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Numa quente tarde do verão de 1944, o Lieutenant-Commander Tadanao Miki,


do Laboratório de Pesquisas Aeronáuticas do Japão, foi chamado à sala de seu
comandante para uma reunião com um oficial visitante. O laboratório dirigido
por Miki estava trabalhando na solução de problemas com o sistema de
estabilidade de um recém chegado foguete que veio da Alemanha por
submarino. Ela já recebera diversas sugestões de solução do problema, de
vários visitantes, todas elas inócuas, e por isso estava cansado desse tipo de
reunião. Neste dia em especial, o visitante era o Sub-Lieutenant Shioichi Ota,
e Miki, mesmo convencido de que iria ouvir mais uma proposta sem fundamento,
compareceu a reunião para escutá-la. Ele escutou algo muito pior do que podia
imaginar. Ota e seus superiores haviam eliminado o problema de estabilidade,
ao colocarem um homem dentro do foguete. O estarrecido oficial rapidamente
apontou diversos outros problemas deste projeto, além do terrível efeito
sobre a moral dos homens, e do pequeno raio de ação da aeronave, que
necessitaria ser transportada por uma outra até o local do ataque, e que por
isso ambas estariam muito vulneráveis aos ataques dos caças americanos
durante o trajeto. Mike ficou enfurecido visto que sua equipe de pesquisa
estava agora sendo envolvida num desesperado e perdido projeto.

Mas a decisão já fora tomada. Miki e sua equipe projetariam agora uma bomba
voadora. Um longo caminho de desespero havia finalmente chegado a um ponto
sem retorno. O alto comando das forças militares japonesas havia resistido
bravamente à idéia dos “ataques especiais” por causa das medonhas
conseqüências que a realização dessas operações teria na disciplina da tropa,
mas agora eles não tinham mais como resistir às demandas que sofriam para
fazerem algo de modo a parar os aliados. Mesmo a contra gosto, eles
autorizaram a criação do Corpo dos Deuses do Trovão, ao mesmo tempo em que
davam ordens para o desenvolvimento de uma aeronave especialmente
projetada para a missão. A primeira unidade japonesa Kamikaze com os Deuses
do Trovão, logo tornar-se-ia uma realidade, e pela primeira vez desde 1941, os

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pilotos japoneses dariam mais do que receberiam, a um custo agora, muito mais
elevado. A ofensiva Kamikaze japonesa realizada no final da 2ª Guerra Mundial
seria conhecida como uma lenda de determinação e ineficiência.

Os primeiros estrondos

A idéia de utilização dos Kamikazes não surgiu no Alto Comando das Forças
Armadas Imperiais, mas sim junto aos oficiais de baixa patente, quando
começaram a relatar atos espontâneos de pilotos que jogaram seus aviões
contra alvos aliados. O primeiro relatório oficial sobre o assunto, foi feito pelo
Captain Motoharu Okamura. Ele e seus superiores realizaram um inquérito e
chegaram a conclusão que era plausível o projeto de se atacar alvos aliados,
lançando as aeronaves contra os mesmos. Os investigadores, entretanto,
tinham certeza de que precisavam de apoio político de alto nível, para
prosseguirem com seus planos, e logo, conseguiram apoio de influentes
personalidades japonesas. Assim, o Programa Deuses do Trovão prosseguiu,
apesar de existir ainda, um baixo apoio. Em outubro de 1944, quando o Corpo
dos Deuses do Trovão foi oficialmente criado, o Vice-Admiral Takijiro Onishi,
novo comandante nas Filipinas, solicitou permissão para utilizar os foguetes-
bomba numa ofensiva Kamikaze. Recebeu permissão, com a ressalva de que
todos os participantes deveriam ser voluntários. Estavam criados agora, dois
programas de ataques suicidas: os Deuses do Trovão e os Kamikazes.

