocinada pelo esquadrão francês, com bebida livre. O Grupo recebeu
ordens para não operar no dia seguinte, a menos que fosse estritamente
necessário.
Mas às 10:35 do dia seguinte, o Grupo foi chamado par uma missão de
escolta, onde deveria acompanhar os Venturas do Grupo de Bombardeiros Nº 2,
que atacariam Morlaix na França. A oposição de caças inimigos foi mínima e
eles não derrubaram nenhuma aeronave alemã.

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