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Universidade de São Paulo

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas


Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas

10 Edição e análise lingüística de manuscritos oitocentistas


da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco
Avisos do Ministério do Império-1828-1831

15

20

25

Mariana Ferrari Ferro


30 Orientador: Prof. Dr. Gabriel Antunes de Araújo
Relatório de Iniciação Científica, Ensinar com Pesquisa
São Paulo, novembro de 2007
35Sumário

Resumo 2
1 Apresentação 2
1.1 Atividades 5
401.2 Coleta e Digitalização do Material 7
2 Atividades acadêmicas 7
2.1 Paleografia 7
2.2 Filologia Portuguesa 9
3 O corpus 10
453.1 A natureza da edição 11
3.2 Edição semidiplomática 11
4 Comentários 12
4.1 Documentos 12
4.2 Dificuldades 13
505 Normas de Transcrição 13
6 Atividades Futuras 15
7 Conclusão 16
Referências 17
Anexo: Edição fac-similar e semidiplomática de alguns documentos significativos
55

60

65

2
Resumo

No dia primeiro de fevereiro iniciou-se a bolsa "Ensinar com Pesquisa" referente ao projeto
70Edição e análise lingüística de manuscritos oitocentistas da Faculdade de Direito do Largo
de São Francisco. O objetivo do projeto é editar manuscritos do século XIX relacionados à
Faculdade de Direito de São Paulo, uma das primeiras do Brasil. Os documentos editados
encontram-se na brochura Avisos do Ministério do Império-1828-1831, e referem-se à
criação e ao estabelecimento da burocracia necessária para se administrar a Faculdade.
75Além disso, pretende-se também formar um corpus do português culto escrito, levando-se
em conta que em sua maioria, os documentos foram escritos por pessoas que formavam a
elite nacional no momento em que o Brasil pretendia marcar suas diferenças em relação a
Portugal.
No período que corresponde ao início da bolsa até o presente momento, foi realizada
80a leitura e a revisão da bibliografia, visitas ao arquivo para a seleção do material editado,
workshops, aulas no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB-USP) sobre organização de
arquivos e cuidados com o material, digitalização dos manuscritos, edição semidiplomática
de 100 deles e revisão nos originais, freqüência obrigatória na disciplina ministrada pelo
IEB-USP, Paleografia, e na disciplina obrigatória ministrada pelo Departamento de Letras
85Clássicas e Vernáculas da FFLCH-USP, Filologia Portuguesa. Além disso, foram formadas
duplas com os integrantes do projeto para revisão do trabalho.

Palavras-chave: Filologia, Faculdade de Direito, edição de manuscritos, século XIX.

901 Apresentação

A Faculdade de Direito do Largo de São Francisco foi criada por decreto imperial em
1827, juntamente com a Faculdade de Direito de Olinda, e incorporada à Universidade de
São Paulo na data de sua criação, em 1934, continua até hoje sendo uma das mais
95importantes faculdades de direito do Brasil.
O material objeto desta pesquisa, uma coleção de documentos manuscritos,
encontra-se, em sua maioria, danificados pelo grande incêndio que quase destruiu as
instalações do Arquivo em 1880. No começo do século XX, os manuscritos foram
restaurados e encadernados em brochuras separadas por tema ou data e guardados no
100arquivo da Faculdade.
Os documentos são relativos à criação, ao estabelecimento e à administração, além
documentos referentes a própria política interna da Faculdade, de 1828 ao fim da monarquia
(1889). São eles:

3
105 Avisos do Ministério do Império (AMI): cartas entre o Ministério da Instrução Pública e
à Faculdade. Estão separados pelas datas: 1828 a 1831, de 1832 a 1839 e de 1874
a 1879.
Cartas dos professores e funcionários (CPF): cartas referentes a política
interna e Administração da Faculdade, com pedidos de licenças, listas de
110 alunos, etc. Estão separados entre dois grupos: 1833 a 1853, e 1882 a 1891.
Correspondência do Governo Imperial (CGP): cartas com respostas a pedidos da
Faculdade, bem semelhante a pasta AMI. Estão separados pelas datas: 1838 a 1841,
e 1852 a 1854.

115 A importância dos documentos não é somente lingüística, como também histórica,
política e social. No âmbito lingüístico, o pesquisador encontrará no corpus uma base para a
pesquisa sobre o português escrito no século XIX, principalmente por se tratar de um grupo
de letrados muito homogêneo: homens brancos, universitários, professores e funcionários
de alto escalão do governo. As análises lingüísticas podem ir desde uma simples análise
120ortográfica, até análises sintáticas e fonológicas desse português escrito por pessoas que
formavam a elite nacional no momento em que o Brasil pretendia marcar suas diferenças
em relação a Portugal.
A importância histórica, política e social provêm de análise dos fatos da época: uma
época de mudanças com o Império, o distanciamento tão almejado de Portugal, o
125estabelecimento de uma elite econômica e intelectual própria e formada aqui, e a criação de
uma faculdade de Direito que vem contribuir com o desenvolvimento da cidade (o que
ajudou a tornar São Paulo posteriormente uma metrópole). Os nomes dos envolvidos nos
documentos são de repercussão e importância na história e política nacional, como o
Marquês de Olinda, Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, Nicolao Fagundes Varella, Liberó
130Badaró, entre outros.
Nos documentos não só há relatos de burocracia e administração, mas também
indícios dos problemas administrativos e sociais da época, alguns que persistem até hoje,
como a falta de professores e o uso de influência política e econômica para benefício
próprio. Há também relatos de como certos fatos de época repercutiram (como um
135documento do Governo Imperial instruindo como o diretor da Faculdade deveria conter a
revolta dos alunos após o assassinato de Líbero Badaró) e como o Brasil queria construir a
sua identidade nacional desassociada de Portugal (o que mostra um documento que expõe
a discordância entre os lentes a respeito de uma decisão sobre um estrangeiro, Avelar
Brotero, dirigir a Faculdade nas eventuais ausências de José Arouche de Toledo Rendon, o
140primeiro diretor da instituição.)