O programa de ataque especial foi um terrível divisor criado dentro das Forças
Armadas Japonesas. Muitos comandantes veteranos acreditavam que a idéia
era algo obsceno e que levaria a uma enorme quantidade de perdas de vidas
humanas por nada, embora não fossem contra o sacrifício da vida em combates
genuínos. O Lieutenant-Commander Goro Nonaka, foi um dos duros críticos do
projeto desde seu início. Ele era comandante de um grupo de bombardeiros
Betty, que atuariam como nave mãe dos foguetes, e do mesmo modo que Miki,
antecipou os problemas que encontrariam: o curto raio de ação do foguete-
bomba e a baixa velocidade da nave mãe. Esses dois fatores obrigavam aos
Betty, aproximar-se lentamente, dentro do campo visual dos navios americanos,
de modo a poderem lançar o Ohka que estava preso à sua fuselagem. Ele não via
como suas aeronaves poderiam realizar tais missões, e estava convencido de
que suas tripulações estavam tão sentenciadas quanto os pilotos dos Ohka.
Infelizmente, ele estava correto.

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As Filipinas

O Vice-Admiral Onishi chegou a seu novo posto de comando no início de


outubro de 1944, ainda determinado a utilizar a nova tática Kamikaze contra a
frota americana que se aproximava para invadir as Filipinas. Seu objetivo era
nada mais nada menos, do que afundar todos os porta-aviões americanos, e
assim ter caminho livre para atacar os navios de transporte. Devido a um
acidente, Onishi acabou solicitando voluntários para o primeiro grupo do recém
criado Corpo de Pilotos Nº 201, na Base Aérea de Mabalacat. Quando os pilotos
e os oficias solicitaram que seu comandante, o Captain Sakai Yamamoto,
aprovasse pessoalmente o projeto, Onishi mentiu, dizendo que Yamamoto sabia
e aprovava o voluntariado. Na realidade, Yamamoto estava hospitalizado em
Manila, devido a um acidente automobilístico e incapaz de saber o que estava
acontecendo. Todos os 23 pilotos foram voluntários.

Em poucos dias, a primeira missão suicida foi realizada contra a esquadra


aliada em Leyte. A missão foi bem sucedida, causando muitos mais danos aos
altamente protegidos navios americanos, do que os tradicionais ataques. O
emocional almirante, imediatamente anunciou o novo método bem como
comunicou aos oficiais da 1ª e 2ª Força de Aviação Naval, que os kamikazes
seriam utilizados para varrer os navios aliados dos mares. Não seria tolerado
mais debates ou objeções ao tema.

O Ohka

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Enquanto isso acontecia, os primeiros 100 voluntários do Corpo dos Deuses do
Trovão continuavam seu treinamento ao mesmo tempo em que os 150 foguetes-
bomba Ohka estavam terminando de serem construídos. O plano japonês era o
de enviar os Deuses do Trovão para as Filipinas e Formosa, mas a ação dos
porta-aviões americanos e dos submarinos impediu o movimento de navios nos
portos ao sul do Japão. A magnitude da ação americana era muito grande,
culminando com o afundamento do novo super porta-aviões japonês Shinano, no
dia 27 de novembro de 1944, que fez sepultar as últimas esperanças da aviação
naval nipônica como também os primeiros 50 Ohkas. Algumas semanas depois, o
porta-aviões Unryu também foi afundado, quando rumava para as Filipinas com
outros 30 foguetes-bomba, fazendo com que a ofensiva dos Deuses do Trovão
fosse adiada.

Conforme esses novos reveses aconteciam, a manutenção da disciplina entre os


voluntárias tornava-se difícil de ser mantida. Eles haviam sido voluntários para
morrer pela pátria, acreditando que participariam de uma unidade de
vanguarda, mas agora os Kamikases sofriam as primeiras derrotas e suas
missões estavam suspensas sem previsão de retorno à ação, fatos esses que
levavam os homens a acreditar que suas vidas não valam mais nada. A bebida e
a insubordinação entre os homens cresceu assustadoramente e os pilotos
passaram a sair da base sem permissão. Alguns oficiais compreenderam a
situação, mas outros não, sendo que por diversas vezes incidentes aconteceram
na Base Aérea de Konoike.

