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Resumo
Como o Design pode ser um instrumento para a aplicação da Educação
Ambiental? Em resposta a esta indagação, este artigo propõe uma reflexão
acerca do Design, em conjunto com os meios nos quais ele se insere, como
mediador de relações construtivas em Educação Ambiental. Para subsidiar o
ingresso na discussão, vamos definir o conceito atual de Educação
Ambiental, os meios que o Design utiliza para expressão, mais
especificamente em Comunicação Visual, através de uma linguagem icônica
para a transmissão de conhecimento e saberes. As relações entre o design e
outras áreas do saber também serão revistas, bem como, a análise de como
estas novas formas de leitura podem ser eficazes no processo
educacional.Busca-se também, neste trabalho, a sensibilização do
profissional de design para as diversas possibilidades de ação que o campo
ambiental proporciona para esta atividade profissional e seu papel na
construção de uma cidadania ambiental que contemple as necessidades
sócio-econômicas, culturais, mercantis e políticas entre todos os atores
sociais envolvidos na sustentação da estrutura de uma sociedade pós-
industrial, como a que vivemos atualmente. As áreas envolvidas neste
estudo apresentam relações interdisciplinares notáveis, as quais, ao longo
do texto, são destacadas através de citações, referências bibliográficas, e de
um breve relato sobre um estudo de caso. Durante a experiência, foram
experimentadas as teorias acerca do relacionamento interdisciplinar entre
essas áreas que pode agregar novos saberes e novos valores a uma
comunidade nos processos de construção do saber e de cidadania.
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“Até pouco tempo atrás, a exploração da natureza era considerada
obra a ser louvada e estimulada, enquanto a exploração do homem
pelo homem é percebida ainda agora, não obstante a crise do
marxismo, que dela fez seu principal objeto de crítica à sociedade
capitalista, uma ação cruel. Mesmo quando o individuo humano é
levado em consideração unicamente como ser natural por parte das
ciências biológicas, a sua manipulação suscita problemas de limites
morais e jurídicos, que se tornaram temas constantes de discussão
por parte da bioética”(Bobbio, op.cit)
O autor ainda afirma que os progressos científicos e técnicos são cada vez
mais acelerados, irresistíveis e irreversíveis. A partir desta premissa, apesar
do discurso positivista não ter mais lugar na sociedade pós-moderna, o
discurso apocalíptico também não atende as nossas necessidades de viver
em uma sociedade em que certas situações não são passíveis de retroceder.
É aí que é aplicável o conceito atual de ecologia baseado na busca de novos
processos alternativos de geração de energia, na Educação Ambiental para a
formação de agentes multiplicadores de uma cidadania ambiental e no uso
consciente dos recursos naturais.
Ainda sobre as relações éticas, Mauro Grün (Grün, 1994) chama a atenção
para a responsabilidade não assumida pelo sistema de produção pela
degradação do ambiente, cujo passivo somos todos no final, vítimas. A
influencia do pensamento cartesiano na sociedade industrial seria, segundo
o mesmo autor um dos principais fatores para a valorização da visão
antropocêntrica da sociedade em relação ao ambiente que a cerca. Este
raciocínio explicaria em a mudança de comportamento da sociedade com
relação aos recursos naturais, visando a sobrevivência da raça humana, que
é dependente destes recursos para sobreviver, sem contudo, haver uma
verdadeira preocupação com o planeta como um todo. Isso é facilmente
percebido na questão do Direito em relação aos outros seres vivos, já que a
bioética discute de forma veemente as ações da ciência com relação à raça
humana, mas negligencia, para não dizer ignora, iniciativas para que se
amplie a noção de direito dos seres que ainda não o tem.
Já Leff (2002), faz uma crítica a forma com que a Educação Ambiental vem
sido ministrada, no que diz respeito à formação de uma consciência
ecológica. Segundo o autor, a transversalidade na transmissão de conceitos
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ambientais no ensino formal, não se dá de fato, reduzida a umas poucas
iniciativas pontuais. Para Leff, a ética ecológica, aquém das visões sobrenaturais
e religiosas, busca arraigar o sentido da existência do mundo em bases naturais.
Sato, assim como Leff, também aponta estas deficiências tanto no âmbito
formal da Educação Ambiental quanto no não formal. Ela afirma, porém,
que apesar da conjuntura atual, a Educação Ambiental não está estagnada
(Sato, 2002). Já Prigogine (Prigogine & Stengers, 1984), defende que esta
mudança de comportamento passa pela transformação conceitual das
relações entre o individuo, o meio e a ciência, através de novas práticas
culturais, políticas e sociais, estabelecendo assim uma “nova aliança” entre
os atores sociais envolvidos no processo.
A Educação Ambiental.
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não a questões relacionadas ao cidadão diretamente e sim aos governos, ou
seja, como se não estivesse inserido no meio em que vive. Com a crise
mundial de energia, criou-se o temor que os recursos naturais se
esgotassem, e com isso, diversos movimentos a favor da preservação
ambiental surgiram no contexto internacional.
A Educação Ambiental não é mais vista como uma forma de apenas ensinar
as pessoas a preservarem a natureza ou não poluírem o meio ambiente.