4
Assim, a edição do material torna mais amplo seu acesso, afinal, mesmo que a
escrita do século XIX não seja tão inacessível para o leitor atual, há dificuldades como a
caligrafia demasiadamente cursiva e desenhada difundida na época, características do
português como ortografia, ordem sintática, colocação pronominal, abreviaturas, vocábulos,
145etc, e o fato de muitos deles estarem danificados pelo incêndio.
A escolha da edição fac-similar e semidiplomática, em detrimento das outras, como a
crítica ou paleográfica, visa manter ao máximo as idiossincrasias do documento, não
atualizando, por exemplo, a ortografia, ao mesmo tempo que expande palavras abreviadas,
assim, permite que o leitor tenha fácil acesso ao documento, sem, contudo, descaracterizá-
150lo.
Há também, a produção de um índice onomástico contendo nomes de todos os
envolvidos nos documentos, o que auxiliará o pesquisador interessado em algum
personagem específico.
Os documentos encontram-se em grande parte danificados, e a qualidade sensível
155do papel e do tipo de tinta (ferrogálica), além das condições que se encontram no arquivo,
tornam a sua deterioração inevitável. A edição, contudo, na digitalização e divulgação,
colabora para a preservação dos documentos.

1.1 Atividades
160
No fim do ano passado, quando se deu início a elaboração do projeto, foi iniciada e
leitura e revisão da bibliografia, com leituras referentes a história da Faculdade, filologia,
paleografia e edótica, para adquirir conhecimento e técnicas necessárias para edição dos
manuscritos. Também havia sido feita uma série de visitas ao Arquivo da Faculdade de
165Direito, para a montagem do projeto, consulta do material de pesquisa e divisão das tarefas
entre os bolsistas do projeto.
Após a divisão de tarefas, a parte que coube a mim foi o conteúdo da pasta "Avisos
do Ministério do Império", compreendendo os documentos datados de 1828 a 1831. A pasta
contém a correspondência entre o Ministério da Instrução Pública do Governo Imperial e a
170Faculdade, com conteúdos e autores variáveis. Embora vários documentos encontrem-se
bastante danificados, há um grande número de cópias manuscritas pelos secretários da
Faculdade em uma outra brochura no Arquivo. Dessa forma, a pasta com as cópias auxilia o
trabalho de edição.
Na primeira quinzena de fevereiro, participei, junto com os outros bolsistas do
175primeiro Workshop do projeto, nos dias 07, 08 e 15, ministrado pelo orientador Professor Dr.
Gabriel de Antunes Araujo. Foi decidido, entre outras coisas, que seria montado um Índice
Onomástico comum a todos os bolsistas, contendo o nome de todos os envolvidos no corpo

5
dos documentos, exceto arquivistas (como o recorrente Ferreira), para facilitar a busca de
interessados em geral nos nomes envolvidos nos documentos, como, por exemplo, Pedro
180de Araújo Lima (o Marquês de Olinda) e o Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, entre outros.
Afinal, há muitos nomes de figuras históricas que assinam ou são citados nos manuscritos.
Com o intuito de limitar a intervenção ao mínimo, foi decidido, também, que as notas de
rodapé, quando relevantes, seriam inseridas no corpo do texto. Anotações que
eventualmente surgirem fora do corpo do texto do manuscrito seriam inseridas como
185‘anotações de terceiros’ e, portanto, viriam no cabeçalho, fora da contagem de linhas e entre
colchetes duplos, dentro da edição.
Foi realizado um workshop no IEB, ministrado pela conservadora e restauradora
Lúcia Elena Thomé. O objetivo do Workshop era nos instruir quanto ao manuseio dos
documentos, já que se fez necessário visitas constantes à Faculdade para solucionar
190eventuais dúvidas nos documentos originais.
No mês de fevereiro, teve início, no dia 27, a disciplina Paleografia no IEB, que
auxiliou a leitura e a transcrição dos documentos históricos, através do aprendizado dos
diferentes tipos de escrita, dos componentes da escrita, como cursividade, ductus, peso,
forma, módulo, ângulo, etc, diversas atividades de construção de abecedários dos
195manuscritos, onde tendo alguns como exemplo, foram levantados todos os diferentes tipos
de grafia de todas as letras do alfabeto, ajudando bastante na decifração de palavras
aparentemente ilegíveis pela caligrafia do autor.
No primeiro semestre, portanto, foi feita a leitura da bibliografia, visitas ao arquivo
para a consulta, organização e seleção do material a ser editado, digitalização do material,
200workshops, curso de organização de arquivos no IEB, edição de 50 manuscritos e o índice
onomástico com o nome de todos os envolvidos nos documentos até então, além de
frequências as aulas de Paleografia.
No segundo semestre foi feita a edição dos outros 50 manuscritos restantes, a
construção do índice onomástico completo e a revisão do total deles no documento original
205que se encontra no Arquivo da Faculdade de Direito.