Com a chegada do Ano Novo, os Aliados continuaram seus preparativos para


invadir a Ilha de Okinawa, que seria o primeiro desembarque em território
genuinamente japonês. Esta preparação incluía mássicos ataques aéreos,
partindo de porta-aviões, contra as bases no sul do Japão. Com esta situação, o
Alto Comando Japonês encontrou uma condição bem propícia para utilizar sua
força kamikaze.

O primeiro ataque

Nas semanas seguintes, o Corpo dos Deuses do Trovão ficou subordinado a


recém criada 5ª Força Aérea, cuja missão era defender o Sul do Japão,
incluindo Okinawa. O comandante dessa unidade era o Almirante Matome
Ugaki, um dos sobreviventes do antigo Estado Maior do famoso Almirante
Yamamoto e ex-comandante da Divisão de Encouraçados Nº 1, composta dos

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super-encouraçados Yamato e Musashi. Os Deuses do Trovão se uniram ao
Corpo de Ataque T, composto de pilotos kamikases que utilizavam caças e
caças-bombardeiros. Além das aeronaves convencionais, que realizavam a
maioria das missões, um total de 162 Ohkas, 108 Caças de Ataque T e diversos
bombardeiros médios, estavam disponíveis para realizarem o primeiro ataque
contra as forças americanas que se aproximavam de Okinawa.

Desenho de um bombardeiro Betty lançando um Ohka

No final de fevereiro, uma força-tarefa americana dirigia-se em direção a Iwo


Jima, sendo parte de uma força maior que dirigia-se para Okinawa, juntamente
com maciços ataques das B-29 contra Tóquio. Em 1º de março, as aeronaves
americanas começaram a atacar Okinawa, principalmente os aeródromos e os
depósitos, como parte de uma estratégica de destruição sistemática da infra-
estrutura da ilha. No dia 17 de março, porta-aviões americanos foram
localizados dirigindo-se para o norte em direção a ilha principal do Japão, fato
este que fez com que o Alto Comando Japonês mobilizasse o 5º Corpo Aéreo
para a batalha final. Entretanto, quem atacou primeiro foram os americanos,
destruindo muitas bases que seriam utilizadas pelos Deuses do Trovão e pelos
Kamikases. Os americanos, não apenas destruíram as bases e as facilidades,
como também muitos caças que estavam mantidos na reserva para serem
utilizados como escolta dos Deuses do Trovão, pois eles tiveram que entrar em
combate numa tentativa de defender suas próprias bases. O resultado foi que
mais de 50% dos caças foram destruídos, embora cerca de 50 bombardeiros
médios tenham conseguido atacar a frota americana, com poucas perdas.

A força de Ugaki levou dois dias para contra-atacar. Os relatórios da


Inteligência Japonesa eram muito otimistas, inclusive informando que os porta-
aviões não tinham cobertura aérea, e por isso o ataque poderia ser realizado à

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luz do dia. Essa informação era justificada pela interpretação errada do
resultado do ataque dos bombardeiros médios no dia anterior. Na realidade, a
frota americana e suas aeronaves haviam sofrido muito pouco e agora rumavam
para o sul, de modo a apoiar o desembarque em Okinawa.

Às 09:45 do dia 21 de março, o Almirante Ugaki deu ordens para que fosse
lançado o primeiro ataque dos Deuses do Trovão, mesmo que esse ataque não
fosse apoiado pelos ataques dos Kamikases. O Lieutenant-Commander Nonaka
ignorou as ordens recebidas para não participar do ataque, e após selecionar
sua tripulação, juntou-se as demais tripulações e participou da tradicional
cerimônia dos Deuses do Trovão. Os 18 bombardeiros Betty dispunham de
apenas 60 caças para escoltá-los, sendo metade desses tiveram que abortar a
missão por problemas de motores. Quando a formação desapareceu no
horizonte, nada mais se soube do ataque até a tarde daquele dia, quando dois
danificados caças Zeros retornaram e relataram o que havia acontecido. O
grupo principal foi interceptado por mais de 50 caças americanos, quando
estavam a mais de 60 milhas do alvo. A formação japonesa foi sub-julgada e em
menos de 10 minutos todos os bombardeiros foram derrubados ou tiveram que
ejetar seus Ohkas, numa tentativa de escapar. Nonaka foi visto pela última
vez, mergulhando junto com outros dois bombardeiros. Nunca mais se soube
coisa alguma da tripulação de Nonaka.

