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INSTITUTO POLITÉCNICO DE SANTARÉM

ESCOLA SUPERIOR DE DESPORTO DE RIO MAIOR


LICENCIATURA EM GESTÃO DAS ORGANIZAÇÕES
DESPORTIVAS
Direito do Desporto I

O Caso Nuno Assis Segundo a Legislação


Portuguesa
Docente: José Manuel Chabert
Discente: Fábio Dias nº 26016

Rio Maior, 29 de Janeiro de 2007


Escola Superior de Desporto de Rio Maior
Direito do Desporto I

Índice
Índice ................................................................................................................................ 2
Introdução ......................................................................................................................... 3
1. Factos do Processo ................................................................................................... 4
2. Enquadramento do Caso na Legislação Portuguesa ................................................. 6
Conclusão ......................................................................................................................... 9
Bibliografia ..................................................................................................................... 10

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Introdução
Neste trabalho vou estudar o caso de doping que envolveu o jogador do Sport
Lisboa e Benfica, Nuno Assis, através de uma abordagem comparativa entre a forma
como este caso foi tratado e a forma como deveria ter sido, tendo em conta a legislação
portuguesa.
Vou abordar o assunto através do estudo de dois pontos fundamentais para a sua
compreensão. O primeiro intitulado de factos do processo em que é feita uma visão da
forma como as coisas ocorreram desde o dia 3 de Dezembro de 2005 quando o jogador
foi apanhado numa analise positiva, até aos primeiros dias do ano de 2007 quando
mesmo foi condenado a uma suspensão de um ano. O segundo ponto intitulado de
enquadramento do caso na legislação portuguesa que mostra a forma como, segundo a
legislação portuguesa, deveria ter sido tratado este caso.

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1. Factos do Processo

A 3 de Dezembro de 2005, no Funchal, após o jogo a contar para o Campeonato


Nacional da liga Betandwin.com na sequência do controle antidoping a que foi
submetido, Nuno Assis, jogador do Sport Lisboa e Benfica, acusou positivo, ou seja, na
sua urina havia uma concentração da substância “19-Norandrosterona” superior a 2.0
ng/ml. Foi então instaurado um procedimento disciplinar contra o jogador pela
Comissão Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol Profissional ficando assim
suspenso preventivamente.
Em 24 de Janeiro de 2006 e 1 de Fevereiro do mesmo ano, realizaram-se a análise e
contra-análise, respectivamente. Na análise a concentração da substância “19-
Norandrosterona” detectada foi de 4.5 de ng/ml, enquanto que na contra-análise foi de
4.0 ng/ml, ambos os valores claramente superiores aos 2.0 ng/ml, limite máximo
permitido pela lista de produtos proibidos do controle antidopagem.
Conforme previsto nos termos dos artigos 181º, 182º e 183º do Regulamento
Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, o arguido tinha um prazo de
cinco dias úteis para apresentar a sua defesa, o que se veio a verificar.
Nessa defesa o jogador vem “dizer” entre outras coisas que a acusação não estaria
correcta por não imputar ao arguido qualquer conduta culposa que lhe possa ser
disciplinarmente censurada, o que, segundo esta defesa, deveria levar ao arquivamento
de processo.
O presidente da Comissão Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol Profissional
veio reagir a esta defesa através de um despacho no qual dava razão à mesma. Na
sequência deste despacho, foi deduzida nova acusação contra o mesmo arguido na qual
a principal acusação em relação à primeira era a imputação de conduta culposa ao
jogador Nuno Assis.
O arguido reclamou do despacho alegando que após ser apresentada a defesa não
seria possível a dedução de nova acusação e assim, tendo sido reconhecida nesse mesmo