1.2 Coleta e digitalização do material

Como o material arquivado só pode ser consultado in loco, e devido a sua fragilidade
210é recomendável a menor intervenção possível, houve a tentativa de digitalizar com um
scanner doméstico. Logo nas primeiras tentativas percebeu-se que seria demasiadamente
lesivo aos manuscritos, e assim, foi solicitado ao IEB a digitalização dos fólios e a
organização do material em DVD.

5 6
O corpus contém material suficiente para dois anos de trabalho, sendo editados por
215semestre cerca de 50 manuscritos. Foram editados todos os manuscritos previstos no
cronograma, além das devidas revisões nos originais no arquivo da Faculdade de Direito.
Essas revisões se fazem necessárias, ao passo que, muitos documentos encontram-se
queimados e há cópias destes em outras brochuras onde é possível reconstituir o conteúdo
destes, além de versos de documentos que além de danificados, encontram-se muito
220escuros na digitalização, e só é possível que no original se recupere grande parte.

2 Atividades acadêmicas

2.1 Paleografia
225
Como auxílio para as edições e para o maior conhecimento e técnica, fomos
instruídos a cursar a disciplina optativa oferecida pelo IEB, Paleografia, ministrada pela
professora Yêdda Dias Lima. A seguir, ementa e programa da disciplina.

230Objetivos: ‘Disciplina optativa, visando desenvolver no aluno a capacidade de leitura e


transcrição de documentos histórico-literários do Brasil Colônia, explorando os manuscritos
existentes no Arquivo do IEB, com base em conceito histórico, técnica e metodologia da
Paleografia Moderna’
Programa: Conceito e objeto da Paleografia. Conceito e objeto da Diplomática. Disciplina
235afins, auxiliares e auxiliadas. A evolução da escrita. Tipos de escrita, histórico e evolução.
Escrita antiga ou latina: principais tipos. Escrita medieval portuguesa: principais tipos.
Sistema abreviativo medieval. Escritas moderna em português: principais tipos. Transcrição
de textos modernos (sécs. XVI ao XIX). Critérios de normas de transcrição paleográfica.
Sinais convencionais.
240
Durante as aulas foram tratados os aspectos dos manuscritos e das diferentes
caligrafias durante os diferentes períodos da escrita, assim como os diferentes tipos de
edições. As que fizemos durante as aulas, por exemplo, são edições paleográficas, que se
diferem da edição semidiplomática empregada nos manuscritos da Faculdade de Direito
245pelo nosso grupo. Há uma notável normatização e rigidez das normas de edição
paleográfica, fixadas no II Encontro Nacional de Normatização Paleográfica e de Ensino de
Paleografia, em 1993. Embora muitas regras dos dois tipos de edição se pareçam, como por
exemplo, a acentuação e pontuação serem conforme o original, palavras ilegíveis serem
indicadas com essa palavra entre colchetes e grifada, e a ortografia mantida na íntegra, não
250se efetuando nenhuma correção gramatical, há muitas diferenças. Por exemplo, na edição

7
paleográfica, as abreviaturas desenvolvidas devem ser só as não correntes, e os
acréscimos, em grifo.
A bibliografia do curso, embora muito vasta, foi bastante cômoda levando em conta
que um grande número de autores e livros recomendados já foram lidos e revisados para o
255projeto. Entre eles, A escrita no Brasil Colônia, de Vera Lúcia Costa Acioli, 1994; Introdução
à edótica, de Segismundo Spina, 1977; Por minha letra e sinal, de Heitor Megale, 2006; e o
dicionário de abreviaturas de Maria Helena Ochi Flexor, 1991.
Foi entregue um caderno de exercícios com manuscritos de várias épocas, desde
uma cópia do Tratado de Tordesilhas, até relatos de descobertas de minas por "emboabas",
260de 1751. O caderno, que contêm vinte e dois manuscritos foi editado em diversas atividades
durante o curso.
O tema mais abordado nas aulas foi o estudo das caligrafias, o que pode gerar uma
boa análise para comparar os documentos após a conclusão das edições. Foram estudados
aspectos como a cursividade da caligrafia, que é ligada a velocidade da escrita, a forma,
265sendo o aspecto exterior do alfabeto, o módulo, altura e largura da letra, o ângulo, posição
do instrumento da escrita em relação ao suporte, ductus, ordem sucessiva com que são
executados os traços da letra e o peso, empregado pelo instrumento da escrita em relação
ao traçado gráfico.
Nessa disciplina obtive nota de aproveitamento 9,0 e 100% de freqüência.
270
2.2 Filologia Portuguesa

No segundo semestre está sendo concluída a disciplina Filologia Portuguesa,


oferecida no curso de Letras da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
275Universidade de São Paulo, obrigatória para o sexto semestre, mas que foi adiantada para
melhor desenvolvimento do projeto, sendo cursada no quarto semestre. A seguir, ementa e
programa oficial da disciplina.