Houve muita celebração a bordo dos porta-aviões americanos, pois eles haviam
derrotado um grupo de bombardeiros especiais que carregavam algo estranho
sob suas fuselagens. Independente do que fossem, os americanos estavam
felizes pois haviam conseguido impedir que as aeronaves japonesas chegassem
próximas a seus porta-aviões.

Operação Heaven Nº 1 e Okinawa

A destruição total do primeiro ataque dos Deuses do Trovão resultou numa


tardia reavaliação das táticas a serem utilizadas nos ataques especiais. Os
resultados obtidos foram mais efetivos, e embora eles conseguissem infligir
grandes danos aos navios aliados, o Japão já havia perdido tanto a iniciativa
como o apoio logístico necessário para poder realizar grandes ataques.

Apesar da imensa pressão, a unidade de Ugaki lançou a Operação Heaven Nº 1,


com ataques conjuntos de aeronaves convencionais e suicidas, contra a frota

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americana. A ofensiva iniciou-se no dia 6 de abril, com a Operação Kikusui Nº 1,
que pode ser considerada a maior, a mais bem coordenada e a com melhor
protegida missão suicida da guerra. Cedo pela manhã, quatro esquadrilhas de
caças sobrevoaram Okinawa, desafiando os americanos, enquanto outras
aeronaves lançavam tiras metálicas para bloquear os radares aliados. Logo em
seguida, 60 aeronaves convencionais da Marinha Japonesa juntamente com 18
caças-bombardeiros do Esquadrão de Kemmu atacaram. A cortina de fogo da
anti-aérea, agora freqüente na defasa da frota americana, conseguiu manter as
aeronaves à distância, com exceção de quatro, que conseguiram atacar os
navios. Logo após o meio dia, outras 210 aeronaves foram lançadas, sendo que
50% delas foram destruídas ou obrigadas a retornar, ação esta realizada pela
agora fatigada cobertura de caça americana. As demais aeronaves atacaram os
navios americanos que estavam ancorados, resultando no mais dramático e
intenso ataque aéreo jamais realizado. Cerca de duas dúzias de aeronaves do
Esquadrão dos Deuses do Travão de Kemmu, conseguiram atingir os destroiers,
os varredores de minas, os transportes e outros navios maiores. No dia
seguinte, enquanto que os porta-aviões americanos estavam preocupados com a
aproximação do encouraçado Yamato e de sua escolta, outras 110 aeronaves
juntamente com 12 bombardeiros de Kemmu, atacaram, causando mais danos.

No dia 9 de abril, o Almirante Ugaki, ordenou a Operação Kukusui Nº 2, que foi


realizada dois dias depois, quando 60 aeronaves da Marinha juntaram-se a 16
aeronaves dos Deuses do Trovão pertencentes ao Esquadrão de Kemmu, que
atacaram navios americanos ao largo de Okinawa. No dia seguinte, outro ataque
foi realizado, com a participação de 120 aeronaves da Marinha e do Exército,
juntamente com 9 bombardeiros Betty que carregavam Ohkas e 19 caças-
bombardeiros dos Deuses do Trovão. O ataque aconteceu do mesmo modo que
os anteriores, ou seja, os pilotos dos Betty interpretaram os destroiers da
escolta como sendo a força-principal e também por estarem sendo atacados
pelos caças, lançaram os Ohkas. Mesmo assim, esta missão particular mostrou
ser a mais efetiva realizada pelos Ohkas, quando o Sub-tenente Sabura Dohi,
lançou sua bomba voadora contra o destróier americano Mannert L. Abele,

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afundando-o e matando um terço da tripulação. Três outros Ohkas também
atingiram seus alvos, embora sem afundar seus alvos.

O efeito desses ataques no moral americano foi imediato e devastador. Em


poucas semanas, nove navios americanos foram afundados enquanto que outros
78 foram danificados. Os tripulantes dos navios americanos rapidamente
ficaram exaustos de terem que ficar no estado de alerta às 24 horas do dia,
vasculhando os céus na tentativa de detectar a presença de possíveis
aeronaves japonesas. Quando os japoneses começaram a perceber que suas
aeronaves começaram a retornar das missões, tudo que podia voar foi alocado
nesses ataques.