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despacho a nulidade da primeira acusação, deveria ser ordenado o arquivamento do


processo.
A Comissão Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol Profissional não deu razão
ao arguido mas este recorreu para o Concelho de Justiça da Federação Portuguesa de
Futebol, pedindo o arquivamento do processo com fundamento da nulidade da primeira
acusação e na suposta impossibilidade de deduzir nova acusação depois de ter
apresentado a sua defesa. Na resposta a este recurso, o Concelho de Justiça da
Federação Portuguesa de Futebol ordenou que o mesmo ocorresse sobre a decisão final,
alegando que só aí esse recurso seria juridicamente possível.
O processo foi então concluído e o relatório final da instrutora elaborado. Então, a
Comissão Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol Profissional proferiu um acórdão
no qual deu como provado eu o arguido havia introduzido a substância “19-
Norandrosterona” de forma consciente e de livre vontade no seu organismo sabendo que
não lhe era permitido ter tal comportamento, decidindo assim suspender o mesmo da
actividade desportiva por um período de seis meses, baseando-se no artigo 10º, n.º 1,
alínea a) do Regulamento Antidopagem e artigo 15º, n.º 1, alínea a) do Decreto Lei n.º
183/97, de 26 de Julho.
Tal como havia sido ordenado pelo Concelho de Justiça da Federação Portuguesa de
Futebol, o arguido recorreu apenas sobre esta decisão (decisão final) ao mesmo
Concelho que a 14 de Julho de 2006 deliberou o arquivamento dos autos, dando assim
razão ao recorrente devido á violação das garantias de defesa deste, já que a acusação,
segundo o Concelho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol, não é susceptível
de aperfeiçoamento porque o regulamento disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol
Profissional não contempla tal possibilidade então, pode-se concluir que a defesa do
agora recorrente foi usada contra si. E assim, quando faltavam apenas dezanove dias
para que o jogador cumprisse a sua pena, o seu processo foi arquivado, ficando Nuno
Assis imediatamente possibilitado de jogar.
Na sequência deste arquivamento, o senhor Secretário de Estado da Juventude e do
Desporto, Laurentino Dias, duvidando da justiça desta decisão, pediu parecer da
Procuradoria Geral de República que lhe confirmou que este arquivamento não poderia
ter sido feito, uma vez que ao arquivar o processo, o Concelho de Justiça da Federação

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Portuguesa de Futebol incorre em vício de violação de lei, uma vez que a Comissão
Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, ao deduzir nova acusação, não
incorreu a nenhum vício mas adoptou a solução juridicamente correcta.
Ao conhecer este parecer, o senhor Secretário de Estado acima referido, denunciou o
caso á Agência Mundial Antidopagem (AMA), expoente máximo da luta contra o
doping no mundo, que por sua vez o levou para o Tribunal Arbitral do Desporto (TAS),
sediado em Lausanne, na Suíça.
Nos primeiros dias do ano de 2007, o arguido foi julgado neste mesmo tribunal, que
o condenou a um ano de suspensão onde já se inclui os dias que o jogador esteja
suspenso aquando da primeira condenação, em Portugal. Assim, Nuno Assis ficará
suspenso até dia 26 de Julho de 2007.

2. Enquadramento do Caso na Legislação


Portuguesa

A participação deste caso por parte do Secretario de Estado da Juventude e do


Desporto à Agencia Mundial Antidopagem (AMA) teve como base no parecer pedido
pelo mesmo à Procuradoria Geral da Republica que veio confirmar as suas suspeitas de
que o arquivamento do procedimento disciplinar instaurado ao jogador Nuno Assis não
estava correcto.
Fazendo um estudo comparativo entre este processo e a legislação portuguesa pode-
se perceber melhor o porquê da incorrecção deste arquivamento.
Segundo os artigos 13º e 15º do Decreto-lei n.º 183/97, de 26 de Julho, os orgãos
com competência disciplinar das federações com estatuto de utilidade pública
desportiva estão juridicamente vinculados a instaurar procedimentos disciplinares a
qualquer praticante desportivo que acuse positivo no controle antidoping e se, destes
procedimentos resultar provada a infracção disciplinar, compete-lhes também sancionar
o mesmo em conformidade com o critério legalmente estabelecido, assim sendo, a
Comissão Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol Profissional agiu correctamente