Objetivos: ‘Apresentar ao aluno de Graduação uma Introdução á Filologia strictu e lato


280sensu. Mostrar a necessidade de busca do texto fidedigno, como edição de documentos,
manuscritos ou impressos. Valorizar o estado de língua em que foi escrito originalmente o
documento’.
Programa: Conceito e objeto da Filologia. Relações com a Diplomática, com a Codicologia e
com a Paleografia. O documento original e a cultura de sua época. A Crítica Textual.
285Escolas de Crítica Textual. O exame de testemunhos. Os tipos de edição. As etapas do
trabalho filológico. Critérios de edição do manuscrito medieval. Critérios de edição do
manuscrito moderno.

8
Durante as aulas de Filologia Portuguesa, ministradas pelo Prof º Dr. Heitor Megale,
foram abordados diversos aspectos relevantes na edição do corpus como, as origens da
290tradição manuscrita, os tipos de inserção e de mutilação feitas por copistas, e como
identificar e resolver esse tipo de problema de edição através das comparações dos
diferentes incunábulos presentes no estema, os tipos mais comuns de grafemas de cada
época, abreviaturas e notas tironianas, a identificação do códice e sua história através dos
estudos de Codicologia, como por exemplo, o tipo de suporte (papel, papiro, pergaminho)
295usado que identifica região e época do códice, etc. Foram também estudadas as letras
ramistas, conhecidas por obterem valor consonantal ou vocálico, como ‘I’ e ‘J’, ou ‘U’ e ‘V’,
métodos para solucionar no próprio manuscrito os lugares críticos, como letras apagadas ou
ilegíveis, a questão grafemática dos manuscritos que se opõe a ortográfica inexistente ou
pouco difundida ao longo dos tempos, a qual só começa a se desenvolver após o advento
300da imprensa, que força a uniformização da escrita, e assim, o surgimento de uma norma
padrão, e como essa norma se forma totalmente arbitrária, tendo por primeira norma a
consideração, não usual, mas etimológica (ou pseudoetimológica) da escrita dos grafemas
nas palavras. Assim como na disciplina Paleografia, foram estudados os diversos tipos de
edições, e também os campos bibliográficos, que abragem os diversos tipos de leitores
305atuais, levando em consideração quais são os melhores tipos de edição para cada um dos
públicos.

3 O corpus

310 O corpus utilizado na pesquisa, pasta AMI-1828-1831 é formado por avisos


remetidos pelo governo imperial e regencial, posteriormente, na maior parte sendo
respostas a ofícios remetidos pelo diretor da Faculdade, José Arouche de Toledo Rendon,
ou professores e alunos com pedidos de licenças, demissões, trocas de cadeiras,
transferências para a Universidade de Coimbra ou para a Faculdade de Direito de Olinda.
315São todos destinados ao já mencionado diretor, e todos são documentos manuscritos.
Avisos, de acordo com José Jobson de Andrade Arruda em Documentos manuscritos
avulsos da Capitania de São Paulo, 2000, é o documento diplomático dispositivo de
correspondência ascendente ou horizontal, segundo as hierarquias entre emissário e
receptor. São as cartas que os secretários de Estado usam Ordem régia expedida em nome
320do soberano, expressando sua vontade, pelos secretários de Estado dirigida a presidente ou
conselheiros de colegiados, ou ainda, a qualquer magistrado, corporação ou particular, pela
qual se ordena a execução das reais ordens. Tem força de lei, muitas vezes, na medida em
que se restringe, ou amplia certas leis, decretos ou alvarás. É expedido pela secretaria ou
repartição competente em nome do chefe de estado. São diplomas expedidos pelos

9
325ministros e secretários de Estado, por ordem verbal do soberano e em seu nome,
designando-se diretamente o destinatário, fosse pessoa ou instituição.
Os avisos, em sua maioria, contêm a caligrafia do texto diferente da caligrafia da
assinatura, o que nos mostra a presença de um amanuense na ocasião, que escrevia as
cartas. Os documentos também se encontram muitas vezes com nomes e palavras-chave
330sublinhados com um lápis de cor rosa. Pela diferença do desgaste da tinta em relação ao
lápis de cor, pode-se concluir que os grifos foram feitos posteriormente, provavelmente pelo
corpo administrativo da Faculdade, e recentemente, na organização do material nas
brochuras.
Os documentos possuem nos fólios versos as marcas de “Cumpra-se e Registra-se”,
335junto com cidade, data, destinatário da carta e uma assinatura: essa caligrafia que difere
tanto do corpo do texto, quanto da assinatura no fólio recto é de um funcionário
(denominado Ferreira) da Faculdade que marcava essas informações após o recebimento
da carta, prova disso é que a data marcada no verso é sempre posterior a data do
documento.
340 Todos os documentos encontram-se danificados pelo incêndio, possuindo boa parte
da borda direita queimada, fazendo com que muitas vezes seja necessário recorrer à leitura
por conjectura, embora a maior parte dos problemas foram resolvidos na revisão com o
documento original.