Desta forma, a questão ambiental por práticas do cotidiano de qualquer um
de nós, como por exemplo, o simples lançamento de uma embalagem
descartada no meio da rua, que pode ir na primeira chuva, juntamente com
outros detritos, obstruir o escoamento das águas pluviais, causando morte e
destruição. Entendemos hoje por meio ambiente todos os espaços aos quais
estamos inseridos, sejam urbanos, rurais, naturais, nossas casas, nossa
escola, enfim, qualquer ambiente com a qual venhamos a interagir (Leite,
2003). Reforçando este princípio, Carvalho (1992) afirma que:
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que se reúnam profissionais de diversas áreas do conhecimento
incentivando a construção de uma rede de saberes capaz de articular
informações direcionadas para a compreensão da educação de cunho
ambiental de forma mais ampla (Reigota, 1999).
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Os meios de comunicação sempre foram utilizados para a transmissão de
mensagens e por diversas vezes foram ajustados para servir aos interesses
das classes dominantes dando identidade a movimentos políticos e
econômicos – vide o fascismo e o nazismo – como muito bem identificou
Benjamim (1985). No entanto, a indústria cultural vai muito além da função
de entretenimento e os espaços de conhecimento aqui abordados – Design,
Comunicação e Educação – estão intimamente ligados a essa “indústria”. O
que está sendo proposto é a apropriação destes bens culturais de forma
positiva (sem com isso fazer a defesa de discurso integrado) e a serviço do
estabelecimento de novas relações sociais entre o culto e o popular, entre
dominadores e dominados e entre o homem e o seu meio. Barbero (2003)
apresenta diversos exemplos na América Latina – cinema no México; o
rádioteatro na Argentina; música no Brasil -, onde os bens culturais foram
deslocados, de meios para mediações, pelas massas. Esta transição do uso
dos meios pela massa, quando esta adere (ou é aderida) à engrenagem da
industrial cultural e de consumo, revela como as massas resignificam o
relacionamento com a estrutura para o seu dentro de seu olhar, sob a sua
própria ótica, driblando espontaneamente a manipulação. Este processo é
que nos incentiva a pensar de como podemos transformar estes
mecanismos de dominação para que estejam também a serviço da
Educação, mais especificamente da Educação Ambiental.
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Educação Ambiental, seja precedido de em estudo que levante as
informações necessárias para o êxito das ações. Não se deve negligenciar a
capacidade de apreensão de informação do receptor da mensagem,
aplicando modelos pré-concebidos de transmissão de conhecimento,
relegando o aspecto educativo e comunicacional a um segundo plano (Leite,
2002).
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camadas, que estariam hipoteticamente excluídas do processo de aquisição
de conhecimento por estes bens, e fossem transformadas e resignificadas
por eles, trazendo novos valores a sua realidade econômica, social, cultural
e estética. A troca entre o emissor e o receptor sob a ótica da educação é
bem sintetizada por Paulo Freire (1987) quando diz que ‘Ninguém educa
ninguém - ninguém se educa a si mesmo - os homens se educam entre si,
mediatizados pelo mundo’ . Todos esses exemplos teóricos só me fazem
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A oficina de TV Comunitária trabalhou a capacitação em produção de vídeo
usando essa linguagem como ferramenta de expressão e comunicação entre
as comunidades, com o objetivo principal de fortalecer a autonomia, a
articulação e a participação popular através da construção de sua própria
linguagem. A linguagem audiovisual foi uma grande novidade na vida de
muitas pessoas dessas comunidades. Algumas sequer possuíam televisão
em suas casas, antes de mudarem para os assentamentos, pois não havia
energia elétrica. Essa atividade permitiu a construção de um espaço para
que esse público colocasse suas principais questões. Posteriormente, além
da oficina de TV Comunitária, foram implantadas as oficinas de Repórter
Comunitário e de Teatro do Oprimido. Fotografia, desenho em quadrinhos,
diagramação, enfim, uma gama de novos instrumentos foram apresentados
para que esses atores sociais pudessem estabelecer veículos de troca. ‘As
dificuldades técnicas e com a língua portuguesa não representaram um obstáculo
para os repórteres comunitários, pois todos estavam estimulados em aprender cada
vez mais’ (Figueiredo, op.cit.).
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Esta experiência demonstra que a criatividade e a adoção de metodologias
alternativas e supostamente estranhas ao meio superam algumas
dificuldades e barreiras que podem advir da deficiência de uma formação
educacional tradicional, incluindo o cidadão no processo de transformação
de sua realidade sem que haja perdas de tradições e de culturas.
Conclusão
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ampliar as fronteiras do conhecimento de cada, enriquecendo-se
mutuamente, sem, contudo, perderem as suas identidades e características
especificas. Este intercâmbio de conhecimento em prol da edificação de um
saber comum, só pode ser benéfico para uma melhor compreensão da
Educação e mais especificamente da Educação Ambiental.
Fotos
Gustavo Furtado
Referências
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CASTRO, Lucia Rabello de.(org.) Infância e adolescencia na cultura de
consumo. Rio de Janeiro. Editora NAU.1998.
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PEREIRA, Rita M. Ribes et alii. Ladrões de sonhos e sabonetes: sobre os
modos de subjetivação da infância na cultura de consumo.IN:
JOBIM e SOUSA, Solange (org.) Subjetividade em questão: a infância
como critica da cultura. Rio de Janeiro.7 Letras.2000.
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