O Bunker Hill

Durante a segunda metade do mês de abril e no começo de maio, quatro


operações foram realizadas contra a frota americana ao largo de Okinawa. O
clímax da operação, ocorreu na Operação Kikusui nº 6, no dia 11 de maio,
quando o porta aviões Bunker Hill foi atingido por uma aeronave ds Deuses do
Trovão do Esquadrão de Kemmu. Severamente danificado e pegando fogo, o
comando do navio foi transferido para o Enterprise. O comando americano
realizou então, um ataque com 900 aeronaves contra as bases japonesas ao sul
da Ilha do Japão, mas mesmo assim, 28 caças bombardeiros japoneses
conseguiram decolar, um dos quais penetrou nas defesas americanas, e atingiu
o porta-aviões Enterprise, próximo ao elevador de proa, causando uma enorme
explosão que lançou o elevador a mais de cem metros no ar.

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Quatro outros ataques especiais ocorreram no mês de maio e junho. Conforme
as tropas americanas cercavam os últimos japoneses na ilha de Okinawa, a
última Operação Kikusui foi realizada, a de nº 7, mas que foi um completo
fracasso. Os japoneses dispunham de poucas aeronaves e as que se
aproximaram da frota americana foram derrubadas ou forçadas a dar meia
volta. Esta foi a última operação oficial dos Deuses do Trovão. Quando os
japoneses perceberam que Okinawa estava perdida, todos os ataques cessaram,
pois os esforços iriam ser concentrados na defesa do território pátrio.

Em agosto, o Corpo dos Deuses do Trovão foi espalhado por outras unidades,
enquanto era esperada a produção de uma nova bomba foguete, que entre
outras melhorias, teria um alcance maior, evitando que os bombardeiros que a
carregavam, tivessem que se aproximar muito da frota americana. Muitos
homens estavam agora a beira de um enorme stress emocional, pois haviam
voado diversas missões, estiveram próximos a morte mas tiveram que retornar
por problemas mecânicos ou dano de combate dos Betty que os carregava.
Alguns pilotos, como por exemplo, Keisuke Yamamura, realizaram três missões,
todas as três abortadas, e agora ele utilizava uma faixa declarendo sua
determinação de morrer pela pátria, como parte de seu uniforme.

No dia 8 de agosto, um relatório chegou, informando que um ataque realizado


por um número reduzido de B-29 havia acabado cm a cidade de Hiroshima. Ele
mencionava que os americanos utilizaram um novo tipo de bomba, e que
investigações seriam realizadas para determinar que tipo de artefato era este.
Logo ficou óbvio que tratava-se de uma bomba futurística, a bomba atômica.
Nos dias seguintes, a cidade de Nagasaki sofreu o mesmo ataque ao mesmo
tempo em que a Rússia declarava guerra ao Japão. Entre os Deuses do Trovão,

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começou-se a pensar numa forma de negociação com os aliados, mas a maioria
queria lutar até o último homem, sem qualquer outra alternativa sendo
considerada.