3453.1 A natureza da edição

O projeto Edição e análise lingüística de manuscritos oitocentistas da Faculdade de


Direito do Largo de São Francisco, Avisos do Ministério do Império 1828-1831, adotou como
padrão a edição semidiplomática e fac-similar. As cópias feitas pelo IEB-USP foram
350alinhadas com suas respectivas edições para que se possa fazer comparações de
documento a documento, da edição fac-similar para a edição semidiplomática.

3.2 Edição semidiplomática

355 A edição semidiplomática permite manter ao máximo as características do


documento original, desenvolvendo somente as abreviaturas. Dessa forma, estudiosos de
áreas como a lingüística, a literatura epistolar, a historiografia, entre outras, podem se
beneficiar da fidelidade das edições, pois é fundamental para estes estudiosos que se
mantenham os traços originais da escrita pertencente à época do manuscrito.
360 Cada transcrição traz consigo um grau de fidelidade ao documento original. No caso
do presente trabalho, cujo objetivo é manter ao máximo a fidedignidade à escrita da época

10
do manuscrito, optou-se pela edição semidiplomática. Nesse tipo de edição são
conservados: a separação vocabular (intra- e interlinear), os diacríticos, a pontuação, a
paragrafação, entre outros. Tendo essas características sidas mantidas, pode-se levantar
365um estudo a respeito das variações lingüísticas e a respeito da grafia, ortografia, fonética,
fonologia, morfologia, léxico, sintaxe e semântica do português escrito na segunda metade
do século XIX com o português falado e escrito hoje.

4 Comentários
370
4.1 Documentos

Como já foi mencionado, o corpus utilizado na pesquisa, pasta AMI-1828-1831, é


formado por avisos remetidos pelo governo imperial e regencial, posteriormente, na maior
375parte sendo respostas a ofícios remetidos pelo diretor da Faculdade, José Arouche de
Toledo Rendon, ou professores e alunos com pedidos de licenças, demissões, trocas de
cadeiras, transferências para Universidade de Coimbra ou para a Faculdade de Direito de
Olinda. São todos destinados ao já mencionado diretor, e todos são documentos
manuscritos.
380 O conteúdo dos avisos é muito diverso e interessante. Os nomes dos envolvidos são
de grande destaque da política e história nacional, como Marquês de Caravellas, Liberó
Badaró, Visconde de Goianna, Nicolao Fagundes Varella, o que causa uma grande
curiosidade a respeito de suas atividades na época. O conteúdo vai desde pedidos de
licença, nomeação de lentes, substituições, transferências da Faculdade de Direito de São
385Paulo para a Faculdade de Direito de Olinda e vice-versa.
Grande parte dos conteúdos das cartas revelam problemas existentes até hoje como
a falta de professores e a demora de aprovação de leis (no caso o novo Estatuto da
Faculdade) na Câmara.

3904.2 Dificuldades

As únicas dificuldades encontradas ao longo das edições foram principalmente


resultantes da condição dos manuscritos (a pasta se encontra quase inteiramente danificada
pelo incêndio), sendo assim a leitura por conjectura foi empregada diversas vezes até que
395os problemas pudessem ser sanados na revisão com o original. A minúcia a que deve ser
aplicada a cada manuscrito também foi uma dificuldade. Diferenciar pontos de borrões,
apóstrofos de acentos, traços de marcas de papel, etc. exige um grau de atenção elevado.

10 11
5 Normas de Transcrição
400
As seguintes normas e justificativas norteiam o trabalho (cf. Spina 1994, Nardelli 1999,
Oliveira 2005, inter alia):

1. Norma geral: cotejar a edição semidiplomática com a reprodução fac-similar.


405Justificativa: permite o acesso ao manuscrito original.

2. Norma geral: preservar as características do original ao máximo.


Justificativa: possibilita análises do texto nos níveis grafemáticos e ortográficos, fonético,
fonológico, morfológico, lexical, sintático, e semântico.
410
3. Norma geral: manter características grafemáticas (forma e posição de diacríticos,
separação dos vocábulos, sinais de pontuação, grafia de palavras, uso de maiúsculas e
minúsculas).
Justificativa: A manutenção de formas e posição de diacríticos (por exemplo, relaçaõ), da
415separação vocabular (por exemplo, d’ella, opresidente, etc.), da grafia da época (por
exemplo, allega) e dos sinais de pontuação pode fornecer informações a respeito da
interpretação de características de cunho fonético-fonológico, como por exemplo, variação
de alofones, unidades de entonação, limites entre sílabas e palavras fonológicas, processos
de sândi, qualidade de vogais tônicas e não-tônicas, etc. O uso de letras maiúsculas e
420minúsculas pode indicar as fronteiras entre frases ou ênfase em determinadas palavras,
destacando seu valor semântico, por exemplo.