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tanto ao instaurar o procedimento disciplinar ao jogador, como em puni-lo após ter sido
provada a sua culpa.
Também se pode verificar com este estudo que a acusação deverá conter todos os
elementos constitutivos da infracção disciplinar assim como o motivo pelo qual o seu
comportamento é censurável. Este procedimento é reportado pelo artigo 10º, n.º 1,
alínea e), e n.º 2, alínea e), do Decreto-lei n.º 183/97, de 26 de Julho, e o artigo 7º do
Regulamento do Controle Antidopagem da Federação Portuguesa de Futebol. Se a
acusação elaborada não referir estes elementos a decisão sansionatória final será
inválida, no entanto, esta omissão não tem como consequência jurídica o arquivamento
do processo disciplinar, com a consequente impunidade do atleta em causa, mas sim a
anulação do procedimento viciado e de todos os que deste dependem, devendo assim
ordenar-se a elaboração de nova acusação ao instrutor e como tal é concedido ao
arguido novo prazo para o exercício do direito de defesa.
No caso do jogador Nuno Assis, a primeira acusação era omissa em elementos
essenciais da infracção disciplinar que lhe foi imputada, não respeitando as normas
acima referidas no entanto, após ter sido constatado este vício na acusação, a Comissão
Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, deduziu nova acusação e
concedeu novo prazo ao arguido para apresentar a defesa, adoptando assim a solução
juridicamente adequada, assim sendo o Concelho de Justiça da Fedeeração Portuguesa
de Futebol, ao revocar a sanção disciplinar aplicada pela Comissão Disciplinar da Liga
Portuguesa de Futebol Profissional com base na nulidade da “primitiva acusação”,
incorre em vício de violação de lei, determinante na anulabilidade de tal deliberação.
Por fim, e de acordo com o artigo 9º, n.º 2 do Decreto-lei n.º 183/97, de 26 de Julho,
a não aplicação da legislação antidopagem por parte dos orgãos disciplinares federativos
poderá levar, enquanto a situação se mantiver, a que a federação em causa não possa ser
beneficiária de qualquer apoio público e, caso seja uma entidade com estatuto de
utilidade pública esportiva poderá mesmo perder esse estatuto, sendo assim, o
arquivamento do processo disciplinar relativo ao jogador Nuno Assis por parte do
Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol é uma inaplicação da
legislação antidopagem o que justifica a instauração de um procedimento com o
objectivo de apurar se existem fundamentos suficientes para se proceder á suspensão do

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estatuto de utilidade pública desportiva concedido, neste caso, á Federação Portuguesa


de Futebol.
Podo-se assim concluir que o arquivamento do processo disciplinar que visava o
jogador Nuno Assis não teve qualquer razão de ser, uma vez que os vícios invocados
(dedução de uma nova acusação após o arguido ter apresentado a sua defesa) pelo
Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol, como justificação para este
arquivamento não eram vícios mas sim a solução juridicamente adequada para a
resolução dos vícios existentes na “primitiva acusação”.
Foi devido a estas conclusões e após o tal parecer da Procuradoria Geral da
Republica, que o Secretario de Estado da Juventude e do Desporto, Laurentino Dias fez
a referida participação à Agencia Mundial Antidopagem (AMA) que por sua vez levou
o caso para o Tribunal Arbitral do Desporto, em Lausanne na Suiça, que resultou na
condenação do jogador Nuno Assis fazendo-se assim, como comprovado neste estudo,
justiça.
Para além de toda a demora e dos vários erros jurídicos cometidos ao longo do
processo, é também de lamentar que se tenham tentado de todas as formas possíveis
para conseguir a impunidade do infractor quando nunca teve em causa que o jogador
Nuno Assis tinha no seu organismo quantidades do “esteróide anabulizante” “19-
Norandrosterona” claramente superiores ás que são permitidas por lei (2.0ng/ml), e
assim deveria ser do interesse de todos a condenação do infractor.

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Conclusão
Após a realização deste trabalho fiquei a conhecer mais profundamente a legislação
portuguesa, sobretudo no que diz respeito ao doping.
Penso que este caso é um bom exemplo de que no nosso pais ainda existe muita
gente que não está muito interessada em combater o doping contribuindo até para o
agravamento desta situação, gente essa que não são apenas dirigentes de clubes mas
também as próprias federações uma vez que é inaceitável a passividade com que a
Federação Portuguesa de Futebol, neste caso concreto, agiu quando deveria ser a
principal interessada em que se fizesse justiça, acabando mesmo por ser arguida.
Também é lamentável o tempo demorado para resolver as situações.

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Bibliografia

♦www.pgr.pt

♦http://podium.publico.pt/shownews.asp?id=1281536

♦www.idesporto.pt/CONTENT/6/6_1/6_1_5/6_1_5_2/6_1_5_2_1/6_1_5_2_1.aspx

♦www.tas-cas.org/en/medias/frmmed.htm

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