Alguns Deuses do Trovão

Quando a decisão do Imperador Hirohito de terminar a guerra foi anunciada,


este fim não aconteceu rapidamente. Praticamente, todo o 5º Corpo Aéreo se
rebelou. No dia 14 de agosto, o Almirante Onishi, um dos pioneiros do projeto
dos kamikazes, falou a um amigo íntimo: Não fui eu quem perdeu a guerra, mas
sim o Imperador. Naquela noite ele cometeu o ritual do arakiri (suicídio). O
Vice-Almirante Ugaki, também se rebelou contra as ordens do Imperador, ao
liderar um ataque com 11 bombardeiros de mergulho Judy, contra a frota
americana em Okinawa, ataque este completamente sem resultados. O
Almirante Ozawa, do Quartel General Naval, ficou furioso com Ugaki, não só
por ele ter desobedecido as ordens imperiais, como também por ter levado a
morte seus homens. A Ugaki foi negada a promoção pós-morte, que
normalmente os membros de missões suicidas recebiam. Em seu ligar ficou o
Vice-Almirante Ryunosuke Kusaka, que encontrou uma unidade com oficiais
rebeldes e que não respeitavam as ordens imperiais. Finalmente ele os
convenceu que o Chefe do Estado Maior do 5º Corpo deveria ir até Tóquio para
escutar as ordens em pessoa, ao mesmo tempo em que, os homens e os oficias
discutiam como se entregar, o que aconteceria com eles e se os americanos os
matariam. Alguns grupos planejaram motins espontâneos, mas para cada grupo
amotinado, dois recusavam-se a tomar parte neste tipo de ação, preferindo
aguardar ordens oficiais. Aos poucos os amotinados foram se acalmando e
finalmente, todos os homens ficaram aguardando as ordens oficiais.

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Na noite do dia 19 de agosto, o Vice-Almirante Kusaka, chamou todos os
comandantes do 5º Coprpo para uma reunião. Ao entrar na sala, percebeu que
todos os presentes encontravam-se vestidos com seus uniformes de gala e com
suas espadas de samurai. Ele acreditou que seria morto imediatamente. Seu
Chefe de Estado maior anunciou que oficialmente o Imperador, por decisão
própria, havia decidido por fim a guerra. O burburinho entre os presentes foi
total. Kusaka subiu ao púpito e falou a todos: Como seu comandante, vim até
Kyushu com o firme propósito de morrer junto com vocês. Entretanto,
continuar a lutar ou parar, é objeto do mandato imperial. Se o Imperador falou
para pararmos de lutar, eu devo fazer de tudo para fazer com que a guerra
termina. Espero que vocês entendam e cooperem. Ao mesmo tempo, sei que
alguns de vocês pensam de modo diferente, mas eu não vou mudar de posição.
Se algum de vocês não concorda com esse posicionamento, mate-me. Eu estou
pronto para morrer. Faça-o imediatamente. Ele então, sentou-se e fechou os
olhos.

Lições e Reflexões Tardias

O Vice-almirante Kusaka foi poupado por seus oficiais naquela noite, e nos dias
e semanas seguintes, a 5ª Força Aérea foi sendo desmobilizada lentamente. Os
homens de Kusaka receberam algum dinheiro, e então voaram para as bases
aéreas mais próximas de suas cidades de origem. Ironicamente, os métodos
pelos quais a guerra terminou eram os já previstos por ambos os lados. A
maioria dos oficiais japonêses considerou que eles tinham sido traídos, e que a
real batalha teria acontecido em terra japonesa. Mais recentemente, os
Estados Unidos questionaram a utilização de armas nucleares e acreditando 50
anos depois que a guerra teria acabado de qualquer maneira. Entretanto, lendo
os relatórios dos oficiais da Marinha Imperial, está claro que mesmo com o a
utilização das bombas atômicas e com a declaração de guerra soviética, o
Imperador só teve algum sucesso desmobilizando seus próprios oficiais. Se a
situação tivesse estado menos desesperadora, as ordens para cessar as
hostilidades poderiam ter sido sumariamente ignorados por grandes segmentos
dos oficiais do corpo de exército e assim poderia ter sido ativada uma
desconhecida, mas provavelmente trágica série de eventos.

Na verdade, o que realmente aconteceu foi que, os últimos Deuses do Trovão e


os pilotos de Kamikaze foram enviados calmamente para casa. Eles foram
retirados de posição quase que de morte garantida e devolvidos às suas

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famílias. Eles podem não ter aprovado a situação na ocasião, mas os milhares de
jovens americanos que achavam iminente a invasão do Japão, consideraram o
fim da guerra como a maior ação que poupou muitas vidas, de ambos os lados.
Os antigos Deuses de Trovão ainda se encontram anualmente, no Santuário de
Yasukuni, todo dia 21 de março, a data da morte do Comandante Nonaka.
Surpreendentemente, até mesmo um Ohka sobrevive. Ele agora está suspenso
no teto do Memorial da Marinha de Estados Unidos em Washington D.C.

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