4. Norma: desenvolver as abreviaturas.


Justificativa: o uso de abreviaturas é um recurso de economia de meios (papel, tinta e
425tempo) e estilístico muito comum em manuscritos brasileiros. Interpretar e desenvolver as
abreviaturas facilita a leitura do manuscrito. O desenvolvimento de abreviaturas deve ter
como referência formas desenvolvidas no próprio manuscrito ou, no máximo, formas de
manuscritos do mesmo autor ou período, a fim de se evitar que traços lingüísticos de outras
épocas ou fases ortográficas se manifestem no documento. Dessa forma, sabemos, graças
430à vasta documentação, que a palavra ilustríssimo (forma desenvolvida de Ilmo ou Illmo) era,
no século XIX, grafada
como illustrissimo. Todas as abreviaturas encontradas nos documentos serão desenvolvidas
para a escrita atual, ressaltando que, as letras abreviadas aparecerão em itálico, assim
como os números que indicarem abreviação, também serão desenvolvidos. Ex: Faculde >
435Faculdade; 9bro > Novembro. No caso de abreviaturas que, ao serem desenvolvidas na
escrita atual, exijam por ordem gramatical a presença de diacríticos, não serão acentuadas,
pois será mantida a não-acentuação de palavras correntes à época do manuscrito. Ex: Nº
>Numero.

4405. Norma: marcar as intervenções feitas por editores, copiadores ou arquivistas.


Justificativa: Muitos dos documentos manuscritos no nosso corpus receberam marcas do
corpo administrativo da Faculdade. Essas marcas facilitavam o arquivamento do material ou
informavam explicitamente o tipo de tratamento que o material deveria receber. Em geral,
essas intervenções (numeração, pedido de arquivamento (‘arquive-se’), despachos diversos,
445etc.) são facilmente identificáveis pelo tipo de tinta e tipo de letra. Anotações de terceiros,
encontradas no documento, serão marcadas por colchetes duplos ‘[[ ]]’, como, por exemplo,
em [[Ao Senhor Director]].

6. Norma: manter eventuais erros de ortografia e grafias diferentes de uma palavra.


450Justificativa: os eventuais erros de ortografia podem indicar descuidos de quem escreve,
mas também revelam características pessoais do ato de editar o próprio texto.

12
7. Norma: procedimento em relação à edição de palavras ilegíveis.
Justificativa: Muitas vezes, devido a características gráficas ou por eventuais danos no
455documento, não é possível a leitura de algumas palavras ou datas. Nesses casos, essas
palavras serão marcadas por colchetes, acrescentadas da palavra ‘ilegível’, como em
[ilegível].

8. Norma: procedimento em relação à leitura por conjectura e leitura duvidosa.


460Justificativa: A leitura por conjectura (quando há um problema na grafia da palavra que torna
parte ou todo ilegível, embora se possa recuperar a palavra, por conjectura) sem
possibilidade de falha será assinalada com o uso de colchetes simples, como em ‘justi[ça]’.
No caso de leitura duvidosa, empregar-se-á parênteses no trecho em que possa haver
outras interpretações ou nos quais, embora legíveis, haja dúvidas em relação à
465interpretação, como em ‘minis(tro)’ — que também pode ser ‘minis(terio)’.

9. Norma: procedimento em relação à numeração da edição justalinear (contínua — de 5 em


5 — ao ladodo texto editado).
Justificativa: A numeração no texto editado facilita a localização do trecho equivalente no
470manuscrito fac-similado, bem como, na fortuna crítica, abrevia a busca de um determinado
trecho do manuscrito. A técnica de numeração justalinear facilita a leitura, pois cada linha do
documento editado corresponde a uma linha no
original. A numeração será iniciada em paralelo com a primeira linha do documento. Não
serão contadas como linhas do documento, as anotações feitas por terceiros, mas serão
475contadas linhas impressas (papel timbrado).

10. Norma: o cabeçalho de cada manuscrito editado conterá uma caixa-tabela com dados
relevantes do documento: tipo do documento, sinopse, remetente e destinatário, fólio e data,
etc.
480
11. Norma: quando se tratar de documento com mais de um fólio, o número de fólios será
indicado mencionando-se também se se trata do fólio recto ou verso. O fólio recto será
indicado apenas com a numeração arábica, como em 1, e o fólio verso receberá a
numeração mais a letra minúscula v, como em 1v.
485
12. Norma: os números que se referirem às datas (por exemplo: 1º de Junho de 1860),
sejam eles cardeais ou ordinais, serão transcritos como se apresentarem nos manuscritos
originais. Com exceção quando se tratar de abreviações para nomes de meses (por
exemplo, 9bro > Novembro).
490
13. Norma: as transcrições que não couberem em uma única folha terão o tamanho de sua
fonte reduzida.

14. Norma: as transcrições de linhas que ultrapassarem seu tamanho, ou seja, que excedam
495o limite de uma linha, terão o tamanho de sua fonte reduzida.

15. Norma: o cabeçalho do documento conterá o código de identificação (nome do arquivo),


seguido por uma sinopse, em itálico. A sinopse conterá: o tipo de documento, a data, o
remetente, o destinatário e uma breve descrição do assunto. Depois da sinopse, serão
500apresentadas as informações de terceiros (se houver). Em
seguida, na próxima linha, a indicação do fólio (se recto ou verso). Finalmente o documento.
As informações impressas (timbradas) serão apresentadas em negrito entre colchetes
duplos, pois, embora relevantes, constituem informações de terceiros. Se houver rasura na
informação timbrada, a informação virá entre colchetes simples ou parênteses (a depender
505do caso. Ver uso de colchetes simples e parênteses.)

13
16. Norma: no cabeçalho, os nomes, relevantes no documento, serão transcritos conforme
aparecem no texto, respeitando sua grafia.

51017. Os manuscritos serão editados com fonte Times New Roman, corpo 11. As margens
serão fixadas em 2,5 cm (todos os lados), espaçamento 1.

6 Atividades Futuras
515
Para o segundo ano da bolsa Ensinar com Pesquisa será feita a transcrição de 100
manuscritos divididos igualmente ao longo dos dois semestres, além de análise paleográfica
e ortográfica em todo o corpus. A conclusão de matérias como Fonética e Fonologia do
Português, Fonologia: Descrição e Análise, Morfologia, Morfologia do Português, Sintaxe,
520Sintaxe do Português, Paleografia, Filologia Portuguesa e Lingüística Histórica,
possibilitarão tais análises.

7 Conclusão

525 A pesquisa em andamento atingiu seus objetivos propostos: edição de 100


manuscritos presentes no arquivo da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e
a produção de um índice onomástico com o nome de todos os envolvidos nos documentos.
A leitura da bibliografia e o contato com os manuscritos tem me auxiliado muito nas
disciplinas obrigatórias do curso de Letras. Em Literatura Portuguesa I, por exemplo, estudei
530um tratado de poética contemporâneo às cantigas trovadorescas chamado a Arte de Trovar,
de Giuseppe Tavani, em edição fac-símile, em que pude notar e comparar criticamente a
edição empregada no manual, sendo esta, diferente da empregada no projeto, e claramente,
bem confusa e carregada com notas excessivas.
Percebe-se que há diferenças em vários aspectos dos diferentes tipos de edições, e
535há de ser pensado uma maior padronização entre eles, ao menos em seus aspectos
comuns, para que assim haja maior facilidade de identificação dos significado de
determinados elementos na edição, respeitando, claro, o tipo de edição empregada no texto.
O crescimento acadêmico que a pesquisa em si me trouxe é amplamente notável.
Tanto pelo contato com os manuscritos, a leitura da bibliografia, quanto pela produção do
540relatório. Trouxe um olhar mais crítico e uma maior facilidade em produção de trabalhos,
construção de textos, e maior minúcia a todos os elementos, além da constante importância
de revisão.
Além disso, o enfoque em uma área e o aprofundamento dela, somados a uma grade
correspondente traz a vontade de pesquisa cada vez mais maior, por já praticar o que estou

14
545aprendendo, Com isso, a possibilidade de se planejar uma carreira dentro do curso de
Letras faz com que o foco, tanto na pesquisa quanto no curso, seja maior.
Trazer a qualquer público interessado o que fica apenas restrito a especialistas como
filólogos e paleográfos é uma das formas de não deixar que a deterioração inevitável dos
documentos faça-os perder toda a sua notável importância histórica, política, social e
550lingüística de uma fase de mudanças nacionais de grandes conseqüências, além de nos
fazer ver de perto toda a criação, estabelecimento e administração da primeira instituição de
ensino superior do Brasil Imperial.
A análise dos documentos, agora, se faz mister, ao passo que é uma forma de tornar
útil o corpus construído, não só tornando seu contéudo público, mas também estudando,
555desenvolvendo e expondo os fenômenos e as mudanças do português ao longo do tempo.

Referências

560Acioli, Vera Lúcia Costa. 1994. A escrita no Brasil colônia: um guia para leitura de
documentos manuscritos. Recife: UFBA/FJN/Massangana.
Adorno, Sérgio. 1998. Os aprendizes do poder: o bacharelismo na política brasileira. Rio de
Janeiro:Paz e Terra.
Belloto, Heloísa Liberalli. 2000. Glossário das espécies documentais. In Arruda, José Jobson
565de Andrade (coordenador). Documentos manuscritos avulsos da Capitania de São Paulo
(1644-1830). Catálogo 1. São Paulo: Imprensa Oficial/FAPESP.
Cambraia, César Nardelli. 2005. Introdução à crítica textual. São Paulo: Martins Fontes.
Martins, Ana Luiza & Heloisa Barbuy. 1999. Arcadas-História da Faculdade de Direito do
Largo de São Francisco. São Paulo: Melhoramentos/Alternativa
570Megale, Heitor & Sílvio de Almeida Toledo Neto (Orgs.). 2006. Por minha letra e sinal:
documentos do Ouro do Século XVII. Cotia: Ateliê.
Mendes, Ubirajara. 1953. Evolução das escritas: tipos caligráficos. Boletim do Departamento
do Arquivo, 10.
Spina, Segismundo. 1977. Introdução à edótica. São Paulo: Cultrix/USP.
575

580

15
Edição fac-similar e semidiplomática de alguns documentos significativos

585

590

15 16
595AMI-1828-1831_Img_0261

Aviso datado de 1° de fevereiro de 1830, assinado por José Joaquim Carneiro Campos, o Marquês de
Caravellas, para o diretor da Faculdade, José Arouche de Toledo Rendon, em respostaoa ofício de 20
600de Novembro de 1829, onde o diretor expõe o probema de falta de leis policiais no Curso Jurídico.

[llustrissimo e Excellentissimo Senhor]


605
Foi presente a Sua Magestade o Imperador o Officio
de Vossa Excellencia, na data de 20.. de Novembro passado, em que
expondo a falta de Leis Policiais no Curso Juridico1 dessa
Cidade, a fim de manter-se a boa ordem, pede providen
610cias a este respeito, inda que interinas sejaõ: E o Mesmo
Senhor, Ponderando aVossa Excellencia que ellas devem fazer hu-
ma parte muito essencial dos Estatutos, que a Congre-
gaçaõ dos Lentes deve organisar , segundo o Artigo 10..
da Lei de 11.. de Agosto de 1827.., para que naõ venha a
615experimentar-se esta notavel falta, que existe nos que
ora interinamente regem, Ha por bem ordenar que
este objecto seja levado ao Conhecimento da Assemblea
Geral Legislativa, para dar as convenientes providencias,
visto naõ se acharem ainda feitos os referidos novos Esta-
620tutos: E que entretanto use Vossa Excellencia dar reprehensões, quan-
do sejaõ necessarias, as quais naõ deixaõ de ser boas penas
para os que apreciaõ a honra.
Deos guarde aVossa Excellencia. Palacio de Rio de Janeiro em o 1°.
de Fevereiro de1830..
625Marquez de Caravellas

Senhor José Arouche de Toledo


Rendon.
630

1
Grifos correspondem a anotações de terceiros feitas no documento na cor rosa

20

17
635

640

645
AMI-1828-1831_Img_0273

Aviso datado de 28 de junho de 1830, assinado por José Joaquim Carneiro Campos, o Marquês de
Caravellas, para o diretor da Faculdade, José Arouche de Toledo Rendon, tratando do mal estar
650provocado pela sabatina do lente José Maria de Avelar Brotero e sua repercussão na imprensa.

[Illustrissimo e Excellentissimo Senhor]


655
Levei á Presença de Sua Magestade o Imperador o Officio (de)
Vossa Excellencia, de 11 do corrente com o exemplar da car[danificado]
pressa que se distribuiu com o Farol Paulistano de 22 de [danificado]
passado: E Ficando o Mesmo Senhor Sciente do seu conteudo
660Ha por bem que eu responda a Vossa Excellencia que o Lente José Maria
de Avelar Brotero2 obrou mal em se apartar dos Estatutos
na escolha que fez de Arguentes e Defendentes para a
Sabatina, porque só deveriaõ ser tirados pela sorte, e que
quanto ao dito Impresso, se nelle se julga offendido o
665mencionado Lente, póde usar dos meios que lhe faculta
a Lei contra os abusos da Liberdade da Imprensa.
Deos Guarde a Vossa Excellencia. Palacio do Rio deJaneiro em 28 de
Junho de1830.
Marquez de Caravellas
670
Senhor José Arouche deToledo
Rendon.

2
Grifos correspondem a anotações de terceiros feitas no documento na cor rosa
675

680

25
AMI-1828-1831_Img_0321
685
Aviso datado de 23 de dezembro de 1830, assinado por Joze Antonio da Silva Maya, para o diretor da
Faculdade, José Arouche de Toledo Rendon, em resposta ao ofício de 29 de novebro de 1830,
tratando sobre os procedimentos dos estudantes após a morte de Libero Badaró, e as atitudes a serem
tomadas pelo diretor diante delas.
690
[[Badaró]]

695[Illustrissimo e Excellentissimo Senhor]

Foi presente a Sua Magestade o Imperador o


Officio deVossa Excellencia, na data de 29.. do mez passado
em que expende as suas reflexoẽs sobre os procedi
700mentos dos Estudantes3 do Curso Juridico dessa Ci-
dade, por occasiaõ da morte do Doutor Badaró:
E o Mesmo Senhor, Reconhecendo naquellas ju-
diciosas expressoẽs, de que Vossa Excellencia se serve em seu
Officio, o seu zelo pela prosperidade de hum taõ
705interessante Estabellecimento, cuja Directoria se
acha a seu cargo; Ha por bem Mandar Decla-
rar-lhe que, em quanto outra cousa se naõ de
terminar por Lei, Vossa Excellencia deve só intervir no
que lhe incumbe o Capitulo 17. dos Estatutos,
710para dirigir e conservar a boa ordem dos Estu
dos, promover e fiscalisar a exacta obervancia
dos preceitos e regras estabellecidas nelly; pro
pondo, ou fazendo propôr pela Congregaçaõ as
providencias que forem necessarias; e deixando
715ao cuidado das competentes Auctoridades o que
pertence à Administraçaõ e Policia da Cidade.

3
Grifos correspondem a anotações de terceiros feitas no documento na cor rosa.

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